sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Projeto da Embrapa em aquicultura capacita equipe


Uma equipe formada por 20 membros do BRS Aqua, atualmente o maior projeto de pesquisa da Embrapa, finalizou há duas semanas programa de capacitação na Fundação Dom Cabral (FDC), em Minas Gerais. Durante três módulos ocorridos nos meses de junho e julho, eles conheceram técnicas, ferramentas e experiências em gerenciamento de projetos. A capacitação foi específica para projetos de pesquisa, com foco, inclusive, no próprio BRS Aqua.

A gestão do projeto em diferentes níveis foi o principal foco da capacitação: tanto a gestão como um todo, como a gestão dos diferentes projetos componentes (nome que a Embrapa dá a estruturas que possuem certa independência e ao mesmo tempo compõem algo maior) e a gestão de planos de ação (figura gerencial que a empresa utiliza para organizar ações e atividades mais focadas em determinada área de conhecimento).
Lícia Lundstedt é pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO) e líder do BRS Aqua. Segundo ela, “pelas características e pela natureza do BRS Aqua, a coordenação geral previu, desde a concepção do projeto, a necessidade de uma estrutura de gestão proporcional à sua dimensão e complexidade, assim como ocorre nos grandes projetos internacionais. Sem dúvida, são necessários muita dedicação e comprometimento, mas o BRS Aqua tem revelado a cada dia uma gama de oportunidades, tais como a que se apresenta pela participação em uma ação dessa dimensão”.
A Fundação Dom Cabral é uma das melhores escolas de negócio do mundo. Recente ranking de educação executiva divulgado pelo jornal britânico Financial Times, especializado em economia e negócios, a coloca no 10º lugar. Na América Latina, pela 14ª vez consecutiva, a fundação foi considerada a melhor escola de negócios. Na capacitação feita pela equipe do BRS Aqua, o instrutor foi Alessandro Prudêncio, professor convidado da FDC.
“Investir em gestão geralmente vale muito a pena porque você na verdade está investindo em otimização. Então, você acaba fazendo mais com menos recursos se você souber fazer da forma certa. Então, esse é um interesse de qualquer organização e a Embrapa está muito feliz em investir nesse sentido. Isso vai ajudar não só no momento, no projeto em andamento (que é o projeto BRS Aqua), mas também em todos os projetos posteriores”, afirma Alessandro.
Conteúdo da capacitação – Durante os três módulos, o gerenciamento de projetos foi trabalhado, detalhado, ilustrado e exercitado pelos participantes. De acordo com o professor da FDC, “os conteúdos basicamente foram as práticas internacionais de gerenciamento de projetos, as boas práticas, aliadas também ao Prince 2, que é um método de referência. Ou seja, foi uma abordagem híbrida, pegando o melhor dos dois mundos: o melhor das boas práticas com o melhor do método, apresentando possibilidades pra que os participantes depois possam incorporar isso no seu dia-a-dia e melhorar a eficiência da gestão dos seus trabalhos”.
Um dos participantes da capacitação foi Alexandre Caetano, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) e líder de um dos oito projetos componentes do BRS Aqua, que trabalha com germoplasma. Para ele, “o curso foi muito importante pra delinear claramente, passo a passo, em detalhes, como funciona o sistema Prince de elaboração, execução e acompanhamento de projetos. Eu, de fato, não conhecia essa metodologia a fundo e o curso fez uma explanação bem detalhada desse método”.
Fazendo um paralelo entre o conteúdo da capacitação e a maneira como a Embrapa gerencia seus projetos, o pesquisador entende que “o curso traz elementos pra que a gente possa municiar argumentações pra melhorias e construções no Sistema Embrapa de Gestão (SEG). Acho que isso que é bastante interessante”. Alexandre aponta que “o conhecimento adquirido, além do enriquecimento pessoal, permite a gente conversar, trazer elementos pras pessoas que podem eventualmente reformular, fazer ajustes no SEG pra então seguir esse novo modelo”.
Quem também esteve na capacitação na FDC foi a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP) Mariana Moura e Silva. Ela é responsável pelo plano de ação sobre protocolo de biomonitoramento, que faz parte do projeto componente que trabalha o manejo e a gestão ambiental, liderado pelo também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Celso Manzatto.
Citando um conceito essencial em gerenciamento de projetos, o de stakeholders, Mariana afirma que “a gente tomou conhecimento de diversas ferramentas que podem não só organizar melhor as atividades a serem executadas, como contribuir para um maior retorno do produto que a gente vai oferecer aos stakeholders, ao público alvo que a gente está abordando”. Lícia lembra que “são stakeholders todos aqueles que afetam, são afetados ou se sentem afetados pelo projeto; e assim representam um número enorme de pessoas e instituições, públicas e privadas”.
Visão da FDC – Fernando de Paula trabalha na Fundação Dom Cabral e é gerente de desenvolvimento organizacional para o setor público. Sobre a preocupação de instituições públicas em gerenciar melhor seus projetos, ele diz que a fundação acompanha desde 2015: “de lá pra cá, a gente vê muito, muito interesse do setor público em profissionalizar a gestão e os seus gestores em liderança”.
Nesse contexto, Fernando reconhece a preocupação da Embrapa em investir na profissionalização do gerenciamento de seus projetos. “Isso eu percebo completamente. O BRS Aqua é o maior dos programas que a Embrapa já desenvolveu e se propõe a implementar. Nessa relação de profissionalizar a gestão, é uma forma também de garantir que os resultados aconteçam de uma melhor forma, com mais assertividade nas decisões, mais tempestividade no processo de fazer acontecer os resultados”, diz.
Já o professor Alessandro, que conduziu os três módulos da capacitação, faz uma avaliação positiva da evolução dos participantes: “os feedbacks foram muito positivos. As pessoas demonstram, pelas suas conversas, dominar agora uma terminologia, dominar também a aplicação de algumas práticas e também a sequência dos trabalhos”. Ainda segundo ele, “as pessoas estão se apoderando desse conhecimento, elas comentam isso no seu dia-a-dia em tão pouco tempo. Então, eu vejo a evolução como perceptível e os benefícios já sendo aflorados”.
Capacitação prevista – Lícia explica que “o curso em gestão de projetos foi previsto no âmbito do projeto componente de gestão. Para isso, houve muito empenho e considerável direcionamento de recursos para propiciar uma capacitação de excelência aos colegas envolvidos na gestão do BRS Aqua. Em sua maioria, os colegas não tinham conhecimentos formais prévios sobre gestão, e assim puderam ser devidamente capacitados nessa área estratégica e fundamental para o sucesso do projeto”.
A líder do BRS Aqua demonstra satisfação com o andamento dos trabalhos na capacitação: “é importante e muito satisfatório quando ouvimos, por unanimidade dos participantes, declarações com avaliação positiva nessa experiência e formação. No decorrer dos três módulos da capacitação, ficou nítida a evolução do aprendizado e da apropriação dos padrões de conduta e de linguagem internacionais sobre gestão de projetos. Outro ponto de destaque no conteúdo do curso foi a importância do entendimento e do devido posicionamento quanto aos papéis dos respectivos atores dentro do projeto”.
O BRS Aqua trabalha com quatro espécies aquícolas: os peixes tilápia (hoje, o mais cultivado no país), tambaqui (o nativo mais cultivado no Brasil) e bijupirá (peixe marinho que se apresenta como uma alternativa à produção nacional); e o camarão marinho (importante produto sobretudo no Nordeste brasileiro). O projeto, que tem duração de quatro anos, envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa, além de parceiros públicos e privados.

Fonte: www.embrapa.br.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

O aumento do consumo de pescado


A FAO estima um crescimento de 33% de consumo de pescado na América Latina e Caribe até 2030 e este aumento tem relação direta com a qualidade nutricional do pescado e a busca da população brasileira por uma alimentação mais saudável, além da qualidade dos produtos fabricados em razão de aperfeiçoamentos dos programas de auto controle (BPF’s, PPHO e APPCC).

O pescado é um alimento altamente digestível e sua proteína possui um grande valor biológico. Além disso, dispõe de ômega 3, gorduras poli-insaturadas essenciais na alimentação, que não são disponíveis em outras carnes (FAO, 2018; SARTORI e AMANCIO, 2012). De acordo com o relatório da FAO (2018) (Food and Agriculture Organization of the United Nations), o consumo médio de pescado no mundo em 2016 atingiu 20,3 kg per capita por ano, no entanto o brasileiro consome em média 9,6 kg per capita, abaixo dos 12 kg indicado pela OMS (FAO, 2018; IBGE, 2011).

Conforme o relatório de 2015 do Rabobank, banco multinacional de serviços financeiros para agronegócios e alimentação, e da FAO (2018), o pescado continua sendo o alimento mais comercializado no mundo, movimentando mais de US$ 140 bilhões em compras e vendas. Comparado a outras proteínas, o pescado movimentou um volume de capital sete vezes maior que as aves, nove vezes maior que os bovinos, e ainda comparando o próprio pescado em 2009, aumentou quatro vezes seu capital movimentado.

O pescado foi a fonte de proteína mais produzida no mundo em 2017, cerca de 172 milhões de toneladas, com a pesca responsável por 92 milhões/t e a aquicultura por 80 milhões/t. Em segundo lugar vem a carne suína sendo responsável por 120 milhões de toneladas. A perspectiva de crescimento da produção de pescado para 2025 é de 42%, a maior entre as proteínas (PEIXEBR, 2018). Ao mesmo tempo, o Brasil situou-se na quarta posição na produção pesqueira da América Latina e Caribe, com volume total de 1,5 milhões de toneladas produzidos em 2018, sendo 777,5 mil oriundos de captura e 722,5 mil provenientes da aquicultura (FAO, 2018; PEIXEBR, 2019).

A FAO estima um crescimento de 33% de consumo de pescado na América Latina e Caribe até 2030, em seu novo relatório (FAO, 2018). Esse aumento tem relação direta com a qualidade nutricional do pescado e a busca da população brasileira por uma alimentação mais saudável. Um dos motivos se relaciona às melhorias da qualidade dos produtos fabricados em razão de aperfeiçoamentos dos programas de auto controle (BPF’s, PPHO e APPCC). Outro fator importante desse aumento foi a expansão da culinária oriental com os restaurantes japoneses.

Estima-se que temos somente na Grande São Paulo 3.000 estabelecimentos de comida oriental, considerando restaurantes exclusivamente asiáticos, temakerias, buffets e restaurantes que incluem a culinária japonesa e asiática no seu cardápio (Francal Feiras, 2003).

O mercado brasileiro do pescado é pouco segmentado, com foco em poucos produtos como: filé de peixe congelado, peixe congelado inteiro, peixe congelado eviscerado, peixe congelado eviscerado sem cabeça, peixe congelado em postas, peixes enlatados (atuns e sardinhas, praticamente), e alguns patês. A grande maioria destes ainda necessitam de um preparo demorado para estar pronto para consumo, inviabilizando a sua compra.

A partir do exposto estamos diante de consumidores buscando cada vez mais praticidade e uma alimentação saudável. No segmento do pescado podemos ofertar produtos à base de pescado (nuggets, bolinho, presunto, linguiça), pratos prontos congelados (basta aquecer), outras espécies enlatadas (tilápia, tambaqui, polvo, lula) e produtos semi prontos (lula e peixe pré-cozidos).

Enfim, temos uma imensa diversidade de produtos para lançar no mercado e diversificar esse segmento do pescado e consequentemente aumentando o seu consumo.