domingo, 1 de novembro de 2020

Pesquisa da Embrapa caracteriza principais polos produtivos de tilápia

Diferenças nacionais envolvem tanto características produtivas, como socioeconômicas e estruturais

 


A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) acaba de lançar uma publicação que caracteriza alguns dos principais polos produtivos de tilápia no Brasil. As diferenças envolvem tanto características produtivas, como socioeconômicas e estruturais.
 
 “As diferenças verificadas entre os polos produtores de tilápia refletem, de certo modo, a própria diversidade dos estados onde eles se encontram, com relação a infraestrutura, recursos naturais e nível de desenvolvimento socioeconômico. Isso acaba tendo reflexo sobre as condições de trabalho dos produtores e o acesso aos mercados, além de impactar diretamente nos custos de produção”, explica Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura e um dos autores do novo boletim.
 
Foram gerados dados quantitativos e qualitativos a partir de questionários aplicados nos polos. Ao todo, 35,5% dos tilapicultores dos sete polos trabalhados participaram da pesquisa, somando mais de 550 produtores. 
 
Os sete polos estão em quatro regiões geográficas brasileiras: Oeste do Paraná, Norte do Paraná e Vale do Itajaí (SC), no Sul; Submédio São Francisco (BA, PE e AL) e Reservatório de Boa Esperança (PI), no Nordeste; Ilha Solteira (SP), no Sudeste do país, dividindo-se
com o Centro-Oeste; e Reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava (GO), considerados em conjunto pela proximidade física, no Centro-Oeste.
 
Segundo o estudo, a variação encontrada no custo de produção foi de R$ 3,64 a R$ 4,70 por kg. Há que se considerar, entre outros fatores, o sistema de produção prevalente em cada região. 
 
Já no que se refere à logística, em média 48% dos produtores vendem sua tilápia em um raio de 100 km de distância. Com 55% e 40%, respectivamente, as unidades de beneficiamento e os intermediários / atravessadores foram os principais canais de comercialização apontados na pesquisa.
 
Para os autores, “de uma maneira geral, os polos produtivos localizados nas regiões Sul e Sudeste dispõem de melhor infraestrutura rodoviária e uma oferta de crédito para a piscicultura. Os polos dessas regiões também apresentaram maiores produtividades, sendo este aspecto certamente ligado à maior escala de produção das empresas e ao uso mais intensivo de tecnologia”.
 
A pesquisa foi feita no âmbito do BRS Aqua, projeto que envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa. Coordenado pela pesquisadora Lícia Lundstedt, tem financiamento de três fontes: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa), recurso financeiro que está sendo executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e a própria Embrapa.

Conteúdo

A produção de tilápia tem crescido de forma constante nos últimos anos, assegurando a posição de espécie mais produzida na piscicultura brasileira. Apesar de ser produzida em quase todo o Brasil, a cadeia produtiva da tilápia apresenta uma concentração em determinadas microrregiões, sendo que os polos mais importantes em termos de volume de produção estão localizados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. O presente estudo tem por objetivo fazer uma análise da cadeia produtiva da tilápia nos principais polos de produção do Brasil, a partir de entrevistas feita a produtores e demais agentes do setor. Os resultados indicam que os polos de tilapicultura são muitos diferentes quanto às suas características produtivas, socioeconômicas e estruturais. De uma maneira geral, os polos produtivos localizados nas regiões sul e sudeste dispõe de melhor infraestrutura rodoviária, maior oferta de crédito e maiores índices de produtividade. A estrutura da cadeia produtiva em termos de número de unidades de beneficiamento de pescado, produtores de formas jovens e fábricas de ração também é mais consolidada nestas duas regiões comparativamente aos polos localizados nas regiões nordeste e centro-oeste. Os problemas ambientais se apresentaram como um ponto comum à maioria dos polos, sendo a escassez hídrica e a ocorrência do molusco dourado alguns dos principais. Quanto à comercialização, os frigoríficos e atravessadores ou intermediários são os principais canais de venda, havendo, porém, diferenças importantes entre os polos. No polo do Oeste do Paraná todos os piscicultores destinam sua produção para os frigoríficos, enquanto no polo do Submédio São Francisco, apenas 1% dos piscicultores vendem para as unidades de beneficiamento. No que se refere aos gargalos do setor, os principais problemas mencionados foram o alto investimento necessário para a produção e a dificuldade para obtenção de licenças ambientais e de cessão de águas da união.


Nenhum comentário:

Postar um comentário