domingo, 11 de junho de 2023

Cultivo de tambaqui em tanques-rede pode render mais ao produtor

Pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura conclui que dá para reduzir tempo de cultivo e melhorar conversão alimentar

Sistema será lançado na 23ª edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Agrotins — Foto: Embrapa Pesca e Aquicultura.

Depois da tilápia, o tambaqui é o peixe mais cultivado no Brasil, sendo o primeiro quando se fala em espécies nativas.

Dados de 2022 do Anuário Brasileiro da Piscicultura apontam que, das 860 mil toneladas produzidas no país, 267 mil foram de peixes nativos, sendo a maioria tambaqui. E os números podem melhorar.

Um experimento da Embrapa concluiu que o cultivo do tambaqui em tanques-redes, modalidade que aproveita reservatórios ou lagos e ainda é pouco explorada no país, pode render mais para o produtor.

O tempo de cultivo comercial de tambaquis (Colossoma macropomum) cai de 12 meses para 9 meses e a conversão alimentar para o peixe atingir 1 kg diminui de 2 kg de ração para 1,74 kg de ração.

A pesquisa feita em parceria com a Associação Bom Peixe em Palmas (TO) indica ainda que, além das melhorias nos índices chamados zootécnicos, quando o piscicultor consegue vender sua produção diretamente ao consumidor, mesmo no cenário de menor valor pago, não tem prejuízo financeiro.

Manoel Pedroza, pesquisador na área de economia aquícola da Embrapa Pesca e Aquicultura, diz em nota da assessoria que o custo de produção em tanque-rede ainda é um pouco mais elevado do que a produção em viveiro escavado.

“Apuramos um custo de produção em torno de R$ 9,80 por quilo de tambaqui em tanque-rede. Hoje esse valor é aproximadamente o mesmo que as indústrias estão pagando pelo peixe”. Daí a necessidade de agregar valor com a venda direta.

Para a pesquisadora Flávia Tavares de Matos, também da Embrapa Pesca e Aquicultura, a agregação de valor pode ocorrer com a venda de diferentes tipos de corte, como a banda de tambaqui, filé sem espinhas, costela e lombo sem espinho.

“Outra vantagem é que, em locais com alta renovação de água como o tanque-rede, a probabilidade de o peixe ter off-flavor, ou gosto de barro, é menor do que no viveiro escavado”, diz Tavares, acrescentando que, por ser um peixe nativo, o tambaqui atrai mais o consumidor, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.


Densidade

Segundo a pesquisadora, para obter os mesmos resultados do experimento, o produtor deve usar tanques de 48 m³ (com medidas de 4 m x 4 m x 3 m) e adotar densidades de estocagem diferentes nas três fases de cultivo.

Na primeira fase, que corresponde aos alevinos (animais jovens) de 50 g a 200 g, a densidade do tanque deve ser de 24 kg/m³. Na segunda fase, que engloba os peixes com peso entre 200 g e 500 g, a densidade recomendada é de 32 kg/m³. Na terceira, com peixes de 500 g a 1 kg, a orientação é uma densidade de 40 kg/m³.

A pesquisadora recomenda ainda que, a cada mudança de fase, o produtor faça a classificação dos peixes em pequenos, médios e grandes e adote a densidade de estocagem recomendada pela Embrapa.

Essa separação por tamanho e os resultados das biometrias mensais são fundamentais para o ajuste da densidade de estocagem visando que não ocorra competição entre os peixes quando estiverem se alimentando. A consequência é que os lotes ficam mais homogêneos e, portanto, comercialmente mais atrativos.

A empresa de pesquisa vai lançar esse sistema de criação de tambaqui em tanques-rede em pequena escala em Porto Nacional (TO), durante a 23ª edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Agrotins, na próxima sexta-feira (19).

Rondônia, com 57 mil toneladas em 2022, lidera o ranking do cultivo de peixes nativos, seguido por Maranhão (39 mil t), Mato Grosso (38 mil t), Pará (24 mil t) e Amazonas (21 mil t).

Fonte: https://globorural.globo.com/.

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