segunda-feira, 28 de agosto de 2017

I Seminário Técnico de Cultivo de Espécies Exóticas no Estado do Pará


Ao cumprimentar V. Sa. a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS e a Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA têm a honra de convidá-lo para participar do “I Seminário Técnico de Cultivo de Espécies Exóticas no Estado do Pará”, que objetiva discutir conceito, legislação, experiências positivas e negativas sobre o cultivo de espécies exóticas no Pará.

O evento acontecerá nos dias 29 e 30 de agosto de 2017, em Belém no Auditório Waldir Bouhid na Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, de 08h30 às 18h.

Ressalta-se que é de fundamental importância a participação de profissionais que trabalham diretamente na área, para fortalecer a discussão. Solicitamos a confirmação de presença em até 3 (três) dias úteis, por meio do telefone (91) 3184-3300 (ramal 3423) e e-mail gefap@semas.pa.gov.br.


Jovem agricultora do Paraná muda o perfil da propriedade da família

Marlene enfrentou o marido para manter a criação de gado de leite.
Com investimento, o resultado foi melhor do que o esperado.


Paraná (PR) - Uma jovem agricultora do Paraná mudou o perfil da fazenda da família. Ela era dona de casa, mas decidiu enfrentar o marido para manter a criação de gado de leite, que ele queria abandonar.

Da genética dos animais à qualidade do leite, tudo é de primeira. Uma propriedade modelo, que investe em tecnologia de ponta para produzir 2.200 litros de leite por dia, em duas ordenhas.

Há pouco mais de cinco anos, os donos da propriedade pensavam em desistir do negócio, queriam fechar a leiteria. Anselmo e Marlene Kaiut tocam o sítio que pertence à família há mais de 60 anos. São 46 hectares no município de Carambeí. “A gente estava passando por um momento de dificuldade financeira e, na época, o preço do leite estava baixo”, conta Anselmo.

Foi quando Marlene, que na época tinha 24 anos e cuidava da casa, decidiu mudar o rumo dessa história. “Eu não tinha envolvimento com as vacas, mas eu gostava. Então eu sabia que se conseguisse uma boa administração, uma administração melhor e com pouco mais de dedicação, a gente conseguia mudar, reverter um pouco quadro que a gente estava”.

Marlene assumiu o negócio, mas no primeiro dia descobriu que não seria fácil. “Eu já não sabia fazer o trabalho e quando cheguei aqui e falei para o funcionário que era eu que ia tomar conta agora da leiteria, a primeira coisa que ele me disse já é que ele não aceitava receber ordem de mulheres. Então esse funcionário já foi demitido, foi para casa. Quando foi umas 10h da manhã, chegou novo funcionário me pedindo trabalho e esse funcionário não teve problema nenhum em me ensinar e ser mandado por uma mulher. Não teve dificuldade nenhuma”.

Marlene, que é formada em administração de empresas, montou um plano de trabalho, foi atrás de assistência técnica e de financiamento para melhorar a qualidade do rebanho e modernizar as instalações.

A primeira ação foi reformar o galpão e o passo seguinte foi melhorar a alimentação do rebanho. Para isso, Marlene contou com a ajuda do Fernando Solano, nutricionista da Fírizia, cooperativa onde entrega o leite. “Essas vacas aqui hoje estão comendo na faixa de sete quilos de ração, um quilo de concentrado proteico, que seria concentrado a base de farelo de soja, e mais dois quilos de fubá, além da silagem”, explica Solano. Outra mudança importante: as vacas passaram a comer três vezes por dia.

Só comida boa não garante alta produção. É preciso, também, ter vacas de qualidade, que respondam bem ao trato. Quando Marlene assumiu o negócio, o rebanho do sítio tinha 60 animais. Hoje, de mamando a caducando, são 200. Mais de 100 em lactação, quase tudo da raça Jersey.

Para não perder tempo, depois da cobertura, as vacas fazem exame de ultrassom periodicamente. Assim dá para confirmar a prenhes e conferir o desenvolvimento do feto. O resultado é visto na hora da ordenha, que começa cedo.

A produção das vacas é pesada individualmente, uma por uma. A higiene é impecável. Desinfecção de úberes, teste para mastite e equipamento lavado depois de cada animal ordenhado.

Além de economizar tempo, como tem um índice muito baixo de contaminação, Marlene recebe mais pelo leite que entrega na cooperativa. Um bônus, que leva em conta também o teor de gordura, que é naturalmente maior nas vacas da raça Jersey. São 20 centavos a mais por litro.

O marido, Anselmo, faz hoje o que realmente gosta. Técnico em agropecuária, toca a parte agrícola da propriedade. Inclusive, produz toda a silagem que as vacas consomem.

Anselmo também participa de todas as decisões e ajuda na administração da propriedade, que também passou por uma grande mudança. Hoje, os gastos, rendimentos, compras tudo vai para o computador.

Hoje, Marlene é quase uma celebridade no universo das mulheres do agronegócio. Já ganhou vários prêmios e dá palestras para criadores e empreendedores pelo Brasil afora. Por isso, muitos estudantes vão até lá em busca de estágio.

A produtora tem dois funcionários que vivem no sítio e não se incomodam nem um pouco em ter uma mulher no comando. Com coragem, ousadia e muito trabalho, Marlene ultrapassa obstáculos, vence desafios e ainda educa duas filhas, Yohana, de 12 anos, e Eibelim, de um ano, mas ela ainda tem muitos outros projetos para concretizar. “Quero fazer um confinamento um composto. Vamos ver futuramente o que vai ser melhor. Vamos chegar a 140 animais em lactação, que já é o nosso projeto, porque o nosso barracão já está pronto para o futuro, para 140 animais em lactação”.



 


sábado, 26 de agosto de 2017

Pesquisa do Instituto de Pesca garante isca viva mais barata e com menor impacto ambiental

Foto: exemplares de lambari-da-mata-atlântica (Deuterodon iguape). Fonte: www.agricultura.sp.gov.br.

São Paulo (SP) - O lambari-da-mata-atlântica (Deuterodon iguape) é uma alternativa viável para utilização como isca viva em pescarias de espécies carnívoras de estuário. Essa é a conclusão de uma pesquisa conduzida por pesquisadores do Instituto de Pesca (IP), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e apresentada durante o ciclo de palestras “Atualização em piscicultura”, realizado no município de Itanhaém, no litoral paulista.

De acordo com Marcelo Barbosa Henriques, pesquisador do IP e coordenador do estudo, os resultados apontam ganhos econômicos e ambientais com a adoção dessa espécie de lambari em substituição ao camarão-branco (Litopenaeus schmitti), espécie utilizada como isca para peixes que habitam o estuário, como o robalo, por exemplo.

“Nos experimentos realizados por nossa equipe, o lambari-da-mata-atlântica apresentou uma boa adaptação à salinidade nesse tipo de ambiente (estuário), o que mostra que ele pode ser uma alternativa viável para utilização como isca viva. Quando comparado à ao camarão-branco, que em geral é usado nessas pescarias, as espécies apresentaram eficiências equivalentes”, relata Henriques.

Segundo o pesquisador, uma das vantagens da utilização do lambari como isca viva é que se trata de uma espécie nativa que pode ser cultivada em pisciculturas, ao contrário do camarão, que é obtido por captura. Além disso, o camarão-branco apresenta disponibilidade reduzida entre os meses de julho e dezembro, quando praticamente desaparece, e a sua captura pode causar impactos ambientais indesejáveis.

“Outro ponto que é importante destacar é que, nesse período de baixa oferta do camarão-branco, a utilização do camarão vanamei (Litopenaeus vannamei) como isca viva não é uma alternativa viável, já que se trata de uma espécie exótica e, por isso, seu uso para esse fim é proibido por lei.  Já o lambari pode ser ofertado o ano todo e é uma alternativa muita mais em conta. Nós verificamos que, em média, o custo unitário do camarão-branco em São Paulo varia entre R$ 0,80 e R$ 1,50 enquanto o lambari-da-mata-atlântica tem o custo de produção de R$ 0,18 e pode ser comercializado por até R$ 0,50”, explica o pesquisador do IP.

Henriques destaca que, por todas essas características, o lambari-da-mata-atlântica pode ser uma alternativa concreta de geração de renda para produtores que buscam comercializar um produto diferenciado.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, o estudo sobre iscas alternativas para a pesca esportiva é importante por reduzir os impactos, mas também por apontar a possibilidade de abertura de um novo mercado.

“A pesca esportiva é uma atividade que tem crescido muito nos últimos anos. Por isso, demonstrar a viabilidade do uso de espécies que causam menos impacto ambiental ao serem capturadas é extremamente relevante.  Além disso, há também o fator de a pesquisa demonstrar a possibilidade de um novo negócio que pode gerar renda para os produtores”, disse o titular da Pasta.

Os resultados da pesquisa, que contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), serão apresentados pelo pesquisador Marcelo Barbosa Henriques durante a 7ª Conferência Internacional de Aquicultura e Pesca, que será realizada no mês de outubro em Roma, na Itália.


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Curso no IP ensina sobre criação de peixes em viveiros escavados


São Paulo (SP) - Nos dias 14 e 15 de setembro e 2017 o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, promoverá o curso Criando Peixe: Curso Sobre Piscicultura. O evento ocorrerá no Centro de Pesquisa do Pescado Continental do IP, em São José do Rio Preto, e visa desenvolver conceitos básicos e aplicados para implantação e aprimoramento da piscicultura em viveiros escavados.

Coordenado pelo Dr. Nilton Rojas, pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental do IP, o curso abordará temas relacionados à estrutura da piscicultura e construção de viveiros, as principais falhas durante a implantação de projetos, o momento mais adequado para a despesca, entre outros. Além disso, os participantes também poderão visitar as dependências do IP em São José do Rio Preto e tirar suas dúvidas com o coordenador do curso, discutindo as particularidades de seu projeto.

As vagas são limitadas e os interessados devem entrar em contato por meio dos números (17) 3234-3204 e 3232-1777 ou pelo e-mail niltonrojas@pesca.sp.gov.br. A inscrição custa R$ 50,00 para estudantes e técnicos da CATI e R$ 90,00 para o público geral. O depósito deve ser feito via FUNDAG – CNPJ: 61.705.380/0001-54 – Banco do Brasil – Agência: 3360-X – C/C: 4.200-5.

Informações sobre o curso:

Data: 14 e 15 de setembro de 2017

Horário: 8h30 às 17 horas (14/09) e 9 às 12 horas (15/09) 

Local: Centro de Pesquisa do Pescado Continental do IP

Destinatários: Produtores rurais, técnicos da área, estudantes e demais interessados em piscicultura.

Coordenação: Dr. Nilton Rojas

Inscrição: R$ 90,00 (público geral) / R$ 50,00 (estudantes e técnicos da CATI)

Descrição: Este curso visa desenvolver conceitos básicos e aplicados para a implantação e/ou aprimoramento da piscicultura em viveiros escavados.

Informações:(17) 3234-3204 / 3232-1777ou niltonrojas@pesca.sp.gov.br  

Endereço: Instituto de Pesca - Centro de Pesquisa do Pescado Continental (Acesso pela Rod. Washington Luís km 444) Av. Abelardo Menezes (+200 m sentido zona sul) São José do Rio Preto – SP




terça-feira, 22 de agosto de 2017

Estudo produz o maior acervo já reunido de informações geoespaciais da Amazônia


Foto: Nadir Rodrigues.

Uma coleção de 800 mapas, 28 documentos sobre zoneamentos ecológico-econômicos (ZEE) com dados sobre solos, clima, vegetação, aptidões agronômicas e aspectos socioeconômicos, legais e institucionais, mapas de aptidão agrícola e gestão fazem parte de um volume gigantesco de informações sobre a região amazônica gerado pelo projeto Uniformização do Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal e Integração com Zoneamentos Agroecológicos da Região (UZEE-AML) que se encerra em agosto e deixa como legado o mais completo acervo sobre dados geoespaciais de toda a Amazônia Legal.

A maior parte desses dados pode ser acessada de forma gratuita na internet. O sistema on-line permite ao usuário consultar, de modo interativo, todo esse acervo de dados georreferenciados sobre uma determinada área, como também manipular diferentes níveis de informação, de acordo com o interesse ou necessidade.

Liderado pela Embrapa Amazônia Oriental (PA), o trabalho também gerou dezenas de publicações científicas e de transferência de conhecimento e promoveu cursos de capacitação para centenas de agentes multiplicadores em nove estados.

“O projeto entrega não só as ferramentas, mas centenas de pessoas capacitadas a operá-las e aposta na adoção dos conhecimentos gerados para que, assim, conhecendo melhor o território amazônico, os tomadores de decisão possam avaliar as potencialidades produtivas e estimular a preservação ambiental”, avalia Adriano Venturieri, líder do projeto e chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental.

O projeto foi iniciado em 2013 e desde então congregou esforços de diversas Unidades Descentralizadas da Embrapa em todo o Brasil, em parceria com o governo federal por meio dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA), Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além dos governos dos nove estados da Amazônia Legal, com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe).


Aptidão agrícola

Foto: Keyle Barbosa.
Um dos produtos mais recentes do UZEE-AML e que revela a necessidade de readequação produtiva para fins de desenvolvimento na regional e uso racional da terra é o Mapa de Aptidão Agrícola das Áreas Alteradas da Amazônia Legal, elaborado pela Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Solos, lançado em Belém no início de agosto, durante o Congresso Brasileiro de Ciência do Solo.

O mapa foi construído com base na análise e caracterização dos solos somente das áreas antropizadas da Amazônia Legal, ou seja, aquelas que já sofreram algum tipo de alteração humana. Esse recorte abrange 2.179.923,68 km2, o que equivale a cerca de 40% dos 5.020.000 km² da região e os dados revelam que 90% dessas terras estão aptas à implantação de sistemas produtivos agrícolas, como a agricultura e pecuária.

A pesquisa revela ainda que das áreas mais nobres, por isso, vocacionalmente voltadas à agricultura, apenas 5% estão ocupadas com esse tipo de atividade, o que demonstra subutilização de grande parte das terras com potencial produtivo e consequente geradores de desenvolvimento e renda nos nove estados da região, conforme argumentou Adriano Venturieri. “O mapa é mais uma ferramenta de planejamento e gestão estratégica que indica aos tomadores de decisão as áreas mais aptas, reduzindo riscos, aumentando o retorno dos produtores, e auxiliando no planejamento de estados e municípios”, defende o cientista.

Entre os produtos elaborados no âmbito do projeto estão o mapa de solos e aptidão agrícola do estado do Pará e o mapa com sugestão de gestão dos territórios, este fazendo um refinamento das dez unidades territoriais estabelecidas pelo MacroZEE do MMA, tendo como base de análise as potencialidades sociais, vocações produtivas regionais e a vulnerabilidade natural das áreas, de forma a garantir o desenvolvimento econômico e manter a sustentabilidade dos ecossistemas amazônicos.


Experiência será ampliada para todo o Brasil

O UZEE-AML deixa uma base sólida de informações que instrumentaliza governos e demais tomadores de decisões para um planejamento mais racional do território e segue inspirando novas ações. Um fruto importante é a ampliação do Sistema Interativo de Análise Geoespacial da Amazônia Legal (Siageo), originalmente voltado à Amazônia, para todo o território nacional, conforme adiantou Bruno Abe Saber, coordenador do programa de zoneamento ecológico-econômico do Ministério do Meio Ambiente. “O MMA quer,  com a Embrapa, fazer a transição do Siageo Amazônia para o Siageo Brasil, sistematizando as iniciativas de ZEE existentes em todo o território nacional”, anuncia Abe Saber.

O Siageo agrega, em um único ambiente, um conjunto de informações espaciais de todos os estados da região resultantes do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da Amazônia Legal. Além de passar para o formato digital documentos como legislações e mapas, o Portal Siageo Amazônia organiza as informações, dando acesso público e gratuito a todo o seu conteúdo.

“O Siageo Amazônia é uma plataforma que permite olhar para a região como um todo e não mais de forma fragmentada, com informações dispersas, além de agregar vários serviços”, explica o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (SP) João Vila, que coordenou o desenvolvimento do sistema, em parceria com o MMA. Essa visão integrada é essencial para a elaboração de políticas públicas focadas no desenvolvimento sustentável.

Qualquer pessoa pode consultar e usar os dados geoespaciais fornecidos pelos nove estados brasileiros que integram a região: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Oeste do Maranhão. A plataforma foi construída com base no conceito de open source, isto é, em formato aberto, para que os usuários possam baixar os mapas georreferenciados e elaborar seus projetos de empreendimentos na região, seja a regularização de uma propriedade rural ou a instalação de uma indústria.

No caso de necessidade de crédito rural, é possível incluir no sistema os dados da propriedade, para a geração de relatório de análise espacial referente às condições ambientais, facilitando a avaliação por agentes do sistema financeiro sobre a concessão dos recursos. Os dados abertos, disponíveis na internet, também são úteis para gestores e pesquisadores, permitindo tomar decisões de forma mais rápida e desenvolver estudos sobre o uso dos recursos naturais.

“Com isso, ainda estamos oferecendo às pessoas a oportunidade de criar outros conhecimentos”, afirma Vila. Assim, de acordo com o pesquisador, o Siageo também cumpre uma função social, atendendo aos princípios da Lei de Acesso à Informação, que garante aos cidadãos o direito a informações produzidas pelo governo.


Informação acessível aos tomadores de decisão

O UZEE-AML oferece acesso não apenas a técnicos e especialistas de governos, mas a todos os agentes tomadores de decisão, como instituições de ensino, produtores, agências de fomento e sociedade civil, segundo conta o líder do projeto, Adriano Venturieri. “Uma das estratégias foi organizar cursos de capacitação de multiplicadores nos nove estados da Amazônia Legal”, enfatiza. Ele lembra ainda que os produtos gerados adotam linguagem acessível a todos os públicos.

Os cursos ocorreram ao longo de 2015 e 2016 com a participação de cerca de 300 representantes de governos como agentes públicos, fiscais ambientais, consultores e projetistas, além de representantes do setor produtivo e da sociedade civil.

Bruno Abe Saber, do MMA, considera os cursos importantes para difusão do acesso à informação ao sensibilizar e nivelar sobre o que é e a importância do zoneamento ecológico-econômico e de que forma as informações subsidiam o planejamento estratégico dos territórios. “A meta agora é solidificar alianças, conquistar a adesão dos estados ao mostrar, por meio de todo o trabalho desenvolvido pelo UZEE-AML, que há espaço para a conservação assim como para a produção”, defende. “Acreditamos, e a pesquisa reitera, que resguardar áreas mais vulneráveis, identificadas pelos zoneamentos, traz também a garantia da continuidade das atividades produtivas agropecuárias na Amazônia. Os serviços ecossistêmicos que são fundamentais à própria manutenção da atividade produtiva e o projeto UZEE-AML fornecem acesso à informação e capacitação, propiciando a aliança necessária entre conservação e produção”, afirma.



Fonte: www.embrapa.br.

domingo, 20 de agosto de 2017

IFAM ganhará curso de Engenharia de Aquicultura

Criado em 2008, o Ifam tem a missão de promover a educação, ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável do Amazonas.


Amazonas (AM) - O Instituto Federal do Amazonas (IFAM) ganhará o curso de Engenharia de Aquicultura. O curso será ofertado no campus do IFAM, localizado no município de Presidente Figueiredo. Uma emenda ao Orçamento de 2018, aprovada no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), viabilizará a aquisição de equipamentos.

“Esse será o primeiro curso de Engenharia em Aquicultura do Norte do País. É algo inovador e que vai trazer uma revolução na pesca no Estado do Amazonas. O IFAM tem essa missão de contribuir com essa transformação no município de Presidente Figueiredo e no Estado do Amazonas”, comentou o diretor do IFAM de Presidente Figueiredo, Paulo Marreiro.

O instituto possui 1.800 servidores e 25 mil matrículas, distribuídos nos municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara, Coari, Maués, Tefé, Tabatinga, Eirunepé, São Gabriel da Cachoeira, Parintins, Lábrea, Humaitá e Presidente Figueiredo.

Criado em 29 de dezembro de 2008 por meio da Lei 11.892, o IFAM é uma instituição de ensino superior, básica, profissional e tecnológica, pluricultural e multicampi, cuja missão é promover com excelência a educação, ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável do Amazonas.

Crea-AM com informações do IFAM.


Criação de peixes em “caixas d’água” – nova moda entre os iniciantes



Felizmente a produção de proteína aquática tem despertado cada vez mais interesse na sociedade, especialmente daqueles que não são proprietários de terras e que mesmo assim vislumbram potencial econômico na criação de peixes. Acontece que estão interpretando de forma equivocada alguns sistemas novos que permitem a prática da aquicultura intensiva sem a necessidade de estarem na zona rural. Portanto, o objetivo deste artigo é elucidar algumas questões bem simples, mas que são fundamentais na tomada de decisão antes de investir na atividade.

É possível? Sim, já temos pacote tecnológico estabelecido sobre o assunto.

É viável? Viabilidade é a somatória de técnicas + empreendedorismo. Ou seja, não basta produzir de forma eficiente! Também se faz necessário administrar bem o negócio e, acima de tudo, ter uma boa estratégia de escoamento da produção.

É fácil? Não! Nem fácil e nem simples. Produção de peixes em sistemas de recirculação de água se configura na forma mais complexa de se produzir peixes. Extremamente não recomendável para quem nunca produziu peixes.

Dá para usar água da rua? Sim, desde que antes de ir para os peixes esta água fique por pelo menos 24 horas em circulação para que o cloro seja volatilizado.

Não se trata de um artigo do tipo perguntas e respostas, mas foi proposital começar respondendo aos principais questionamentos sobre esta modalidade de cultivo. Também foi colocado propositalmente no título “Caixas D’água” entre aspas por que esta não é a forma correta de designar o sistema. A forma correta seria: Criação de organismos aquáticos em Sistema de Recirculação de Água. Conforme o ponto de vista, até pode parecer a mesma coisa. Mas dentro da ótica que muitas pessoas interessadas neste sistema de cultivo estão interpretando, não é.

Quando se fala em caixas d’água logo se imagina um “sisteminha” com meia dúzia de caixas de mil litros, onde os interessados em iniciar neste sistema usam os índices de produtividade dos sistemas de recirculação de água. Logo, o “espaçoso” quintal de casa pode se transformar numa bela unidade produtora de peixes. Evite as certezas. Desconfie de si mesmo. Quando algo lhe parece muito óbvio, ou alguém já está fazendo ou muitos já tentaram e não deu certo.

Numa era globalizada, com acesso a todo tipo de informação, onde a competitividade em todos os segmentos comerciais é acirrada, não podemos acreditar ser possível produzir peixes de forma comercial em uma pequena área, com baixo investimento, pouca dedicação, pequena estrutura e sem ter conhecimento técnico sobre o assunto. Portanto, a primeira recomendação é: produções comerciais em sistemas de recirculação bem montados e bem conduzidos, são possíveis sim e viáveis. Enquanto que produções de peixes em “caixas d’água”, comercialmente falando, é ilusão.

Inclusive, no quadro de colunistas da Aquaculture Brasil existem experts quando o assunto é criação intensiva em sistemas de recirculação de água (RAS). Neste sentido, não me atreverei a explicar ou recomendar como deve ser uma criação comercial neste sistema. Mas faço questão de registrar o quanto acredito nesta técnica de cultivo; onde, num futuro bem próximo, vislumbro como sendo uma das formas mais eficientes zootecnicamente e mais sustentáveis ambientalmente de se produzir alimentos.

A abordagem deste artigo até pode ser extremamente básica para os leitores deste jovem e já reconhecido meio de comunicação do universo aqua. Acontece que tão importante quanto falarmos de tecnologias inovadoras é apresentarmos a realidade das atuais tecnologias disponíveis. Neste sentido, todos que se dedicaram a leitura deste, de alguma forma possuem a capacidade de formar opinião dentro do segmento. E aí é fundamental o entendimento que já não precisamos mais estimular a entrada de novos produtores de organismos aquáticos. O que precisamos é de AQUICULTORES!!! Ou seja, profissionais/empresários dispostos e produzirem com profissionalismo, seja lá qual for o sistema de produção.

Artigo escrito por Fábio Sussel, Zootecnista formado pela Universidade Estadual de Maringá, possui mestrado em nutrição de peixes pela UNESP de Botucatu e doutorado, também em nutrição de peixes, pela USP de Pirassununga.

Fonte: www.aquaculturebrasil.com.

sábado, 19 de agosto de 2017

Empresa desenvolve projeto de aproveitamento de carcaças de tilápia para a geração de óleo e energia

Foto: carcaças de tilápia. Fonte: www.radardoanthero.blogspot.com.br
A produção e o consumo de pescado vêm crescendo no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base em um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro consome, em média, 14,4 kg de peixe por ano, superando a quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 kg. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país produziu 483 mil toneladas de peixe em 2015, o que significa um crescimento de 1,5% em relação ao ano anterior.

Como consequência desse aumento de produção, a grande quantidade de resíduos (ossos, pele, nadadeira, vísceras e cabeça) gerada pode, caso não tenha o tratamento e o descarte adequados, se tornar um problema ambiental. Visando contribuir para minimizar os impactos causados pelos restos de pescados, a empresa Piscis desenvolveu um sistema de biodigestão adequado para processamento das vísceras e carcaças da tilápia do Nilo, um peixe bastante produzido no Nordeste. 

O projeto, coordenado pelo pesquisador André Siqueira, contou com o apoio da Funcap através do edital Pappe. Segundo ele, este apoio foi fundamental para viabilizar a concretização do projeto. “A fundação financiou todos os estudos necessários para execução e custeou a aquisição de materiais que foram utilizados na fabricação do biodigestor”, relata.

A taxa de mortandade aceitável durante o processo de produção de peixes é entre 5% e 7%. Considerando a produção do açude Castanhão, em Jaguaribara, cidade a aproximadamente 227 km de Fortaleza, a pesquisa concluiu que em 2015,  o volume de carcaças de peixes mortos pode chegar a 5 toneladas por dia.O acúmulo dessa matéria orgânica nas margens do açude pode causar poluição do lençol freático e da água do reservatório. De acordo com André, para os piscicultores, responsáveis por dar a destinação correta aos resíduos, a biodigestão se torna uma alternativa. “Isso permite que eles atendam às exigências ambientais”, comenta.

Aproveitamento total dos resíduos

A biodigestão é um método de reciclagem que consiste na produção de biogás combustível e também de adubos a partir de compostos orgânicos, nesse caso os resíduos de peixe. Mas segundo André, o principal item resultante do processo de de reutilização de resíduos desenvolvido pela Piscis é o óleo de vísceras de tilápia, uma fonte de nutrientes rica em ômega-6, componente que é classificado como um dos tipos de gorduras saudáveis.

A pesquisa realizada pela Piscis mostrou que o óleo de tilápia apresenta melhor desempenho nutricional, quando comparado a outras fontes de energia, como os óleos de origem vegetal. Além disso, é uma gordura insaturada, que é mais saudável. O óleo extraído através da biodigestão pode ser aplicado como fonte energética na formulação de rações para alimentação animal. “Vale ressaltar que o uso de ingredientes ricos em ômega-6 na alimentação de porcas em período reprodutivo aumenta o potencial ovulatório e restabelece a taxa de ovulação”, afirma André.

O gás produzido no processo de biodigestão poderá ser convertido em energia elétrica utilizada pela própria empresa para o funcionamento dos equipamentos. “Caso haja excedente, ela poderá ser comercializada com a Enel, companhia de fornecimento de eletricidade do Estado”, afirma o pesquisador, destacando a autossuficiência energética da empresa como outra vantagem do aproveitamento dos resíduos. Além disso, a matéria orgânica sólida gerada na biodigestão, o biocomposto, pode ser comercializada na forma de adubo. Isso significa que há potencial para aproveitamento integral dos resíduos gerados pela piscicultura.


Monitoramento da qualidade de água da piscicultura por um peixe robô



Uma equipe de pesquisadores da Universidade Politécnica de Madrid em conjunto com a Universidade de Florença desenvolveu um robô que monitoriza a qualidade da água e se move como um peixe real.

Esta não é a primeira vez que cientistas anunciam a criação de robôs aquáticos para monitoramento da qualidade da água, a diferença é que houve aqui inspiração biomimética.

A biomimética é a inovação inspirada pela natureza. Esta tem quase 4 bilhões de anos de experiência e as soluções mais originais para resolver problemas. Por que não aprender com ela?

A indústria da aquicultura fornece quase metade de todos os peixes e frutos do mar consumidos no planeta. A prática depende muito do monitoramento da qualidade da água, deixando-a sempre limpa e saudável. Os peixes-robô usam sensores para monitorizar os níveis de pH e quando encontram áreas excessivamente ácidas ou poluídas, os padrões de natação do peixe mudam ao mesmo tempo que sinalizam onde é o local ruim.

Com isso o aquicultor pode tomar melhores decisões e agir no problema em estágio inicial. Cada peixe tem 30 cm de comprimento e é feito a partir de uma liga que flexiona exatamente como a espinha dorsal de um animal real. Os robôs não destoam do ambiente, por isso causam menos stress nos peixes. Isso é especialmente útil se o robô for reutilizado em futuros estudos comportamentais de seres aquáticos.

O futuro em que peixes-robô preservam a vida de peixes reais finalmente chegou!