segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Pele de Tilápia pode ser usada na cicatrização de queimaduras em humanos


Uma nova técnica para regeneração de pele em pacientes com queimaduras está sendo desenvolvida no Ceará. Em entrevista ao programa Sábado Show exibido no dia 23/01, com o jornalista Evandro Nogueira, o médico Edmar Maciel – especialista em cirurgias plásticas e integrante do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ) – explicou sobre o novo processo de cicatrização de pele humana a partir do uso da pele de tilápia.

De acordo com o médico, o uso de peles de animais na regeneração de pele humana existe em países da Europa e nos Estados Unidos, onde se costuma utilizar pele de porco e de cachorros. No Brasil, não existe essa possibilidade por falta de estudos na área e pelo alto custo de importar os produtos necessários para o país. “O Brasil está 45 anos atrasado no tratamento local de queimaduras na rede pública”, apontou o especialista, que fez questão de salientar que já não se faz mais o uso de cremes e pomadas em nações mais desenvolvidas.

O uso da pele do peixe começou a ser pesquisado há cinco anos por um cirurgião plástico que mora em Pernambuco e trouxe a ideia para o Estado. Com o apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC), Edmar explicou que a equipe que desenvolve o estudo visitaram pisciculturas no Castanhão, a fim de analisar como a tilápia é criada e o que é necessário para o uso da pele.

Ainda segundo o cirurgião, existe o risco de transmissão de doenças terrestres, como a Encefalopatia Espongiforme Bovina – conhecida como o “mal da vaca louca” – quando se usa animais como porcos e cachorros no tratamento de queimaduras. A vantagem apresentada pela Tilápia é por ser um animal aquático e não ter contato com esse tipo de doença. Dr. Edmar também explicou que a pele humana e do peixe são semelhantes em aspectos importantes, como a resistência, a umidade e quantidade de colágeno existente.

Saiba mais sobre esta pesquisa acompanhando o resumo do artigo.


Avaliação microscópica, estudo histoquímico e análise de propriedades tensiométricas da pele de tilápia do Nilo

Microscopic evaluation, histochemical study and analysis of tensiometric properties of the Nile Tilapia skin
Autores: Ana Paula Negreiros Nunes Alves1; Maria Elisa Quezado Lima Verde2; Antônio Ernando Carlos Ferreira Júnior3; Paulo Goberlânio de Barros Silva4; Victor Pinheiro Feitosa5; Edmar Maciel Lima Júnior6; Marcelo José Borges de Miranda7; Manoel Odorico de Moraes Filho8
RESUMO

OBJETIVO: Caracterizar a pele de tilápia do Nilo, uma possível fonte de biomaterial para enxertia, a partir de suas características físicas (resistência à tração), histomorfológicas e da tipificação da composição do colágeno.

MÉTODOS: Amostras de pele de tilápia do Nilo foram utilizadas e, para os testes de tração (utilizando a máquina de ensaios universais Instron®), as peles foram submetidas à imersão em soluções de glicerol em crescente concentração. Parte das amostras foi fixada em formol neutro a 10%, processada e corada com o uso da hematoxilina e da eosina, para confecção de lâminas e posterior análise histológica e histoquímica. Todas as etapas foram reproduzidas também em pele humana, doada de cirurgias plásticas, para efeito comparativo.

RESULTADOS: A morfologia da pele da tilápia mostrou-se semelhante à da pele humana, com derme profunda formada por espessas fibras colágenas organizadas, em disposição paralela/horizontal e transversal/vertical. A pele de tilápia também apresentou maior composição por colágeno tipo I em relação à pele humana (p=0,015). Nos testes de tração, a carga média suportada pela pele de tilápia foi de 43,9±26,2 N, enquanto a extensão à tração teve valores médios de 4,4±1,045 cm

CONCLUSÃO: A pele de tilápia possui características microscópicas semelhantes à estrutura morfológica da pele humana e elevada resistência e extensão à tração em quebra, o que suporta sua possível aplicação como biomaterial. A derme desta pele é composta por feixes organizados de fibras de colágeno denso, predominantemente do tipo I, o que traz considerável importância para seu uso clínico.

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