quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Monitoramento ambiental é fundamental para uma produção aquícola sustentável

Plataforma de coleta de dados instalada dentro da área aquícola. Foto: Marcus Vinícius Fier Girotto.


O monitoramento ambiental da aquicultura visando uma maior sustentabilidade e melhor uso do recurso hídrico é condição para o licenciamento ambiental da produção aquícola. No entanto, este monitoramento muitas vezes torna-se oneroso ao produtor, e seus resultados nem sempre são efetivos na identificação de problemas relacionados à qualidade da água na piscicultura.

O aumento da produção aquícola no Brasil leva os empreendedores a almejar que seu produto chegue ao mercado de forma mais competitiva e com menor impacto ambiental. Diante disso, o monitoramento ambiental ganha uma relevância ímpar, tornando-se instrumento de gestão dos sistemas de produção e de regularização ambiental. Entretanto, muitos dos programas de monitoramento ambiental são focados na obtenção de dados isolados, e com baixa frequência, o que tem se mostrado insuficiente para detectar todas as variações na água e no tempo. Essa situação não permite um adequado entendimento das alterações, podendo levar a conclusões equivocadas a respeito do real comportamento do ambiente e tal fato induzir a manejos inadequados do cultivo.

Além disso, o monitoramento pontual de variáveis em campo pode se tornar ineficiente, tanto em função da frequência necessária para que as amostras sejam realmente representativas, bem como para o número de pontos amostrais necessários para retratar a dimensão da área. Assim, para melhorar a cobertura da amostragem do monitoramento da qualidade da água, são empregados equipamentos para coleta de dados de forma autônoma, o que permite um monitoramento in loco e de alta frequência, além da captura das variações ao longo de um período mais extenso, gerando subsídios para que o desenvolvimento tecnológico possa propor instrumentos para uma gestão ambiental mais adequada da aquicultura.

Desde 2011 a Embrapa, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vem trabalhando no aperfeiçoamento e adaptação do Sistema Integrado de Monitoramento Ambiental (Sima), para o monitoramento da qualidade da água com o objetivo de orientar os produtores a otimizarem o manejo da produção de peixes em tanques-rede.

A publicação Documentos 131 apresenta as principais orientações para fundeio, manutenção e operação de plataformas de monitoramento e coleta de dados de qualidade da água. Cita também os procedimentos de rotina de operação de sondas multiparâmetros dentro do Sima, bem como os procedimentos rotineiros das sondas e das linhas de sensores de temperatura, baseando-se em uma metodologia de baixo custo, eficiente, de fácil replicação e alta confiabilidade na obtenção dos dados.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das autoras da publicação, Fernanda Garcia Sampaio, “o desenvolvimento de métodos que permitam monitorar adequadamente as variáveis de qualidade da água na piscicultura traz segurança ao produtor e aos órgãos reguladores, seja por parte de empreendedores, bem como gestores públicos e consequentemente ao consumidor, que pode comprar um produto oriundo de uma produção responsável”, salienta ela.

Os processos de instalação e manutenção das plataformas e sondas são caros e trabalhosos, requerendo pessoal capacitado para que continuem operando. Essa situação restringe o uso desses equipamentos pelos órgãos gestores, sendo ainda mais difícil para o produtor, inibindo a massificação dessa metodologia, que fica restrita a poucos pontos de estudo.

Fernanda enfatiza que para superar esta situação, “seria fundamental o desenvolvimento de uma sonda de menor valor, e que tivesse também maior autonomia de bateria e de calibração dos sensores, podendo permanecer na água sem necessidade de manutenção constante. Uma solução viável seria o uso de painéis solares para o carregamento de baterias da sonda”, propõe ela.

Os autores da publicação salientam que uma maneira fácil de replicar a tecnologia seria o desenvolvimento de sondas e de plataformas com preços mais acessíveis e de simples operação, construídas com materiais que a maioria dos produtores tenha acesso. Também que essas novas plataformas pudessem ter uma estrutura de flutuação tão segura quanto a das plataformas atuais, mas com montagem mais fácil e rápida, ou ainda, o desenvolvimento de um equipamento em que que fosse possível acoplar a sonda diretamente na linha de tanques-rede, para locais onde não fosse possível a instalação de plataformas.

São unânimes em afirmar que “é fundamental o esforço entre os atores envolvidos na gestão da propriedade para que os dados coletados em vários reservatórios sejam compilados a fim de se obter um panorama de suas características”. Eles enfatizam  que esses dados seriam de grande importância para a gestão das áreas e parques aquícolas, podendo servir de ferramentas para facilitação de licenciamentos ambientais, revisão de normas legais ligadas à aquicultura e principalmente evidenciar que a piscicultura em tanques-rede em águas da União não afeta de forma significativa os parâmetros de qualidade de água, e sim, sofre influência pelas mudanças geradas por outras fontes, evidenciando o caráter de atividade de baixo impacto ambiental.

O trabalho que contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12 – consumo e produção sustentáveis e ODS 14 – vida na água, foi realizado no âmbito do projeto BRS Aqua e patrocinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  Na Embrapa, estão diretamente envolvidos no projeto centenas de empregados de mais de 20 Unidades de Pesquisa, além de algumas dezenas de parceiros, públicos e privados.

Os autores são: Marcus Vinícius Fier Girotto; Consuelo Marques da Silva; Fernanda Garcia Sampaio; José Luiz Stech; Geraldo Orlando Mendes; Rafaela Feller Dalsasso; André Gerdulo Bodelão; Flávia Tavares de Matos e Jonadab Andrade de Messia.


Fonte: www.embrapa.br.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

I Seminário Técnico-Científico do Agronegócio Paraense - I SEAGRO (4º dia de Evento - 19/08/2021)

Olá pessoal, estamos já em nosso 4º dia de evento, vamos participar pessoal. Hoje teremos um tema muito interessante com relação a piscicultura paraense. 



Tema: Perspectivas e desafios do profissional técnico para o desenvolvimento do agronegócio paraense. O presente evento justifica-se em disseminar e impulsionar o conhecimento sobre o agronegócio no estado do Pará, através de discussões inovadoras e multidisciplinares visando contribuir com a formação Técnica em Agronegócio e Fruticultura do SENAR.

Assista a nossa transmissão de hoje ao vivo: https://www.youtube.com/watch?v=j4Evl4dhmzA Programação do evento: https://www.even3.com.br/seagropara2021/ Curta a página do Instagram da CEAPA: https://www.instagram.com/ceapa2021of... Curta a página do Instagram do Sistema FAEPA/SENAR: https://www.instagram.com/sistemafaepa/

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Fórmula inovadora de ração tem ação terapêutica no combate a bactérias e potencial para melhorar desempenho de tilápias

  • Uso de produto natural alternativo ao antibiótico
  • Cultivo e crescimento mais saudáveis
  • Eficaz contra as principais bactérias do setor

Extrato natural. Foto: Embrapa.

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), formularam uma ração para peixes que inclui extratos naturais em sua composição, tecnologia patenteada recentemente.

O principal efeito do extrato é ser agente alternativo promissor para melhorar a produção e o controle de doenças parasitárias no cultivo de peixes, evitando o uso de antibióticos sintéticos, que podem acarretar possíveis reflexos na resistência imunológica e imunossupressão. Entre os benefícios, proporciona maior desempenho produtivo e estimula o sistema imune, evitando assim os efeitos negativos do estresse, melhorando a resistência a patógenos. 

“Testamos o produto com peixes, que passaram por um desafio bacteriano. Inoculamos bactérias após a suplementação com a ração contendo o extrato e os peixes apresentaram maior sobrevivência e melhoria do sistema imune. Quer dizer, estavam melhor preparados para enfrentar esse desafio bacteriano”, explica  Michelly Soares, pesquisadora colaboradora na pesquisa.

Além de proporcionar um aumento na eficiência produtiva, melhoria na conversão alimentar, maior crescimento e melhora do sistema imunológico, também minimiza estresse inerente ao cultivo e que tornam os peixes mais suscetíveis a novas doenças.

Esses efeitos benéficos foram possíveis com a inclusão desse extrato na formulação da ração. Além disso, por ter ação antibacteriana, pode ser usado para combater bactérias que mais acometem os peixes de piscicultura, pois apresentou potencial eficácia para inibir o crescimento e eliminar as bactérias Streptococcus agalactiae, a Aeromonas hydrophila e a Flavobacterium columnare, sendo uma bioalternativa para reduzir o uso de antibióticos sintéticos na piscicultura. 

"Os resultados da pesquisa mostraram ser muito promissores e, por serem baseados em um produto natural, contribuem para a sustentabilidade da aquicultura", acredita Michelly.

Uma vez adotado pelos produtores, haverá uma oferta de alimentos mais saudáveis e seguros para os consumidores, já que irá reduzir a necessidade de uso de antibióticos na produção de peixes, evitando a presença de resíduos. Com isso, esse novo produto inovador possui potencial para impactar positivamente a cadeia produtiva da aquicultura, em especial as fábricas produtoras de ração para peixes”, diz a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Sonia Queiroz.

“Os resultados deste estudo demonstram claramente que a utilização da formulação de ração contendo suplementação com o extrato pode beneficiar a aquicultura pelo potencial em aumentar a eficiência produtiva do setor de piscicultura, pois proporciona melhoria na conversão alimentar, maior crescimento, melhora do sistema imune e minimiza a resposta ao estresse dos peixes de cultivo e atende uma das maiores demandas do setor produtivo de tilápias, o peixe mais produzido no Brasil e no mundo, que tem sofrido perdas produtivas em decorrência do aumento da ocorrência de bactérias”, enfatiza Fernanda Sampaio, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das coordenadoras da pesquisa.

Após a obtenção da patente a pesquisa será ampliada com testes a campo para certificação das respostas obtidas em laboratório. Para isso foi feito projeto em parceria com a Terpenia Bioinsumos e em conjunto com a Embrapa estão dando continuidade à pesquisa.

“Nós da Terpenia Bioinsumos estamos muito motivados e otimistas com a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, por meio de um contrato de inovação aberta, cujo objeto, escopo e metodologia se enquadram perfeitamente na nossa estratégia e propósito empresarial”, diz Miguel Bassi Peres, diretor comercial da Terpenia.

Além disso, continua Peres, "nossa empresa foi criada para o desenvolvimento de bioativos a partir de extratos vegetais, com base no conhecimento existente na academia e nos institutos de pesquisa no Brasil, que associado à nossa experiência empresarial visa a viabilização de produtos inovadores que possam chegar ao mercado de forma competitiva”.

A equipe de execução do projeto é composta por Claudio Jonsson, Sonia Queiroz, Fernanda Sampaio, Marcos Losekann e Marcia Assalim da Embrapa Meio Ambiente, Michelly Soares e Francisco Rantin da UFSCar, além dos colaboradores da Terpenia.


Fonte: www.embrapa.br.

sábado, 17 de julho de 2021

Inscrição aberta para o 1º Seminário Técnico-Científico do Agronegócio Paraense - I SEAGRO

 





I Seminário Técnico Científico do Agronegócio - I SEAGRO  a ser realizado nos dias 16 a 20 de agosto de 2021. Será um evento totalmente online com o tema “Perspectivas e desafios do profissional técnico para o desenvolvimento do agronegócio paraense”.

É uma oportunidade incrível para conhecer as atividades agropecuárias de destaque no estado, como também, reconhecer a importância dos profissionais técnicos em Gestão do Agronegócio e Fruticultura, profissionais esses que certamente irão contribuir para o desenvolvimento desse setor, que atualmente é a atividade econômica que está em plena expansão no país. 

terça-feira, 13 de julho de 2021

Pesca e comercialização da piracatinga são proibidas por um ano no país

Secretaria de Aquicultura e Pesca vai implementar ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira da espécie Calophysus macropterus (Piracatinga).

Exemplares de piracatinga. Foto: Diogo de Lima Franco.

A pesca e a comercialização da espécie Calophysus macropterus, também conhecida como piracatinga, pintadinha, douradinha, piranambu ou urubu-d’água, estão proibidas em todo o território nacional por um ano. De acordo com a Portaria SAP/Mapa nº 271, neste período fica proibida a pesca, a retenção a bordo, o transbordo, o desembarque, o armazenamento, o transporte, o beneficiamento e a comercialização dessa espécie, em águas jurisdicionais brasileiras, e, em todo território nacional.

A moratória anterior, instituída pela Instrução Normativa SAP/Mapa nº 17, de 10 junho de 2020, teve sua vigência até dia 1º de julho de 2021.

A atividade de pesca da espécie Calophysus macropterus se caracteriza por ser um dos grandes desafios da gestão pesqueira na bacia Amazônica. No Brasil, as técnicas de pesca utilizadas envolvem o uso de resíduos de animais como isca, o que implica em desenvolver e implementar medidas de gestão eficientes para manutenção da exploração sustentável desta espécie, com respostas positivas para a atividade pesqueira tradicional e diversidade biológica amazônica.

Durante o prazo estabelecido na Portaria nº 271, a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá publicar e implementar o plano de ação estratégico, norteador das medidas e ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira da espécie Calophysus macropterus e avaliar os efeitos da moratória.

A moratória não se aplica para a captura da espécie com fins de pesquisa científica, desde que autorizada pelo órgão ambiental competente, e para a pesca de subsistência (limitada a 5 kg da espécie por pescaria para consumo da família do pescador).

O descumprimento da moratória levará a sanções penais e administrativas. 

Fonte: www.gov.br/agricultura/

quinta-feira, 24 de junho de 2021

1ª Seminário Técnico-Científico do Agronegócio Paraense - I SEAGRO (Inscrições abertas)

 


CONVITE

A Comissão de Eventos do Agronegócio Paraense - CEAPA, integrada por profissionais especialistas do AGRO, convida a todos para participar do I SEMINÁRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO DO AGRONEGÓCIO PARAENSE – I SEAGRO, evento organizado pela CEAPA que ocorrerá nos dias 16 a 20 de agosto de 2021. O I SEAGRO, através de palestras, mesas redondas e talk-show, se propõe a mostrar os avanços e os desafios em ciência, tecnologia e extensão em relação às cadeias produtivas destaques no estado do Pará. O seminário será totalmente online e gratuito, exibindo como temática central “Perspectivas e desafios do profissional técnico para o desenvolvimento do agronegócio paraense”.

Inscrições: https://www.even3.com.br/seagropara2021/

Data: 16 a 20/08/2021

Horário: 14:00 às 18:00 h

A programação completa do evento e outras informações estarão disponíveis no site oficial do evento e serão divulgadas nas redes sociais da comissão.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Live do Programa Novos Caminhos com tema "Produção Offshore de peixes marinhos no Brasil"

 


LIVE - 18/06/2021 - TEMA: Produção Offshore de peixes marinhos no Brasil

Nesta sexta-feira, 18/06, às 18h, o Programa Novos Caminhos vai promover uma palestra com o biólogo Maurício Piza, da empresa Forever Oceans. A palestra terá como tema "Produção Offshore de peixes marinhos no Brasil" e será mediada pela profa. Viviana Lisboa.

A transmissão será no nosso canal no YouTube pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=oBQz8Ykuaxk


 Sobre o palestrante:

Maurício Piza é formado em Biologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP; mergulhador comercial ADCI, INCA e capitão USCG. Trabalha desde 2016 com aquicultura offshore, na criação de Seriola rivoliana no Havai. Seu trabalho é focado, principalmente, na parte operacional offshore de engorda, tratamento e despesca. Atualmente, está iniciando no Brasil uma piscicultura offshore pela empresa Forever Oceans.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Qualidade da água é fundamental na produção de tilápia em tanques-rede

 

Detalhe de um tanque-rede com destaque para a estrutura metálica utilizada para contenção dos peixes e flutuadores e, em especial, para a cor da água clara, de excelente qualidade do reservatório. - Foto: Marcos Losekann.

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, estudaram e monitoraram durante sete anos um reservatório rural em Monte Alegre do Sul, SP com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes densidades de estocagem, frequência alimentar, linhagens e percentuais de proteína bruta na ração para a produção de tilápia em tanques-rede.

A publicação é resultado de todos os trabalhos anteriores realizados no Polo Regional do Leste Paulista (APTA de Monte Alegre do Sul) sobre manejo da produção de tilápia em tanques-rede (veja lista das referências e citações desses trabalhos ao final da publicação). A Circular Técnica 31 – Recomendações práticas para avaliação da qualidade da água na produção de tilápia em tanques-rede – faz referência a esses estudos e vai além, porque considera os efeitos das alterações da qualidade de água sobre a produção e, ainda, recomenda uma série de boas práticas de manejo (BPM) para prevenir e solucionar esses problemas.

Atividade pode contribuir para o aumento da renda do pequeno produtor, a produção de peixes em tanques-rede em reservatórios já existentes na propriedade rural deve também seguir as BPM. “Muitos produtores rurais têm investido na criação de peixes com o objetivo de aumentar a renda de suas propriedades, e isto tem gerado uma demanda crescente por insumos, equipamentos e recomendações práticas de manejo”, afirma o pesquisador Julio Ferraz de Queiroz, um dos autores da publicação.

Diversos resultados da pesquisa demonstraram que a tilápia apresentou grande potencial para a criação em tanques-rede em reservatórios rurais em função de sua rusticidade, resistência ao manuseio, às alterações climáticas e na qualidade da água, além dos baixos custos de produção e excelente qualidade da carne. “Porém, é preciso seguir algumas regras básicas para assegurar bons resultados”, ressalta Queiroz.

Os resultados dos trabalhos desenvolvidos em Monte Alegre do Sul e suas interações com relação à escolha da área, à qualidade da água e ao manejo produtivo são discutidos na Circular, agrupados em um conjunto de tabelas autoexplicativas, informações que se vinculam às principais indicações de boas práticas de manejo (BPM).  Estas tabelas apresentam recomendações às principais BPM sugeridas pelos autores, as quais os piscicultores poderão adotar e, assim, solucionar problemas decorrentes do manejo produtivo inadequado e de alterações na qualidade da água.

De acordo com os autores, essas alterações podem ser: variações bruscas na temperatura, redução da concentração de oxigênio dissolvido, diminuição do pH dos sedimentos do fundo dos reservatórios, aumento da turbidez e redução da transparência da água. Além disso, ao final é apresentado um conjunto de BPM que pode ser adotado pelos piscicultores da região. As recomendações aos produtores da região de Monte Alegre do Sul e de regiões com características similares são as BPM constantes na Circular, e que podem ser consideradas como práticas gerais para a produção de tilápia em tanques-rede em reservatórios rurais.

Segundo a publicação, as BPM consistem em um conjunto de ações concretas, objetivas e específicas que tem por finalidade aumentar e assegurar a competitividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção. “A adoção de BPM é considerada uma das estratégias mais eficientes para reduzir eventuais impactos ambientais negativos causados pelos sistemas de produção de peixes, camarões e outros organismos aquáticos”, sinaliza Queiroz.

Os autores são Julio Ferraz de Queiroz (Embrapa), Célia Maria Dória Frasca-Scorvo (Apta), João Donato Scorvo Filho (Apta), Patrícia Helena Nogueira Turco (Apta), Marcos Eliseu Losekann (Embrapa), Márcia Mayumi Ishikawa (Embrapa) e João Manoel Cordeiro Alves (Apta).




A publicação pode ser baixada aqui.


Fonte: www.embrapa.br

Biomarcadores do sangue de tilápias monitoram qualidade da água

 


Um estudo desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente (SP) avaliou os efeitos residuais de dois medicamentos utilizados como antimicrobianos na produção de tilápias: o óleo de cravo e o florfenicol. A crescente expansão da piscicultura no País, especialmente de forma intensiva em tanques, impacta diretamente o aumento do uso dessas substâncias para controlar infecções. Para medir as concentrações residuais na água de cultivo, os cientistas utilizaram biomarcadores, ferramentas comumente empregadas na agropecuária para monitorar a saúde animal e ambiental, mas ainda pouco testadas na aquicultura. 

Os biomarcardores são alterações ou respostas biológicas de um organismo frente a um estressor ou poluente. Nesse trabalho, foram usados os do tipo hematológicos, que avaliam o efeito dos resíduos no sangue de tilápias, mas outros enzimáticos e bioquímicos já estão em fase de avaliação para aplicação em novos experimentos. 

Segundo a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Márcia Ishikawa, estudos dessa natureza são importantes para padronizar metodologias de monitoramento da qualidade da água usada na piscicultura. “O uso de medicamentos na produção animal é inevitável, no entanto, os impactos negativos dos seus resíduos podem ser amenizados com o uso consciente de medicamentos e adoção das Boa Práticas de Manejo sanitário e de produção (BPM)”, explica.

O trabalho com os biomarcadores hematológicos em tilápias foi conduzido na Unidade pela bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), financiado pelo CNPq, Júlia Nascimento, sob a orientação de Ishikawa. Ela destaca a importância dos biomarcadores como ferramentas de monitoramento e também para embasar a formulação de novas metodologias de análise da qualidade da água e do ambiente. 

Bons resultados: baixas concentrações não alteram padrões sanguíneos

Foram realizados dois experimentos, um com óleo de cravo e o outro com florfenicol em 18 aquários de 200 litros, sendo avaliados três peixes de cada aquário, totalizando nove peixes por tratamento e 27 em cada experimento. Depois de sete dias, não houve diferença significativa nos parâmetros hematológicos avaliados entre eles. As médias dos pesos e comprimentos dos peixes demonstraram que os tratamentos foram homogêneos, assim como os parâmetros físico-químicos da água, garantindo que a diferenciação ficou restrita às concentrações dos resíduos avaliados.


Os testes foram realizados em ambiente controlado com concentração subletal (baixa) de óleo de cravo e florfenicol e analisaram os seguintes parâmetros sanguíneos de tilápias: hematócrito, que é a porcentagem de volume ocupada pelos glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total de sangue no organismo; proteína plasmática total, ou seja, todas as proteínas (globuminas e albumina) presentes no plasma; hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio; hemácias ou glóbulos vermelhos (eritrócitos) e a glicemia, que representa a concentração de glicose no sangue. 

Segundo a bolsista, estudos mostram que, quando usado como anestésico, em concentrações mais altas, o óleo de cravo causa alterações nos biomarcadores hematológicos. “Entretanto, no nosso trabalho, que avaliou concentrações residuais, não foram observadas alterações nos biomarcadores hematológicos. O que pode ser considerado um resultado positivo”, constata.  

A conclusão foi comprovada com a realização de análises estatísticas como a Anova (análise de variância) e o teste de Tukey (comparação de médias).

Nascimento explica que, apesar de não haver muitos dados e informações a respeito da avaliação de biomarcadores hematológicos em relação às concentrações de florfenicol na água, a crescente demanda de uso desse antibiótico em doses terapêuticas favorece a ocorrência de acúmulo residual e, por isso, é importante padronizar as ferramentas para garantir que esses resíduos não interfiram nos resultados do monitoramento.


Fonte: www.embrapa.br


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Tecnologias apoiadas pelo BNDES monitoram água em tempo real e realizam análises genéticas de peixes


Imagine poder acessar, em tempo real e de forma remota por meio do celular, a qualidade de água de viveiros ou reservatórios destinados ao cultivo de organismos aquáticos, como peixes e crustáceos. Acredite, essa tecnologia existe, e é brasileira e tem capacidade de medir 12 parâmetros, dentre eles, oxigênio dissolvido, pH e temperatura. O sistema também envia informações em tempo real para tablets e computadores. Pode ser aplicado nos biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.  

A Sonda Acqua Probe, apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico - BNDES Apoio à Inovação, o BNDES Funtec, foi desenvolvida no Brasil pelo projeto BRS Aqua, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Outro produto inovador desenvolvido pelo BRS Aqua é a análise genética Tambaplus, que oferecerá ao setor produtivo análises de pureza e de parentesco de matrizes de tambaqui. Sem concorrente no mercado, essas análises indicam, com taxa de acerto de até 99,9%, se tais matrizes são puras ou híbridas (fruto de cruzamento com outra espécie) e se possuem grau de parentesco entre si. Esse conjunto de informações permite o planejamento racional de cruzamentos e, consequentemente, a redução de perdas de produtividade. 

 

Fontes de recursos

O BNDES Funtec é o principal agente financiador do BRS Aqua, mas o projeto conta também com recursos financeiros da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/Mapa) e da própria Embrapa. Só por parte do BNDES Funtec, o projeto conta com apoio não reembolsável no valor de R$ 45 milhões. 

O projeto é voltado a fortalecer a infraestrutura de pesquisa, gerar e transferir tecnologias que promovam o desenvolvimento da aquicultura brasileira com foco primordial na inovação. O objetivo é contribuir para o incremento da produção e o aumento da competitividade e sustentabilidade da cadeia nacional do pescado. A coordenação do projeto em rede cabe à Embrapa Pesca e Aquicultura e dele fazem parte cerca de 270 empregados de mais de 20 unidades da Embrapa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados. 

"O Brasil já é líder mundial na maioria das cadeias de proteína animal, como na produção de aves, suínos e bovinos. Contudo, com relação à aquicultura, setor responsável pela proteína mais consumida no mundo, o Brasil ainda está muito aquém do seu potencial”, avalia Marcos Rossi, superintendente da Área de Indústria, Serviços e Comércio Exterior do BNDES. 

Considerado um marco em termos de investimentos, pessoas envolvidas e abrangência para a área de aquicultura, o BRS Aqua foi organizado em oito projetos componentes: reprodução e melhoramento genético; nutrição e alimentação; sanidade; tecnologia do pescado; e manejo produtivo e gestão ambiental, eminentemente técnicos; além dos projetos transversais, que são: economia; transferência de tecnologia; e gestão.


Espécies em cativeiro

Os produtos tecnológicos do projeto são direcionados para o desenvolvimento das cadeias das quatro espécies produzidas em cativeiro mais importantes do Brasil: tilápia (Oreochromis niloticus); tambaqui (Colossoma macropomum); camarão marinho (Litopennaeus vannamei); e garoupa (Epinephelus marginatus).

A tilápia e o tambaqui são as duas espécies mais cultivadas no Brasil.  O tambaqui é um peixe nativo da Região Amazônica com grande potencial de mercado, porém com gargalos tecnológicos que precisam ser superados para garantir o desenvolvimento da sua cadeia.  Já a tilápia é um animal exótica produzido no Brasil há décadas. Possui um mercado nacional consolidado e atualmente é o produto mais exportado pela aquicultura brasileira. 

O camarão, também exótico, é uma espécie cultivada tradicionalmente em regiões costeiras do Brasil e que, recentemente, passou  a ser produzida em regiões distantes da costa. Por fim, a garoupa, um animal marinho nativo do Brasil que se encontra em fase inicial de produção em escala, se diferencia das demais espécies por ser um peixe de maior valor agregado voltado para os mercados nacional e internacional.

 

Outras tecnologias

Para Lícia Lundstedt, coordenadora geral do BRS Aqua e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, além do fortalecimento da infraestrutura de pesquisa em aquicultura na Embrapa, estão previstos mais de uma centena de produtos tecnológicos a serem disponibilizados para o setor aquícola, a exemplo dos dois aqui mencionados. 

“Alguns outros produtos já estão disponíveis e vêm contribuindo significativamente em diferentes aspectos do setor, como, por exemplo, o drawback (regime aduaneiro especial) para as exportações de tilápia, o Centro de Inteligência e Mercado da Aquicultura (CIAqui), óculos de realidade virtual e materiais de referência pra análises químicas de filé e ração de tilápia”, disse a coordenadora. 

 

Impacto na cadeia

Segundo Lícia, o BRS Aqua vai gerar um conjunto de inovações que produzirão impactos de diferentes proporções junto à cadeia da aquicultura, resultando não apenas no aumento da capacidade produtiva do setor, mas também em outras vertentes como melhoria da qualidade do pescado, aumento da sustentabilidade ambiental da produção, incremento da gama de novos produtos aquícolas, apoio a políticas públicas e expansão dos mercados – incluindo internacional.

Em relação ao ambiente interno e considerando-se o caráter estruturante do projeto, espera-se uma aproximação efetiva dos pesquisadores e demais atores da área de aquicultura para trabalho em rede, ampliação e modernização da infraestrutura de pesquisa em Aquicultura na Embrapa, fortalecendo-a como instituição de pesquisa competitiva e atrativa para trabalhos com demais instituições públicas e privadas. 

 

Mercado

Segundo Manoel Pedroza, líder das pesquisas em Economia da Embrapa, o BRS Aqua tem apoiado a expansão da cadeia aquícola junto a novos mercados, por meio de diversas ações dentre as quais se destaca o desenvolvimento de novos produtos, com 56 fins alimentares e não alimentares, tais como patê e salsicha de tilápia, colágeno para uso farmacêutico, pele de tambaqui para indústria de vestuário, gelatinas, hidrogéis, nanoemulsões e nanocompósitos. 

Além disso, o projeto desenvolveu e vem atualizando periodicamente – em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) – o material técnico que permitiu inserir as exportações de tilápia no regime aduaneiro de drawback. Por ele, foram desonerados impostos incidentes sobre os insumos importados utilizados na produção e no processamento. Isso levou a uma redução de aproximadamente 10% no custo de produção da tilápia, resultando em um aumento expressivo das exportações desde 2019 – ano em que foi implementado.

Para Rossi, do BNDES, embora disponha de corpos hídricos e oferta competitiva de grãos como soja e milho, usados na formulação da ração, o Brasil ainda carece de mais conhecimento e tecnologias produtivas na aquicultura. “Acreditamos que o BRS Aqua, uma vez finalizado, vai preencher justamente essa lacuna que falta para o Brasil assumir seu protagonismo também na aquicultura mundial", afirma.

 

Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site: www.embrapa.br/brsaqua.


Fonte: www.agenciadenoticias.bndes.gov.br

quarta-feira, 31 de março de 2021

Ebook "Catálogo dos Aparelhos e Embarcações de Pesca Marinha do Basil"


Este catálogo consiste na primeira tentativa de reunir aparelhos de pesca e embarcações de toda a costa do Brasil. Tem o objetivo de contribuir para minimizar a carência de publicações que enfoquem as artes e embarcações de pesca, suas características e aplicações, assim como possibilitar a construção dos aparelhos de pesca mediante as orientações técnicas contidas nos planos. O Brasil, por ter dimensões continentais e uma costa com condições climáticas e oceanográficas bastante diversificadas, torna árdua a tarefa de reunir os mais representativos aparelhos e embarcações de pesca marinha.

Procurou-se obter as artes e embarcações mais representativas de cada região, uma vez que muitas delas mudam apenas o nome em cada região. Pequenas particularidades, como coeficiente de entralhe e comprimento de malhas, muitas vezes alteram o objetivo da captura, tamanho dos espécimes, ou mesmo a espécie a ser capturada. 

Foram seguidos os padrões técnicos utilizados pela FAO, nos planos dos desenhos, no entanto adotamos modificações direcionadas aos métodos nacionais, como a não utilização do sistema Danier para os fios e sim o diâmetro em milímetro, uma vez que todos os profissionais nacionais trabalham com milímetro. Também estão contidas informações de aparelhos de pesca já descritos em catálogos de algumas regiões do Brasil.


Referência catalográfica: Catálogo dos aparelhos e embarcações de pesca Marinha do Brasil / organizador Vanildo Souza de Oliveira. - Rio Grande: Ed. da FURG, 2020. 332 p.

Link para download - Opção 1

Link para download - Opção 2

quinta-feira, 25 de março de 2021

Ebook Ciência e Tecnologia do Pescado - Uma Análise Pluralista

 




Lançamento da cartilha sobre manejo de pirarucu em cultivo

 


O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas apresenta a cartilha de Manejo e Sanidade do Pirarucu (Arapaima gigas) em Cultivo, com a proposta de demonstrar de forma objetiva informações gerais sobre o manejo do maior peixe de escamas da bacia amazônica, nas diferentes fases de cultivo. 

Elaborada e adaptada, a partir de realidades vivenciadas por piscicultores do Amazonas, a cartilha relata o resultado do trabalho de campo realizado nas propriedades deles, apontando as principais dificuldades encontradas durante as consultorias técnicas especializadas realizadas pelo Projeto de Piscicultura do Sebrae/AM, e de como elas foram resolvidas.

O propósito desta cartilha é divulgar o manejo do pirarucu de forma estratégica, permitindo que o piscicultor tenha acesso às informações úteis, que vão contribuir para o manejo correto e o aumento da produtividade, para que ele possa alcançar sucesso na criação e no mercado.


Download da cartilha: www.sebrae.com.br


Fonte: www.sebrae.com.br

quarta-feira, 24 de março de 2021

Doença da urina preta, entenda o que é essa doença

 


Embora uma doença rara, se tornou recentemente muita difundida nas redes sociais, principalmente devido ao óbito da veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, que estava internada em Recife, Pernambuco. Desde então tem circulado muita Fake News com relação a esse assunto, o que tem ocasionado muitas preocupações por parte dos consumidores, como também a redução do consumo de certos peixes.

Assim, tendo por objetivo o de informar corretamente a respeito dessa doença, surgiu a ideia dessa postagem, visando alertar a população para ter cuidado ao vincular notícias errôneas, que acabam por denegrir toda uma cadeia de produção, prejudicando pessoas que tem como fonte de renda a produção, captura e/ou a comercialização de pescados. Portanto, devemos pondera com cuidado certas informações que nos chegam. 

O que é:

A Síndrome de Haff, ou de forma simplificada - Doença da Urina Preta, é uma doença de ocorrência rara, mas quando acomete um indivíduo, deve ser tratada imediatamente, pois pode evoluir com rapidez.

Ela é caracterizada pela ruptura e necrose de vasos musculares (degradação dos músculos), causando sintomas como fortes dores e rigidez nos músculos.

O que causa a Síndrome de Haff?

A doença está associada ao consumo de peixes contaminados com toxinas adquiridas durante a sua alimentação no ambiente ou mesmo pelo mal acondicionamento dos peixes no mercado.

Principais característica da síndrome

A urina escurecida é uma consequência da liberação de uma substância chamada mioglobina no corpo. Essa proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose muscular, deixando a urina escurecido como a de uma coca-cola.

Além das dores musculares e da urina escurecida, a doença pode gerar outros sintomas, como: náusea, vômito, diarreia, febre, vermelhidão na pele, falta de ar, dormência no corpo e  insuficiência renal.

Quadro clínico da doença de Haff?

O aparecimento dos sintomas pode ocorrer entre quatro e seis horas após a ingestão de peixe, mas há casos de pacientes com sintomas após dois ou até três dias do consumo. Dependendo de cada indivíduo. O aparecimento dos sintomas também depende muito da quantidade de tóxina ingerida.

Qual o tratamento?

Além da hidratação, o tratamento também é feito com analgésicos, de acordo com os sintomas apresentados. O tempo de cura é extremamente variável. Vai depender da intensidade da doença para poder traçar um relatório.

Porque o nome é doença de Haff?

Imagem: Mar báltico, com a localização Königsberg Haff. Fonte: ddr-binnenschifffahrt.de.

Devido a sua primeira ocorrência ter acontecido na região litorânea de Königsberg Haff, junto à costa do Mar Báltico, onde médicos atuantes, identificaram o surto de uma doença caracterizada por início súbito de grave rigidez muscular, frequentemente acompanhada de urina escura, no ano de 1984.

Registro do primeiro caso da síndrome no Brasil

A primeira ocorrência foi em Manaus, entre junho e setembro de 2008, foi relatado um surto de 25 casos de doença de Haff associada com o consumo de Mylossoma duriventre (pacu-manteiga), Colossoma macropomum (tambaqui) e Piaractus brachypomus (pirapitinga), peixes do norte da região amazônica.

E mais recentemente com as irmãs Flávia e Pryscila Andrade, de 36 e 31 anos, moradoras do Recife, em Pernambuco, após consumo do peixe arabaiana, também conhecido como “olho de boi” do gênero Seriola, sendo que uma delas (Pryscila Andrade) veio a óbito no dia 02 de março deste ano. 

No entanto, é importante ressaltar que essa doença é de ocorrência RARA e que a mesma não ocorre em peixes de criação, como tem sido circulado pela internet, onde veiculam a doença associada a imagem da espécie tilápia (Oreochromis niloticus), no qual, nunca teve nenhum caso relatado, ou mesmo a das espécies nativas, como tambaqui, que mesmo com casos relacionados ocorridos em 2008, esse fato foi isolado.

A Associação dos Engenheiros de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (AEP-PA/AP) elaborou uma Nota Técnica n.02/2021 com informações adicionais acerca da Síndrome de Haff.

Portanto, não há porque evitar o consumo de uma excelente fonte de proteínas e gorduras boas, como o ômega 3, que aumentam a produção das células de defesa do organismo, fortalecendo o sistema imune.

Existe prevenção contra a doença de haff?

Não há uma forma de prevenção eficiente dessa síndrome, no entanto, é importante que o consumidor compre pescados de procedência segura, além de certificar o bom acondicionamento dos mesmos.

 

Referências

SANTOS, Marcelo Cordeiro dos et al. Outbreak of Half disease in the Brazilian Amazon. Revista panamericana de salud pública, v. 26, p. 469-470, 2009.

TOLESANI JUNIOR, Oswaldo et al. Doença de Haff associada ao consumo de carne de Mylossoma duriventre (pacu-manteiga). Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 25, n. 4, p. 348-351, 2013.

 

Livro sobre o "Uso dos Recursos Naturais da Amazônia Paraense"

 


Este livro foi elaborado com o intuito de contribuir com a produção geográfica na Amazônia, buscando o incremento de material didático sobre essa região e o seu ensino. Nesse sentido, desde o ano de 2007, a produção de material didático sobre Geografia da Amazônia faz parte dos objetivos do Grupo Acadêmico Produção do Território e Meio Ambiente na Amazônia (GAPTA), em parceria com o Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA). A viabilização dessa obra conta com o financiamento dos próprios autores e com contribuição significativa de recursos e equipamentos do projeto “O uso da cartografia em sala de aula e a geoinformação como tecnologia assistiva de inclusão Socioespacial”, termo de outorga nº. 021/2020, (Chamada n°. 012/2017 de Concessão de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas) da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). É importante destacar que os livros do GAPTA são disponibilizados gratuitamente, no formato ebook (encurtador.com.br/lqxFH) e em formato impresso no endereço eletrônico: https://clubedeautores.com.br/livro/uso-dos-recursos-naturais-da-amazonia-paraense, e não possuem finalidade lucrativa.

As análises e as proposições contidas no presente livro demonstram que os recursos naturais devem ser pautados em sua integralidade: estão presentes na vida cotidiana dos habitantes regionais, no seu modo de vida e manifestações culturais, nos embates e confrontos de valores e ações sobre a apropriação dos recursos, tanto na projeção mercantil de diversidade de empreendimentos, quanto na percepção de recursos vitais, de uso comum das populações e comunidades regionais. A dimensão socioambiental é também incorporada, principalmente como uma questão nova e importante que se impõe como elemento de disputa e, ao mesmo tempo, como item presente na pauta das reivindicações, de negociação entre grupos sociais e de setores do mercado e do Estado. Esperamos que essas reflexões auxiliem o leitor a entender ainda mais as dinâmicas presentes no espaço geográfico amazônico.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Live abordará perspectivas para a piscicultura nacional

 


A piscicultura brasileira vem crescendo nos últimos anos e se tornando, cada vez mais, uma cadeia produtiva relevante para o agronegócio brasileiro. As perspectivas dessa área tanto no mercado nacional como no internacional serão abordadas em live da Embrapa durante o Show Rural Coopavel. A conversa está marcada para 24 de março às 10h30 no canal da empresa no YouTube – confira mais informações no final deste texto.

Quem vai falar sobre o tema é Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) na área de economia aquícola. Ele destaca a principal espécie cultivada no país: “a piscicultura brasileira tem apresentado um crescimento contínuo ao longo dos últimos anos, tendo como destaque a cadeia produtiva da tilápia. A expansão da cadeia da tilápia é baseada no aumento da demanda no mercado interno, na entrada de grandes empresas e cooperativas e na implementação de diversos projetos de tanque-rede em reservatórios”.

De acordo com números da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) divulgados recentemente, a tilápia respondeu, em 2020, por mais de 60% de toda a produção brasileira. Foram mais de 486 mil toneladas, um crescimento de 12,5% sobre a produção do ano anterior. No total, incluindo todas as espécies e todos os estados, o Brasil produziu em 2020 quase 803.000 toneladas de peixe. O país atualmente é o quarto produtor mundial. E tem se voltado cada vez mais para exportar sua produção; novamente, o destaque é a tilápia.

Apesar dos avanços, a cadeia produtiva da piscicultura tem vários desafios para transformar em realidade o potencial que o país apresenta. O pesquisador da Embrapa afirma que “a piscicultura brasileira ainda apresenta gargalos importantes do ponto de vista institucional, dentre os quais se destaca a burocracia envolvida nos processos de licenciamento ambiental e de cessão de águas da União. Mudanças importantes no sentido de simplificar esses processos já vêm sendo implementadas nas esferas federal e estaduais, mas dificuldades ainda precisam ser superadas”.

Outro ponto que Manoel sugere que precisa ser melhorado é a integração entre produtores e a indústria de processamento. Na piscicultura, essa prática ainda não está muito disseminada como em outras cadeias produtivas, a exemplo de aves e suínos. Portanto, esse é mais um aspecto a ser trabalhado visando ao desenvolvimento sustentável da piscicultura brasileira. O setor cresce a cada ano e poderá continuar nessa perspectiva. Condições naturais e possibilidade de grande variabilidade de espécies na produção o país possui.

Serviço:

O que: live sobre perspectivas da piscicultura brasileira nos mercados nacional e internacional

Quando: 24 de março, às 10h30, durante o Show Rural Coopavel

Onde: no canal do Embrapa no YouTube (www.youtube.com/embrapa) ou diretamente no link https://www.youtube.com/watch?v=w9WDVM-NtQQ

Mais informações sobre a participação da Embrapa no eventohttps://www.embrapa.br/showrural


Fonte da notícia: www.embrapa.br.