segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Secretaria de Agricultura e Abastecimento Paulista monitora atividade pesqueira no Rio Tietê


A pesca é uma importante atividade econômica, social e cultural no mundo e não é diferente no Brasil, como em São Paulo, por gerar emprego, renda e alimento para as comunidades e população em geral. Em razão de sua importância, a atividade pesqueira precisa ser administrada em relação à preservação do ambiente aquático, visando à implementação de políticas públicas mais adequadas para o setor. Neste sentido, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca, desenvolve o programa: “Monitoramento do Ambiente Aquático e Manejo Pesqueiro da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, Baixo Rio Tietê”. Um dos objetivos de investigar essas relações é dar maior visibilidade às discussões sobre o uso sustentável dos recursos naturais pelos grupos sociais envolvidos. O programa tem a participação ativa dos pescadores dessa região paulista e apoio da empresa ‘Tijoá Participações e Investimentos S.A.’.

O monitoramento do ambiente aquático conta com cinco subprojetos no seu escopo: monitoramento da qualidade de água; monitoramento e manejo pesqueiro; monitoramento da ictiofauna, salvamento/resgate de peixes, e produção de alevinos e repovoamento.

Um dos objetivos principais do estudo, iniciado em março de 2015 e previsto para finalização em 2016, é realizar um censo pesqueiro em curto espaço de tempo para conhecer e caracterizar a pesca e a população de pescadores profissionais e esportivos que atuam na região do Baixo Tietê. A partir desse levantamento será realizado o monitoramento da pesca e da fauna de peixes, abrangendo, por exemplo: tipos de peixes existentes no reservatório, abundância dos peixes em número e em peso, variação de produção por época do ano e tamanhos médios de captura desses peixes. Para isso, a cada mês, o pescador recebe a visita dos monitores de campo do Instituto de Pesca, quando então preenche uma ficha de pesca e descreve suas experiências nessa atividade.

O programa é coordenado pelos pesquisadores científicos Sérgio Luiz dos Santos Tutui, Paula Maria Gênova de Castro, Clóvis Ferreira do Carmo, Nilton Eduardo Torres Rojas e Eduardo Makoto Onaka, contando com equipes dos Laboratórios de Ecologia e Pesca de Peixes Continentais e de Limnologia, ambos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Recursos Hídricos do Instituto de Pesca.

Paula Gênova explica que o monitor de campo é a pessoa responsável por auxiliar o pescador no preenchimento e pelo recolhimento das fichas de produção pesqueira. “As respostas das pessoas entrevistadas são mantidas em sigilo, destinando-se somente à pesquisa e não à fiscalização. As informações das coletas e fichas de desembarque são ferramentas muito importantes no planejamento futuro da pesca na represa e no rio; elas são úteis para a aplicação de medidas de manejo (como a estocagem de peixes ou peixamento) e para o melhor gerenciamento pesqueiro”, diz a pesquisadora. O projeto envolve também reuniões com lideranças locais e oficinas para esclarecimento dos pescadores.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Arnaldo Jardim, destaca que esses estudos contribuem para a preservação do meio aquático e da atividade pesqueira, ou seja, para que não falte emprego ao pescador, lazer aos usuários (pesca esportiva) e também pescado na mesa da população em geral. “O governador Geraldo Alckmin tem incentivado a Secretaria de Agricultura a realizar estudos como este que envolve produção e meio ambiente”, destacou.

Há, em processo de finalização, a edição da “Cartilha do pescador de rios e represas: informações básicas para sua pescaria”, a ser disponibilizada brevemente no site do Instituto de Pesca


Resultados de outras pesquisas ao longo do médio e baixo Tietê

Nos últimos 25 anos, diversas espécies de peixes foram capturadas pela pesca artesanal profissional e de subsistência em seis reservatórios da bacia do Tietê. Na maioria das vezes, o pescador utiliza redes de espera, de diferentes tamanhos de malha, dependendo da espécie alvo de interesse. A pesca artesanal é praticada com redes de emalhar, anzóis, espinhéis, covos, tarrafas, dentre outras artes de pesca.

De acordo com Paula Gênova, a ictiofauna analisada ao longo da Bacia do Tietê vem sofrendo variações qualitativas e quantitativas. Para superar a escassez do peixe, os pescadores empregam algumas estratégias, como a intensificação da pesca, com o aumento do esforço para manter o rendimento; a diversificação, usando novas técnicas; e a busca de outras atividades econômicas complementares (agricultura, aquicultura, apoio à pesca amadora, construção, comércio etc.).

As espécies de peixes coletadas nos reservatórios de Barra Bonita e Três Irmãos são, em sua maioria, espécies nativas, com ampla distribuição geográfica e de ocorrência na Bacia do rio Paraná, da qual o rio Tietê faz parte. No entanto, o que vem sustentando a atividade profissional na região é a pesca de espécies exóticas (tilápias, principalmente) e espécies da Bacia Amazônica (corvina de água doce, porquinho, tucunarés, dentre outros), introduzidas em décadas passadas, que se proliferaram e se adaptaram aos ambientes represados, vindo a competir com a fauna íctica nativa, o que contribui negativamente para a preservação da biodiversidade autóctone (ou nativa).

No que se refere às recomendações, que têm como um dos principais propósitos beneficiar os próprios pescadores e incentivá-los ao uso sustentável dos recursos em si, Paula Gênova admite que os recursos pesqueiros, cada vez mais escassos, devido aos diversos impactos ambientais ocorridos ao longo dos anos, motivam conflitos entre os diversos atores da cadeia produtiva pesqueira, principalmente entre pescadores de categorias diferenciadas, como os pescadores profissionais artesanais, os isqueiros e os amadores/recreacionais.


Por Antonio Carlos Simões

Fonte: www.pesca.sp.gov.br

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