segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Problemas na alfabetização podem diminuir produtividade no trabalho, diz estudo

Estudo Alfabetismo no Mundo do Trabalho revela que 27% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais e 4% são analfabetos. Na outra ponta, apenas 8% atingem o nível mais alto de proficiência. As habilidades limitadas de leitura, escrita e matemática, em muitos setores da economia brasileira, podem restringir a produtividade e capacidade de inovação.

Foto: www.oimparcial.com.br.

O estudo é do Instituto Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa, em parceria com o Ibope Inteligência. Desde 2001, as entidades são responsáveis pela divulgação do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Este é o primeiro ano de foco especial no trabalho.

“Quando se tem 23% em nível rudimentar, que não percebe sutilezas maiores em um texto, que não distingue uma ironia, não separa fato de opinião, que lê mecanicamente, mas tem dificuldade para ler além do que está no texto, isso pode implicar importantes reflexões de compreensão do trabalho, de novas tecnologias, de decisões de liderança. Isso porque falta a essas pessoas a possibilidade de informar e expressar as ideias pela escrita”, afirmou a diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lúcia Lima.

O levantamento foi feito no ano passado e divulgado esta semana. Foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país. Os entrevistados foram divididos em cinco grupos, de acordo com a habilidade de leitura, escrita e matemática: analfabeto (4%), rudimentar (23%), elementar (42%), intermediário (23%) e proficiente (8%).

No trabalho

Os dados mostram ainda que, entre os analfabetos, 47% estão trabalhando, contra 75% entre os proficientes. Atividades como agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura concentram a maior parte de trabalhadores analfabetos, 21%. Outros 49% que exercem essas atividades têm nível rudimentar.

As atividades com maior percentual de proficientes são informação e comunicação, artes, cultura, esporte e recreação, atividades científicas e técnicas. Conforme o estudo, 26% desse segmento têm esse nível. Outros 21% têm nível intermediário e 49%, elementar. Na educação, o maior percentual (40%) é de nível intermediário e 16%, proficiente.

A pesquisa indica também o nível de acordo com o cargo exercido. Entre aqueles que ocupam cargo de direção ou gerência, 2% são analfabetos; 13% têm nível rudimentar; 30%, elementar; 33%, intermediário; e 22% proficiente. Segundo Ana Lúcia, os dados surpreenderam negativamente. “São pessoas que tomam decisões e afetam mais estruturalmente a economia.”

Formação

Conforme o levantamento, quanto maior o nível de letramento mais formação se recebe. Entre os analfabetos, 5% fez algum curso de formação, enquanto a porcentagem chega a 85% entre os proficientes. “A proporção de pessoas que aprimoram os conhecimentos a partir de cursos são as que estão no topo da escala. O mundo do trabalho oferece treinamento para quem está treinado e não para quem precisaria bastante”, acrescentou a diretora do instituto Paulo Montenegro.

Para Ana Lúcia, esses trabalhadores devem receber, tanto de empresas privadas quanto por meio de políticas públicas, cursos e incentivo ao letramento. “Essa população que está trabalhando dificilmente volta para a escola. Mas o mundo do trabalho pode contribuir nesse processo de alfabetização. As empresas ganham pela qualificação e o impacto é mais amplo. Essa pessoa é um pai de família que vai orientar o filho na escola, que vai melhorar as escolhas na hora de consumir. Beneficia todos os âmbitos da vida”, concluiu a diretora.

Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Edição: Armando Cardoso

Ministra Katia Abreu é cobrada sobre defeso e pesca no Amazonas

O deputado Dermilson Chagas questionou, durante reunião do Parlamento Amazônico, vencimento e a atual validade da Portaria 192, que suspendeu o período do defeso no Brasil. A ministra justificou a demora no recadastramento dos pescadores à nova forma de ação integrada entre ministérios.

Os pescadores têm direito ao seguro-defeso,
de um salário mínimo, por até 5 meses 
(Arquivo/AC).
Tocantins (TO) - O vencimento e a atual validade da Portaria 192, que suspendeu o período do Defeso em todo o país, foram questionados pelo deputado Dermilson Chagas (PDT) à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Katia Abreu, durante a reunião do Parlamento Amazônico, na ultima quinta-feira (25), em Palmas (TO). Chagas cobrou que o Governo Federal revise o documento que suspendeu o pagamento do Seguro-Defeso para 90 mil pescadores do Amazonas. A medida foi tomada sob a justificativa de recadastrar os beneficiários para evitar as fraudes.

“Faço um apelo: a portaria já venceu. Já passaram os 120 dias da validade e estamos sem resposta. A pesca é a atividade econômica muito importante para o interior do Amazonas. As prefeituras estão quebradas, o que sustenta a população do interior é o Seguro-Defeso. São 90 mil trabalhadores da pesca que estão sendo jogados para caminhos errados”, argumentou o parlamentar, sobre a medida que deixou de injetar R$ 280 milhões na economia do Estado.

A ministra justificou a demora no recadastramento dos pescadores à ação integrada entre três ministérios: o MAPA, o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) que tiveram atividades divididas entre si, coordenadas pessoalmente por Katia Abreu.

O MAPA, de acordo com a titular da pasta, ficou encarregado de elencar os critérios para a elaboração de um novo cadastro para o pescador. O MMA ficou responsável pelo mapeamento dos rios e espécies de peixes e à Previdência Social coube articular uma maneira de pagar o benefício de forma contínua e eficiente. “Fizemos um pacote só e entregamos na Casa Civil há duas semanas. Não temos nada a fazer em relação ao Defeso. É esperar a Casa Civil”, afirmou a ministra.

Katia Abreu também justificou como entrave a fusão entre o MAPA e o antigo Ministério de Pesca e Aquicultura. “Tivemos muitos problemas quando a pesca veio para o ministério (da Agricultura). A maioria do material estava em computadores que foram apreendidos pela Polícia Federal. Eliminamos o prédio que custava R$ 800 mil por mês, demitimos 400 comissionados. A pesca vai ser uma prioridade importante para o Ministério”, prometeu.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

El Niño e o evento de branqueamento de corais mais longo da história

Branqueamento de corais. Foto: www.matheusleitao.com.br.
O fenômeno El Niño é uma oscilação irregular nas correntes do Oceano Pacífico tropical que provoca alterações significativas na temperatura da superfície do mar - com diversas consequências ao redor do globo. Os impactos associados ao El Niño incluem graves secas na África, aumento da precipitação na América do Sul, incêndios no sudeste da Ásia, tempestades de inverno na Califórnia, ondas de calor no Canadá e furacões intensos ao longo do Oceano Pacífico. Segundo pesquisadores do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) o aquecimento global aliado ao intenso fenômeno de El Niño que está ocorrendo atualmente, são responsáveis pelo evento de branqueamento de corais mais longo já observado na história.

O desaparecimento dos recifes ocorre devido ao branqueamento dos corais que estão mais suscetíveis a condições de estresse - neste caso o aumento da temperatura da água dos oceanos. Este branqueamento acontece quando os corais expulsam as algas simbióticas que vivem sobre seus corpos. Sem as algas, os corais perdem uma fonte significativa de alimento e se tornam mais vulneráveis à doenças e predadores. O primeiro branqueamento de corais em massa ocorreu durante um evento de El Niño durante os anos de 1982 e 1983. Um segundo evento de branqueamento mundial ocorreu em 2010, durante um El Niño mais fraco. No ano de 2014 foi observado um branqueamento de corais em massa no oeste do Oceano Pacífico. Em outubro de 2015, com o El Niño ainda fortalecendo, pesquisadores do NOAA declaram o terceiro evento de branqueamento mundial de corais. O maior problema relacionado a este último branqueamento mundial é a duração do evento de El Niño atual. Recifes que tiveram branqueamento de corais em 2015 no Caribe e em Florida Keys, por exemplo, estão apenas começando a se recuperar, no entanto podem sofrer novamente com o branqueamento no ano de 2016 segundo os pesquisadores.


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Adesão ao CAR será condição para acesso ao crédito rural a partir de 2017


A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) constatou que os proprietários de imóveis rurais, em muitos estados da federação, enfrentam dificuldades técnicas para aderirem ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), cujo prazo para adesão expira no próximo dia 5 de maio. No Nordeste, por exemplo, os pequenos produtores rurais precisam superar obstáculos para o cumprimento das exigências legais. Nos onze estados da região o índice de adesão ao CAR, até agora, é de apenas 37,7%.
Os números mais recentes divulgados pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostram que, dos 5,1 milhões de propriedades rurais existentes no país, apenas 2,2 milhões de estabelecimentos já se cadastraram no sistema do CAR, até último mês de janeiro. A CNA alerta que os produtores rurais com passivo ambiental poderão enfrentar problemas nos casos do não cumprimento das normas de proteção da vegetação nativa em Áreas de Proteção Permanente (APPs); de Reserva Legal (RL); e nas Áreas de Uso Restrito (AUR).
A proibição de acesso ao crédito agrícola, dentre outras medidas, deverá acontecer a partir de maio de 2017. “O desafio é realizar em três meses o que deixou de ser feito em um ano e meio”, assinala Nelson Ananias, coordenador do Núcleo de Sustentabilidade da CNA.
Exigências legais – No caso das APPs, as normas estabelecem exigências como um mínimo de preservação ambiental, conforme previsto no Programa de Recuperação Ambiental (PRA), que define a forma de recuperação do eventual passivo ambiental, respeitando as características regionais. Já em relação às RLs, a recuperação é obrigatória. No entanto, a legislação permite compensação fora da propriedade ou por meio da flexibilização das formas de recuperação ambiental da área afetada. No que diz respeito às AUR, as normas consolidam as atividades de culturas perenes, pastagens e áreas alagadas.
Com o objetivo de permitir que os proprietários de imóveis rurais possam fazer a adesão ao CAR, com mais facilidade e informações detalhadas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), órgão integrante do sistema CNA, oferece em seu portal de educação a distância (http://ead.senar.org.br/) um curso gratuito, ensinando o passo a passo do CAR. O curso  Cadastro Ambiental Rural é livre e pode ser feito por qualquer pessoa com 18 anos de idade ou mais.
Pontos críticos – A legislação que define o CAR, segundo a CNA, é complexa e exige condições que dificultam a declaração, pelo proprietário de imóvel rural. Além disso, existem obstáculos adicionais importantes a serem superados. A situação mais preocupante diz respeito ao acesso à internet, especialmente nas áreas rurais e naqueles municípios onde o acesso é precário devido a problemas de infraestrutura, logística e desenvolvimento tecnológico.  Essa situação é mais grave nos estados do Nordeste.
O sucesso do CAR e o cumprimento das metas fixadas pelo no novo Código Florestal, em vigor desde 2012, dependerão do alcance das informações obtidas pelo produtor rural e da remoção dos principais obstáculos para que a declaração seja feita pela internet, especialmente na transmissão dos dados.
Vale lembrar que, segundo a Lei 12.651, (Código Florestal), estabelece que os proprietários de imóveis rurais de até 4 módulos fiscais – cujo tamanho varia de acordo com cada município -, deverão receber auxílio direto dos governos estaduais na captação das coordenadas geográficas. Nesses casos, os produtores rurais deverão se dirigir às secretarias estaduais de Meio Ambiente, ou a órgão correspondente, protocolando solicitação formal de apoio técnico para que possam fazer o cadastramento de sua propriedade.
Entendendo os termos do Código Florestal:
APP (Área de Preservação Permanente): Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo de espécies de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
UCs (Unidades de Conservação): Espaço territorial e seus recursos ambientais, com objetivos de conservação e limites definidos ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Podem ser de uso sustentável ou proteção integral;
Matas Ciliares: Vegetação que é adjacente ao curso de água e pode fazer parte da APP de curso de água. O termo refere-se ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de “cílio” que protege os cursos de água;
ARL (Área de Reserva Legal): Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
Área de Uso Restrito: São os pantanais e planícies pantaneiras, além das áreas com inclinações entre 25° e 45°.

Conheça o Cadastro Ambiental Rural - CAR



O Cadastro Ambiental Rural - CAR é instrumento do novo código florestal brasileiro, uma iniciativa de proporção única no mundo e vem apresentar para o governo federal, estadual e municipal uma radiografia da situação ambiental das propriedades rurais brasileiras expondo ainda, informações sobre áreas de uso consolidado, atualização dos dados cadastrais dos proprietários rurais e ainda a localização georreferênciada destas propriedades.

No dia 5 de maio de 2016 se encerra o prazo para adesão ao Cadastro Ambiental Rural – CAR para fins de garantia de consolidação dos direitos previstos nas medidas transitórias do Novo Código Florestal, Lei 12.651 de 2012.
  
Na prática, o cadastro não se encerra. No entanto direitos garantidos nos extensos debates que nortearam o texto aprovado como a regra de proteção da vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente –APPs, Reserva Legal – RL e Áreas de Uso Restrito – AUR serão negados a partir desta data. Além da aplicação da Lei de Crimes Ambientais no caso de negação dos direitos, será negado o crédito agrícola a partir de maio de 2017.
  
Para todos os imóveis que, antes de 22 de julho de 2008, fizeram o uso alternativo de solo em áreas protegidas, APPs, RLs e AUR, tem como direito a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural. Para as APPs a consolidação segue regras que respeitam um mínimo de preservação, especialmente em áreas de beira de rio. Já nas RLs a recuperação é obrigatória, no entanto pode ser compensada fora da propriedade ou podem ser flexibilizadas a formas de sua recuperação. Por fim, nas AUR são consolidadas as atividades de culturas perenes, pastagens e áreas alagadas.


O curso EaD do SENAR te ajuda a preencher o CAR



Para ajudar você a cumprir o novo prazo, que vence em maio de 2016, o SENAR criou um curso a distância que ensina como fazer o cadastro no site especialmente criado pelo Governo Federal.

Esse curso a distância é gratuito, como todos do SENAR. Legalize a sua propriedade até maio de 2016 e obtenha os benefícios do CAR, tais como: acesso ao crédito, financiamento e isenção de impostos para atividades que tenham por finalidade a recuperação e a preservação ambiental.
  
Conheça os temas e tópicos oferecidos: 


Módulo 1:  Legislação 
Aula 1: Conhecendo o CAR
Aula 2: Disposições gerais
Aula 3: Áreas de Preservação Permanente e de Uso Restrito
Aula 4: Áreas de reserva legal
Aula 5: CAR e Programa de Apoio e Incentivo Ambiente  e definições


Módulo 2: Módulo de Cadastro do CAR


Aula 1: Visão geral do Cadastro Ambiental Rural
Aula 2: Preenchimento do Cadastro Ambiental 
Aula 3: Preenchimento do Cadastro Ambiental Rural
Aula 4: Finalização do preenchimento do CAR


Módulo 3: Trabalho com vetores dentro da plataforma Sicar 
Aula 1: Google™ Earth: visão geral, criação e importação de polígonos e correção de dados
Aula 2: Vetorização: utilização correta de ferramentas e observação de necessidades


Para se inscrever gratuitamente, acesse: www.eadsenar.canaldoprodutor.com.br.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

I CONGRESSO AMAZÔNICO DE AQUICULTURA – CONAMAQ E I FEIRA AMAZÔNICA DE PRODUTOS PARA AQUICULTURA - EXPO AQUAM



Olá estudantes e profissionais de Engenharia de Pesca e áreas afins, o tão aguardado site oficial do evento já se encontra disponível. 

No site você encontrará informações sobre inscrição, submissão de resumo, programação, temas de minicursos, etc.

Mais informações, acesse o site do evento: www.conamaq.ufra.edu.br.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A mortalidade de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga na região do médio Solimões - Amazonas, Brasil

Olá estudantes e profissionais, trago a vocês um ótimo material sobre a mortalidade de jacarés e botos utilizados ilegalmente como isca de piracatinga. Para entendimento da problemática, segue uma noticia que explicar esse tipo de atividade pesqueira desenvolvida no Amazonas e que cominou na publicação do presente livro "A mortalidade de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga na região do médio Solimões - Amazonas, Brasil" em 2014.

Instituto Mamirauá estuda morte de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga

Pesca de piracatinga. Fonte: planetasustentavel.abril.com.br.
MANAUS (MA) - Com dados restritos a uma pequena área de análise, a carência de informações demográficas de botos e jacarés dificulta o entendimento sobre os reais efeitos da pesca da piracatinga na Amazônia. Esse é um dos principais pontos destacados no estudo 'A mortalidade de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga na região do Médio Solimões - Amazonas, Brasil', publicado pelo Instituto Mamirauá. 

De acordo com a líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto, Miriam Marmontel, a pesquisa é limitada. "É muito difícil falar sobre o risco de extinção quando não se tem todas as variáveis necessárias para alcançar essa estimativa, como a abundância populacional, os parâmetros reprodutivos, o nível de mortalidade e outros dados".

Isso porque a Amazônia possui um extenso e complexo sistema de rios, com mais de 100 mil quilômetros de cursos de água que se estendem por nove países. Somam-se a isso dificuldades para se fazer a mensuração de vida aquática. Logo, não se pode afirmar ainda os efeitos negativos dessa atividade pesqueira na dinâmica populacional de botos e jacarés na Amazônia, especialmente considerando dados restritos a uma pequena área de análise.

Miriam ressalta que: "Existe uma gama de possibilidades de mortalidade de botos não necessariamente associada à pesca da piracatinga, existe a mortalidade natural, a mortalidade por emalhe acidental em redes de pesca, além do desaparecimento de animais das áreas de estudo, que pode ser apenas pelo deslocamento". 

Pesquisa colaborativa

Desde 2012, o Instituto Mamirauá realiza expedições ao longo de diversas bacias da Amazônia com o objetivo de documentar a distribuição e obter a densidade e abundância de botos vermelhos (Inia geoffrensis) e tucuxis (Sotalia fluviatilis) na região. O levantamento dessas informações é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de conservação dessas espécies.

Captura de jacaré no Amazonas. Fonte: www.portalbare.com.br.
Espécies de Botos. Fonte: planetasustentavel.abril.com.br.
Parceiros também realizam expedições (WWF, WCS, WDCS, Fundação Omacha/Colômbia, Faunagua/Bolívia, entre outros) e já foram promovidas mais de 15 campanhas desse tipo na América do Sul. Até o momento, foram registrados mais de oito mil golfinhos fluviais amazônicos, de quatro espécies diferentes, e percorridos mais de 6,5 mil quilômetros nos principais rios da Amazônia. Esse esforço visa cobrir outras bacias para comparar como estão as densidades dos botos nos diferentes cursos de água. 

O Instituto Mamirauá acompanha a pesca da piracatinga na região do Médio Solimões desde 2003 e desenvolve pesquisas afim de registrar os diferentes aspectos da atividade, como o envolvimento das comunidades tradicionais e a estruturação da sua cadeia produtiva.

Para avaliar os possíveis impactos dessa atividade e a utilização de jacarés e botos como isca, é importante que sejam considerados os fatores ambientais e econômicos, bem como os sociais.  Além das expedições para se obter a estimativa populacional de botos, o Instituto também se dedica a outros estudos, como o aprofundamento da análise sobre a pesca e desembarque da espécie no mercado de Tefé (AM), a dinâmica populacional da piracatinga e sua biologia reprodutiva.


A mortalidade de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga na região do médio Solimões - Amazonas, Brasil


Referência: BOTERO-ARIAS, Robinson; FRANCO, Diogo de Lima; MARMONTEL, Miriam. A mortalidade de jacarés e botos associada à pesca da piracatinga na região do médio Solimões - Amazonas, Brasil. Tefé, AM: IDSM, 2014. 60p.

ISBN: 978-85-88758-37-7.

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Belo Monte é multada em R$ 8 milhões por morte de peixes

A concessionária Norte Energia, dona da Hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu (PA), foi multada pelo Ibama em R$ 8 milhões, por conta do grande volume de peixes mortos em decorrência do enchimento do reservatório da usina.

Nesta semana, teve início teste em 18 turbinas Foto: Dida Sampaio/Estadão.
O Estado apurou que, entre os dias 24 de novembro do ano passado, quando o lago começou a ser formado, até o dia 18 de fevereiro, mais de 16 toneladas de peixes mortos foram encontrados na região de Altamira e Vitória do Xingu, os municípios mais afetados pela hidrelétrica. As informações foram confirmadas pelo Ibama.

Por meio de nota, o órgão ambiental responsável pelo licenciamento da usina informou que fez duas autuações contra a empresa, ambas no dia 1.º de fevereiro. Uma multa de R$ 7,5 milhões refere-se à mortandade de peixes ocorrida na Volta Grande do Xingu, uma extensão de 100 km de rio localizada entre as duas barragens da hidrelétrica.
Uma segunda punição de R$ 510,5 mil refere-se à “apresentação de informação parcialmente falsa sobre a contratação de trabalhadores para o resgate e salvamento de ictiofauna no licenciamento ambiental”. Os serviços relacionados ao resgate dos peixes são realizados pela empresa Biota Projetos e Consultoria Ambiental.

Uma terceira multa está a caminho. “O Ibama fará nova autuação por infração ambiental em razão da mortandade ocorrida no vertedouro e em outras estruturas da usina hidrelétrica. Nesse caso, a equipe técnica está analisando dados para dimensionamento das sanções”, declarou o órgão.

Além das multas, o Ibama vai exigir da empresa uma medida compensatória adicional em relação aos recursos pesqueiros. Essa compensação ainda não está definida.

Em entrevista ao Estado, o secretário do Meio Ambiente de Altamira, Luiz Alberto Araújo, disse que, na quinta-feira, sua equipe encontrou covas lotadas de peixes nas proximidades de um dos barramentos da usina. A busca foi feita após uma denúncia dos pescadores. A secretaria levou a denúncia ao Ministério Público Federal.

Questionado sobre o assunto, o Ibama informou que uma equipe do órgão foi ontem ao local para avaliar se houve irregularidades.

Defesa. Por meio de nota, a Norte Energia declarou que “os incidentes mencionados na reportagem estão associados aos efeitos da operação dos vertedouros com vazões elevadas” e que “as causas já foram identificadas e foram minimizadas por ajustes operacionais”.

A morte dos peixes, segundo a companhia, não tem relação com a qualidade das águas dos reservatórios da usina, que tem monitoramento diário. “A Norte Energia informa ainda que, em relação à disposição dos peixes recolhidos abaixo desses vertedores, adota práticas adequadas para esses casos.”

Nesta semana teve início o teste da primeira das 18 turbinas da casa de força principal de Belo Monte, com capacidade de 11.000 megawatts (MW). O complexo hidrelétrico inclui ainda uma barragem de geração complementar, de mais 233,1 MW.

Qualificação em Marabá apresenta licenciamento ambiental a gestores municipais

Dentro dessa temática, a também técnica da Semas, Carla Pereira (foto), 
focalizou o licenciamento de empreendimentos de micro até grande 
porte como muros de arrimo ou contenção, área portuária, ferrovias 
e aeroportos.
As diversas formas de licenciamento ambiental executadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) foram apresentadas aos gestores municipais das regiões do Carajás, Araguaia, Lago de Tucuruí e parte do Rio Capim, na última quarta-feira (17), em Marabá. As palestras fazem parte do curso de Qualificação da Gestão Ambiental dos municípios do Pará, promovido com recursos do Fundo Amazônia, cuja gestão é do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), oferece uma série de informações aos municípios para que iniciem o processo de gestão ambiental local.

Licenciamentos podem ser concedidos pela Secretaria de Meio Ambiente para atividades industriais, de comércio, infraestrutura, minerárias, aquícolas e pescas. Na área de indústria – que envolve matadouros, envasamento de água, fabricação de gelo e beneficiamento de frutas –, a técnica Delma Souza listou as de base e de bem de consumo, explicou as diferenças, detalhou procedimentos para renovação da licença e chamou a atenção para prazos de requerimento dessa renovação. Ela ainda destacou a polêmica atividade de matadouro, marcada pelo impacto que causa, como odores e emissões atmosféricas. “É uma atividade que se for feita corretamente pode ter os impactos minimizados”, ressaltou.

Sobre o licenciamento de infraestrutura, que envolve loteamento/ parcelamento de solo, hipermercados e supermercados, obras de urbanização (ruas, praças e calçadas, sistemas de saneamento e aterro controlado), o técnico Adélio Barbosa explicou o passo a passo e salientou a necessidade de os empreendedores observarem os critérios e restritivos para concessão da licença. Dentro dessa temática, a também técnica da Semas Carla Pereira focalizou o licenciamento de empreendimentos de micro até grande porte, como muros de arrimo ou contenção, área portuária, ferrovias e aeroportos.

No evento, foi apresentado o licenciamento de atividades minerárias, a exemplo de extração de areia e seixo (dentro e fora de recursos hídricos); extração de rochas para uso imediato na construção civil (brita ou pedra de talhe); fabricação de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção civil, exceto azulejo e piso; exploração e engarrafamento de água mineral. Outro tipo de licenciamento exposto foi o que envolve comércio e serviços, como  hospitais, clínicas e congêneres, postos de combustível, empresas transportadoras de produtos perigosos e mais outras 48 atividades.

A qualificação também trouxe esclarecimentos sobre o licenciamento de atividades aquícolas e pesqueiras, como piscicultura nativa em tanques, tanques rede, viveiro escavado e barragem; além de beneficiamento de pescado. Ao final de cada uma das palestras, os gestores tiveram a oportunidade de tirar dúvidas com os técnicos da Semas e de conhecer as leis que norteiam as decisões do Estado em cada uma das áreas abordadas.

O evento, organizado pela Diretoria de Ordenamento, Educação e Descentralização da Gestão Ambiental e Núcleo de Projetos Corporativos da Semas, é apoiado pela Gerência de Treinamento e Desenvolvimento e pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Até o mês de abril, outras três regiões receberão a qualificação.

Naiana  Gaby Ferraz Monteiro Santos
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Guia de campo para as espécies comerciais marinhas e de águas salobras de Angola


Referência: Bianchi, G. Guia de campo para as espécies comerciais marinhas e de águas salobras de Angola. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E A ALIMENTAÇÃO.Roma, 1986. 216 p.

Sobre o Livro: Este guia de campo inclui espécies de peixes ósseos, marinhos e de águas salobras, tubarões, raias, lagostas, camarões, caranguejos, estomatópodes, cefalópodes e tartarugas marinhas com interesse comercial em Angola. Cada um destes grupos de recursos é precedido de uma introdução sobre a terminologia técnica utilizada, seguida de uma lista de anotações e ilustrações das espécies mais importantes que inclui os nomes FAO, os nomes locais mais vulgares, o tamanho máximo, o habitat e as artes de pesca utilizadas. No sentido de facilitar a primeira identificação, o grupo "Peixes ósseos" é também precedido de um guia ilustrado das diferentes famílias. Um índice composto pelos nomes científicos e populares das famílias e das espécies é também incluído.

Fonte: www.fao.org.

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Guía de campo das espécies comerciais marinhas e de águas salobras de Moçambique



Referência: Fischer, W., I. Sousa, C. Silva, A. De Freitas, J.M. Poutiers, W. Schneider, T.C. Borges, J.P. Féral e A. Massinga. Guía de campo das espécies comerciais marinhas e de águas salobras de Moçambique. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E A ALIMENTAÇÃO.Roma, 1990. 494 p.

Sobre o Livro: Este guía de campo inclui espécies de peixes ósseos, marinhos e de águas salobras, tubarões, raias, lagostas, camarões, caranguejos, estomatópodes, cefalópodes e tartarugas marinhas com interesse comercial em Moçambique.

Fonte: www.fao.org.

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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Dietas com ingredientes funcionais previnem doenças sem uso de antibióticos na aquicultura

O Brasil possui um enorme potencial para a aquicultura, não apenas pela quantidade e qualidade de águas (doces e salgadas), mas pelo clima propício, pela variedade de espécies, conhecimento científico, grande disponibilidade de subprodutos da agroindústria, ingredientes indispensáveis para produção de rações a partir de fontes renováveis.
De acordo com os dados divulgados em 2014 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o valor total da produção da aquicultura nacional foi R$ 3,055 bilhões em 2013, sendo que as criações de peixes e camarões lideraram o setor com a participação de 66,1% e 25%, respectivamente.
Apesar de tão promissor, a produção em fazendas aumenta a concentração de animais da mesma espécie no local, o que pode ocasionar doenças. “Os consumidores querem um produto seguro e saudável. Como o uso de produtos fármacos foi proibido no mundo, a melhor opção para o criador aumentar a produção e evitar enfermidades é investir no manejo adequado do ambiente de cultivo, no uso de formas jovens (pós larvas e alevinos) livres de doenças e no fornecimento de alimentos funcionais, que garantem a nutrição completa de acordo com cada espécie”, recomenda João Manoel Cordeiro Alves, gerente de Produtos para Aquacultura da Guabi Nutrição e Saúde Animal.
Com base neste cenário, as empresas vêm investindo cada vez mais em tecnologias para fornecer alimentos funcionais, que auxiliem no aumento da imunidade dos animais aquáticos e tornem a atividade mais rentável ao produtor como produtos inibidores de “Quorum Sensing”.
As doenças bacterianas são a maior causa de prejuízos na aquacultura. “Bactérias não são células individuais e que crescem conforme as condições do ambiente e disponibilidade de nutrientes, como se pensava até pouco tempo. Com a evolução dos estudos, notou-se que elas são capazes de se comunicar através de moléculas liberadas e captadas por outros e, com isso, percebem a concentração de indivíduos. Quando a concentração atinge um determinado nível, as bactérias mudam de atitude (expressão gênica) e passam a ser mais virulentas (nocivas), por exemplo. A esse fenômeno se dá o nome de “quorum sensing”. Entender este mecanismo permite intervir, dificultando a percepção das moléculas sinalizadoras, evitando doenças, mesmo com presença do agente causador”, informa João Manoel.
Os inibidores de Quorum Sensing interferem e impedem esta comunicação e a manifestação das bactérias, inibem a multiplicação das nocivas e favorecem o estabelecimento das benéficas. Os resultados são maiores índices de sobrevivência e crescimento e a garantia de maior lucratividade para os criadores.
A Guabi tem investindo nesta tecnologia Quorum Sensing em seus produtos e lança as linhas Poti e a Pirá Mirim QS são indicadas, respectivamente, para criação de camarões e peixes.
Desenvolvidas para garantir animais maiores, mais homogêneos, saudáveis e resistentes desde os estágios iniciais, os produtos das novas linhas Poti e a Pirá Mirim QS são aditivados com probióticos (bactérias benéficas que melhoram a saúde e imunidade dos animais), prebióticos (substâncias que nutrem os probióticos), e fitobióticos que possuem atuação comprovada na inibição da comunicação QS de bactérias causadoras de doenças em animais aquáticos.
“Peixes e camarões nutridos de maneira adequada têm maior potencial de crescimento, suportam melhor o estresse proveniente do manuseio e do transporte, são mais tolerantes às doenças, apresentam maior desempenho produtivo e resultam em alimentos ainda mais saudáveis para o ser humano.”, completa o zootecnista.
Sobre a Guabi Nutrição e Saúde Animal
A Guabi Nutrição e Saúde Animal é uma empresa que há mais de 40 anos se dedica ao desenvolvimento e fabricação de produtos de alta qualidade e confiabilidade, voltados para o bem estar das pessoas e dos negócios. Procurando sempre investir em ingredientes inovadores e tecnologias de ponta que garantam o melhor resultado para criadores, é hoje uma das maiores empresas de nutrição e saúde animal do país. Tem forte atuação em todos os estados brasileiros e exportações frequentes para mais de 30 países. Sua linha de produtos abrange rações completas, suplementos minerais, dietas, núcleos e premixes, para atender as diferentes necessidades nutricionais e fases de crescimento de: peixes e camarões, equinos, bovinos de corte e de leite, aves de corte e de postura, coelhos, caprinos, ovinos, entre outras espécies de animais de produção. Atualmente, a Guabi possui seis unidades fabris distribuídas pelo Brasil, além de dois Centros de Distribuição localizados na região Nordeste e de seu Escritório Nacional, em Campinas/SP.
Mais informações
LN Comunicação
Lucia Nunes – diretora e jornalista
Bruna Marques – assistente de assessoria de imprensa jr.
(11) 4332.4120 / 99968.4105
Fonte: Lucia Nunes

Sobre empregos no agronegócio

O que significa a queda de 1,1% no número
de vagas em trabalhos formais?. 
Foto: ANPr.
Rio Grande do Sul (RS) - A Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul, vinculada a falido governo estadual, concluiu que em 2015 o agronegócio brasileiro teve uma perda líquida de 46,1 mil vagas em trabalhos formais, incluídos os segmentos antes, dentro e depois da porteira.

Foram usadas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), recolhidas do Ministério do Trabalho, que as compila desde 2007.
O ano passado revelou-se o pior da série, com uma perda de 1,1% sobre o total de 4,2 milhões de empregos formais.
A estratificação do emprego na atividade mostra o seguinte perfil: 6,1% antes (insumos, máquinas e implementos), 35,5% dentro (agropecuária e pesca), e 58,4% fora (alimentos, fumo, têxteis, couro, madeira, celulose e papel, biocombustíveis).
O primeiro segmento é de capital intensivo, altos investimentos, concentrado e constituído, na maioria, por empresas estrangeiras.
O terceiro, bastante diversificado, é o mais intensivo, tanto em capital como força de trabalho. Daí ser o mais representativo.
Resta-nos os campesinos, caboclos, sertanejos e ruralistas, em faixa enganosamente intermediária, quando assim classificados.
A atividade de cultivo em propriedades agrícolas tem características próprias, diferentes de serviços e indústria. Cíclica, sazonal, específica a cada cultura, dependente de condições edafoclimáticas, utiliza maior ou menor força de trabalho, em suas diferentes fases. Preparo, plantio, manejo e colheita.
Conforme a cultura e o tamanho da propriedade, podem ser menos ou mais dependentes de mão-de-obra, trocando-a pela mecanização. Nos últimos anos, têm sido significativas as inovações tecnológicas nessa direção.
A procura por alta produtividade com baixo custo tem inibido a contratação de empregados em base à atual legislação trabalhista, discussão que deveria estar na pauta dos poderes republicanos.
O grande contingente humano que trabalha no campo, no entanto, não vende ou aluga mais valia, como faz induzir a pesquisa e as fontes por ela sugeridas. É uma massa de patrões empregados de si mesmos e está no que se convencionou chamar de agricultura familiar.
Podem cultivar de chicória a soja que estarão inseridos no agronegócio. O mais é aflição léxica.
Agora uma surpresa trazida pela FEE. Em 2015, o segmento “dentro da porteira” segurou a barra do trabalho formal no agronegócio: foram criadas 10 mil vagas, compensando a perda nos outros dois setores.
Segundo o Censo Agropecuário 2006, velho, mas depois de 9 anos já não tão bom, existiam no Brasil 5,2 milhões de propriedades rurais, entre próprias, sem titulação definitiva, arrendadas, parcerias e ocupadas, o equivalente a 334 milhões de hectares.
É muita terra! Pois bem, os amigos leitores e leitoras devem imaginar pouca gente trabalhando em pecuária, pesca e aquicultura. Correto. Assim, cerca de 100 milhões de hectares eram usados para atividades agrícolas – lavouras, silvicultura, etc. Um terço da área total.
Do total de propriedades, 90% têm menos de 200 hectares, a maioria patrões de si mesmos, pois. Deveriam eles assinar a carteira de esposas, filhos, irmãos?
“Num dianta”, vocação é vocação. E se quiserem mudar isso vão ter que acertar mais no resto. Há 9 anos, tínhamos 5 milhões de proprietários rurais, produzindo dentro de chácaras, sítios e fazendas. Em 2015, foram 4,2 milhões de empregados em toda a cadeia do agronegócio.
Em capítulo que escrevi para o livro Caminhos da Sustentabilidade, sobre o trabalho rural, sugiro: “A transformação de que o campo necessita e que irá libertar parcelas de trabalhadores ou pequenos proprietários que ainda não alcançaram um nível de vida digno é essencialmente capitalista. Implica aproveitar nossa formação étnica, vocação agrícola transferida através de gerações, e o desenvolvimento tecnológico hoje alcançado”.
Queda de 1,1%, ora, ora. Como dizia o jornalista e escritor Ivan Lessa (1935-2012), um dos fundadores de O Pasquim, vão se roçar nas ostras ou enfurnar um robalo.
Nota: Por favor, a palavra enfurnar também pode ser interpretada como ocultar.