quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Estudantes da UEA de Itacoatiara desenvolvem sorvete à base de pirarucu

Projeto foi desenvolvido por alunos do curso de Tecnologia em Produção Pesqueira e surpreendeu em congresso

Apesar de ser produzido à base de pescado, o produto tem a consistência de um sorvete comum e um sabor agridoce (Foto: Divulgação).
Frito, empanado, cozido, desfiado ou misturado com legumes, banana frita e farinha. São inúmeros os pratos que podem ser feitos com um dos maiores peixes de água do doce do Brasil, o pirarucu. Mas já imaginou tomar sorvete de pirarucu? A iguaria foi pensada e produzida por alunos do curso de Tecnologia em Produção Pesqueira da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) de Itacoatiara (a 270 quilômetros de Manaus), a “Velha Serpa”, que pretendem  comercializar o produto.  

O pirarucu (Arapaima sp.), que é a principal espécie de pescado da Amazônia e tradicionalmente comercializado em mantas na forma salgada e seca, foi estudado pelos alunos do curso  durante  a disciplina de ‘tecnologia do processamento de pescado’.  Para isso, os universitários analisaram os valores nutricionais do sorvete  feito com pirarucu.  

O principal objetivo é tornar o sorvete um produto diferenciado no mercado, podendo atingir diferentes faixas etárias e estimular o consumo de produtos à base de pescados, conforme explica o professor Marcondes Gonzaga Júnior, doutor em aquicultura e coordenador do projeto. 

“Tivemos alguns seminários, algumas aulas práticas e, dentro delas, pensamos num projeto pra desenvolver produtos que pudessem ser inseridos no mercado institucional, principalmente na merenda escolar, e surgiu a ideia de fazer produtos inovadores que atraíssem principalmente as crianças a consumir pescado. O sorvete é um produto que toda criança gosta, mas neste caso  com baixa concentração de açúcar e alto valor proteico”, explicou. 

Todo o projeto foi elaborado pelos alunos Andrei Lemos Vieira, Evaldo George Maciel dos Santos, Peterson da Silva e Silva, Raimundo de Goes Neto Silvana dos Santos Dias e Vera Lúcia Barbosa da Silva, orientados pelo professor Marcondes e co-orientados por Marcos Amorim. 

Em fase de conclusão

O trabalho foi desenvolvido principalmente para viabilizar a introdução do produto no mercado. Porém, os alunos ainda estão em fase de conclusão e fazendo um estudo de viabilidade econômica. “Estamos em contato com uma empresa para analisar os meios de colocar o produto no mercado”, completou o professor. O produto final, segundo os pesquisadores, tem um sabor agridoce.  

O sorvete

O sorvete é  obtido a partir de uma emulsão estabilizada e pasteurizada, que através de um processo de congelamento sob contínua agitação (batimento) e incorporação de ar, produz uma substância cremosa, suave e agradável ao paladar. A legislação brasileira determina que o sorvete contenha, no mínimo, 2,5% de gordura e 2,5% de proteína, sendo estes de origem láctea ou parcialmente substituídos por produtos não lácteos.

Novidade foi sucesso em MG

O produto produzido pelos alunos de Itacoatuara foi apresentado no Congresso de Aquaciência 2016, um dos mais importantes na área de aquicultura, realizado no início deste mês, no Minascentro, em Belo Horizonte, e teve destaque entre os participantes.  O professor Marcondes Filho contou que o sorvete chamou atenção de alunos, professores e até de editores de revistas científicas. “A princípio ficamos receosos por não ser um trabalho de cunho científico, mas sim produto tecnológico. Resolvemos apresentar no maior congresso de aquicultura de ciências e por incrível que pareça teve muita procura, muitas pessoas acharam curioso o produto, nos buscaram pra tentar provar o produto, foi um dos trabalhos mais bem visitados”, relata.

Com tanta procura, eles revelaram a receita do produto. Para a elaboração de 1 litro de sorvete de pirarucu, os alunos utilizaram 4g de emulsificante, 0,6 g de liga neutra, 100 g de açúcar, 40 g de leite em pó, 1 litro de água e 150 g de pirarucu dessalgado pré-cozido. 

O sorvete ainda não está disponível no mercado, mas os pesquisadores estão trabalhando para que a iguaria seja ofertada ao público.


Nenhum comentário:

Postar um comentário