A piscicultura nacional está prestes a dar um salto tecnológico sem precedentes. A Brazilian Fish, maior produtora de tilápia em tanques-rede do Brasil, anunciou o desenvolvimento da primeira tilápia geneticamente editada do país. A novidade promete aumentar o rendimento de carcaça, reduzir o tempo de cultivo e melhorar a eficiência alimentar, oferecendo mais competitividade e sustentabilidade para o setor.
O projeto é fruto de uma parceria estratégica com o Center for Aquaculture Technologies (CAT), dos Estados Unidos, e utiliza ferramentas de edição genética de alta precisão para alterar características específicas da espécie tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). A técnica acelera resultados que, por métodos convencionais de melhoramento genético, levariam até 20 anos — agora alcançados em cerca de um ano.
Como funciona a edição genética
A tecnologia aplicada atua sobre genes de interesse, neste caso a miostatina, responsável por controlar o crescimento muscular. Ao ajustar essa característica, é possível obter peixes que crescem mais rápido, aproveitam melhor a ração e geram maior rendimento de filé.
Os trabalhos envolveram:
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Indução reprodutiva e fertilização in vitro;
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Produção de ovos com variações genéticas precisas;
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Dois anos de estudos e testes até a obtenção dos primeiros exemplares;
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Monitoramento seguro em instalações específicas para avaliação de desempenho e genética.
Atualmente, os peixes já nasceram e estão em fase de avaliação. O ciclo até a reprodução leva cerca de 7 a 8 meses, e a expectativa é que o produto comercial chegue ao mercado em aproximadamente 24 meses.
Ganhos esperados para o produtor
Os benefícios projetados pela Brazilian Fish incluem:
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Aumento de até 30% no rendimento de carcaça (hoje, 1 kg de peixe gera cerca de 330 g de filé);
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Redução de até 15% no tempo de cultivo (de 11 meses para aproximadamente 9 meses e meio);
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Melhora de até 17% na conversão alimentar, resultando em economia de ração e menor custo de produção;
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Redução estimada de 25% a 30% no preço final do filé para o consumidor.
Segundo Ramon Amaral, CEO da Brazilian Fish, a meta é tornar a tilápia uma proteína mais acessível, competindo de forma mais equilibrada com outras carnes no mercado.
Regulamentação e segurança
O projeto é regulamentado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e segue todas as normas de segurança, possuindo Certificado de Qualidade em Biossegurança e passando por avaliações periódicas. Vale destacar que a variação genética obtida poderia ocorrer naturalmente, mas o processo biotecnológico permite alcançar os resultados de forma muito mais rápida e precisa.
O que isso significa para a piscicultura brasileira
Para o produtor, essa inovação pode representar mais produtividade com menos custo, maior retorno econômico e possibilidade de competir em mercados mais exigentes. Para o consumidor, significa acesso a um peixe de qualidade, com preço mais competitivo e produzido de forma sustentável.
A tecnologia ainda está em fase de testes, mas os avanços indicam que a piscicultura brasileira está caminhando para um novo patamar de eficiência e inovação, abrindo portas para que o país se consolide como um dos principais polos mundiais na produção de tilápia.
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