quinta-feira, 31 de março de 2016

Evento de 10 anos da Lei de Gestão de Florestas Públicas



Em 2016 a Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/2006) completa 10 anos. Trata-se de uma oportunidade importante, tanto para celebrarmos os avanços proporcionados por este marco legal, quanto para promovermos reflexões sobre os desafios de sua aplicação, em especial em relação à expansão e à consolidação das concessões florestais no país. Nesse sentido, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora, o Ideflor-Bio, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB, o ICMBio, o IEF-Amapá e a SEMA- Acre, com apoio da Fundação Moore, do IEB e da Coalizão Pró-UCs juntaram esforços para a realização desse evento.

DIA: 19 de abril de 2016.

HORA: 14h00 às 19h00

PÚBLICO ALVO: Membros de órgãos federais, estaduais e municipais de meio ambiente com responsabilidade na implementação da Lei de Gestão de Florestas Públicas, Ministério Público, concessionários, associações produtivas, empresários e profissionais do setor florestal, representantes de comunidades locais, organizações não governamentais e outras partes interessadas.

VAGAS DISPONÍVEIS: Vagas limitadas. Confirmar participação por e-mail até o dia 04/04.

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO: http://www.imaflora.org/eventos.php

MAIS INFORMAÇÕES:
Telefone: (19) 3429-0829
E-mail: gabriela@imaflora.org 

PROGRAMAÇÃO:

13h30 – Recepção

14h00 – Abertura
– Representante do Imaflora
– Boas vindas, objetivos e formato do evento
– Apresentação de informações e de dados gerais sobre as concessões no Brasil

14h30 – Conversa Moderada “A trajetória das concessões florestais no Brasil”
– Thiago Valente – Presidente do Ideflor-Bio
– Raimundo Deusdará Filho – Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro
– Cláudio Maretti – Presidente do ICMBio
– Marcos da Silva Tenório – Diretor-presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF) do Amapá
– Carlos Edgard de Deus – Secretário de Meio Ambiente do Acre
– Representante da Confloresta
– Representante do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
– Adalberto Verissimo – Pesquisador Senior do Imazon
– Tasso Azevedo – Moderador

16h00 – Divisão em seções de trabalho

17h30 – Apresentação dos resultados de cada seção

18h00 – Encaminhamentos

18h30 – Confraternização

O Congresso de Aquicultura em Belém foi um sucesso


Olá empreendedores, estudantes e profissionais da Engenharia de Pesca, segue um breve resumo sobre os três dias (28 a 30 de março) dos eventos em que participei na UFRA (Belém, PA), o I CONGRESSO AMAZÔNICO DE AQUICULTURA – CONAMAQ e a I FEIRA AMAZÔNICA DE PRODUTOS PARA AQUICULTURA - EXPO AQUAM. Durante os três dias do evento, tivemos acesso a diversos temas dentro da pesca e aquicultura, onde os palestrantes trouxeram informações atualizadas e destacaram as problemáticas observadas na atividade aquícola. 

Digo aqui que o objetivo do evento foi alcançado, o congresso tinha como tema "Desafios para o Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura Amazônica" onde contaram com subtemas para apresentação e discussão. 

No primeiro dia do Congresso (28/03) teve inicio com a mesa de abertura, que contou com a presença de autoridades. Nesse primeiro dia o congresso foi voltado aos minicursos, ocorrendo simultaneamente quatro minicursos: 1) Cultivo em Tanques Circulares e Aquaponia; 2) Cultivo de Camarão Marinho em Água Doce / Produção de Alimentação Natural para Aquicultura com Ênfase em Branconetas; 3) Doenças Parasitárias de Peixes Cultivados e 4) Produção de Bacon de Pirarucu.

Optei por fazer o minicurso de "Cultivo em Tanques Circulares e Aquaponia" ministrado pelo profissional Eng. de Pesca Luciano Falcão da Vera Cruz, por ser um assunto que me interessa e que pretendo por em prática. 

Nesse minicurso, o Luciano Falcão demostrou enorme experiencia e domínio do assunto, contando suas experiencias no estado de Rondônia, falou dos principais fatores para sucesso no cultivo de peixes em tanques circulares, e trouxe também algumas alternativas de tanques de menor custo para torna a atividade mais viável. Deu bastante enfase no controle dos parâmetros da água, sobretudo no nitrogênio, demostrou aos produtores e investidores quais os materiais necessários para a infraestrutura da atividade, como tanque de decantação, filtro mecânico e biológico, tanques, estruturas hidráulicas, etc. Foi um ótimo minicurso, informações atualizadas e com historias de experiencias que deram certo e que podem sem dúvida orienta a todos que estavam participando desse minicurso. 

Minicurso de tanques circulares e aquaponia pelo profissional Eng. de Pesca Luciano Falcão.
Simultaneamente aos minicursos, na parte externa do prédio central da UFRA, ocorria a I Feira Amazônica de Produtos Para a Aquicultura, juntamente com um espaço destinados aos estudantes e pesquisadores apresentarem através de pôsteres suas pesquisas.

Outeiro Pescados. Foto: André Oliveira.

Outras foto da Feira. Foto: Camila Pereira.
No segundo dia (29/03), ocorreram em três auditórios simultaneamente palestras e mesas redondas com temáticas definidas para cada auditório: 1) Políticas Públicas para a Aquicultura; 2) Aquicultura Familiar e 3) Pesquisas para Aquicultura. 

Participei da primeira palestra sobre "A Piscicultura na Perspectiva da Agricultura Familiar na Amazônia" na temática de Aquicultura Familiar, o palestrante foi o Tecnólogo em Aquicultura Hugo Luiz Cordovil de Freitas, atualmente Professor do IFPA/Tucuruí. Em sua apresentação abordou o questionamento "qual o papel da piscicultura familiar?", sendo uma palestra bastante interessante, trazendo reflexões sobre a piscicultura familiar e as politicas publicas de incentivo a essa atividade, que muitas das vezes são articuladas sem a presença do agricultor familiar, onde essas politicas que vem de cima (governo) para baixo (comunidade) pode acarretar em problemas futuro, como foi o caso observado em Tucuruí, com a instalação da atividade de piscicultura em tanque-rede no lago da Usina Hidroelétrica de Tucuruí (UHE-Tucuruí), no qual não houve êxito, pois não era uma atividade de interesse para algumas das famílias envolvidas. É um assunto bastante delicado, no qual o Prof. Hugo Freitas abordou com bastante clareza. 

apresentação do Tecnólogo em Aquicultura Hugo Luiz Cordovil de Freitas (Prof. do IFPA/Tucuruí).
Após essa ótima apresentação, fui para a mesa redonda "O Panorama da Aquicultura nos Estados da Amazônia Legal" na temática de Políticas Públicas para a Aquicultura, só pelo tema dá para imagina o quanto foi rica a discussão, cada palestrante apresentou um pouco de sua região, com dados bastante atualizados de piscicultura em atividade, politicas publicas, produção, etc. a Primeira apresentação da mesa redonda ficou a cargo do Eng. de Pesca Victor Tiago Catuxo (EMATER/PA), sua apresentação foi extremamente interessante, ele falou sobre a situação da piscicultura no Sul do Pará, fez um histórico detalhado de como iniciou a atividade aquícola na região, e o quanto isso foi e ainda é difícil, mas que com muita persistência, a atividade está sendo desenvolvida na região, e que atualmente conta com uma associação de piscicultores. 

Eng. de Pesca Victor Tiago Catuxo, EMATER-PA.
Continuando a mesa redonda sobre o Panorama da Aquicultura nos estados da Amazônia, o Profissional Manoel Xavier Pedroza Filho da EMBRAPA-TO fez uma grande apresentação sobre as atividades e pesquisas desenvolvidas na região, sabemos que em Tocantins está o polo de Pesca e Aquicultura da Embrapa.

Manoel Xavier Pedroza Filho - EMBRAPA-TO.
O Fernando Bergmann da Superintendência de Desenvolvimento da Aquicultura do Estado do Maranhão ficou responsável por fala das ações da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima) voltadas para o desenvolvimento da atividade aquícola. 

Fernando Bergmann da Superintendência de Desenvolvimento da Aquicultura.
Pela parte da tarde, ocorreu várias palestras bem interessantes, destaco aqui duas que adorei ter participado, a do Prof. Pedro Noberto Oliveira que palestrou sobre a "Engenharia de Estruturas Aquáticas: Históricas e Possíveis Mudanças", ele literalmente deu uma aula de engenharia aquícola. Ressalto que sua participação no evento foi bastante relevante e que seu conhecimento é ouro para nós profissionais da Engenharia de Pesca. Ressalto minha felicidade em adquiri os livros do Pedro Noberto, são dois exemplares valiosos em informações e que usarei em minha trajetória acadêmica e profissional. 

Prof. Pedro Noberto Oliveira e Eng. de Pesca Victor Sousa (autor do blog).
Após essa aula do Prof Pedro Noberto, o Prof. Marcos Brabo (UFPA/Bragança) abordou o tema "Custo de Produção da Piscicultura no Estado do Pará", como era de ser espera, foi um verdadeiro show de informações. Aproveito para homenagear esse grande profissional, sendo um ótimo exemplo de Engenheiro de Pesca que termos em nosso estado, é um homem humilde e muito dedicado em seus trabalhos, principalmente em sala de aula, repassando ao seus alunos conhecimento de qualidade e informações atualizadas sobre o mercado profissional.

Prof. Marcos Brabo (UFPA/Bragança).
No ultimo dia do congresso (30/03), ocorreram simultaneamente em dois auditórios, palestras e mesas redondas, tendo como temática principal em cada local: 1) Sistemas de Cultivo - Tecnologias e 2) Licenciamento, sendo esse ultimo de grande interesse para mim. Nesse eixo a palestrante Palmira Gonçalves da SEMA-PA trouxe um tema muito importante e delicado "Legislação no Pará - Licenciamento de Atividades Aquícola no Pará". A palestra foi muito boa e esclarecedora, apresentando ao produtores e profissionais que estavam presentes como obter o licenciamento da propriedade e da atividade, e as modalidades de licenciamento existente. Destacou também as leis, decretos e a legislação pertinentes no Estado.

Palestra sobre licenciamento da atividade aquícola por Palmira Gonçalves da SEMA-PA.
Em seguida ocorreu a mesa redonda sobre "Criação de Espécies Exóticas", que para mim foi o ápice do evento, sendo esse um tema importante e extremamente delicado em nosso estado, pois tratando-se de espécie exótica vem logo a mente a tilápia.

A mesa iniciou com a palestra do profissional Jorge Nicolau Gonçalves falando da situação atual do litopenaeus vannamei no Brasil, apresentando o surgimento da atividade de carcinocultura no país e ao final enfatizou o sistema de bioflocos como alternativa sustentável para a atividade. Foi uma ótima palestra!

Jorge Nicolau Gonçalves.
Continuando a mesa redonda, a Palmira volta com o tema "Cultivo de Espécies Exóticas Sob a Ótica da Legislação Vigente no Pará", a palestra abordou questões importantes e acredito que tenha tirado várias duvidas sobre o cultivo de espécies de peixes não nativos. Complementando a palestra da Palmira, o profissional da EMATER-PA Henrique Sawaki abordou o tema "Cultivo de Tilápias no Pará - Uma Realidade", fez uma breve contextualização histórica da aquicultura no Brasil e no Pará, destacando o surgimento da tilápia. Também trouxe várias reflexões aos participantes. E por fim, o Antônio Melo do IBAMA fala sobre a Portaria n° 145/98, de 29 de outubro de 1998.

Henrique Sawaki - EMATER-PA.

Antônio Melo do IBAMA.
Após as apresentações, houve várias perguntas e questionamentos, todas referentes ao cultivo de tilápia no Pará. Na foto abaixo o profissional Kenji Oiakawa (EMATER-PA) fez várias reflexões a cerca do cultivo da espécie. 

Kenji Oiakawa (EMATER-PA).

Profa. Rosália Furtado - UFRA.

Pela tarde o Prof. Geilson Tenório do IFPA/Belém abordou o tema "Conversão de Manguesais em Áreas de Cultivo de Camarão na Amazônia Brasileira: Análise da Produtividade de Viveiros".

Prof. Geilson Tenório do IFPA/Belém.
Ressalto que essas foram as apresentações que participei, o Congresso foi repleto palestras e mesas redondas acontecendo simultaneamente, o evento no geral foi bastante interessante, revigorante para quem é Engenheiro de Pesca e profissional das áreas correlatas, foram três dias de muita informação e discussão. 

Aproveito o espaço para parabenizar a Profa. Rosália Furtado e toda sua equipe pela organização dos eventos, e destaco aqui também minha tristeza pelas Faculdades de Engenharia de Pesca de Belém representada pela (UFRA) e de Bragança representada pela (UFPA), por não liberaram os estudantes de suas aulas para participarem de três dias de evento, acho isso um absurdo, ainda mais devido a carência de eventos voltados a nossa área aqui no Estado, e parabenizo a força de vontade que os alunos de Engenharia de Pesca de Tucuruí demostraram ao vim até Belém para participar do Congresso.

Finalização do Congresso. Foto: Jossandra Pinheiro.

Polos de aquicultura incrementam produção de pescado no Pará

Em Paragominas é aguardado o faturamento de mais de R$ 2,5 milhões na produção de peixe em cativeiro em 2015.

Viveiros de peixe em Paragominas. Foto: RODOLFO OLIVEIRA / AG. PARÁ.
Belém (PA) - A cozinheira Socorro Ferreira, 58 anos, aquece o óleo enquanto prepara suas famosas costelas de tambaqui. As peças fartas de carne branca e crocante, acompanhadas de quibes de pirarucu, são uma novidade em regiões como o sudeste paraense, onde a carne bovina predomina tradicionalmente. Quem prova, repete e pergunta logo “de onde vem esse peixe”? A resposta está nos polos de aquicultura que se espalham no Estado.

Só no município de Paragominas é aguardado o faturamento de mais de R$ 2,5 milhões na produção de peixe em cativeiro em 2015. Segundo estudo contratado pelo município, houve um crescimento de mais de 70% nos lucros do negócio desde 2013. “Sem dúvida Paragominas é um dos nossos polos de piscicultura mais promissores do Estado”, afirma o secretário Hildegardo Nunes, Sedap.

A atividade tem o apoio das gestões municipais e do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Para que este e outros polos de criação possam se desenvolver, fortalecendo as economias de suas regiões e criando opções sustentáveis para a criação e comercialização de peixes, a Sedap tem investido em capacitações para pescadores e aquicultores em todo o Estado. Em julho de 2015 a secretaria fez uma capacitação em Concórdia do Pará, nordeste do Estado, para produtores rurais que já atuam na piscicultura e àqueles que pretendem entrar na atividade. Assim como ocorre em outros municípios, a Sedap trabalha com técnicos das prefeituras para que eles possam se tornar propagadores deste conhecimento nas regiões vizinhas.

“Em Paragominas temos uma associação de piscicultores relativamente organizados, inclusive com recursos financeiros próprios. Hoje eles estão produzindo muito mais do que produziam no início, porque aliaram a vontade que eles tinham com os empreendimentos implantados com as técnicas demonstradas por nós. Fizemos isso em Tailândia, Goianésia do Pará e Novo Repartimento”, explica o diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura da Sedap, Ediano Sandes.

No caso da pesca tradicional, as capacitações são voltadas principalmente para a conservação e qualidade do pescado vendido, seja para o cliente direto ou para um atravessador. “Na verdade, o que a gente ensina aos pescadores são técnicas de conservação e manipulação do pescado a bordo para evitar o desperdício, higienização, agregação de valor ao pescado, tratamento de salga, como fazer a defumação e é exatamente aí que o trabalho da organização social para locais como o Marajó e a região de Bragança entra para agregar valor”, diz o diretor.

Além dos cursos, também em 2015, como parte do programa Pacto pela Produção e Emprego, foi publicado o Decreto n° 1.390, de 3 de setembro de 2015, estabelecendo uma série de benefícios fiscais para o setor de aquicultura no Pará. O Pará se tornou o primeiro Estado brasileiro a ter um capítulo específico para a atividade aquícola dentro do Regulamento de ICMS (RICMS-PA). Insumos, maquinários e até mesmo a ração terão o custo reduzido, impactando positivamente nos custos da produção do pescado.

Cadeia – Bem perto do centro de Paragominas, seguindo uma das várias vicinais da região, o empresário Amilton Caliman gerencia há quatro anos um dos empreendimentos de piscicultura do município. Em seus tanques, espécies como pintados, tambaquis, tambacus, tambatingas e pirarucus se desenvolvem chegando ao peso ideal em poucos meses. “Paragominas é um município que vem se destacando em tudo. O boi, a madeira, o grão e agora a piscicultura, que é um dos futuros do Pará e do país. Este é um alimento barato, que produz rápido e com um custo mais baixo”, diz Amilton, que também é presidente da Associação Paragominense de Aquicultura (APA). Com dois anos de criação, a APA já tem 42 integrantes.

Os empreendimentos estão ficando cada vez mais organizados e focados na qualidade técnica para a produção de um pescado cada vez melhor. A média de produção é de um quilo e meio de peixe a cada metro quadrado nos tanques. Levando em consideração o tempo médio de 45 a 60 dias para o desenvolvimento dos alevinos em peixes prontos para o consumo, a piscicultura tem um grande potencial de produção de proteína animal em áreas menores diminuindo o impacto ambiental em relação a outros tipos de culturas, além de possibilitar a recuperação da fauna natural dos rios da região.

Em uma das áreas da propriedade, à beira do tanque, um trator arremessa a ração por toda a borda da área para alimentar os peixes da espécie “pintado” de maneira igual. O método ajuda os animais a atingir peso semelhante, evitando desproporções no tanque. Os peixes de bigode longo e fino se amontoam de boca aberta fora d’água mostrando a fartura de produção em um único tanque. Segundo o criador, um dos tanques pode render de 30 a 40 toneladas de pintado após sete meses de engorda.

Só no mercado local, Paragominas consome cerca de oito toneladas de peixe por semana. Em 2015 a produção chegou a 380 toneladas de pescado. Apesar da grande demanda e da produção crescente, o município ainda não tem uma unidade de beneficiamento para a filetagem e exportação do pescado, que precisa ser vendido e transportado por empresas atravessadoras até as indústrias.

Mercados - Até pouco tempo, a preferência local era o sabor dos peixes de água salgada, além dos tradicionais pescada amarela, dourada e filhote. Agora, aos poucos, a população vai conhecendo o sabor e as possibilidades dos peixes cultivados na região. Socorro Ferreira tem uma casa de caldos em Paragominas. Este ano ela resolveu participar de um curso oferecido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a APA para preparar pratos que usem principalmente o tambaqui e o pirarucu. As receitas foram ficando cada vez mais conhecidas e o empreendimento cresceu. Para completar, o cunhado, Walney Rocha, é um pequeno aquicultor que fornece os peixes que se transformam nas disputadas receitas, como as costelas de tambaqui e os quibes de pirarucu.

“O curso abriu muitas possibilidades e agora o restaurante está crescendo ainda mais. Acho que a piscicultura está ajudando muito a nossa região, e a gente percebe que em alguns lugares as pessoas estão substituindo a criação de boi por peixe, que é algo mais barato. Com um terreno pequeno você consegue começar uma criação, e o que faltava é o que está acontecendo agora: o incentivo do governo, prefeitura e da APA ao pequeno produtor para começar a fazer os seus tanques”, diz Socorro.

Para a gestão municipal, a aquicultura é um negócio recente, que, no entanto, já está gerando resultados significativos e faz parte dos projetos de crescimento não apenas na produção, mas também em toda a cadeia do pescado. “Este é um mercado que está se desenvolvendo agora, mas com um grande potencial, por isso a gestão municipal e o Governo do Estado investem para que estes produtores tenham a estrutura e o conhecimento necessário para não apenas produzir o pescado, mas para que possamos também beneficiar este peixe aqui”, explica o prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins.

A gestão municipal e as demais associações ligadas à produção rural já colaboraram para a implantação das duas primeiras indústrias de ração para piscicultura, que usa os próprios grãos da região. “Em breve trabalharemos juntos a APA e demais grupos para implantação da primeira indústria de beneficiamento deste pescado, criando toda uma cadeia de produção dentro do próprio município”, diz o prefeito.

Beneficiamento - Ao sair do tanque o peixe precisa ser conservado e armazenado corretamente nas devidas condições exigidas pelo Ministério da Agricultura, que no Pará são fiscalizadas pela Agência de Defesa Agropecuária (Adepara). Um exemplo de indústria de beneficiamento pode ser encontrado no distrito de Outeiro, em Belém. Com dois anos de atividade, a Outeiro Pescados é uma empresa de beneficiamento de várias espécies, alguns muito populares, como o tambaqui e outros que precisam de um processo especializado, como é o caso do pirarucu.

Dentro da indústria, funcionários uniformizados e ambientes completamente higienizados. Todo o pescado é tratado, evitando qualquer contaminação, variações de temperatura desnecessárias ou outra ação que interfira na qualidade da carne beneficiada. A seleção do peixe começa na hora da compra com o fornecedor e termina na análise da última bandeja que será armazenada em locais refrigerados ou encaminhados para os caminhões frigoríficos da própria indústria.

“Temos um médico veterinário fiscal da Adepará e outro que é funcionário da indústria. Ele é o responsável técnico do controle de qualidade. A gente preza pela segurança alimentar, pois é essencial ter uma empresa registrada para colocar todo o controle, desde a recepção do pescado até o processamento, o descarte, armazenagem e expedição. Não é fácil manter uma empresa, mesmo pequena, totalmente legalizada, mas compensa pela qualidade do produto que oferecemos quando comparada a outros produtos que estão na informalidade”, diz o dono da indústria, Francisco Bastos.

“Quando um produto como esse sai rotulado, identificado e certificado pela Adepará, tem-se um produto de qualidade para o consumidor. Significa que houve uma análise deste produto desde a seleção do pescado até a venda, com garantia sanitária, preservando a população de qualquer alteração ou problema de saúde, como infecções alimentares e infecções intestinais”, explica o diretor de Inspeção e Defesa Animal da Adepará, Jefferson Oliveira.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Codevasf aponta reaparecimento do Curimatã Pioa no baixo São Francisco

O peixe é endêmico da bacia hidrográfica do rio São Francisco, onde é popularmente conhecido como bambá piau.
O pescador José Lessa pesca desde
os dez anos com o pai. Hoje com
72 anos, ele sente a falta da
bambá piau (curimatã pioa).
O projeto de monitoramento de peixes (ictiológico), realizado desde 2009 no Baixo São Francisco pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), revelou o retorno da espécie curimatã pioa (Foto 2) à região. O peixe é endêmico da bacia hidrográfica do rio São Francisco, onde é popularmente conhecido como bambá piau.

De acordo com relatos de pescadores, comprovados pelo monitoramento, a espécie estava praticamente desaparecida na área. Agora os técnicos da Codevasf vão aprofundar os estudos para identificar se o retorno da espécie está relacionado aos peixamentos realizados pela Companhia, que desde 2014 produz a espécie em centros especializados e a insere no São Francisco por meio de peixamentos.

A captura da espécie foi uma surpresa para a equipe do projeto, formada por técnicos da Codevasf com formação multidisciplinar que atuam no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), centro tecnológico e científico da Codevasf localizado em Porto Real do Colégio (AL).

Segundo pescadores da região, a espécie prefere locais mais profundos, com pedras e correnteza. Diante disso, os técnicos do Ceraqua São Francisco trabalham com a hipótese de reaparecimento da curimatã pioa e de aumento da população como resultado dos peixamentos da Codevasf, já que o trecho em que o peixe foi capturado não é o mais comum para essa espécie.

“Em 2015, conseguimos capturar no trabalho de monitoramento duas espécies nativas que antes não apareciam: a matrinxã e a bambá piau. O monitoramento teve início em 2009, e desde então essas espécies não eram encontradas”, explica o engenheiro químico Marcos Vinícius Teles Gomes, Doutor em Biotecnologia e coordenador do projeto de Monitoramento Ictiológico realizado pela Codevasf.

No trabalho de captura, são utilizadas redes com malhas que variam de três a 16 centímetros entre os nós, mantidas em trechos do rio São Francisco por aproximadamente 14 horas. "Geralmente, colocamos essas redes em locais de remanso, com águas mais calmas, para que não sejam arrastadas rio abaixo."

De acordo com Gomes, a partir de estudos de biologia pesqueira, serão investigadas a estrutura das populações existentes e introduzidas, a captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa de peixes, estágios de maturação, biometria e relações tróficas.

“Em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), realizamos estudos de biologia molecular, com o intuito de determinar se um indivíduo capturado no rio é resultado dos peixamentos realizados pela Codevasf. Coletamos amostras da calda dos reprodutores utilizados no Ceraqua para comparar com o material genético das espécies capturadas no rio São Francisco e determinar o grau de parentesco”, diz o engenheiro químico.

O pescador José Lessa pesca desde os dez anos com o pai. Hoje, com 72 anos, ele sente a falta da bambá piau (curimatã pioa). “Tudo eu conheço do rio. Sei pescar. Sei nadar. Tudo eu faço. Então, para mim, a bamba piau estava extinta, pois não era encontrada”, afirma em uma banca de peixe em Porto Real do Colégio, cidade localizada às margens do São Francisco.

Para o presidente da Colônia de Pescadores Z-35, Lealdo Vilela, não é fácil diferenciar a xira, como é conhecida na região a espécie curimatã pacu, da curimatã pioa. Isso pode dificultar para o pescador o reconhecimento da espécie que está sendo capturada na pesca. “Por toda a vida, a minha profissão foi pescador. Já pesquei no mar. Já pesquei em águas doces. Para nossa experiência na pesca aqui no Baixo São Francisco, especialmente em Porto Real do Colégio, teríamos como reconhecer esse peixe se fosse criado em cativeiro. Ela pode até ser encontrada no rio, mas passa despercebido como se fosse a xira ou o bamba. Quando o pescador pega uma xira, fica com tanta alegria que não repara qual pescou. Prestando atenção, você verá que existe mesmo uma diferença”, afirma Vilela.

O Centro de Aquicultura de Itiúba realiza a reprodução artificial em laboratório de espécies de peixes nativas do rio. “A Codevasf vem realizando a recomposição da ictiofauna, reparando danos causados ao ambiente aquático no âmbito do Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco. Esse resultado aponta que o trabalho de peixamentos está dando um retorno positivo ao repor o estoque natural de espécies ameaçadas de extinção, entre essas a curimatã pioa”, afirma Álvaro Albuquerque, chefe do Centro. “Apesar de a quantidade de peixes que colocamos ser reduzida em comparação com a quantidade reproduzida naturalmente na piracema, vemos resultados importantes com a curimatã pioa de que há reparação aos danos sofridos pelo rio São Francisco”, acrescenta.

Outras espécies ameaçadas de extinção ou com estoque pesqueiro reduzido na região do Baixo São Francisco também são objeto de reprodução artificial e de ações de repovoamento, como a matrinxã e a curimatã pacu. Há ainda espécies como o surubim e o mandi que estão sendo estudados para domínio da tecnologia de propagação artificial em maior escala. O sucesso dos trabalhos de monitoramento ictiológico que são conduzidos pela Codevasf contam com a importante participação de outras instituições, como a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Curimatã pioa

O pescador José Lessa pesca desde os dez anos com o pai. Hoje com 72 anos, ele sente a falta da bambá piau (curimatã pioa). Foto: www.agoratemnoticia.com.br.

A curimatã pioa, cujo nome científico é Prochilodus costatus Valenciennes, é uma espécie de peixe endêmica da bacia do rio São Francisco, migradora e detritívora, ou seja, alimenta-se de restos orgânicos, que pode alcançar até 6 quilos de peso corporal. Durante o período de piracema, a espécie realiza grandes migrações com o estímulo natural à ovulação. A partir de barramentos no rio São Francisco, essa espécie praticamente desapareceu da região do Baixo São Francisco, sendo muitas vezes desconhecida pelos pescadores mais jovens e comunidade em geral.

Na avaliação do diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf, o Engenheiro de Pesca Eduardo Motta, a tecnologia de reprodução artificial, dominada pela Companhia desde a década de 1970, está sendo fundamental para reverter o quadro de reduzido estoque pesqueiro de espécies nativas do rio São Francisco.

“Para reverter esse quadro, as equipes técnicas dos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Companhia passaram a intensificar a tecnologia de reprodução artificial para produção de alevinos de espécies nativas, que são inseridas em grande escala na natureza por meio de peixamentos públicos realizados pela empresa com a participação da comunidade ribeirinha”, aponta Motta.

Embrapa e CNA vão a campo em projeto de aquicultura

Exemplares de tilápia. Foto: www.rondoniagora.com.
O Campo Futuro da Aquicultura, projeto desenvolvido em conjunto pela Embrapa e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), tem as primeiras viagens de 2016 neste final de março. O estado visitado, entre os dias 29 e 31 de março, será Minas Gerais e as cidades serão Felixlândia, Morada Nova de Minas e Guapé.

"Desta forma, as ações do projeto passam a abranger a região Sudeste, única macrorregião do país que ainda não estava contemplada e que possui polos representativos da aquicultura nacional, sobretudo de tilápia em tanque-rede. Também passa a ser agregada espécie importante da produção de maricultura, a ostra, ainda não estudada pelo projeto", explica Andrea Muñoz, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e coordenadora, pela empresa, do projeto.

Neste ano, devem acontecer nove painéis em que serão levantados custos de produção e serão caracterizadas as propriedades consideradas típicas em cada região. Serão trabalhados polos de produção, além de ostra, de tilápia tanto em viveiro escavado como em tanque-rede. Além de Minas, onde ocorrerão painéis de tilápia em tanque-rede, os estados de São Paulo e Santa Catarina serão visitados.

De acordo com Andrea, "o vale do Rio São Francisco, em Minas Gerais, é um dos principais polos produtores de tilápia em tanque-rede do Brasil. Em 2014, o entorno do Lago de Três Marias, na região Central do estado, produziu 6,7 mil toneladas do pescado e gerou uma receita de aproximadamente R$ 38 milhões". 

"Já Guapé está localizado na represa de Furnas, no Sudoeste do estado, e também apresenta importante produção piscícola. Abrangendo áreas entre Minas Gerais e São Paulo, Furnas é um dos maiores reservatórios brasileiros, com 1.440 quilômetros quadrados de área e 3.500 quilômetros de perímetro", continua. Pela Embrapa Pesca e Aquicultura, estarão na viagem Andrea e o também pesquisador Fabrício Rezende e, pela CNA, o economista Rafael Alberton.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Ministério de Pesca e Aquicultura realiza o 1º Seminário de Piscicultura

Piscicultura em Ariquemes (RO). Foto: g1.globo.com.

O Ministério de Pesca e Aquicultura, através da Superintendência Federal da Pesca e Agricultura de Rondônia, com o apoio da Prefeitura de Ariquemes, realizou na manhã de quarta-feira (23) o I Seminário de Licenciamento para Piscicultura, no auditório do Ifro urbano, seminário este pioneiro, por se tratar do Município e região do Vale do Jamari, ter registros de grande atividade pesqueira e agrícola, dado o desempenho impressionante da atividade nos últimos anos.

Objetivando divulgar e esclarecer os procedimentos estabelecidos pelos órgãos federais e estaduais para obtenção de registros e licenças de aquicultura, e voltado para piscicultores, técnicos e demais profissionais comprometidos com o desenvolvimento sustentável da atividade de piscicultura na região do Vale do Jamari. "Realizamos essa reunião técnica com representantes do setor da região para discutirmos o licenciamento ambiental e a licença de agricultor para os piscicultores. Projeto piloto, uma iniciativa da Superintendência Federal da Pesca e Agricultura, e total apoio da Prefeitura Municipal de Ariquemes", expôs Ilce Santos Oliveira, Superintendente Federal da SFPA/RO.

Compete ao MPA / MAPA a organização e manutenção do Registro Geral Atividade Pesqueira - RGP, instrumento do Governo Federal que visa contribuir para a gestão e desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira e aquícola, em atendimento ao disposto na Lei nº11.959, de 26 de junho de 2009, Aquicultura, é a pessoa física ou jurídica registrada e licenciada pelas autoridades competentes para exercer a aquicultura para fins comerciais.

A Prefeitura de Ariquemes, através da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio (Semaic), visando à preservação das espécies, a oferta de peixes no mercado e a geração de renda das famílias que dependem da pesca para viverem, vem incentivando a produção de peixes em tanques escavados, sendo essa uma das alternativas encontradas pelos agricultores de Ariquemes para fugir da monocultura. "Este foi um seminário importantíssimo para o interior haja visto que somos um dos maiores produtores de pescado em cativeiro da região norte do país. Ariquemes desponta dos outros municípios, e por isso hoje, os produtores e técnicos receberam a orientação devida para documentar os piscicultores", colocou o chefe de Executivo.

Momento de despesca do Tambaqui. Foto: www.newsrondonia.com.br.
A região de Ariquemes conta com um número expressivo de pescado em cativeiro, contudo, o principal problema enfrentado pelos piscicultores familiares daqui baseia-se principalmente na falta de condições para aquisição de máquinas próprias ou até mesmo a locação para construção de tanques escavados e açudes. Diante desta realidade, são disponibilizadas, de acordo com o Programa Municipal de Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca Familiar, até 50 (cinquenta) horas/máquina de escavadeira hidráulica, bem como seu operador, ficando os encargos referentes ao óleo diesel, a cargo dos produtores beneficiados.

Tanques de aquicultura são localizados em área de preservação ambiental


Um homem de 49 anos foi preso, no último domingo (20), por construir pequenos tanques para cultivo de peixes em área de APP (Área de Preservação Permanente). As estruturas irregulares foram localizadas, após denúncias, pela Polícia Militar de Meio Ambiente, em uma propriedade rural situada às margens da BR-497.

Segundo informações da polícia, no local havia 14 tanques escavados próximos a uma nascente do Córrego Liso. Um dos tanques estava concretado e outro em processo de impermeabilização. Também foram localizados tanques cheios de água e com alevinos.

O homem responsável pelo local foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil, onde seria ouvido. Ele também recebeu autuação administrativa no valor de R$ 3.987,24.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Canadá: aquicultura como ferramenta de revitalização social


Canada (CA) - Entre as espécies de peixes criadas em cativeiro no Canadá, o salmão é - de longe - o mais importante. A produção representa mais de 80% do volume (e valor) total produzido pela indústria de aquicultura canadense. A província de Colúmbia Britânica, na costa oeste do país, é responsável por cerca de 58% da produção, seguida por Nova Brunswick (24%), Terra Nova (13%) e Nova Escócia (5%). A maioria dos produtores atua com o salmão do Atlântico, embora espécies originárias do Pacífico também sejam criadas na Colúmbia Britânica.

A aquicultura de salmão canadense é responsável por mais de 10 mil postos de trabalho, a maioria estabelecida em comunidades rurais, costeiras e aborígenes. A indústria, inclusive, acabou se tornando uma ferramenta de revitalização social e econômica em muitas dessas comunidades, gerando significativas oportunidades.

Um dos destaques da criação de salmão na região é a possibilidade de criar parcerias entre o setor e nativos. Lideranças aborígenes da Colúmbia britânica assumiram importantes papéis no desenvolvimento da aquicultura nos territórios tradicionais. Essa participação de nativos também vem ocorrendo nas províncias de Nova Escócia e Terra Nova.

Os aquicultores canadenses seguem diversas normas de regulação federais, provinciais e locais. Além disso, todas as companhias que criam salmão no país possuem certificações independentes, inclusive de aquicultura orgânica. Confiáveis, tais certificações funcionam como "selos de aprovação", demonstrando que os produtores seguem padrões sociais e normas de segurança alimentar e ambiental.

Orgulhosos do papel que desempenham no abastecimento da demanda mundial por proteínas saudáveis e nutritivas, os aquicultores do país focam no crescimento sustentável e seguem comprometidos em trabalhar juntamente com o governo e a cadeia, tanto no mercado interno quanto externo, visando avançar no setor de peixes e frutos do mar criados em cativeiro a fim de atingir uma economia competitiva fluída.

Fonte: www.jornalentreposto.com.br.

Manual identifica espécies de peixes para ajudar no combate à fraude

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou em Brasília, nesta terça-feira (22), um manual de inspeção para identificação de espécies de peixes. A publicação vai contribuir com a fiscalização agropecuária e o controle de qualidade de pescados pelo setor privado.
O manual identifica quase cem espécies nacionais e importadas de peixes embalados, principalmente na forma de filés. São produtos que podem ser facilmente fraudados e enganar o consumidor. É o caso do linguado, um peixe caro, que pode ser substituído pelo alabote ou panga. Enquanto o quilo do filé de panga custa R$ 15, o de linguado é vendido, no mínimo, pelo dobro.
Capa do Manual de Inspeção.
O autor do manual é o fiscal federal agropecuário Rodrigo Mabilia, que trabalha na fiscalização de pescados em Santa Catarina, no Vale do Itajaí – maior polo pesqueiro do Brasil. A publicação identifica as características físicas do pescado, através de fotos e ilustrações. "A musculatura é um dos aspectos que mais diferencia as espécies", diz Rodrigo.
Além de ajudar o trabalho dos fiscais federais agropecuários, o manual também pode ser usado por pesquisadores e empresas de pescados que queiram aperfeiçoar o controle de qualidade. "Muitos peixes são tão parecidos que não há como o consumidor perceber a diferença. Daí a importância do trabalho da fiscalização", lembra o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Rangel.
Para a identificação de fraudes em pescados, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, José Luis Ravagnani, lembra que o Ministério da Agricultura conta com a análise de DNA, feita pela Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Goiânia. A unidade da rede Lanagro comprova ou não as fraudes em amostras coletadas no comércio pelos fiscais federais agropecuários em todo o país.
Veja aqui a publicação.
Download alternativo do Manual: AQUI.
Outros títulos você encontra em nossa biblioteca virtual: AQUI.

terça-feira, 22 de março de 2016

Dia Mundial da Água: 78% dos empregos no mundo dependem de recursos hídricos

Captação de água doce tem aumentado mundialmente em cerca de 1% ao ano desde 1980 (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo).

A falta de fornecimento de água seguro, adequado e confiável para os setores altamente dependentes de recursos hídricos resulta na perda ou no desaparecimento de empregos e pode limitar o crescimento econômico mundial nos próximos anos, “a menos que exista infraestrutura suficiente para gerenciar e armazenar a água”. O alerta é feito nesta terça-feira (22/3), Dia Mundial da Água, pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A edição de 2016 do Relatório Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos é produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em nome da ONU Água. Com o tema a água e o emprego, ele mostra que 78% dos empregos que constituem a força de trabalho mundial são dependentes dos recursos hídricos. “Nós temos algo em torno de 1,5 bilhão de pessoas no mundo que ainda têm problemas de acesso à água, seja em quantidade ou em qualidade. Isso afeta o emprego delas também”, disse o coordenador do setor de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão.

A Unesco estima que mais de 1,4 bilhão de empregos, ou 42% do total da força de trabalho mundial, são altamente dependentes dos recursos hídricos. Entre os setores mais atingidos estão a agricultura, indústria, silvicultura, pesca e aquicultura, mineração, o suprimento de água e saneamento, assim como quase todos os tipos de produção de energia. Esta categoria também inclui empregos em áreas como cuidados de saúde, turismo e setores de gestão de ecossistemas.

Também foi estimado que 1,2 bilhão de empregos, ou 36% do total da força de trabalho mundial, são moderadamente dependentes dos recursos hídricos. São setores para os quais a água é um componente necessário em suas cadeias de valores, como construção, recreação e transporte.

Desde os anos 1980, a captação de água doce tem aumentado mundialmente em cerca de 1% ao ano, principalmente devido à crescente demanda em países em desenvolvimento, segundo a Unesco. “A redução da disponibilidade hídrica vai intensificar ainda mais a disputa pela água por seus usuários. Isso afetará os recursos hídricos regionais, a segurança energética e alimentar e, potencialmente, a segurança geopolítica, provocando migrações em várias escalas”.

Economia verde

Além do aumento da demanda, as mudanças climáticas são uma ameaça à disponibilidade de recursos hídricos. “A mudança climática levará, inevitavelmente, à perda de empregos em determinados setores. Uma abordagem proativa de adaptação por meio de políticas pode amenizar algumas dessas perdas”.

A criação de oportunidades de emprego em atividades de mitigação e adaptação e o mercado emergente de pagamentos por serviços ambientais pode oferecer às populações de baixa renda a oportunidade de criar um tipo de empreendedorismo, com aumento de renda e implementação de práticas de restauração e conservação.

“A urbanização acelerada e o aumento dos padrões de vida, o aumento da demanda por água, alimentos e energia de uma população mundial em constante crescimento, inevitavelmente, levarão à criação de postos de trabalho em determinados setores (por exemplo, tratamento municipal de águas residuais) e à perda de postos de trabalho em outros”, diz o relatório.

Segundo a oficial do Programa Mundial das Nações Unidas em Avaliação dos Recurso Hídricos da Unesco na Itália, Angela Ortigara, as maiores potencialidade de emprego estão relacionadas com a economia verde. “Há todo um trabalho para capacitar os empresários para essa transição econômica”, afirma.

A produção de energia, por exemplo, como um requisito para o desenvolvimento, possibilita a criação de empregos diretos e indiretos por todos os setores econômicos. Segundo a Unesco, o crescimento no setor de energia renovável leva ao crescimento do número de empregos verdes e independentes de recursos hídricos. “Podemos dizer que a geração de energia eólica e solar já cria mais empregos do que a de fonte convencional”.

Questões de saúde e gênero

Segundo o relatório, investimentos em saneamento e em água potável de qualidade fomentam o crescimento econômico, com altos índices de retorno. “O acesso ao suprimento de serviços seguros e confiáveis de saneamento e de água potável de qualidade, nas casas e nos locais de trabalho, em conjunto com a higiene adequada, são essenciais para se manter uma força de trabalho saudável, educada e produtiva”.

A Unesco destaca as questões de direitos humanos, economia verde, desenvolvimento sustentável e gênero, a serem consideradas pelos gestores de políticas públicas ao tratar das relações entre recursos hídricos e  trabalho. “Anualmente, 2,3 milhões de mortes são relacionadas ao trabalho. Doenças contagiosas ligadas ao trabalho contribuem para 17% dessas mortes e, nessa categoria, os principais fatores para a proliferação dessas doenças, mas que podem ser evitados, são água potável de baixa qualidade, saneamento inadequado, falta de higiene e falta de conhecimento”.

Segundo o relatório, cerca de 2 bilhões de pessoas necessitam de acesso a melhor saneamento, com as meninas e as mulheres em situação ainda mais precária. Ortigara diz que isso se deve ao fato de que, em lugares sem infraestrutura, as mulheres são responsáveis pela coleta de água e destinação das fezes, ou quando precisam sair de casa e se afastar da comunidade para cuidar da higiene, muitas vezes sofrem violências nesses percursos.

“E não estamos falando só de zona de guerra”, disse a oficial, sobre os problemas relativos à água, saneamento, higiene e emprego. Ela conta que um estudo feito em Bangladesh, com a distribuição de absorventes íntimos em uma empresa onde 80% dos empregados eram mulheres, diminuiu as faltas ao trabalho de 73% para 3%.

Políticas públicas

O relatório da Unesco recomenda que cada país, conforme a sua base de recursos, potencialidades e prioridades, identifique e promova estratégias específicas e coerentes, bem como planos e políticas para alcançar o equilíbrio ideal entre os setores da economia e gerar o melhor resultado possível de empregos decentes e produtivos, sem comprometer a sustentabilidade dos recursos hídricos e do meio ambiente.

“Com vistas a promover o crescimento econômico, a redução da pobreza e a sustentabilidade ambiental, deve-se considerar os métodos que reduzem a perda de empregos ou o deslocamento de pessoas, além daqueles que maximizam a criação de empregos resultantes da implementação de uma abordagem integrada na gestão dos recursos hídricos”, acrescenta o relatório.