Processamento da tilápia. Foto: dinheirorural.com.br. |
No final do ano passado, em um artigo publicado no Anuário da Seafood Brasil (leia aqui), eu discorri sobre minha visão do que aconteceria com o mercado da aquicultura no Brasil, frente à constatação de mais uma crise político-econômica que estaríamos enfrentando.
Infelizmente, as projeções do mercado se concretizaram: a inflação oficial em 2015 foi de 10,67%, o dólar permanece no patamar de R$ 4,00 e, recentemente, foi divulgada a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E o efeito perverso de tudo isto é o aumento do desemprego, a queda no poder aquisitivo da população, a redução da produção, queda nas vendas do varejo e dificuldades do produtor de comercializar o pescado.
Dentre as quatro ações imediatas que eu sugeri no texto publicado no Anuário, uma delas já está acontecendo. A aquicultura brasileira começou a exportar filés frescos e resfriados de tilápia, vejam:
Valor médio mensal das exportações brasileiras de filé fresco e resfriados de tilápia. Fonte: Aliceweb, acessado em 01/03/2016. |
Dados do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) mostram que o Brasil não exportava filés de tilápias. Em 2012, ocorreu o primeiro registro com a exportação de 11 toneladas e faturamento bruto de US$ 80.103,00. A exportação dos filés oscilou entre 51 e 61 toneladas nos dois anos seguintes e, em 2015, atingiu 131 toneladas, com faturamento bruto de US$ 1.041.084,00. No ano passado, o Brasil exportou uma média mensal de 11 toneladas de filés frescos e resfriados, notadamente para os Estados Unidos.
No mês de janeiro de 2016, a exportação de filés de tilápia resfriados para os Estados Unidos aumentou em mais de 400%, tendo alcançado o patamar das 58 toneladas, com receita bruta de US$ 471.709,00.
É o sinal positivo de que as empresas começaram a buscar alternativas para o que vinham fazendo exclusivamente no mercado interno. Baseadas nestes números, as exportações brasileiras de filés frescos e resfriados de tilápia poderão chegar a 700 toneladas e alcançar a receita bruta de US$ 5,6 milhões em 2016.
A profissionalização da atividade e a busca por certificações permitirão que a aquicultura brasileira participe de novos mercados. Vamos todos trabalhar para que sejamos inseridos no mercado internacional.
Por Silvio Romero Coelho, diretor da SRC&C Consultoria, é coordenador da BAP/GAA no Brasil.
Fonte: www.seafoodbrasil.com.br.
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