Tanques de cultivo do tracajá. Foto: Foto: Dulcivânia Freitas. |
Um projeto da Embrapa, voltado para sistema de produção comercial do tracajá (Podocnemis unifilis) em cativeiro na Amazônia, será apresentado em seminário organizado pelo Banco da Amazônia no segundo semestre deste ano, em Belém (PA). O convite foi feito pelo gerente executivo do banco, Oduval Lobato Neto, durante visita às instalações da Embrapa Amapá, em Macapá (AP). “Este projeto é um case de sucesso na Amazônia. Trata-se do único neste segmento, apoiado pelo banco. Isso muito nos orgulha, reúne todas as condições para se transformar em resultados para o produtor, sair da área do conhecimento e virar um produto rentável para a geração de renda das populações e empreendedores interessados neste segmento”, destacou o gerente responsável pela gestão de programas de governo do Banco da Amazônia.
Intitulado “Produção de tracajá em cativeiro como alternativa sustentável para o desenvolvimento amazônico”, o projeto da Embrapa Amapá foi aprovado em edital de seleção pública publicado pelo banco para apoio financeiro, com o objetivo de apoiar atividades de pesquisa científica e tecnológica que contemplam transferência de tecnologias.
Na visita ao centro de pesquisas, o gerente do Banco da Amazônia foi recebido pelo chefe-geral Jorge Yared; chefe de pesquisa e desenvolvimento, Wardsson Lustrino Borges; chefe de transferência de tecnologias, Nagib Melém; e pela pesquisadora Jamile da Costa Araújo, líder do projeto da Embrapa. Ele conheceu a Unidade Demonstrativa de produção de tracajá, atualmente em fase de construção; e os laboratórios da área de Aquicultura e Pesca (incluindo galpões de cultivo de peixes, tracajás e camarões), de Proteção de Plantas e Biodiversidade e Alimentos, todos equipados para trabalhos de análises de materiais para a sustentabilidade de tecnologias que promovem o desenvolvimento da agropecuária e o melhor do uso da biodiversidade da Amazônia. “É gratificante conhecer o funcionamento de mais uma unidade da Embrapa. Esta empresa é um grande aliado do Banco da Amazônia, como agente fomentador de atividades produtivas da região. Muito bom conhecer os projetos que a Embrapa Amapá desenvolve na aquicultura, a parte dos quelônios, as atividades relacionadas com atividades buscando a erradicação da mosca-da-carambola, um ponto significativo para toda a Amazônia”, acrescentou Oduval Neto, membro do Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Amazônia Oriental, sediada em Belém. O gerente veio a Macapá cumprir agenda do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus (CAS) em sua 279ª Reunião Ordinária, realizada no Palácio Setentrião, sede do Governo do Amapá.
Serão realizados três cursos e um seminário em 2017
O projeto da Embrapa financiado pelo Banco da Amazônia tem como sigla de identificação “AmapaJá”. A pesquisa desenvolve ações para atender ao objetivo de estabelecer e aprimorar índices zootécnicos, desenvolver tecnologias e capacitar multiplicadores para produção de tracajá (P. unifilis) em cativeiro. Para isso, envolve uma equipe técnica e de apoio, e acadêmicos bolsistas, empenhados em estudos da produção e aprimoramento de índices zootécnicos e avaliação de rendimento de carcaça de tracajá; estratégias de comunicação e capacitação; implantação de Unidade Demonstrativa, e estudo de mercado de produtos oriundos do tracajá. “As atividades do projeto Amapajá estão sendo executadas em ritmo acelerado. Atualmente, dois experimentos estão em andamento, uma dissertação já foi defendida, e estamos finalizando uma Unidade Demonstrativa (UD) de produção de tracajá na fase inicial, com previsão de instalação de mais duas UDs até o fim de 2018. Ainda este ano vamos realizar três cursos e um seminário, com participação confirmada de professores da UFOPA, UFAM e UFRA, especialistas em quelônios. O seminário também contará com a participação de outras instituições convidadas”, detalhou a pesquisadora Jamile Araújo.
De acordo com o texto do projeto, dentre os quelônios da Amazônia, o tracajá é uma das espécies mais capturadas para consumo na Amazônia brasileira, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, integrando a lista de animais vulneráveis à extinção. Além de ser a espécie mais apreendida pelo órgão fiscalizador de tráfico de animais silvestres, no Amapá (2005 a 2009), totalizando 35,55% das apreensões. Este fato demonstra o alto grau de uso desta espécie pela população no estado, a qual consome a carne e ovos destes animais de vida-livre, comprometendo de forma drástica a manutenção dos estoques naturais.
O tracajá é uma espécie com boa condição para criação em cativeiro, com fácil adaptação às condições de manejo de criação e de boa aceitação pelos consumidores. A produção comercial em cativeiro pode ser uma alternativa para reduzir o tráfico, gerar renda para as comunidades e contribuir para a preservação da identidade cultural das mesmas, já que consumir esta espécie faz parte da cultura amazônica. Entretanto, este hábito cultural encontra-se ameaçado por conta das restrições legais de uso desse recurso natural, visando sua proteção, pois apesar da produção comercial desta espécie ser autorizada, não há dados que subsidiem o sistema de produção. Visando contribuir para o desenvolvimento do sistema de produção comercial de tracajá, o projeto da Embrapa objetiva elucidar o comportamento de crescimento, densidade de estocagem, manejo nutricional (exigência proteica e restrição alimentar) e medidas de bem-estar animal na produção desta espécie, além de estudar o potencial de comercialização dos produtos oriundos deste sistema de produção, e do potencial econômico e nutricional.
Fonte: www.embrapa.br.
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