quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Produtores de café associados mudam de vida no ES

Olá profissionais da Engenheira de Pesca e áreas correlatas, trago a vocês uma reportagem antiga do Globo Rural (22/07/2012) que mostra na prática as vantagens que o produtor obtêm ao ser associar. Portanto, é um ótimo exemplo de associação e que podemos utilizar adaptando para o mundo da aquicultura.

Projeto une lavouras mais produtivas com preservação do meio ambiente.
Associação mudou a realidade dos agricultores da comunidade.


Espírito Santos (ES) - A comunidade Palmeiras, cujo nome vem das palmeiras que dominam o morro, fica no município de Mimoso do Sul, perto da divisa com o Rio de Janeiro. O lugar, formado por 40 famílias, se destaca pelo plantio de banana e, principalmente, pelas lavouras de café conilon, produto mais importante da região. As áreas de cultivo são pequenas e variam de três a cinco hectares.

O agricultor José Cláudio Carvalho e a esposa, Rosa Machado, nasceram e cresceram na comunidade.

As transformações em Palmeiras começaram em 1991, ano em que um madeireiro de fora da cidade comprou um lote de terra e começou a cortar árvores no alto do morro. O desmatamento, que colocava em risco as nascentes e os rios da comunidade gerou uma reação. Pela primeira vez, os agricultores decidiram agir em grupo.

No início, a associação, fundada em 1992, enfrentou dificuldades. Como a experiência era nova, muitas pessoas desconfiavam desse trabalho. Aos poucos, com muitas conversas, acertos e erros, as reuniões foram ficando cheias e o resultado apareceu.

Na primeira mudança, os agricultores começaram a trabalhar nas lavouras em um esquema de mutirão. No trabalho em grupo, os vizinhos não precisavam mais gastar com mão de obra na hora da colheita.

Motivados pelo novo ambiente de trabalho, os agricultores decidiram resolver a questão da baixa produtividade das lavouras de café, outro problema sério da comunidade. Para isso, entraram em contato com entidades de pesquisa e assistência técnica da região.

As melhorias causaram uma disparada na produtividade das lavouras. Antes, os agricultores não colhiam mais do que 10 sacas por hectare, hoje, a colheita na mesma área, passa facilmente de 70 sacas.

Uma das maiores dificuldades dos agricultores de Palmeiras era vender bem a produção de café. Cada família comercializava suas sacas por conta própria e como o volume era pequeno, os atravessadores desvalorizavam o grão.

A virada começou quando a associação entrou em contato com o Cetcaf, Centro Tecnológico do Café, uma organização não-governamental que faz pesquisa e transferência de tecnologia. O objetivo era montar uma unidade moderna de beneficiamento que permitisse tanto o trabalho em grupo quanto a melhoria da qualidade do café.

Com o projeto do Cetcaf e apoio da cooperativa local, a beneficiadora saiu do papel em 2006. Os equipamentos foram todos doados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

A venda do café também passou a ser feita de maneira coletiva, o que garante preços melhores. Além do ganho extra pela qualidade, o agricultor José Cláudio Carvalho diz que, de uns anos pra cá, o café da comunidade passou a ser exportado para a Europa com um selo social, o que aumenta ainda mais o preço do produto.

O chamado fair trade, que quer dizer comércio justo ou comércio solidário, foi conseguido em um projeto da Cafesul, a cooperativa da região. Para manter a distinção, os agricultores têm que manter as crianças na escola, seguir as leis do trabalho e respeitar a natureza.

A associação também resolveu diversificar e apostar em novas fontes de renda para a comunidade. Confira o vídeo com a reportagem completa e conheça o trabalho das agricultoras com a industrialização caseira.

Assista a reportagem que foi ao ar no Globo Rural no dia 22/07/2012.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Aquaponia sustentável ganha espaço na Flórida


Estado Unidos (EUA) - A Região de Tampa Bay, na costa do Golfo na Flórida é considerada o recanto dos melhores peixes do mundo. Não é nenhuma surpresa que cerca de 90% dos peixes tropicais vendidos nos EUA são originários desta zona. Mas o que muitos não sabem é que alguns dos peixes mais frescos da Flórida são realmente produzidos em terra.

"A onda atual é aquaponia porque muita gente quer produzir seu próprio alimento'', comentou  Portia Sapp, chefe do departamento de Agricultura e Serviços ao Consumidor - Divisão de Aquicultura da Florida. "As pessoas querem ter o cultivo de hortaliças e ervas em seus quintais, e também ver o alimento crescendo junto com os peixes", disse Sapp.

Então, como é que funciona? A configuração se parece mais com um projeto de ciências de uma fazenda de peixes, mas os resultados valem a pena. Na maioria dos casos, são utilizados tanques e os  vegetais flutuam na água. O abastecimento de água flui para frente e para trás entre as bandejas onde estão acomodadas as hortaliças.
                                                                                                                       
Chave para o sucesso da sustentabilidade

Águas ricas em nutrientes fluem para fora dos tanques de peixes e para onde as plantas estão crescendo. As plantas realmente prosperaram sobre os nutrientes em resíduos de peixe. Então, a água, que é limpa durante esse processo, é devolvido para os tanques. Este processo de recirculação reduz seriamente o uso da água. Ressaltando que esse sistema não utiliza fertilizantes.

"É uma maneira mais ecológica de criação de peixes e de alimentos", disse PhD. Richard Tyson - Diretor de extensão do Instituto de Alimentos e Ciências Agrárias da Flórida. O programa educacional tem como objetivo tomar o conhecimento da universidade e espalhá-lo em comunidades da Florida.

De acordo com Tyson, todo tipo de alface, tomate, ervas e pepinos podem ser cultivadas lado a lado com um tanque de peixes. "O problema é que, como resíduos de peixe estão envolvidos, tem sido difícil obter uma nota de aprovação para vegetais aquaponico dos auditores de segurança alimentar", diz Tyson.

Mas antes de apressar-se afastando a ideia de comer vegetais cultivados com a ajuda de resíduos de peixe, Tyson e outros especialistas reafirmam que é perfeitamente seguro. De fato, nos quase 15 anos desde que Tyson trabalha com aquaponia, nunca viu uma associação entre este método de criação de peixes e doenças transmitidas por alimentos.



Solução para proteger o meio ambiente

"Aquaponia é uma ótima solução, tanto para evitar a sobrepesca em  nossos oceanos, como para produzir alimentos saudáveis", diz Gina Cavaliero, Diretora da Green Acre aquaponia em Brooksville.

De acordo com Cavaliero, a aquaponia também alivia as preocupações sobre comer frutos do mar do Golfo do México atingidos por diversos derramamentos de petróleo.

Green Acre aquaponia atualmente cultiva tilápia e peixes koi usando um sistema aquaponico. Em breve estaremos adicionando bagre à sua operação, que é um peixe de alimento emergente na região de Tampa Bay. "Nós temos uma demanda de pelo menos 80 a 100 quilos de bagre por semana ", diz Cavaliero.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Maior frigorífico de tilápia do mundo aguarda concessão da União para injetar U$ 51 milhões em MS


Campo Grande (MS) – Líder na exportação de carne bovina e de frango, o Brasil está prestes a se tornar um dos pólos internacionais de produção de pescado, com Mato Grosso do Sul a frente desse cenário. Isso porque, a empresa Tilabras aguarda a resposta da União a um pedido de concessão para explorar superfície fluvial no Rio Paraná pelo período de 20 anos, renováveis por mais 20. A autorização é necessária para a construção do maior frigorífico de tilápia do mundo, que será instalado no município de Selvíria, localizado a cerca de 70 quilômetros de Três Lagoas, na Costa Leste do Mato Grosso do Sul.

A empresa Tilabras aguarda resposta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre o pedido de concessão para poder operar o empreendimento. No dia 10 de novembro, a senadora Simone Tebet e o deputado estadual por MS, Eduardo Rocha, estiveram reunidos com técnicos do ministério para tratar sobre a liberação da licença. Contudo, segundo a senadora, o corpo técnico pediu 40 dias para se debruçar sobre o caso e dar uma posição oficial.

O início do projeto prevê a injeção de U$ 51 milhões, o equivalente a mais de R$ 150 milhões na atividade em Mato Grosso do Sul. A empresa é fruto da parceria entre uma das maiores produtoras de tilápia do mundo, a americana Reagal Springs, e a brasileira Axial. Atualmente, a tilápia é a espécie mais criada no Brasil, representando 45,4% do total nacional. Dados do Ministério do Abastecimento apontam que a produção da espécie aumentou 9,7% em relação a 2014.

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck, explica que o estado detém a tecnologia na produção de peixes e busca convertê-la em maior produtividade com atração de novos empreendimentos.

“Em relação à produção de carnes, Mato Grosso do Sul ainda tem um potencial de crescimento fantástico na área da piscicultura, com excelente tecnologia, seja na produção de peixes nativos ou exóticos, como é o caso da tilápia. Nossa expectativa é muito grande para esse novo frigorífico, uma vez que o potencial de produção de tilápia no rio Paraná está só começando. Nós já atraímos o investimento que será instalado no município de Selvíria. Temos água, espaço e muita capacidade empreendedora. Aguardamos ansiosos a decisão do Ministério sobre a concessão”, afirma Jaime.

Em 2015, a empresa recebeu Licença Prévia (LP) do governo do Estado para instalação de 821 tanques rede para produção de tilápias no município. De lá pra cá, o diretor internacional da Tilabras, Sylvio Santoro Filho, já se reuniu com a prefeitura de Selvíria, Governo de MS e parlamentares estaduais e federais do Estado.

Produção

A aquicultura brasileira atingiu um valor de produção de R$ 4,39 bilhões em 2015, com a maior parte (69,9%) em criação de peixes, seguida pela criação de camarões (20,6%), segundo a Pesquisa Pecuária Municipal 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção total de peixes da piscicultura brasileira foi de 483,24 mil toneladas em 2015, um aumento de 1,5% em relação ao ano anterior.

Reprodução: IBGE.

Ao todo, no país foram registradas 219,33 mil toneladas despescadas. Em Mato Grosso do Sul, a produção chegou a quase 5 mil toneladas. O Brasil é detentor das maiores reservas de água doce do mundo.

Concessão

O rio Paraná é considerado um dos biomas mais adequados para a produção de tilápias em cativeiro. Os investimentos da empresa preveem:

1) Uma incubadora com capacidade de produção de 15 milhões de alevinos/mês em dois anos, com desenvolvimento de linhagens próprias;

2) Fazenda de engorda com licença de 600 hectares de espelho d’água no Rio Paraná, em Selvíria, Mato Grosso do Sul, com capacidade de produzir 100 mil toneladas/ano em cinco anos com início das atividades previstas para 2017.

3) Frigorífico e fábrica de farinha de peixe, com quatro módulos e capacidade de abate de 25 mil toneladas/ano, em dois turnos, chegando a 100 mil toneladas/ano no quinto ano, além da capacidade de produção de 32 mil toneladas de filé de tilápia/ano e 25 mil toneladas de farinha e óleo de peixe;

4) Fábrica de ração composta por quatro módulos de capacidade de 40 mil toneladas/ano, em dois turnos, chegando no quinto ano a sua capacidade a 160 mil toneladas/ano, com incubadora, engorda, frigorífico, fábrica de farinha de peixes e fábrica de rações;

A expectativa é que as obras comecem em 2017 e em julho já se inicie a incubadora de peixes. A projeção é de que até 2020 se atinja a primeira fase de produção com 25 mil toneladas anuais. Quando a fábrica estiver em completamente montada, a produção deve saltar para 100 mil toneladas de tilápia por ano, gerando um faturamento anual de R$ 1 bilhão com incremento de 30% na produção brasileira de tilápia.

Novos postos de trabalho

A geração de empregos é outro fator preponderante do investimento. Inicialmente a operação deve absorver 700 trabalhadores. Em fase plena de operação, o frigorifico pretende contratar 1,8 mil funcionários diretos. Além disso, há estimativa de um grande número de empregos indiretos, gerados por prestadoras de serviços.

Quando estiver operando em 100% de sua capacidade, frigorífico pretende contratar 1,8 mil pessoas/ Foto: divulgação.
A empresa também tem a proposta de estimular os pequenos e médios produtores, uma vez que em um segundo momento, quando o frigorífico estiver funcionando com capacidade 100%, além de absorver a produção própria, a empresa pretende adquirir parte da produção de terceiros.

Fonte: www.noticias.ms.gov.br.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Pesca Sustentável Do Pirarucu Beneficia Comunidades Pesqueiras Do Acre

Aumento da renda dos pescadores e maior engajamento da comunidade em prol da conservação do meio ambiente são apenas alguns dos resultados

Captura do pirarucu. Foto: http://www.jmhost.com.br/.
Acre (AC) - Com pouco mais de dois anos de atuação, o projeto Pesca Sustentável tem trazido inúmeros benefícios para comunidades pesqueiras dos municípios de Feijó e Tarauacá, no estado do Acre. A iniciativa tem capacitado pescadores para o desenvolvimento de sistemas de manejo sustentável do pirarucu e implementado esforços para o monitoramento efetivo da espécie rumo à certificação da pesca. Parceria do WWF-Brasil com organizações e grupos locais, o projeto recebe apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O manejo tem sido feito pelos 11 pescadores do projeto, que tem desempenhado atividades, como: contagem dos peixes; apoio em pesquisas de monitoramento do pirarucu; e comercialização do pescado. As ações têm sido realizadas pelo WWF-Brasil e parceiros, como a Secretaria de Extensão Agro-Florestal e Produção Familiar do Estado do Acre (Seaprof/Acre) e a Colônia de Pescadores de Feijó. Além disso, também cooperam com a iniciativa o Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC) e o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).

Contagem

A contagem, feita nos 19 lagos do projeto em Feijó e em Tarauacá, é importante para quantificar pirarucus jovens e adultos nos locais que possuem acordos de pesca vigentes, e fazer o manejo adaptativo do projeto, considerando também a experiência, a realidade das comunidades locais e os indicadores de conservação da espécie. Para a contagem dos pirarucus, os manejadores utilizam uma metodologia desenvolvida e testada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), que se baseia na visualização e no som produzido quando o pirarucu vai à superfície para respirar, a intervalos que variam de 10 a 25 minutos, que os permite localizar e ter uma estimativa do tamanho dos peixes.

Em Feijó, no ano 2015 foram contados 273 pirarucus em 14 lagos. Em 2016, esse número reduziu para 141 indivíduos em oito lagos avaliados. De acordo com Moacyr Silva, gestor do Projeto do WWF-Brasil, neste ano a seca severa ocorrida no rio Envira dificultou chegar nos lagos mais distantes. “Com um período menor de conexão dos lagos ao rio durante a cheia de 2016, não houve tempo hábil para a renovação da água e do processo de limpeza natural dos lagos, que ficaram mais sujos por vegetação superficial. Dessa forma, os peixes não foram localizados de forma efetiva no momento da contagem e acreditamos que isso também influenciou em alguma medida o resultado final da contagem de 2016”, explica.

A partir das dimensões e da forma do lago, os pescadores se distribuem de forma que o local seja monitorado por completo. “Com o registro de cada um deles, a contagem dá uma estimativa da população de pirarucus no lago. O conhecimento prático dos pescadores e suas habilidades na pesca da espécie, combinados com a técnica padronizada, resulta em um método eficiente para estimar a população de pirarucus num sistema de lagos. Essa mesma metodologia tem sido utilizada por diversos projetos de manejo de pirarucu em toda a Amazônia, viabilizando pesquisas e iniciativas manejo sustentável da espécie”, afirma Moacyr.

Em Tarauacá, as contagens de 2015 e 2016 indicaram aumento de 35 para 50 indivíduos nos três lagos onde foi identificado um potencial de manejo do pirarucu.

Durante a safra de 2015, as medidas de monitoramento indicaram uma estabilização e manutenção dos pirarucus nos lagos naturais de Feijó. “O suporte financeiro do Fundo Amazônia tem sido essencial na promoção da melhoria de qualidade de vida de pescadores e comunidades tradicionais. O ano de 2016 foi um importante momento para avançar em diferentes componentes do projeto, seguir a implementação do plano de melhoria da pescaria e promover maior engajamento dos beneficiários no monitoramento dos acordos de pesca aprovados até o momento”, avaliou Charles Guimarães, presidente da Colônia de Pescadores de Feijó.

Foi ainda em 2015 que o manejo da pesca começou a ser implementado nos lagos da terra indígena (TI) Praia do Carapanã, em Tarauacá (AC). Como fruto deste trabalho, foram lançadas uma cartilha e um calendário bilíngues (português-kaxinawá) com o objetivo de orientar o povo Huni Kuin/Kaxinawá sobre as práticas corretas do manejo do pirarucu e como essa prática se insere no calendário anual de produção da comunidade indígena. A publicação se destaca pelas ilustrações que foram elaboradas pelos próprios indígenas da comunidade, durante oficinas realizadas pelo Projeto.

Comercialização

Atualmente, o principal espaço de comercialização do pirarucu é a Feira do Açaí, que acontece todos os anos em Feijó no mês de agosto. Em 2015, foram comercializadas cerca de 1,4 toneladas em Feijó, resultado da pesca de 23 pirarucus, no período de junho a agosto. Neste ano, foram pescados 14 peixes, totalizando 492 kg.

Os valores arrecadados são divididos entre toda a comunidade da seguinte forma: 65% para os manejadores, 20% para a comunidade onde fica o lago manejado e 15% para a Colônia de Pescadores de Feijó. Dados do Projeto mostram que, a partir do trabalho realizado pelo Pesca Sustentável, em 2015 a renda total líquida dos pescadores do grupo aumentou em 14%. Já a receita da Colônia aumentou em 66% e das comunidades em 53%, se comparadas às rendas obtidas desta atividade em 2014.

São beneficiadas diretamente sete comunidades do município de Feijó, incluindo parte da população da etnia Kaxinawá da TI Nova Olinda, além de 25 agentes indígenas de manejo de pirarucu da TI Kaxinawá Praia do Carapanã, no município vizinho de Tarauacá. Os trabalhos envolvem atualmente cerca de 50 pescadores (indígenas e não indígenas) de forma direta e, indiretamente beneficiam cerca de 125 famílias em Feijó e Tarauacá.

Em algumas comunidades o benefício foi revertido para um bem de uso comum, como bebedouro de água e escadaria na beira do rio para facilitar o acesso dos alunos à escola e escoamento da produção; construção de galpão para reuniões comunitárias na aldeia Formoso, entre outros. Outro benefício gerado para as comunidades ribeirinhas é a limpeza periódica dos lagos que o Projeto apoia, feita em conjunto entre o grupo de manejadores e a comunidade, e que tem garantido a esses ribeirinhos um espaço limpo e mais seguro no lago para pesca de subsistência durante o ano inteiro.

Novos desafios



Ainda em 2016, o projeto pretende expandir o manejo do pirarucu para as dez aldeias dessa mesma TI, além de consolidar o grupo de manejadores, fortalecer o monitoramento participativo dos lagos. “A colaboração da Colônia de Pescadores de Feijó e o engajamento dos parceiros e comunidades têm sido fundamental para os resultados obtidos até o momento”, avalia Moacyr.

Segundo ele, ainda em 2015, foi feito o mapeamento de novos lagos para manejo de pirarucu onde foram incluídos mais dois lagos potenciais para 2016 na terra indígena. Além disso, as parcerias do WWF-Brasil com a Colônia de Pescadores de Feijó, com a Associação indígena Huni-Kui, com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com o governo do estado do Acre têm sido fortalecidas por meio das ações do projeto.

“Estamos trabalhando com uma perspectiva de certificação da pescaria no médio prazo. Almejamos alcançar a certificação MSC, ainda pioneira no Brasil para pescaria de água doce em região tropical, como forma de promover e reconhecer o fortalecimento das organizações comunitárias que operam essa cadeia produtiva para que um legado do projeto Pesca Sustentável seja garantido e internalizado na forma de práticas de gestão e instrumentos normativos”, acredita.

Outro objetivo para 2016 é ampliar o número de lagos com acordos de pesca aprovados e prosseguir na identificação de novos com potencial de manejo do pirarucu. “Queremos melhorar a percepção das comunidades ribeirinhas dos benefícios que o projeto gera e o potencial que o projeto gera de renda para eles, além de promover maior integração entre consultores e parceiros e procurar estar mais próximos das comunidades”, afirma.

Colaboração de Frederico Brandão, Programa Amazônia / WWF-Brasil, in EcoDebate, 26/10/2016.


Manuais do SEBRAE sobre o gigante da Amazônia - O Pirarucu!

Olá profissionais Engenheiros de Pesca e empreendedores e demais classes ligadas a aquicultura, é com grande satisfação que compartilho aqui no blog Empreendendo Aquicultura essa série de manuais elaborados pelo SEBRAE que trazem valiosas informações sobre o gigante da Amazônia, o pirarucu (arapaima sp.). 

Essas são publicações que estão disponíveis em formato PDF no site do Seminário Nacional do Pirarucu da Amazônia, que ocorreu inicio desse mês (09 e 10 de novembro) em Brasilia,   mais informações em >> www.seminariopirarucu.com.br.




Caso tenha gostado dessa publicação, compartilhe com os demais colegas, vamos disseminar conhecimento sobre essa maravilha espécie, além de vincular nas redes sociais cada vez mais nossa atividade, que é a aquicultura, vamos mostrar ao publico geral o quão bela é nossa profissão.




Manual de Boas Práticas de Produção do Pirarucu em Cativeiro

Referência: SEBRAE. Manual de Boas Práticas de Produção de Pirarucu em Cativeiro. Brasília: Sebrae, 2013. 48 p.


ISBN: 000-00-0000-000-0

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).




Manual Boas Práticas de Reprodução do Pirarucu em Cativeiro

Referência: SEBRAE. Manual de Boas Práticas de Reprodução de Pirarucu em Cativeiro. Brasília: Sebrae, 2013. 76 p.

ISBN: 000-00-0000-000-0

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).




Livro Sabores da Amazônia que representam oportunidades de negócios

Referência: SEBRAE. Livro Sabores da Amazônia que representam oportunidades de negócios. 2016. 76 p. 

ISBN: 000-00-0000-000-0

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).





Manejo da Reprodução do Pirarucu

Referência: SEBRAE. Manejo da Reprodução do Pirarucu. Sebrae, Brasília, 2016. 80 p.

ISBN: 000-00-0000-000-0

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).



Manejo da Produção do Pirarucu na Fase de Engorda

Referência: SEBRAE. Manejo da Produção do Pirarucu na Fase de Engorda. Sebrae, Brasília, 2016. 64 p.

ISBN: 000-00-0000-000-0

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).



Estudo de Mercado Consumidor do Pirarucu. 

Referência: SEBRAE. Estudo de Mercado Consumidor do Pirarucu. Sebrae, Brasília, 2016
112 p.

ISBN: 000-00-0000-000-0.

Download: Opção 1 (BOX) - Opção 2 (MEGA).


Para download de mais livros, acesse nossa página de AQUI.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Criação de chef paraense representará o Pará

"Pirarucu Pai d’Égua" receita selecionada para representar o Pará na Mostra Gastronômica do Pirarucu. Foto: Diário Online
Pará (PA) - Pirarucu ao leite de castanha do Pará, acompanhado de farofa molhada e molho pesto de jambu. Esse é o “Pirarucu Pai d’Égua”, receita selecionada para representar o Pará na Mostra Gastronômica do Pirarucu, evento coordenado pelo Sebrae com apoio da Embrapa, que faz parte da programação do Seminário Nacional do Pirarucu da Amazônia, nos próximos dias 9 e 10, em Brasília. 

A saborosa combinação do peixe amazônico com os ingredientes paraenses é criação da chef Prazeres Quaresma, que comanda o restaurante Saldosa Maloca (assim mesmo,com “l”). Ela faz parte de um time de sete chefs dos estados amazônicos que irão participar da mostra, que tem o pirarucu como estrela principal.

A Mostra Gastronômica do Pirarucu irá apresentar sete formas diferentes de trabalhar o peixe, mostrando técnicas de cozimento, preparação e apresentação do prato. Os chefs selecionados tiveram total liberdade para a criação dos pratos, sempre priorizando o uso do pirarucu, como releitura de um prato tradicional de cada estado ou como prato clássico de seus restaurantes.

Com o evento, a intenção é valorizar o potencial gastronômico do pirarucu criado em cativeiro, que vem ganhando mercado após o manejo sustentável e dá ao consumidor a garantia de não resultar de pesca predatória que levou ao perigo de extinção da espécie. “O pirarucu é um peixe maravilhoso para se trabalhar, quando chega às mãos do cozinheiro em bom estado. Fico muito feliz em participar de um evento que valoriza isso”, destaca Prazeres. 

Prazeres elaborou o prato especialmente para o evento de Brasília, a convite da Abrasel, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, entidade parceira do Sebrae. O “Pirarucu Pai d’Égua” foi escolhido entre três receitas apresentadas por chefs paraenses. “A receita dela foi destaque por ter privilegiado ingredientes tipicamente regionais, um dos requisitos para participar do evento. Temos certeza de que será um prato de bastante destaque na Mostra Gastronômica e que representará muito bem o estado”, explica Rosane Oliveira, presidente da Abrasel no Pará.

O Seminário e a Mostra Gastronômica já foram realizados em três estados da região Norte, como uma das ações de um projeto coordenado pelo Sebrae e a Embrapa que, desde 2007, tem impulsionado cerca de dois mil piscicultores da região amazônica. “Ajudando a estruturar e consolidar a cadeia produtiva do peixe, permitimos aos produtores terem um negócio rentável e colaboramos com a preservação dessa espécie, para que nós e as futuras gerações possamos sempre apreciar o sabor único do pirarucu”, ressalta Fabrizio Guaglianone, diretor-superintendente do Sebrae no Pará.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Feira do Empreendedor 2016 - SEBRAE


Mais informações no site: www.feiradoempreendedorpa.com.br

Brasil é segundo maior criador de rãs do mundo

País só perde para Taiwan na ranicultura.
Mesmo assim, produção ainda é pequena.


O Brasil é o segundo maior criador de rãs do mundo. O primeiro é Taiwan, mas existe uma diferença: na Ásia as criações são semi-intensivas e as rãs ficam soltas, enquanto no Brasil os ranários adotam o sistema de confinamento.

Apesar do segundo lugar no mundo, a produção brasileira ainda é pequena. Alguns grupos de criadores brasileiros encaram o desafio da criação de rãs, que já tem sua carne no cardápio de alguns restaurantes do país.

No Rio de Janeiro, quatro tipos de pratos são servidos com a carne de rã no estilo da comida chinesa. Segundo o dono do local, Alexandre Peres, o quilo da carne de rã custa em média R$ 60: "Infelizmente, ainda é um prato para poucos".

Os dados da produção de rãs ainda são imprecisos. O último levantamento oficial do IBGE de 2016 fala em 160 toneladas ao ano, mas há quem diga que esse número seja três vezes maior.

Em Cachoeiras de Macacu, município do Rio de Janeiro, um criadouro de rãs lida com os desafios da produção. O desenvolvimento das rãs depende muito do clima porque elas mudam a temperatura do corpo de acordo com o ambiente, o que as torna muito sensíveis.
Não existe ração própria para rãs e por isso elas são alimentadas com ração para peixes carnívoros. São consumidos quatro quilos de ração para produzir um de carne.

De quinze em quinze dias, uma parte dos girinos é pesada para que o cálculo da ração seja feito. Um tanque no local tem cerca de sete mil girinos.

Eli Emanuel cria rãs desde a década de 90 e acredita que um tanque escavado na terra gera economia de alimento: "É um tanque muito mais rico de nutrientes e serve de alimento para eles. Por isso quando a gente calcula o alimento, usamos 3% do peso vivo. No tanque de cimento, coloco 5%."

Com alimento e água de boa qualidade, os animais vão se transformando. A rã atinge o ponto de abate com 250 gramas, o que pode demorar cerca de oito meses.

O preço da rã abatida é de R$ 35 o quilo, mas o preço no mercado pode chegar a R$ 60. "O grande problema é o que preço está muito associado à ração. A gente não tem ração de qualidade disponível no mercado. Eu uso uma das mais caras, mas ainda é uma ração de peixe", explica Eli.

Em 2015, ele produziu cerca de 9 toneladas da carne, mas a produção não é constante porque no inverno o animal não se reproduz.

No Brasil, escolheu-se reproduzir uma espécie de rã importada, chamada Touro. Segundo a pesquisadora Silvia Melo, da Fiperj (Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro), a espécie se adapta melhor ao cativeiro do que a espécia nativa, a rã-pimenta. Ela coloca mais ovos e tem mais filhotes.

Apesar disso, a reprodução da rã touro não é fácil. É preciso controle de temperatura, umidade e de entrada de luz. Machos e fêmeas recebem doses de hormônio para estimular a reprodução. Depois o sêmen e os óvulos são extraídos, acrescenta-se água e mistura. Com o tempo a mistura vira uma espécie de gelatina e o material vai para o tanque.

Na Fiperj também estão sendo estudados outros tipo de alimentação para substituir o milho usado na ração atualmente.

Para Silvia o problema da produção atualmente é que o volume da carne comercializada é muito pequeno, o que encarece bastante o produto: "Se tiver uma maior produção, esse preço certamente vai baixar no mercado e vai ter mais gente consumindo. Mesmo assim, hoje toda carne é vendida".

Em 2016, a Embrapa criou um site para divulgar informações sobre a ranicultura. E a Fiperj também ajuda produtores a montar criadouros, entender a reprodução, fazer o abate e vender a carne.

Assista ao vídeo da reportagem exibida no dia 6 de novembro no Globo Rural acessando o link >>> AQUI.


Seu cérebro muda se você come peixe

Com que frequência você come peixe? Saiba como esse hábito pode interferir no seu organismo

FOTO: FLICKR/ CREATIVE COMMONS/ PAUL ASMAN.
Um médico da Universidade da Califórnia em Los Angeles descobriu que comer peixe pode tornar o córtex cerebral mais denso - e um córtex cerebral mais denso está ligado a uma maior resistência a doença de Alzheimer. O Dr. Cyrus Raji é o diretor de uma pesquisa publicada no Diário Americano de Medicina Preventiva que indica que para se beneficiar dos poderes mágicos do peixe contra a doença basta comer carne de peixe uma vez por semana. Sim, uma vez só.

De acordo com o estudo, comer peixe grelhado, assado ou cozido (nada de fritura!) está ligado a uma quantidade maior de matéria cinza nas áreas cerebrais que cuidam da memória e cognição em pessoas idosas e saudáveis. Comer peixe uma vez por semana aumenta a área responsável pela memória e aprendizado, o hipocampo, em cerca de 14%. Não se trata de um tipo específico de peixe - todos pareceram contribuir igualmente, contanto que não o peixe for frito.

"Entender os efeitos do consumo de peixe na estrutura do cérebro é crítico para a determinação de fatores modificáveis que possam diminuir o risco de déficits cognitivos e demência", escreveu o pesquisador, que já publicou outros estudos mostrando as mudanças na estrutura cerebral.

No entanto, nem essa pesquisa nem qualquer outra foi capaz de apontar o que exatamente na composição do peixe causa esse feito. Desconfiou-se de ácidos graxos omega-3, cujos efeitos benéficos pro cérebro já são conhecidos, mas Raji afirmou no estudo que não observou correlação entre maiores volumes cerebrais e níveis mais altos de omega-3 no sangue, por exemplo.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

FAO: Qual a maior proteína da carne produzida mundialmente?


No relatório de previsões agrícolas chamado Agricultural Outlook 2025, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)-Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), há uma proteína da carne que está acima do restante como a mais produzida, a mais consumida e a mais comercializada no mundo. Pode surpreender que essa proteína não é frango, carne suína, carne bovina ou ovina. Na verdade, é de peixe.

Quando se soma peixes capturados e peixes produzidos em aquacultura, essa proteína fica bem acima das outras como a proteína mais produzida nas duas últimas décadas e deverá permanecer assim até 2025.

Não somente o pescado é mais produzido, mas teve a produção de mais rápido crescimento globalmente – bem à frente da carne de frango. Conforme ilustrado na figura abaixo, o crescimento é predominantemente direcionado pela maior produção global de aquacultura, à medida que a produção de pescado de captura continua bastante estável.


Afinal, o que isso significa para as carnes vermelhas?

Junto com a carne de frango e suína, o crescimento na produção global de carne de pescado implica em mais pressão de competição para a indústria de carnes vermelhas. Entretanto, essa é uma tendência estabelecida ha muito empo e não surpreende, considerando a natureza mais intensiva das indústrias de suínos, frangos e aquacultura em geral e sua proeminência na Ásia e nos EUA.

Em escala global, a produção, o consumo e as exportações totais de peixes se mantiveram e deverão continuar, com uma clara margem acima das outras proteínas. É interessante notar, no entanto, que somente em 2012 a produção global de peixes de aquacultura ultrapassou a produção global de carne bovina – destacando a firme expansão do setor mundial de aquacultura.

O peixe é a proteína mais importada de carne em mercados como EUA, China, Japão, Coreia e União Europeia (UE) e a carne mais consumida em vários mercados da Ásia.

Nos EUA, o peixe é a proteína de carne mais importada, seguido por carne bovina, e os volumes deverão aumentar rápido até 2025. Em termos de consumo e produção nos EUA, no entanto, o peixe fica abaixo de frango, carne bovina e suína.

Após uma expansão de três vezes na última década na China, a FAO antecipou que as importações totais de peixe continuam bastante estáveis em 2016, mas declinará levemente até 2025 – ao mesmo tempo que as importações de carne bovina e ovina deverão aumentar. Em 2007, o peixe ultrapassou a carne suína como a proteína mais produzida na China e, em 2012, tornou-se a mais amplamente consumida.

No Japão, o Iene mais fraco e a menor demanda por frutos do mar apoiam a previsão da FAO de declínio no consumo até 20205, enquanto outras proteínas deverão manter sua participação.

O peixe teve o maior volume de consumo entre todas as proteínas de carne na Coreia, apesar de um período de declínio de 2008 a 2013, com a FAO prevendo uma recuperação gradual até 2025. O consumo de peixes na Coreia é seguido por carne suína, de frango e bovina – que deverão também seguir uma tendência similar de alta nos próximos dez anos.

Fonte: Meat and Livestock Australia, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Como cientistas descobriram que tubarão de 400 anos é vertebrado mais velho do mundo

Tubarões-da-Groenlândia são as criaturas vertebradas mais longevas do planeta, afirmam cientistas.


Por: Rebecca Morelle (BBC News)

Pesquisadores usaram datação por radiocarbono para determinar as idades de 28 desses animais, e estimaram que uma fêmea morta recentemente tivesse cerca de 400 anos.

A equipe descobriu que esses tubarões crescem apenas 1 cm por ano, e alcançam a maturidade sexual aos 150 anos.

A pesquisa foi publicada na revista científica Science.

O principal autor, Julius Nielsen, biólogo marinho na Universidade de Copenhague, afirmou: "Sabíamos que estávamos lidando com um animal incomum, mas acho que todos na equipe ficaram muito surpresos de saber que são tão velhos."

O vertebrado que detinha o recorde de longevidade era uma baleia-da-Groenlândia (Balaena mysticetus) com idade estimada de 211 anos.

Se invertebrados entrassem nessa competição, o título ficaria com um molusco de 507 anos conhecido como Ming, que teria vivido de 1499 a 2006.

Nado lento

O tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus) é uma enorme criatura, que pode chegar a cinco metros de comprimento.

Eles podem ser encontrados, nadando lentamente, em águas geladas e profundas do Atlântico Norte.


Com ritmo vagaroso de vida e taxa lenta de crescimento, era esperado que esses tubarões vivessem por um longo tempo. Mas até agora era difícil determinar qualquer idade.

No caso de alguns peixes, cientistas conseguem examinar ossos do ouvido chamados otólitos, que quando seccionados revelam um padrão de anéis concêntricos que podem ser contados como os anéis das árvores.

Com tubarões essa tarefa é mais difícil, mas algumas espécies, como o grande tubarão-branco, têm um tecido calcificado que cresce em camadas em suas espinhas e pode ser usado para datar os animais.

"Mas o tubarão-da-Groenlândia é um tubarão muito, muito macio - não tem partes rígidas no corpo onde camadas de crescimento se acumulam. Então acreditava-se que a idade não pudesse ser investigada", afirmou Nielsen à BBC.

A equipe, contudo, encontrou uma maneira inteligente de desvendar esse mistério.


"A retina do tubarão-da-Groenlândia é feita de um material especializado - e contém proteínas que são metabolicamente inertes", explicou Neilson.

"O que significa que depois que as proteínas são sintetizadas no organismo, elas não são renovadas novamente. Então podemos isolar esse tecido formado quando o tubarão era um bebê, e fazer a datação por radiocarbono."

A equipe analisou 28 tubarões, a maioria morta após ficar presa em redes de pesca.

Usando essa técnica, os pesquisadores estabeleceram que o maior tubarão - uma fêmea de cinco metros - era extremamente idosa.

Como a datação por radiocarbono não gera datas exatas, eles acreditam que essa fêmea possa ter morrido tão "jovem" como aos 272 anos ou tido 512 anos. Mas provavelmente ficou em algum lugar no meio, em cerca de 400 anos.

Isso significa que esse tubarão fêmea nasceu em algum ponto entre os anos de 1501 e 1744, mas a data provável foi no século 17.

"Até no limite inferior, 272 anos, mesmo se essa fosse a idade máxima, ainda seria o vertebrado mais longevo do planeta", disse Nielsen.

Aulas de conservação

A equipe do estudo acredita que esses tubarões apenas atinjam a maturidade sexual com quatro metros de comprimento. E esse novo e amplo escopo de idade sugere que isso não deva ocorrer até os animais atingirem cerca de 150 anos.

Os pesquisadores dizem que os achados trarão consequências para a preservação futura desses animais.


Como são muito velhos, os tubarões-da-Groenlândia ainda podem estar se recuperando de um período de pesca excessiva após a Segunda Guerra Mundial.

Os fígados dos tubarões eram usados para óleo de máquinas, e eles foram caçados em grande escala até o desenvolvimento de uma alternativa sintética reduzir a demanda pelo animal.

"Quando você avalia a distribuição da espécie pelo Atlântico Norte, é bem raro ver fêmeas em idade reprodutiva, e mais raro ainda encontrar recém-nascidos ou indivíduos juvenis", afirmou Nielsen.

"Parece que a maioria é subadulta. E isso faz sentido: se você teve toda essa pressão de pesca, todos os animais mais velhos não estão mais por aqui. E não há muitos indivíduos aptos a reproduzir. Ainda existe, porém, uma boa quantidade de 'adolescentes', mas ainda levará mais cem anos para se tornarem ativos sexualmente."


Fonte: www.bbc.com.