sexta-feira, 7 de abril de 2023

Nova espécie de peixe-caracol é descoberta a 7 mil metros de profundidade

Animal azul da Fossa do Atacama foi batizado de "Paraliparis selti" e pode ajudar cientistas a compreender como a vida resiste a baixas temperaturas e grandes pressões.

Imagens estáticas in situ de P. selti sp. novembro tirada pela câmera com isca (Foto: Springer Link ).

Para conhecer que tipo de animais habitam o fundo do oceano, uma equipe internacional de cientistas implantou sondas em queda livre na Fossa do Atacama, localizada entre o Peru e o Chile. Com essa metodologia, eles conseguiram captar imagens de uma nova espécie de peixe abissal que vive a uma profundidade de cerca de 7 mil metros.

De acordo com uma nota da Universidade Newcastle, na Inglaterra, a escolha do local foi definida pelo fato de que a imensa trincheira percorre a costa oeste da América do Sul e tem profundidade parecida com a altura da Cordilheira dos Andes. Ao todo, a fossa conta com 8 quilômetros de profundidade, enquanto a Cordilheira apresenta quase 7 quilômetros de altitude. O artigo que conta todos os detalhes da descoberta foi publicado no periódico Marine Biodiversity em 1º de outubro.

Para conseguir registrar peixes, as sondas tinham petiscos acoplados para atrair os animais, aproximando-os da câmera para realizar o registro. “A câmera foi feita de algumas polegadas de aço inoxidável e vidro de safira", explica o Thom Linley, autor principal do estudo, da Universidade Newcastle.

Com o equipamento, a equipe de Linley conseguiu identificar três espécies de peixe-caracol na zona hadal, que parte dos 6 mil metros de profundidade até o leito oceânico. Entre essas espécies, uma era completamente nova para a ciência.

Um pequeno peixe azul avistado entre 6 mil e 7,6 mil metros de profundidade apresentava características diferentes dos demais peixes-caracóis da região. O animal tinha olhos grandes e cor marcante. Para determinar que se tratava de uma nova espécie, a equipe utilizou tomografia microcomputadorizada (micro-CT) e código de barras de DNA para ver onde as novas espécies se encaixam na família dos peixes-caracol, o uso dessas técnicas permitiu aos cientistas determinar onde o animal se encaixava na família de peixe-caracóis.

Batizado de Paraliparis selti, o nome da nova espécie deriva da extinta língua Kunza, que era usada por povos indígenas do Deserto do Atacama. Selti significa azul.

Imagens estáticas in situ de P. selti sp. novembro tirada pela câmera com isca (Foto: Springer Link ) — Foto: Galileu.

Para surpresa da equipe, a nova espécie parece ser um colonizador separado da Fossa do Atacama. A nova espécie é um membro pertencente ao gênero Paraliparis. As espécies deste gênero são particularmente abundantes no Oceano Antártico e são raramente encontradas a profundidades superiores a 2.000 m. Significativamente, esta é a primeira vez que este gênero foi encontrado vivendo na zona hadal.

Paraliparis selti oferece uma oportunidade fantástica para explorarmos o que permite que os peixes vivam tão profundamente", comemora Linley, que acredita que o peixe evoluiu de espécies adaptadas ao frio do Oceano Antártico. A descoberta, portanto, pode dar novas pistas sobre a relação entre a adaptação às baixas temperaturas e grandes pressões, ajudando a compreender como a vida sobrevive a zonas abissais.

Fonte adaptada de: https://revistagalileu.globo.com.

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