segunda-feira, 12 de abril de 2021

Tecnologias apoiadas pelo BNDES monitoram água em tempo real e realizam análises genéticas de peixes


Imagine poder acessar, em tempo real e de forma remota por meio do celular, a qualidade de água de viveiros ou reservatórios destinados ao cultivo de organismos aquáticos, como peixes e crustáceos. Acredite, essa tecnologia existe, e é brasileira e tem capacidade de medir 12 parâmetros, dentre eles, oxigênio dissolvido, pH e temperatura. O sistema também envia informações em tempo real para tablets e computadores. Pode ser aplicado nos biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.  

A Sonda Acqua Probe, apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico - BNDES Apoio à Inovação, o BNDES Funtec, foi desenvolvida no Brasil pelo projeto BRS Aqua, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Outro produto inovador desenvolvido pelo BRS Aqua é a análise genética Tambaplus, que oferecerá ao setor produtivo análises de pureza e de parentesco de matrizes de tambaqui. Sem concorrente no mercado, essas análises indicam, com taxa de acerto de até 99,9%, se tais matrizes são puras ou híbridas (fruto de cruzamento com outra espécie) e se possuem grau de parentesco entre si. Esse conjunto de informações permite o planejamento racional de cruzamentos e, consequentemente, a redução de perdas de produtividade. 

 

Fontes de recursos

O BNDES Funtec é o principal agente financiador do BRS Aqua, mas o projeto conta também com recursos financeiros da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/Mapa) e da própria Embrapa. Só por parte do BNDES Funtec, o projeto conta com apoio não reembolsável no valor de R$ 45 milhões. 

O projeto é voltado a fortalecer a infraestrutura de pesquisa, gerar e transferir tecnologias que promovam o desenvolvimento da aquicultura brasileira com foco primordial na inovação. O objetivo é contribuir para o incremento da produção e o aumento da competitividade e sustentabilidade da cadeia nacional do pescado. A coordenação do projeto em rede cabe à Embrapa Pesca e Aquicultura e dele fazem parte cerca de 270 empregados de mais de 20 unidades da Embrapa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados. 

"O Brasil já é líder mundial na maioria das cadeias de proteína animal, como na produção de aves, suínos e bovinos. Contudo, com relação à aquicultura, setor responsável pela proteína mais consumida no mundo, o Brasil ainda está muito aquém do seu potencial”, avalia Marcos Rossi, superintendente da Área de Indústria, Serviços e Comércio Exterior do BNDES. 

Considerado um marco em termos de investimentos, pessoas envolvidas e abrangência para a área de aquicultura, o BRS Aqua foi organizado em oito projetos componentes: reprodução e melhoramento genético; nutrição e alimentação; sanidade; tecnologia do pescado; e manejo produtivo e gestão ambiental, eminentemente técnicos; além dos projetos transversais, que são: economia; transferência de tecnologia; e gestão.


Espécies em cativeiro

Os produtos tecnológicos do projeto são direcionados para o desenvolvimento das cadeias das quatro espécies produzidas em cativeiro mais importantes do Brasil: tilápia (Oreochromis niloticus); tambaqui (Colossoma macropomum); camarão marinho (Litopennaeus vannamei); e garoupa (Epinephelus marginatus).

A tilápia e o tambaqui são as duas espécies mais cultivadas no Brasil.  O tambaqui é um peixe nativo da Região Amazônica com grande potencial de mercado, porém com gargalos tecnológicos que precisam ser superados para garantir o desenvolvimento da sua cadeia.  Já a tilápia é um animal exótica produzido no Brasil há décadas. Possui um mercado nacional consolidado e atualmente é o produto mais exportado pela aquicultura brasileira. 

O camarão, também exótico, é uma espécie cultivada tradicionalmente em regiões costeiras do Brasil e que, recentemente, passou  a ser produzida em regiões distantes da costa. Por fim, a garoupa, um animal marinho nativo do Brasil que se encontra em fase inicial de produção em escala, se diferencia das demais espécies por ser um peixe de maior valor agregado voltado para os mercados nacional e internacional.

 

Outras tecnologias

Para Lícia Lundstedt, coordenadora geral do BRS Aqua e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, além do fortalecimento da infraestrutura de pesquisa em aquicultura na Embrapa, estão previstos mais de uma centena de produtos tecnológicos a serem disponibilizados para o setor aquícola, a exemplo dos dois aqui mencionados. 

“Alguns outros produtos já estão disponíveis e vêm contribuindo significativamente em diferentes aspectos do setor, como, por exemplo, o drawback (regime aduaneiro especial) para as exportações de tilápia, o Centro de Inteligência e Mercado da Aquicultura (CIAqui), óculos de realidade virtual e materiais de referência pra análises químicas de filé e ração de tilápia”, disse a coordenadora. 

 

Impacto na cadeia

Segundo Lícia, o BRS Aqua vai gerar um conjunto de inovações que produzirão impactos de diferentes proporções junto à cadeia da aquicultura, resultando não apenas no aumento da capacidade produtiva do setor, mas também em outras vertentes como melhoria da qualidade do pescado, aumento da sustentabilidade ambiental da produção, incremento da gama de novos produtos aquícolas, apoio a políticas públicas e expansão dos mercados – incluindo internacional.

Em relação ao ambiente interno e considerando-se o caráter estruturante do projeto, espera-se uma aproximação efetiva dos pesquisadores e demais atores da área de aquicultura para trabalho em rede, ampliação e modernização da infraestrutura de pesquisa em Aquicultura na Embrapa, fortalecendo-a como instituição de pesquisa competitiva e atrativa para trabalhos com demais instituições públicas e privadas. 

 

Mercado

Segundo Manoel Pedroza, líder das pesquisas em Economia da Embrapa, o BRS Aqua tem apoiado a expansão da cadeia aquícola junto a novos mercados, por meio de diversas ações dentre as quais se destaca o desenvolvimento de novos produtos, com 56 fins alimentares e não alimentares, tais como patê e salsicha de tilápia, colágeno para uso farmacêutico, pele de tambaqui para indústria de vestuário, gelatinas, hidrogéis, nanoemulsões e nanocompósitos. 

Além disso, o projeto desenvolveu e vem atualizando periodicamente – em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) – o material técnico que permitiu inserir as exportações de tilápia no regime aduaneiro de drawback. Por ele, foram desonerados impostos incidentes sobre os insumos importados utilizados na produção e no processamento. Isso levou a uma redução de aproximadamente 10% no custo de produção da tilápia, resultando em um aumento expressivo das exportações desde 2019 – ano em que foi implementado.

Para Rossi, do BNDES, embora disponha de corpos hídricos e oferta competitiva de grãos como soja e milho, usados na formulação da ração, o Brasil ainda carece de mais conhecimento e tecnologias produtivas na aquicultura. “Acreditamos que o BRS Aqua, uma vez finalizado, vai preencher justamente essa lacuna que falta para o Brasil assumir seu protagonismo também na aquicultura mundial", afirma.

 

Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site: www.embrapa.br/brsaqua.


Fonte: www.agenciadenoticias.bndes.gov.br

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