sábado, 26 de outubro de 2024

Semas moderniza sistema de análise e concessão de outorgas de recursos hídricos

Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Sigerh-PA) recebe as solicitações de regularização para diferentes usos dos recursos hídricos



O governo do Pará moderniza o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Sigerh-PA), plataforma desenvolvida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para gerenciar as autorizações relacionadas ao uso dos recursos hídricos. A partir de agora, todos os pedidos de regularização para diferentes usos da água devem ser realizados exclusivamente no Sigerh-PA, que passa a ser acessado através do Portal de Atos Autorizativos da Semas.

Anteriormente, o Sigerh tinha função limitada à emissão de declarações de dispensa de outorga e autorização para perfuração de poços. O sistema era hospedado no site da Semas, mas era acessado por um link fora do portal de atos autorizativos. Além disso, modalidades específicas de processos e solicitações referentes ao uso de recursos hídricos também eram protocolados no Simlam (Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental). Agora, todos os pedidos são feitos no Sigerh, que passa a ser acessado pelo Portal de Atos Autorizativos.

Usuários podem acompanhar trâmite das solicitações em tempo real

O novo Sigerh-PA moderniza a forma de protocolar os pedidos de autorização dos usos dos recursos hídricos, permitindo que os usuários acompanhem suas solicitações em tempo real e cumpram as exigências regulatórias de maneira mais eficiente. A centralização do processo em um único sistema facilita o controle e a gestão dos usos outorgados, promovendo maior transparência. Agora, parte das informações deve ser inserida diretamente no sistema pelo próprio usuário, tornando o processo mais ágil.

O acesso ao sistema é feito através de uma interface centralizada e fácil de usar. Seu uso é obrigatório para todas as novas solicitações, com instruções claras sobre os procedimentos. “Com o novo Sigerh-PA, a Semas reafirma seu compromisso com a gestão moderna e sustentável dos recursos hídricos, conciliando desenvolvimento econômico e proteção ambiental no Pará”, explica Luciene Chaves, diretora de Recursos Hídricos da Semas.

O novo Sigerh-PA fortalece a gestão de recursos hídricos em um estado com uma vasta extensão territorial e grande demanda de água por diferentes setores. “O controle eficaz do uso dos recursos hídricos é essencial para o governo estadual, que trabalha para harmonizar o crescimento econômico com a proteção ambiental", reforça Luciene Chaves. Ela destaca que o sistema foi projetado para aumentar a transparência e eficiência na concessão de outorgas, facilitando o monitoramento contínuo dos recursos. “Essa ferramenta representa um importante passo para a governança ambiental no Pará, assegurando que os recursos hídricos sejam utilizados de maneira responsável e sustentável”.

O Sigerh-PA integra-se a uma estratégia mais ampla de modernização do controle ambiental no Pará. “Nosso objetivo é caminhar junto com os setores que dependem dos recursos hídricos, garantindo que o crescimento ocorra em harmonia com a preservação dos nossos mananciais. Seguimos trabalhando para que o Pará continue sendo referência em governança ambiental e uso consciente dos recursos hídricos", conclui a diretora.


Fonte: https://agenciapara.com.br/

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Exportações da piscicultura nacional cresceram 174% no terceiro trimestre

Foram US$ 18,5 milhões e 4 mil toneladas exportadas entre julho e setembro para diferentes países, conforme a 19ª edição do boletim Comércio Exterior da Piscicultura

A tilápia é o peixe mais produzido e o mais exportado pelo Brasil - Foto: Pixabay.

As exportações da piscicultura brasileira tiveram um aumento de 174% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023, segundo os dados mais recentes da 19ª edição do boletim Comércio Exterior da Piscicultura. Foram US$ 18,5 milhões e 4 mil toneladas exportadas entre julho e setembro para diferentes países.

Considerando as vendas em peso, o aumento foi de 158%, passando de 1.563 toneladas no terceiro trimestre de 2023 para 4.031 toneladas no terceiro trimestre de 2024, o maior aumento trimestral já verificado desde o início do boletim, em 2020.

A tilápia permanece como, além do peixe mais produzido, o mais exportado pelo Brasil. Entre julho e setembro, foram mais de US$ 18 milhões envolvidos, crescimento de 173% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o que representa 98% das exportações. A segunda espécie mais exportada, o Curimatá, envolveu US$ 146 mil. E o Tambaqui, espécie nativa brasileira mais produzida, ficou em terceiro lugar nas exportações no período analisado pelo boletim, movimentando US$ 108 mil.

Com relação às categorias de produto, os filés frescos são o produto mais exportado (65% do total em valor), totalizando US$ 12 milhões no terceiro trimestre de 2024. Um dos destaques foi a categoria dos peixes inteiros congelados, que atingiu US$ 5 milhões no trimestre, apresentando alta de 294% quando comparada com o terceiro trimestre de 2023.

A tilápia inteira congelada foi a segunda categoria mais exportada, com US$ 4,8 milhões e aumento de 283% no trimestre frente ao mesmo período do ano anterior. O segmento de filés congelados de tilápia possui um grande mercado em termos de volume, porém é muito competitivo com relação a preços devido à forte entrada dos produtos vindos da China e de outros países asiáticos.

PRINCIPAIS DESTINOS — O principal destino das exportações da piscicultura brasileira são os Estados Unidos, que totalizaram 92% das exportações. Na sequência ficaram Canadá, Japão e China, com 2% cada. Paraná e São Paulo, por sua vez, foram responsáveis, juntos, por 95% das exportações do setor no terceiro trimestre de 2024. O primeiro, com US$ 10,7 milhões ou 59% do total movimentado, e o segundo, com US$ 6,5 milhões ou 36% do total movimentado. Em ambos os estados, o produto mais exportado foi o filé de tilápia fresco ou refrigerado.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Livro lançado pela Embrapa trata de piscicultura familiar no sistema de viveiros escavados

 

Sistema de cultivo de peixe mais utilizado no Brasil, os viveiros escavados precisam de planejamento e manutenção para serem eficientes.

Manual foi atualizado e traz conceitos e dicas práticas para quem atua na área

Um livro com acesso gratuito e muita informação sobre a atividade de piscicultura familiar no sistema de viveiros escavados acaba de ser atualizado e a segunda edição disponibilizada. Em dez capítulos técnicos, os produtores desse segmento e outros interessados podem conferir todo o processo produtivo, desde o planejamento até a comercialização. Por meio do conhecimento compartilhado, o manual objetiva contribuir para a redução de gargalos tecnológicos existentes na piscicultura.

Para um bom planejamento da atividade, a publicação lembra pontos fundamentais como a proximidade com fornecedores de ração e de alevinos de qualidade, além da necessidade de o piscicultor se atentar às exigências do licenciamento ambiental em sua região. Com relação à construção de viveiros escavados, características como a topografia da área e o tipo de solo precisam ser levadas em conta; o manual orienta também sobre o dimensionamento e o formato dos viveiros e sobre os sistemas de abastecimento de água e de drenagem das estruturas.

O terceiro capítulo foca na preparação dos viveiros e na produção de peixes. Pontos como esvaziamento e secagem dos viveiros, calagem e adubação inicial, aquisição, transporte e aclimatação de alevinos são abordados. Os cuidados necessários nas fases de recria e de engorda também compõem essa parte do livro. O capítulo seguinte é exclusivo sobre a qualidade da água e traz informações sobre itens como oxigênio dissolvido na água, transparência, pH, alcalinidade e temperatura. E também uma tabela com problemas relacionados ao tema e as respectivas soluções sugeridas.

A alimentação dos peixes é o tema do quinto capítulo do manual. E uma etapa essencial do processo produtivo, já que a ração pode chegar a 80% dos custos de produção. Portanto, saber escolher o produto mais indicado, identificar as melhores taxas e frequências de alimentação e entender sobre conversão alimentar são pontos fundamentais. O capítulo seguinte aborda a sanidade dos animais e lista orientações (como sobre prevenção do estresse, aclimatação adequada e correto manuseio dos animais) para que os peixes cresçam saudáveis.

Autores - São 10 os autores do Manual de piscicultura familiar em viveiros escavados. A primeira edição, em 2015, reunia uma série de folhetos temáticos elaborados no âmbito do projeto “Fortalecimento da piscicultura como alternativa de renda e diversificação da agricultura familiar no estado do Tocantins”, desenvolvido entre 2011 e 2014. Executado na região Oeste do estado, foi o primeiro projeto da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e envolveu ações tanto de Pesquisa como de Transferência de Tecnologia. 

Patrícia Oliveira Maciel-Honda é pesquisadora da instituição e uma das autoras do livro. Ela explica que “na segunda edição, inserimos um capítulo inicial no qual apresentamos questões relevantes que devem ser levantadas pelo produtor antes de começar uma atividade de piscicultura. Inserimos reflexões que vão desde o questionamento sobre a disponibilidade de água na propriedade até a necessidade de licenças exigidas para a atividade piscícola na região. Estas questões, quando negligenciadas, podem incorrer em prejuízos ou problemas após implantação da piscicultura”. 

Ela segue dizendo que “nos demais capítulos, realizamos atualização pontual de conteúdos técnicos e mudamos algumas imagens e ilustrações para melhorar a interação com o leitor. No final do livro, disponibilizamos ainda uma lista de planilhas, prontas para impressão, que podem ser usadas para registros de dados e acompanhamento técnico da criação de peixes”. As planilhas referem-se a temas como: controle do preparo e da adubação de manutenção do viveiro; monitoramentos (diário e semanal) da qualidade da água do viveiro; controle da alimentação dos peixes; e registro do estado sanitário dos peixes.

Outra autora é Ana Paula Oeda Rodrigues, também pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura. Para ela, “o lançamento da segunda edição do livro, revisada e disponibilizada de forma gratuita online, busca atender uma demanda legítima dos piscicultores familiares que é o acesso a informações sobre como criar peixes”. A pesquisadora entende que “a apresentação do livro no formato de manual e com linguagem apropriada para esse público favorece o alcance do nosso objetivo, que é promover o desenvolvimento da piscicultura familiar no país”.

Adriano Prysthon da Silva, pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL) mas ainda com atuação na Embrapa Pesca e Aquicultura, é outro autor do manual. De acordo com ele, “a ideia é disseminar o livro não apenas nas redes sociotécnicas já estabelecidas, mas sobretudo em eventos que dialoguem com a temática da produção familiar em todo o Brasil. O livro está atualizado e acredito que seu conteúdo pode contribuir substancialmente na diminuição de gargalos, principalmente no sistema de produção e na visão e no detalhamento dos diferentes aspectos da cadeia produtiva”.

Mais conteúdo - O capítulo sete do livro trata do acompanhamento técnico da produção, com destaque para dois pontos fundamentais. Um é a biometria, que é acompanhar periodicamente o crescimento dos peixes para, caso necessário, fazer ajustes no manejo. Outro ponto é a conversão alimentar, que é a relação entre a quantidade de ração fornecida e o ganho de biomassa em determinado período. O capítulo seguinte lista boas práticas para conservação do pescado, como a importância da temperatura adequada e a higienização dos utensílios usados na manipulação do peixe.

O penúltimo capítulo aborda aspectos econômicos da produção, com destaque para o controle de custos e a comercialização. Conceitos para uma boa análise econômica dos custos de produção são citados e perguntas objetivas são sugeridas para um adequado planejamento da venda dos peixes. Já o décimo capítulo trata de formas associativistas na piscicultura familiar; as principais diferenças entre associação e cooperativa são mostradas. O acesso a políticas públicas também é tema do último capítulo do livro.

O livro Manual de piscicultura familiar em viveiros escavados será lançado e apresentado em diversos eventos nos quais a Embrapa Pesca e Aquicultura estará presente. O IFC Brasil, que acontece entre 24 e 26 de setembro em Foz do Iguaçu-PR, é o primeiro deles. Durante o segundo fórum Aquicultura 4.0, a chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento Lícia Lundstedt estará na mesa redonda Aquicultura 4.0 para produção familiar. Ela vai abordar os desafios da implementação da agricultura digital para agricultura familiar. O manual será um dos temas apresentados.

Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/93154161/livro-lancado-pela-embrapa-trata-de-piscicultura-familiar-no-sistema-de-viveiros-escavados.

domingo, 8 de setembro de 2024

Cursos de produção de tilápia alavancam a produção em Santa Catarina

Embora as condições locais não sejam as mais favoráveis, Santa Catarina está nas primeiras posições da piscicultura nacional. O relevo acidentado, o clima subtropical e a pequena extensão territorial não são obstáculos para os 30 mil piscicultores que produzem mais de 50 mil toneladas de peixes por ano. Desse total, 80% da produção é de tilápia – no cultivo dessa espécie, os catarinenses já ocupam a quarta posição no ranking brasileiro.

As tilápias correspondem a 80% da produção de peixes em Santa Catarina.

A tilapicultura vem crescendo de forma acelerada em Santa Catarina: em 2022, o Estado produziu 42 mil toneladas, contra 26,8 mil toneladas em 2014. Estima-se que a atividade movimente R$ 650 milhões por ano, apenas na produção primária.

As regiões Litoral Norte e Litoral Sul do Estado são as que puxam os números para cima. Nos últimos dez anos, a produção de tilápia na região de Tubarão, no Sul, saltou 286%, alcançando 13 mil toneladas por ano. A produtividade média dos viveiros escalou 288%, chegando às 28,8t/ha – o maior índice de Santa Catarina.

O impulso para esse crescimento está na profissionalização dos produtores. A Epagri aposta nessa estratégia há mais de 30 anos e, na última década, vem intensificando os cursos de produção de tilápia em seus centros de treinamento de Joinville (Cetreville) e Tubarão (Cetuba). Nos últimos dez anos, 781 produtores e técnicos foram capacitados em cursos básicos e avançados nesses municípios.

Lucro e sustentabilidade

As capacitações atraem piscicultores de todas as regiões catarinenses e até de outros estados e países. Durante períodos que variam de 2 a 5 dias, em aulas teóricas e práticas, os participantes mergulham no conhecimento e aprendem a criar tilápias de forma sustentável e lucrativa.

Cursos de piscicultura da Epagri profissionalizam os produtores e impulsionam o setor no estado.

O curso básico aborda temas como infraestrutura básica, anatomia da espécie, capacidade de suporte dos viveiros, povoamento e manejo dos alevinos, manejo em sistema bifásico de produção, manejo alimentar e de qualidade da água e custos de produção. Os participantes também visitam propriedades rurais referências na tilapicultura – as Unidades de Referência Técnica (URTs).

Para quem deseja mergulhar mais fundo, a Epagri ainda oferece o Curso Avançado de Produção de Tilápia em Tubarão. Nele, os piscicultores aprendem de forma aprofundada sobre planejamento, gestão, infraestrutura e manejo para altas produtividades, sanidade aquícola e uso de aditivos alimentares e de biorremediadores.

Produção de tilápia sem amadorismo

A possibilidade de obter renda elevada em pequenas áreas é um dos principais atrativos da tilapicultura. No Litoral Norte e no Litoral Sul de Santa Catarina, a margem bruta anual variou, em média, entre R$ 75 e R$ 120 mil por hectare em propriedades acompanhadas pela Epagri na safra 2023/24. Mas, para alcançar esses resultados, é preciso ter conhecimento.

Sem espaço para amadorismo, a piscicultura vem conquistando áreas nobres nas propriedades rurais.

“O modelo comercial de produção de tilápia praticado no Litoral de Santa Catarina não permite amadorismo. Estamos falando de uma atividade de alta densidade econômica que, como tal, possibilita alta rentabilidade, mas com riscos elevados.

O piscicultor deve estar treinado para compreender os parâmetros bióticos e abióticos a fim de tomar decisões assertivas. Caso contrário, o risco de mortalidade da produção é muito elevado”, explica o extensionista rural Darci Pitton Filho, corresponsável pela piscicultura no programa de Aquicultura e Pesca da Epagri.

Uso dos recursos hídricos

A sustentabilidade é um tema central dentro dos cursos profissionalizantes, que focam na legalização da atividade e no uso consciente dos recursos hídricos. “Antigamente, se pensava em praticar piscicultura nas áreas de várzeas das propriedades, impróprias para a agricultura tradicional, geralmente com barramento dos cursos hídricos. No entanto, através do conhecimento adquirido, e com as restrições legais sobre o uso dessas áreas, os viveiros produtivos estão ocupando áreas consideradas mais nobres nas propriedades, que antes eram utilizadas para lavouras”, detalha Darci.

Com a publicação da Lei Estadual nº17.622, de 17 de dezembro de 2018, o processo de licenciamento ambiental para a piscicultura passou a ser viável para os produtores do Estado, especialmente os de pequeno porte. Hoje, boa parte da produção comercial no Litoral Norte e no Litoral Sul do Estado possui licença ambiental, atendendo os parâmetros de controle de efluentes e mitigação dos riscos ambientais exigidos pelos órgãos competentes.

O conhecimento técnico traz segurança para os produtores investirem na piscicultura de forma intensiva.

Investimentos e políticas públicas

Depois do curso, o apoio da Epagri aos piscicultores segue porteira adentro. Quando retornam para seus municípios, os produtores são acompanhados pelos extensionistas e incentivados a colocar em prática o que aprenderam. O conhecimento também traz segurança para investir em tecnologia e aumentar a densidade de povoamento dos viveiros.

Graças a esse trabalho, a produção de peixes deixa de ser vista como uma atividade terciária e sem atrativo econômico para ganhar importância na renda da família. O cenário de baixa produtividade, pouco uso de tecnologia e grandes áreas de lâmina d’água sem uso vai dando espaço para a condução da atividade de forma mais intensiva.

Somente em 2023, na região de Tubarão, a Epagri realizou projetos para construção de 18 viveiros de tilápia em propriedades de piscicultores egressos dos cursos. No mesmo ano, ao menos 22 ex-participantes melhoraram seus sistemas produtivos com o apoio de políticas públicas de crédito para a piscicultura.

Tecnologia de ponta para a produção de tilápia

O curso da Epagri coloca os produtores em contato com as tecnologias mais avançadas para a produção de tilápias. E a fonte disso são as pesquisas que a empresa conduz no Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap). Um dos destaques desse trabalho é a seleção de tilápias mais resistentes a doenças e com melhor desempenho nas condições de cultivo de Santa Catarina.


Essas pesquisas têm contribuição decisiva para o crescimento da piscicultura brasileira. Desde 2017, a Epagri já forneceu 197 mil matrizes de tilápia para produtores de alevinos catarinenses e de outros estados brasileiros. Aqui no Estado, 85% dos produtores de alevinos de tilápia usam material genético da Epagri.

O último lançamento foi a Tilápia Epagri SC 04, que se destaca por alcançar maior peso final em cultivos intensivos em viveiros escavados nas condições climáticas de Santa Catarina. “O ganho em crescimento das tilápias ao longo de quatro gerações de linhagens desenvolvidas pela Epagri nesses anos é estimado em 33,9%”, explica o pesquisador Bruno Corrêa da Silva. Em 2023, o melhoramento genético de tilápia desenvolvido pela Empresa gerou um impacto econômico de R$20,6 milhões em ganho de produtividade nas propriedades rurais. Hoje, apenas 2,3 mil dos 30 mil piscicultores de Santa Catarina são profissionais. Com apoio da Epagri, tecnologia de ponta e acesso ao conhecimento, o estado tem o terreno preparado para alavancar ainda mais essa cadeia produtiva de forma lucrativa e sustentável.

Piscicultor de Sangão alcança bom resultado no primeiro ano de produção de tilápias

Em seu primeiro ano como piscicultor, Willyan Scremin espera retirar 85 toneladas de tilápias de seis viveiros construídos na propriedade em Sangão, no Sul Catarinense. O plano para o segundo ciclo, agora em 2024, é dobrar o volume de peixes. E em cerca de dez anos, ele, a mãe e a irmã pretendem ampliar a estrutura para 17 viveiros e produzir 500 toneladas de tilápias por ciclo.

Essa segurança para investir na propriedade, aumentar a densidade de povoamento dos tanques e alcançar bons resultados vem do conhecimento. Desde 2020, Willian conta com apoio da Epagri para investir na piscicultura – uma área totalmente nova para ele, que sequer viveu no meio rural.

Na primeira safra de tilápia, Willyan Scremin alcançou produtividade de 40 toneladas por hectare.

Em 2021, Willyan fez o curso básico no Centro de Treinamento de Tubarão e conheceu as principais tecnologias para o cultivo profissional de tilápias. “Para entregar um produto de qualidade, precisamos ter conhecimento. E o conhecimento da Epagri é essencial. Se não tivesse essa consultoria, não tenho dúvida de que o projeto teria sido um fracasso”, diz o piscicultor.

Depois de capacitado, Willyan elaborou um projeto técnico com a equipe da Epagri e seguiu as orientações à risca. A propriedade ganhou uma estrutura de viveiros, somando 2,1 ha de lâmina d’água, sistema de armazenagem de ração em silos, tratadores automatizados, aeradores com acesso remoto e gerador. Em fevereiro de 2023, os tanques foram povoados com 100 mil alevinos de tilápia da linhagem Gift-Epagri. No mesmo ano, Willyan também fez o curso avançado de produção de tilápia.

No caminho certo

“Estamos finalizando a primeira safra com bons resultados”, comemora o piscicultor, que alcançou produtividade de 40 toneladas por hectare. Os indicadores, acompanhados com atenção, revelam que ele está no caminho certo: “No primeiro tanque, tivemos índice de 33,4% de filé, o que é acima da média. As 85 toneladas de peixes vão resultar em uma renda de R$250 a R$300 mil no ano para a nossa família”, calcula.

William lembra que questões como tipo de terreno, formato e disposição dos tanques e forma de captação de água, por exemplo, são diferentes em cada caso. “Para quem não tem conhecimento no assunto, a ideia de produzir peixe é bem diferente da realidade. A Epagri te leva para dentro da sala para oferecer conhecimento e isso traz segurança, porque nem sempre a realidade de um é a mesma do outro”, explica.

Com o projeto consolidado, a equipe da Epagri segue acompanhando a propriedade em questões técnicas, contábeis e econômicas da piscicultura. O objetivo é torná-la uma Unidade de Referência Técnica, que servirá de modelo para outros produtores da região.

Por Cinthia Andruchak Freitas – Jornalista da Epagri

Fonte: https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2024/08/27/cursos-de-producao-de-tilapia-em-santa-catarina/.

SOFIA/FAO 2024: Aquicultura supera pesca pela primeira vez

A edição de 2024 do relatório "State of World Fisheries and Aquaculture" (SOFIA) da FAO marca um marco histórico na produção global de animais aquáticos. Pela primeira vez, a produção aquícola ultrapassou a pesca de captura, estabelecendo um novo recorde mundial. Este relatório revela que a produção total de pesca e aquicultura alcançou impressionantes 223,2 milhões de toneladas em 2022, um aumento de 4,4% em relação a 2020.



Aquicultura mundial atinge quantidade recorde

A produção global de aquicultura atingiu a cifra inédita de 130,9 milhões de toneladas em 2022, superando a pesca de captura pela primeira vez. Dentro desse total, 94,4 milhões de toneladas foram de animais aquáticos, representando 51% da produção total. Esse crescimento destaca a crescente importância da aquicultura na segurança alimentar e na sustentabilidade global.

Impacto da transformação azul

SOFIA é uma publicação insígnia da FAO que analisa o estado e a saúde das populações mundiais de peixes, além das tendências da pesca e aquicultura em níveis mundial e regional. A edição de 2024 destaca os avanços concretos da Transformação Azul. Esse conceito engloba uma abordagem integrada e sustentável para o desenvolvimento dos sistemas alimentares aquáticos. O relatório mostra como a FAO, em colaboração com seus membros e parceiros, está promovendo a expansão sustentável da aquicultura, a gestão eficaz da pesca e a melhoria das cadeias de valor, priorizando eficiênciasegurança e equidade.

Destaques regionais

Na América Latina e no Caribe, a produção de pesca e aquicultura alcançou 17,7 milhões de toneladas, representando 8% do total global. A região produziu 4,3 milhões de toneladas de aquicultura, o que equivale a 3% da produção mundial. Apesar desse avanço, a América Latina ainda está atrás da Ásia, que domina o mercado global de aquicultura.

Desafios e oportunidades

Embora a produção aquícola esteja em alta, o relatório alerta para a necessidade de ações transformadoras para melhorar a eficiência, a inclusão, a resiliência e a sustentabilidade dos sistemas alimentares aquáticos. Essas medidas são cruciais para fortalecer o papel da aquicultura na luta contra a insegurança alimentar, na redução da pobreza e na governança sustentável.

Consumo e futuro

consumo aparente global de alimentos de origem aquática atingiu 162,5 milhões de toneladas em 2021, refletindo um aumento significativo na dieta mundial. No entanto, o consumo per capita na América Latina e no Caribe é de 10,7 kg, ainda abaixo da média global de 20,7 kg. A FAO prevê um aumento de 10% na produção de animais aquáticos até 2032, com o consumo também crescendo para atender à demanda global.

Conclusão

O relatório SOFIA 2024 sublinha a importância crescente da aquicultura no contexto global e destaca o papel vital das políticas e práticas sustentáveis para o futuro do setor. É um convite para explorar mais sobre as conquistas e desafios da pesca e da aquicultura e para continuar caminhando em direção a um futuro mais sustentável e equitativo.

Para acessar o relatório completo, visite: FAO – The State of World Fisheries and Aquaculture 2024.

Fonte: https://infopeixe.com.br/sofia-fao-2024-aquicultura-supera-pesca-pela-primeira-vez/