Lambaris foram os primeiros peixes nascidos no Brasil com a pesquisa. Objetivo é criar banco genético das espécies raras em Pirassununga.
Peixes ameaçados de extinção podem ser reproduzidos em laboratório com segurança, rapidez e maior quantidade com uma técnica inédita na América Latina desenvolvida pelo Centro Pesquisa Treinamento Aquicultura (Cepta), em Pirassununga (SP). A partir da 'barriga de aluguel', os pesquisadores querem fazer um banco genético das espécies já consideradas raras, preservando o meio ambiente.
Os pesquisadores do Instituto Chico Mendes comemoraram neste ano a reprodução de lambaris, os primeiros peixes nascidos no Brasil a partir da técnica. "A gente coleta célula de um peixe e transplanta para outro peixe. O objetivo disso é basicamente fazer uma espécie produzir espermatozoide e ovos de outra espécie", explicou o pesquisador do Cepta George Yasui.
Técnica
Lambaris foram os primeiros peixes reproduzidos
em barriga de aluguel (Foto: Wilson Aiello/EPTV).
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Primeiro os pesquisadores misturam os gametas (óvulos e espermatozoides) de peixes adultos. Após hidratação com água, em pouco tempo aparecem pequenos ovos e, antes do peixe eclodir, são injetadas células embrionárias de outra espécie, que ficam guardadas nele a vida toda.
Outra opção é injetar no peixe já crescido, um tipo de inseminação artificial. "Penso em envolver o esforço de mais de 15 pesquisadores, mais de R$ 4,5 milhões e cinco anos de pesquisa nesta área", afirmou Yasui.
Peixes em extinção
O que faz dessa conquista tão importante para os pesquisadores é que esse processo pode ajudar a salvar peixes ameaçados de extinção. Os lambaris foram reproduzidos em laboratório pela técnica e, na fase adulta, eles vão gerar filhotes de outro tipo de peixe. Nesse caso, a piracanjuba, espécie já ameaçada.
A mesma técnica vai ser usada pra reproduzir outras espécies que vão ser soltas na natureza. O bagre sapo, por exemplo, já começou a desaparecer em várias regiões do país, mas no laboratório ele vai poder nascer da barriga de um mandi, que se reproduz com facilidade.
Pesquisadores misturam espermatozoides e
óvulos de peixes adultos (Foto: Wilson Aiello/EPTV).
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Atualmente no Brasil existem quase 300 espécies de peixes ameaçadas de extinção. "Uma espécie como a piracanjuba demora três anos para a primeira maturação gonadal e é um peixe raro e ameaçado. A gente conseguindo fazer um implante dela em uma espécie receptora como o lambari. O lambari com quatro meses de idade atinge a primeira maturação e desova quatro a cinco vezes em um ano. No mesmo tempo nasce muito mais peixe e tem um risco de a gente não perder as espécies parentais, ou seja, os reprodutores ameaçados de piracanjuba", disse o biólogo e coordenador do Cepta José Augusto Senhorini.
Este processo já é feito em países como Japão, Estados Unidos e República Tcheca, mas no Brasil vai tem um valor ainda maior. "O banco genético do Cepta é o maior da América Latina. Nós estamos com mais de 60 espécies em cativeiro funcionando como uma poupança genética, se faltar no ambiente, nós temos aqui para repor, fazer o processo reprodutivo e repor no ambiente", explicou Senhorini.
Tragédia em Mariana
Depois da tragédia de Mariana (MG), os pesquisadores levaram para o centro nove espécies de peixes resgatadas do Rio Doce. A ideia é usar as barrigas de aluguel pra diminuir os efeitos de desastres ambientais e evitar a extinção.
"Após a recuperação do ambiente nós podemos produzir esses peixes geneticamente viáveis aqui no Cepta e fazer o reforço de estoque no Rio Doce para que a população aumente mais rapidamente dessas espécies", concluiu Senhorini.
Fonte: www.g1.globo.com
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