quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Estudantes da UEA de Itacoatiara desenvolvem sorvete à base de pirarucu

Projeto foi desenvolvido por alunos do curso de Tecnologia em Produção Pesqueira e surpreendeu em congresso

Apesar de ser produzido à base de pescado, o produto tem a consistência de um sorvete comum e um sabor agridoce (Foto: Divulgação).
Frito, empanado, cozido, desfiado ou misturado com legumes, banana frita e farinha. São inúmeros os pratos que podem ser feitos com um dos maiores peixes de água do doce do Brasil, o pirarucu. Mas já imaginou tomar sorvete de pirarucu? A iguaria foi pensada e produzida por alunos do curso de Tecnologia em Produção Pesqueira da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) de Itacoatiara (a 270 quilômetros de Manaus), a “Velha Serpa”, que pretendem  comercializar o produto.  

O pirarucu (Arapaima sp.), que é a principal espécie de pescado da Amazônia e tradicionalmente comercializado em mantas na forma salgada e seca, foi estudado pelos alunos do curso  durante  a disciplina de ‘tecnologia do processamento de pescado’.  Para isso, os universitários analisaram os valores nutricionais do sorvete  feito com pirarucu.  

O principal objetivo é tornar o sorvete um produto diferenciado no mercado, podendo atingir diferentes faixas etárias e estimular o consumo de produtos à base de pescados, conforme explica o professor Marcondes Gonzaga Júnior, doutor em aquicultura e coordenador do projeto. 

“Tivemos alguns seminários, algumas aulas práticas e, dentro delas, pensamos num projeto pra desenvolver produtos que pudessem ser inseridos no mercado institucional, principalmente na merenda escolar, e surgiu a ideia de fazer produtos inovadores que atraíssem principalmente as crianças a consumir pescado. O sorvete é um produto que toda criança gosta, mas neste caso  com baixa concentração de açúcar e alto valor proteico”, explicou. 

Todo o projeto foi elaborado pelos alunos Andrei Lemos Vieira, Evaldo George Maciel dos Santos, Peterson da Silva e Silva, Raimundo de Goes Neto Silvana dos Santos Dias e Vera Lúcia Barbosa da Silva, orientados pelo professor Marcondes e co-orientados por Marcos Amorim. 

Em fase de conclusão

O trabalho foi desenvolvido principalmente para viabilizar a introdução do produto no mercado. Porém, os alunos ainda estão em fase de conclusão e fazendo um estudo de viabilidade econômica. “Estamos em contato com uma empresa para analisar os meios de colocar o produto no mercado”, completou o professor. O produto final, segundo os pesquisadores, tem um sabor agridoce.  

O sorvete

O sorvete é  obtido a partir de uma emulsão estabilizada e pasteurizada, que através de um processo de congelamento sob contínua agitação (batimento) e incorporação de ar, produz uma substância cremosa, suave e agradável ao paladar. A legislação brasileira determina que o sorvete contenha, no mínimo, 2,5% de gordura e 2,5% de proteína, sendo estes de origem láctea ou parcialmente substituídos por produtos não lácteos.

Novidade foi sucesso em MG

O produto produzido pelos alunos de Itacoatuara foi apresentado no Congresso de Aquaciência 2016, um dos mais importantes na área de aquicultura, realizado no início deste mês, no Minascentro, em Belo Horizonte, e teve destaque entre os participantes.  O professor Marcondes Filho contou que o sorvete chamou atenção de alunos, professores e até de editores de revistas científicas. “A princípio ficamos receosos por não ser um trabalho de cunho científico, mas sim produto tecnológico. Resolvemos apresentar no maior congresso de aquicultura de ciências e por incrível que pareça teve muita procura, muitas pessoas acharam curioso o produto, nos buscaram pra tentar provar o produto, foi um dos trabalhos mais bem visitados”, relata.

Com tanta procura, eles revelaram a receita do produto. Para a elaboração de 1 litro de sorvete de pirarucu, os alunos utilizaram 4g de emulsificante, 0,6 g de liga neutra, 100 g de açúcar, 40 g de leite em pó, 1 litro de água e 150 g de pirarucu dessalgado pré-cozido. 

O sorvete ainda não está disponível no mercado, mas os pesquisadores estão trabalhando para que a iguaria seja ofertada ao público.


terça-feira, 23 de agosto de 2016

Empresa norueguesa busca Governo de SP para instalar centro de melhoramento genético de tilápias

A multinacional quer instalar em território paulista um centro de melhoramento genético de tilápias, um dos peixes com melhor desempenho comercial no País


São Paulo (SP) - O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, recebeu em audiência no dia 08 de agosto, na sede da Pasta, Ricardo Neukirchner, sócio da empresa norueguesa de melhoramento genético de peixes Aquagen e fundador da brasileira Aquabel. A multinacional quer instalar em território paulista um centro de melhoramento genético de tilápias, um dos peixes com melhor desempenho comercial no País.

O objetivo da Aquagen-Aquabel é instalar um centro de tecnologia em genética que seria referência mundial no assunto. A expertise existe, já que a norueguesa é líder do ramo em sua atuação com o salmão e faz parte de um grupo alemão, o EW Group, que lidera mundialmente também nas tecnologias genéticas para frango de corte e de postura e para peru.

“Os investidores estrangeiros resolveram abrir um novo leque com a tilápia e escolheram a nossa empresa, que já trabalha há 22 anos com esse peixe. A ideia é produzir alevinos para colocar à disposição do mercado. Também trazer tecnologias que não são usadas para a tilápia, mas já são para outras espécies como o salmão, que é a mais economicamente desenvolvida. Eles têm tecnologias que nenhum outro grupo tem”, destacou o fundador da Aquabel.

A preferência por São Paulo, como contou Neukirchner, se deu pelo profissionalismo do setor e pela boa oferta de infraestrutura logística como rodovias, aeroportos e portos – o que facilita a comercialização nacional e internacional. A empresa quer ocupar uma área em Jupiá que já era utilizada para aquicultura, o que diminuiria em cerca de dois anos o tempo de início das atividades.

Um trabalho que promete, já na primeira geração de alevinos, focar no combate à principal doença que acomete o plantel: o streptococcus. “É a doença principal e tem mortalidades altas em épocas de pico, como no Verão, e em sistema intensivo de tanque-rede. Uma tilápia resistente a essa doença é um salto muito grande”, considerou Luiz Marques da Silva Ayroza, diretor do Instituo de Pesca (IP) da Secretaria.

Ayroza lembrou ainda que a possível instalação do laboratório da empresa em território paulista também abre possibilidades de intercâmbio entre o IP e a inciativa privada. Troca de conhecimentos como os técnicos e pesquisadores da Secretaria acompanhando o cotidiano da empresa e, futuramente, o desenvolvimento de uma espécie geneticamente melhorada com a marca do Instituto de Pesca.

Para o secretário Arnaldo Jardim, o interesse da piscicultura norueguesa demonstra a importância de São Paulo na geração de conhecimento agropecuário, abrindo espaço para parcerias com o governo paulista por meio da Secretaria e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A inovação tecnológica pode, inclusive, baixar o preço do peixe para o consumidor final.

“A geração de tecnologia pode também garantir um alimento mais saudável para a nossa população, uma das principais diretrizes do governador Geraldo Alckmin para a Secretaria. Vamos dialogar. Nos interessa muito ter essa iniciativa no Estado de São Paulo”, disse.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocam São Paulo como líder na produção de tilápia no Sudeste. Em 2015, foi responsável por mais da metade do total: 24.854.040 dos 48.402.539 quilos produzidos. A perspectiva do setor é que neste ano o consumo aumente 12% no Brasil, que atualmente consome 12 quilos de peixe ao ano.

A reunião também foi acompanhada por José Luís Fontes, da Assessoria Técnica da Secretaria, que atualmente faz uma revisão do decreto para licenciamento ambiental para aquicultura. O objetivo é eliminar a informalidade na piscicultura paulista.


AgroInova apresenta o FishMobile: aplicativo móvel para piscicultores

Empresa revoluciona atendimento ao campo com aplicativo que levará benefícios também para pequenos e médios produtores

São Paulo (SP) - A AgroInova, uma empresa focada em soluções para o agronegócio, lançou no dia 11 de agosto o FishMobile, um aplicativo mobile voltado para a gestão de pequenas e médias pisciculturas. O lançamento vem para ampliar sua oferta para o mercado piscicultor, hoje liderada pelo software de gestão InovaPeixe, e a capilaridade da empresa no segmento. A proposta é trazer controle e benefícios ao produtor na palma da mão.

“O FishMobile é o segundo grande avanço da AgroInova na vertical. O aplicativo carrega em seu DNA todo o aprendizado obtido com o desenvolvimento e maturidade do InovaPeixe, um software que já está muito bem consolidado e que serviu de base para a criação do novo produto. Hoje, seis das dez maiores pisciculturas são nossos clientes e, com o FishMobile, alcançaremos também os pequenos e médios produtores que querem abandonar as planilhas em Excel, ter uma visão integrada de seu negócio e melhorar seus resultados”, diz Dalton Sales, diretor da AgroInova.

Entre as principais funcionalidades, o aplicativo entrega aos piscicultores previsibilidade sobre a quantidade de biomassa para vendas futuras, acompanhamento do custo de produção, da curva de crescimento e do manejo em tempo real, classificação de lotes com rastreabilidade, aumento da eficiência produtiva, economia com insumos e acesso a relatórios gerenciais e dados relativos à produção.

“Tudo o que o piscicultor precisa saber estará disponível de forma prática e intuitiva na palma da mão. Trabalhamos com grande foco na usabilidade para proporcionar uma ótima experiência. Ele poderá acessar as principais informações do seu negócio, do povoamento à despesca, de qualquer lugar do mundo e por meio de qualquer dispositivo Android, tablet, celular ou desktop. A mobilidade é uma tendência incontestável e tem um potencial transformador, especialmente quando aplicada ao campo, pois permite que os lançamentos e consultas sejam feitos instantaneamente”, afirma Sales.

O FishMobile já está disponível para download na Play Store do Google. Diferente de um software de gestão tradicional, o aplicativo não requer implementação ou consultoria. Basta realizar um primeiro cadastro, inserir os dados da piscicultura e começar a usar. A AgroInova disponibilizou por tempo limitado um teste gratuito válido por 30 dias. A assinatura do FishMobile custa a partir de R$ 149 mensais no plano anual, sem limite de usuários cadastrados.

Visite: www.agroinova.com.br


Assistência Técnica e Gerencial do SENAR/MS proporciona aumento na produção de peixes

Foto: Jefferson Christofoletti/ Embrapa Piscicultura.

Mato Grosso do Sul  (MS)Com uma produção anual de 5,6 mil toneladas de peixe, confirmada pelos dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no Plano Agrícola Municipal de 2013, Mato Grosso do Sul enfrenta o desafio de aumentar o rendimento composto principalmente por confinamento de espécies como Tilápia, Pintado e Pacu.

O SENAR/MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso do Sul) está preparado para preencher a lacuna de assistência técnica existente no setor e oferece desde 2014 o programa ATeG Piscicultura com objetivo de fomentar o aumento da produção, melhorar o processo de gestão do sistema produtivo e consequentemente fortalecer a cadeia de peixes produzidos em confinamento.

Um dos municípios que está se destacando no atendimento de ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) é Laguna Carapã, distante 283 quilômetros da capital sul-mato-grossense e que iniciou no mês de junho, orientação técnica para 18 produtores da região. No total, o programa está presente em sete municípios do estado e presta atendimento para 44 famílias.

Raio-X da atividade – O técnico responsável por atender o grupo de Laguna é André Luiz Nunes que destaca o perfil dos produtores e qual foi o diagnóstico inicial obtido entre os assistidos. “O grupo que atendemos pode ser dividido em profissionais, com uma produção média de 25 toneladas de peixe por hectare em lâmina de água e os não profissionais, enquadrados na agricultura familiar e que utilizam a piscicultura como forma de complementar a renda familiar”, avalia o zootecnista.

Nunes observa que o funcionamento do ATeG Piscicultura apesar de recente, já identificou alguns problemas que diminuem o lucro da atividade em algumas famílias. “Diferente dos produtores que já estabeleceram uma produção intensiva e tecnificada existe uma parcela do grupo que ainda enfrenta dificuldade para desenvolver a atividade. No entanto, testemunhamos que estão animados para aprimorar os conhecimentos sobre manejo”, acrescenta.

Edemar de Souza é proprietário de uma área com 12 tanques escavados e há três anos se dedica a produção de peixe confinado. Ele conta que utiliza cinco reservatórios para engorda, dos quais obtém uma produção mensal de aproximadamente seis toneladas. “Acredito no crescimento da atividade, mas, nós produtores enfrentamos alguns gargalos como preço dos insumos e o valor pago pela indústria. No entanto, estamos satisfeitos com o atendimento do SENAR/MS e acredito que devemos estar sempre dispostos a aprender e atualizar nossos conhecimentos”, destaca.

Para o policial militar Antônio Vieira da Silva, dono de uma chácara no município, a assistência técnica está contribuindo para o aumento da produção, aproveitando o melhor do espaço existente no local. “O técnico me mostrou que ainda tenho muito que aprender sobre manejo e estou animado com as orientações recebidas. Atualmente tenho três tanques e crio espécies como Pacu, Pintado e Patinga (híbrido de Pacu e Pirapitinga da Amazônia) por sua precocidade e demanda no mercado”, argumenta.

O coordenador do programa ATeG Piscicultura, Pedro Bigaton salienta que os interessados em participar do programa podem procurar o sindicato rural de sua região, que evidencia a demanda e atua na mobilização das turmas. “Atualmente temos produtores em Campo Grande, Jaraguari, Dourados, Ponta Porã e Laguna Carapã totalizando 75 famílias. Nossa meta em 2016 é de quase dobrar os produtores a serem atendidos, visto que iniciamos o ano com 44 famílias e devemos encerrar o período com 80”, conclui.

Segundo o presidente do sindicato rural, João Firmino Neto, os produtores de peixe aprovaram a assistência e comenta que já existe uma lista de espera para aderir ao programa. “O trabalho aqui está bem encaminhado e os participantes estão gostando muito. Tanto que temos mais pessoas interessadas em fazer parte do ATeG Piscicultura, uma iniciativa que com certeza irá consolidar a produção de peixe em confinamento na região”, finaliza.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Brasil tem condições ideais para desenvolver a aquicultura

A aquicultura - produção de peixes, crustáceos, moluscos, algas e anfíbios em ambientes controlados - tem boas perspectivas de crescimento no Brasil


Minas Gerais (MG) - A afirmação foi feita pelo presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Akifumi Ono, que reuniu-se na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais) para discutir formas de movimentar o segmento.

Durante o encontro, que contou com a presença de representantes da Câmara Técnica Setorial da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária), do Conselho de Política Agrícola (CEPA), de dirigentes e pesquisadores da Embrapa e aquicultores, o presidente da FAEMG, Roberto Simões, destacou a importância do desenvolvimento da aquicultura no Brasil, especialmente em Minas, que representa importante mercado consumidor. “A presença de tantas pessoas, nesta reunião, confirma o interesse em desenvolver esta cadeia produtiva. Estamos à disposição para a criação de uma Comissão Técnica de Aquicultura”, anunciou Simões.

Eduardo disse que, nos últimos três anos, o setor cresceu cerca de 15%, ao ano, no país. Segundo ele, as boas condições naturais - de clima e terras - além da fartura de insumos e o aumento do consumo no mercado nacional, têm atraído multinacionais que, ora compram parte de empresas nacionais, ora abrem novas empresas. O principal desafio é o excesso de burocracia. “Para que novos empreendimentos comecem a funcionar, é exigida uma infinidade de documentos. Temos levado sugestões e críticas aos órgãos ambientais de cada estado”.

Menos burocracia

Durante a reunião, Eduardo falou sobre a plataforma de licenciamento ambiental online, adotada pelo Governo do Paraná. Segundo ele, o software, com lógica semelhante ao utilizado pela Receita Federal, para declaração do Imposto de Renda, é de fácil navegabilidade e reduz a conclusão dos processos em até 70%. “Ou seja, solução técnica existe, falta decisão política”, disse.

Para o coordenador da Câmara Técnica Setorial da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária), Leonardo Romano, a disponibilidade para a criação de uma Comissão Técnica da Aquicultura pela FAEMG, soou como “música”, pela força e representatividade da entidade. “A aquicultura é uma atividade recente que carece de troca de informações. Perceber o envolvimento da CNA, da Embrapa e da FAEMG foi bastante motivador”.

Sobre a sugestão de adoção da plataforma de licenciamento ambiental online, Romano disse que a ideia é boa, mas de nada adiantará se as exigências continuarem a ser exageradas. “Uma coisa precisa estar casada com a outra. A aquicultura tem um baixíssimo impacto ambiental. Os produtores são os principais interessados em manter a qualidade da água”. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reconhece que a aquicultura é uma atividade que se desenvolve rapidamente e pode contribuir para o combate à fome no mundo.

Outra boa notícia é que, durante o evento Aquaciência 2016 realizado em BH, na semana passada, representantes de universidades e pesquisadores reconheceram a importância de estarem conectados e de se aproximarem do setor empresarial. O presidente da Aquabio, Carlos Magno Campos da Rocha, chefe geral da EMBRAPA Pesca e Aquicultura, disse que a pesquisa não pode continuar dissociada dos anseios da sociedade e do setor produtivo. Ele reforçou que os investimentos em pesquisa na aquicultura sejam, de fato, destinados à aquicultura e não à áreas de pesquisa básica. “Esta reivindicação vem sendo feita pela CNA, há alguns anos e, finalmente, começou a ecoar pelos corredores das universidades e centros de pesquisa no país”.

Entenda a diferença:

Pesca: Baseia-se na retirada de recursos pesqueiros do ambiente natural.

Aquicultura: Baseia-se no cultivo de organismos aquáticos, em geral, espaços confinados e controlados. A prática possibilita produtos mais homogêneos do que a pesca, rastreabilidade em toda a cadeia e outras vantagens que contribuem para a segurança alimentar, gerando alimentos de qualidade, com planejamento e regularidade.

IV Congresso Brasileiro de Recursos Genéticos: prazo para envio de trabalhos foi prorrogado para o dia 26 de agosto de 2016


O prazo para envio e submissão de trabalhos para o IV Congresso Brasileiro de Recursos Genéticos (IV CBRG) foi prorrogado para o dia 26 de agosto de 2016. Promovido bienalmente pela Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos (SBRG), o evento que acontece este ano entre os dias 8 e 11 de novembro, em Curitiba, PR, é o principal fórum de discussão do avanço do conhecimento científico e de novas tecnologias para a conservação e uso de recursos genéticos. Vale lembrar que para apresentar trabalho no Congresso, é necessário estar inscrito.  A inscrição dá direito também à participação nos minicursos e na Feira Nacional de Guardiões da Agrobiodiversidade, que acontece paralelamente ao evento. Informações sobre inscrições e as normas para envio de trabalhos estão disponíveis no site: www.cbrg2016.com.br.

O IV CBRG conta com a parceria do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e tem como tema central "Recursos genéticos no Brasil: a base para o desenvolvimento sustentável". O objetivo é reunir pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, técnicos, extensionistas, agricultores, empresários, entre outros segmentos da sociedade, para discutir a conservação e o uso sustentável de recursos genéticos de plantas, animais e microrganismos.

A realização da Feira Nacional de Guardiões da Agrobiodiversidade paralelamente ao Congresso é uma iniciativa inédita desta quarta edição. Dentre as várias formas de conservação da agrobiodiversidade, destaque deve ser dado à conservação feita pelos agricultores, denominados guardiões porque conservam recursos genéticos por iniciativa própria. "O trabalho desenvolvido pelos guardiões da agrobiodiversidade representa uma imensurável prestação de serviço à sociedade, com benefícios para as atuais e futuras gerações", destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcos Gimenes.

Por isso, a comissão organizadora do IV CBRG, reconhecendo a importância deste trabalho, incluiu pela primeira vez a Feira na programação do Congresso. O objetivo é valorizar e divulgar os trabalhos de conservação realizados pelos agricultores guardiões para a sociedade brasileira.

Além da Feira, acontece também paralelamente ao evento, o III Workshop de Curadores do Brasil.


Para mais informações, clique aqui


Fernanda Diniz (MTB 4685/89) 
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia 
Telefone: 61 3448-4768

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)


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Peixes "surgem" como resposta à fome em meio à aridez da África

Várias espécies se adaptaram ao ambiente e passaram a ser alternativas em localidades da região subsaariana

Pescador no Niger, país da África Subsaariana (Divulgação/FAO).
Raramente a água flui nas terras áridas da África Subsaariana e, mesmo assim, seus habitantes podem recorrer à pesca para matar a fome, embora muitos nunca tenham visto um peixe ou não saibam como pescar.

Sem ser uma região úmida nem desértica, há uma parte do subcontinente africano na qual vivem 390 milhões de pessoas e que é marcada pela aridez, com chuvas imprevisíveis e acúmulos de água que aparecem e desaparecem com o tempo.

Nos últimos anos, oscilou em até 20 metros o nível do lago Turkana, no norte do Quênia, enquanto o lago Chade se reduziu em 80% em quatro décadas.

Inúmeros pequenos peixes se adaptaram a esses ambientes em transformação e se tornaram um potencial recurso para as pessoas que dificilmente têm algo para comer nessas regiões.

Para estimular a produção dos peixes, a subdiretora de Pesca do governo queniano, Susan Imende, explicou recentemente em conferência em Roma que foram iniciados programas para secar esses animais ao sol e conservá-los apesar das altas temperaturas.

Outras medidas passam por desenvolver a aquicultura sustentável nas regiões áridas ou proibir de forma temporária a pesca no lago Naivasha a fim de recuperar suas reservas, já que antes o lugar ficava seco a cada dez anos e agora isso ocorre em um intervalo de quatro anos.

Os efeitos da mudança climática se somam à instabilidade política, segundo Imende, que lamentou não poder impulsionar o setor pesqueiro com o comércio regional quando países próximos como Burundi, Sudão do Sul e República Democrática do Congo estão imersos no conflito.

Em algumas ocasiões a pesca dessas pequenas espécies altamente nutritivas, que recebem denominações locais como "kapenta", "chisense", "dagaa" ou "kapesa", deve competir com a pecuária e a agricultura. Outras vezes são os próprios aldeões que disputam os recursos com os refugiados provenientes de regiões em guerra.

Por isso se recomenda tramitar de forma integrada o acesso aos recursos para os diversos usuários, explicou o especialista da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Felix Marttin, que também incentivou o desenvolvimento do comércio desses peixes e a introdução deles na dieta com programas como o que Uganda destina à alimentação escolar.

Segundo o especialista da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Andrew Read, é imprescindível falar com as autoridades e os beneficiados antes de iniciar qualquer projeto.

Na Somália, onde as profundas águas do oceano Índico cercam as terras semiáridas vítimas da seca, Read detalhou que a agência tenta fomentar o consumo de peixes, o mais baixo da África.

"Algumas comunidades nunca tinham visto um peixe", comentou o especialista, citando como exemplo o caso dos deslocados que fugiam do interior ou dos somalis que, mesmo vivendo no litoral, se dedicavam ao pastoreio.

Read explicou que, por meio de um projeto de cooperação, a agência ajuda à população em todos esses períodos, o que inclui a construção de embarcações que cumpram os padrões internacionais e substituam a precária frota existente.

A iniciativa busca equipar e formar melhor pescadores até então incapazes de encontrar os grandes cardumes ao redor e que na época da monção dificilmente podem trabalhar, mais um fator para que a fome aperte.

As comunidades isoladas dos rios, que mal têm o que comer, agora aprenderam a secar o peixe para consumi-lo quando a oferta local diminui.

O vice-ministro de Pesca somali, Said Jama Mohammed, reconheceu que a região sofre um aumento da insegurança alimentar neste ano como consequência da seca e necessita de apoio do exterior para criar emprego nas comunidades litorâneas sem recursos.

Combater a pesca ilegal dos navios estrangeiros, ensinar o povo a preparar o peixe e reduzir as perdas de alimentos são outras das prioridades, ressaltou Mohammed.