Como todos os demais crustáceos, os siris trocam periodicamente seu exoesqueleto, em um processo chamado de muda ou ecdise. Logo após a muda, o siri com exoesqueleto pouco calcificado e macio (Figura 1), tem grande valor gastronômico em várias partes do mundo, apresentando-se como uma das formas mais lucrativas de comercialização de siris, podendo custar aproximadamente cerca de três vezes o valor de um siri tradicional de exoesqueleto duro.
Figura 1. Siri logo após a muda. FONTE: FinSki’s, by Katriina Mueller.
O siri mole é obtido, principalmente, a partir da captura de animais diretamente do ambiente ou do seu cultivo em condições controladas . Para a produção a partir da captura são selecionados apenas indivíduos em estágio de pré-muda que depois são transferidos para sistemas de produção até realizarem a muda.
Após os siris realizarem a muda, inicia-se o processo de calcificação do novo exoesqueleto, chamado de estágio de pós-muda, em que em poucas horas ocorre o endurecimento do exoesqueleto, diminuindo o valor de mercado.
Comercialmente, a prática atual da produção de siri mole sofre uma série de problemas, principalmente a dependência do monitoramento 24 horas por dia e a despesca manual feito por dezenas de observadores quando a muda ocorre, e a qualidade variável da maciez do exoesqueleto do siri. Entretanto, uma empresa australiana investiu em alta tecnologia para otimizar a produção e suprir a demanda do mercado australiano e externo.
Angus Cameron, um especialista em aquicultura da empresa Watermark Seafoods localizada em Brisbane, na Austrália, após cinco anos de trabalho, desenvolveu um sistema robótico inovador que detecta o siri após a muda e realiza a despesca do mesmo para a comercialização.
Este sistema automatizado pode realizar a detecção de até 40.000 siris mantidos em sistema controlado em compartimentos individuais para evitar o canibalismo. Este mecanismo robótico é projetado para verificar cada siri a cada 2 horas, funcionando da seguinte forma: Primeiramente o robô determina, através da captura de imagens por meio de uma câmera automatizada, se há um siri no compartimento individual. Em seguida, ele alimenta esse siri, com base em se o animal se alimenta ou não. Quando o siri pára de comer, o robô aciona o alarme do sistema, pois sabe-se que dentro de três dias o siri realizará a muda. Após a muda, o robô detecta o siri recém-mudado através da captura de imagens e análise feita por um processador com software que determina se o siri mudou pela presença de dois corpos em um compartimento (corpo do siri e exúvia), em seguida remove o siri da água e está pronto para o beneficiamento e comercialização. Adescrição detalhada do sistema está disponível em Campbell et al. (2004).
Todo o esforço de trabalho realizado por dezenas de observadores é substituído pelo robô, o trabalho da equipe da empresa Watermark se resume em colocar os siris nos compartimentos, e apartir disto o robô realiza o monitoramento até a despesca.
Segundo Angus Cameron, este sistema automatizado é muito eficiente, e futuramente o objetivo da empresa é comercializar a tecnologia para outras empresas do ramo.
Referências
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Por Camila Prestes dos Santos Tavares.
Fonte: www.gia.org.br
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