Embora uma doença rara, se tornou recentemente muita difundida nas redes sociais, principalmente devido ao óbito da veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, que estava internada em Recife, Pernambuco. Desde então tem circulado muita Fake News com relação a esse assunto, o que tem ocasionado muitas preocupações por parte dos consumidores, como também a redução do consumo de certos peixes.
Assim, tendo por objetivo o de informar corretamente a respeito dessa doença, surgiu a ideia dessa postagem, visando alertar a população para ter cuidado ao
vincular notícias errôneas, que acabam por denegrir toda uma cadeia de
produção, prejudicando pessoas que tem como fonte de renda a produção, captura e/ou a comercialização
de pescados. Portanto, devemos pondera com cuidado certas informações que nos
chegam.
O que é:
A Síndrome de Haff, ou de
forma simplificada - Doença da Urina Preta, é uma doença de ocorrência rara, mas quando
acomete um indivíduo, deve ser tratada imediatamente, pois pode evoluir com
rapidez.
Ela é caracterizada pela ruptura e necrose de vasos musculares (degradação dos músculos), causando sintomas como fortes dores e rigidez nos músculos.
O que causa a Síndrome de
Haff?
A doença está associada ao
consumo de peixes contaminados com toxinas adquiridas durante a sua alimentação no ambiente ou mesmo pelo mal acondicionamento dos peixes no mercado.
Principais característica da síndrome
A urina escurecida é uma
consequência da liberação de uma substância chamada mioglobina no corpo. Essa
proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose
muscular, deixando a urina escurecido como a de uma coca-cola.
Além das dores musculares e da urina escurecida, a doença pode gerar outros sintomas, como: náusea, vômito, diarreia, febre, vermelhidão na pele, falta de ar, dormência no corpo e insuficiência renal.
Quadro clínico da doença de Haff?
O aparecimento dos sintomas
pode ocorrer entre quatro e seis horas após a ingestão de peixe, mas há casos
de pacientes com sintomas após dois ou até três dias do consumo. Dependendo de
cada indivíduo. O aparecimento dos sintomas também depende muito da quantidade
de tóxina ingerida.
Qual o tratamento?
Além da hidratação, o
tratamento também é feito com analgésicos, de acordo com os sintomas
apresentados. O tempo de cura é extremamente variável. Vai depender da
intensidade da doença para poder traçar um relatório.
Porque o nome é doença de Haff?
Imagem: Mar báltico, com a localização Königsberg Haff. Fonte: ddr-binnenschifffahrt.de.
Devido a sua primeira ocorrência ter acontecido na região litorânea de Königsberg Haff, junto à costa do Mar Báltico, onde médicos atuantes, identificaram o surto de uma doença caracterizada por início súbito de grave rigidez muscular, frequentemente acompanhada de urina escura, no ano de 1984.
Registro do primeiro caso da síndrome no Brasil
A primeira ocorrência foi em Manaus, entre junho e
setembro de 2008, foi relatado um surto de 25 casos de doença de Haff associada
com o consumo de Mylossoma duriventre (pacu-manteiga), Colossoma
macropomum (tambaqui) e Piaractus brachypomus (pirapitinga), peixes
do norte da região amazônica.
E mais recentemente com as
irmãs Flávia e Pryscila Andrade, de 36 e 31 anos, moradoras do Recife, em
Pernambuco, após consumo do peixe arabaiana, também conhecido como “olho de
boi” do gênero Seriola, sendo que uma delas (Pryscila Andrade) veio a óbito no
dia 02 de março deste ano.
No entanto, é importante ressaltar
que essa doença é de ocorrência RARA e que a mesma não ocorre em peixes de criação,
como tem sido circulado pela internet, onde veiculam a doença associada a imagem
da espécie tilápia (Oreochromis niloticus), no qual, nunca teve nenhum
caso relatado, ou mesmo a das espécies nativas, como tambaqui, que mesmo com casos
relacionados ocorridos em 2008, esse fato foi isolado.
A Associação dos Engenheiros
de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (AEP-PA/AP) elaborou uma Nota Técnica n.02/2021 com informações adicionais acerca da Síndrome de Haff.
Portanto, não há porque evitar
o consumo de uma excelente fonte de proteínas e gorduras boas, como o ômega 3,
que aumentam a produção das células de defesa do organismo, fortalecendo o
sistema imune.
Existe prevenção contra a doença de haff?
Não há uma forma de prevenção
eficiente dessa síndrome, no entanto, é importante que o consumidor compre
pescados de procedência segura, além de certificar o bom acondicionamento dos
mesmos.
Referências
SANTOS, Marcelo Cordeiro dos et al. Outbreak of Half disease in the Brazilian Amazon. Revista panamericana de salud pública, v. 26, p. 469-470, 2009.
TOLESANI
JUNIOR, Oswaldo et al. Doença de Haff associada ao consumo de carne de
Mylossoma duriventre (pacu-manteiga). Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 25, n. 4, p. 348-351, 2013.
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