quinta-feira, 13 de abril de 2017

Licenciamento ambiental para piscicultura de até 5 ha

Imasul isenta de licença ambiental projetos de piscicultura de até 5 hectares



Campo Grande (MS) – Estão isentos do processo de licenciamento ambiental os projetos de piscicultura que somem até cinco hectares de lâminas d’água. A medida visa estimular a agricultura familiar, disse o diretor presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Ricardo Eboli. “Consideramos que os impactos ambientais gerados por atividades desse porte são de baixa magnitude, não sendo necessário o processo de licenciamento”, explicou.

Caso os tanques somem até dois hectares (ou 20 mil metros quadrados), o produtor não precisa nem comunicar o Imasul. Entre dois e cinco hectares de lâmina d’água, basta o produtor fazer o cadastro do empreendimento, procedimento muito mais simples do que o licenciamento ambiental.

O cadastro pode ser feito pelo site do Imasul, por meio do sistema Siriema (clique aqui). O produtor vai seguindo o passo a passo e fornecendo as informações solicitadas. Em caso de dificuldade, o produtor pode procurar a Central de Atendimento do Imasul, no Parque dos Poderes, em Campo Grande, ou nos escritórios regionais do interior do Estado (veja aqui).

Cabe lembrar que só é permitido criar em tanques as espécies nativas, como pacu, pintado, piraputanga, dourado, curimba. Algumas espécies exóticas (de outras bacias hidrográficas) também são permitidas, mas é preciso consultar o órgão ambiental para saber quais são elas.

Da mesma forma, o produtor precisa de um projeto e de cadastramento ou licenciamento específico caso precise desviar água de rio ou córrego para abastecer os tanques, ou se for abrir poço para retirar água do lençol freático, dependendo da profundidade e da vazão. Essas dúvidas podem ser esclarecidas na sede do Imasul ou nos escritórios regionais.



segunda-feira, 10 de abril de 2017

O peixinho que droga predadores com 'mordida de heroína'

Cientistas britânicos e australianos resolveram um mistério do mundo marinho: os efeitos da mordida indolor de um peixe ornamental venenoso.

Os fang blennies medem poucos centímetros e são coloridos.
Foto: Richard Smith/OceanRealmImages.com / BBCBrasil.com
Eles constataram que o fang blenny, natural de corais do Oceano Índico, se defende de predadores ministrando opioides - um composto similar à morfina e à heroína, que causa uma queda súbita na pressão sanguínea e, aparentemente, distrai o predador por tempo suficiente para que ele fuja.

A pesquisa, que reuniu especialistas da Liverpool School of Tropical Medicine, no Reino Unido, e da Universidade de Queensland, na Austrália, foi publicada na revista especializada Cuttent Biology e é um exemplo dos segredos escondidos em nossos oceanos.

Bryan Fry da Universidade de Queensland, explica que peixes com algum tipo de mordida venenosa normalmente produzem dores imediatas.

"Uma das maiores dores que sofri na minha vida foi quando fui picado por uma arraia. Foi algo infernal", contou ele.

Por isso, o fang benny aguçou a curiosidade dos cientistas: eles queriam entender por que sua mordida era indolor.

"Mordidas ou picadas dolorosas são um mecanismo de defesa útil - os predadores aprendem a evitá-las", explica Nicholas Casewell, cientista da Liverpool School of Tropical Medicine.

Presas anestésicas

Exemplar de Fang Blenny. Foto: Erik Schlögl © Erik Schlögl.

Casewell conta que os estudos sobre o fang blenny feitos nos anos 70 observaram o comportamento de peixes maiores.

"Eles colocavam os blennies na boca, mas rapidamente começavam a tremer e a abriam novamente. O fang blenny simplesmente nadava para fora."

Ao analisar a composição do veneno dos peixinhos, os cientistas descobriram o opiáceo, composto conhecido como potente analgésico e usado tanto como remédio quanto droga recreativa, como no caso da heroína.

Mas esse tipo de composto causa também queda na pressão sanguínea, levando a tonturas e estado de fraqueza.

"Isso parece causar nos predadores uma perda de coordenação, permitindo que o blenny fuja", completa Casewell.

Tesouros

Pesquisadores fizeram tomografias para encontrar as glândulas produtoras de veneno
Foto: LSTM / BBCBrasil.com.

A nova descoberta é uma amostra da importância de preservação dos recifes de coral, ameaçados pelo aumento na temperatura dos oceanos, diz Casewell.

"Corremos o risco de extinguir uma espécie que pode conter algo útil para os humanos. Podemos estar destruindo um recurso antes mesmo de encontrá-lo."

Bryan Fry faz coro com o colega, apontando para as aplicações práticas que o fang blenny pode ter para a ciência.

"Seu veneno pode ser a fonte da mais nova droga analgésica do mercado, mas podemos perder a chance de desenvolvê-la se extinguirmos o habitat desta e de outras criaturas vivendo em corais."

Fonte: www.bbc.com.

domingo, 9 de abril de 2017

CNA critica transferência da Secretaria de Aquicultura e Pesca


Brasília (DF) – O presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Ono, criticou a transferência da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura (MAPA) para o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Durante audiência pública solicitada pela CNA, no dia 05-04, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Eduardo Ono afirmou que a mudança é resultado de questões políticas, sem fundamentação técnica ou prévio diálogo com os setores afetados.
“A nosso ver, o setor pesqueiro deveria permanecer no MAPA, que é a “casa” de todas as cadeias produtivas, tanto animal quanto vegetal. É lá onde estão os especialistas de cada área, trânsito nacional e internacional, fomento, inspeção e acesso a mercados”.
Ono também explicou aos senadores que a saída dos setores de aquicultura e pesca do MAPA levanta alguns pontos preocupantes para o setor, como o acesso ao Crédito Rural, Seguro Rural e Plano Agrícola e Pecuário (PAP), a regulamentação de trânsito animal e a emissão da Guia de Trânsito Animal.
A Comissão de Aquicultura da CNA já havia criticado a decisão quando divulgou um Comunicado Técnico, no dia 14 de março, mesmo dia em que foi divulgado o Decreto Legislativo nº 9.004 determinando a migração da Secretaria.

Assessoria de Comunicação CNA

Peixes contaminados por mercúrio: ameaça ao ambiente e à saúde


De onde vem a contaminação por mercúrio nos ambientes aquáticos?


O mercúrio (Hg) é um metal naturalmente encontrado no ar, no solo e na água. Mas, atualmente, os valores de mercúrio no ambiente extrapolam os padrões de normalidade devido à atividades antropogênicas (causadas pelo homem).
Segundo o National Resources Defense Council (NRDC), as maiores fontes mundiais de contaminação ambiental por mercúrio são a queima de carvão mineral por termelétricas e as atividades de mineração.
Mercúrio
O mercúrio ocorre em estado líquido em temperatura ambiente, porém, quando a temperatura aumenta, ele é facilmente volatizado para a atmosfera na forma de vapor de mercúrio.
Um vez na atmosfera, o vapor de mercúrio pode ser depositado ou convertido em forma solúvel e incorporado ao ciclo da chuva. Quando solúvel, pode ser volatizado novamente e retornar à atmosfera, ou pode permanecer no meio aquático, onde será transformado em metilmercúrio [CH₃Hg]⁺ por micro-organismos presentes no sedimentos do ambiente aquático.
O metilmercúrio contamina toda a cadeia alimentar, desde o fitoplâncton até os peixes carnívoros. Por ter um longo tempo de permanência, o metilmercúrio se mantém incorporado ao tecido do organismo, após ingerido. Dessa forma, a concentração de mercúrio vai se tornando cada vez mais alta dentro da cadeia alimentar à medida em que os organismos se alimentam de outros que já apresentam o mercúrio acumulado em seus tecidos. Este processo é denominado bioacumulação.
Por tal motivo, os peixes carnívoros de topo de cadeia apresentam as concentrações mais elevadas de metilmercúrio. Ao incorporarmos esses peixes contaminados à nossa dieta, estamos nos incluindo neste processo e ingerindo altas concentrações de mercúrio.
Principais fontes antropogênicas de mercúrio no Brasil
O Ministério do Meio Ambiente aponta em relatório que existe uma carência de dados referentes às concentrações atmosféricas de mercúrio. Mas aponta a mineração do ouro e as queimadas de grandes áreas florestais como as principais emissões de mercúrio do país.
Segundo o relatório do Ministério de Minas e Energia, atualmente a produção do ouro tem se dado principalmente nos estados de Minas Gerais, Pará, Bahia e Mato Grosso, respectivamente.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, outras formas de exposição frequentes no país estão relacionadas às atividades de fabricação de cloro-soda, fabricação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes, fabricação de termômetros, fabricação de pilhas e de material odontológico.
Intoxicação por mercúrio
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe uma relação direta entre as altas concentrações de mercúrio no sangue humano e o consumo de peixe contaminado por metilmercúrio
De acordo com o Diagnóstico Preliminar sobre o Mercúrio do Brasil, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, 90% de todo o mercúrio presente em organismos de nível trófico alto (predadores do topo de cadeia alimentar) se encontra na forma de metilmercúrio.
O metilmercúrio [CH₃Hg]⁺ é considerado uma das formas mais nocivas do mercúrio ao organismo humano. É uma neurotoxina capaz de atravessar as barreiras placentária e hematoencefálica, afetando negativamente o cérebro em desenvolvimento. Por isso, mulheres em fase gestacional devem ter um cuidado ainda maior referente ao consumo de peixe possivelmente contaminado por mercúrio.
A exposição de mulheres grávidas ao metilmercúrio [CH₃Hg]⁺ pode provocar danos ao sistema nervoso dos bebês e causar deficiências de aprendizado e cognição na infância. Além disso, o Instituto Nacional de Câncer classifica o metilmercúrio como uma substância com possível efeito cancerígeno.
A intoxicação humana por mercúrio é um problema de saúde pública que afeta principalmente as populações ribeirinhas, que têm o peixe como base da dieta alimentar. Mesmo assim, o assunto deve receber a atenção de todos aqueles que consomem peixe regularmente.
Para a segurança do consumidor, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) possui uma portaria na qual estabelece que a concentração máxima de mercúrio não deve ultrapassar 1mg/kg em peixes predadores e 0,5mg/kg em peixes não predadores. Quando estes valores são ultrapassados, o lote de peixes é apreendido.
No entanto, essa iniciativa não tem impacto para reduzir os riscos aos quais as populações ribeirinhas estão expostas, nem para reduzir os danos ambientais causados pela contaminação. Para este caso, seria necessário atuar diretamente na redução das fontes de emissão de mercúrio.

domingo, 2 de abril de 2017

Cientistas sequenciam genoma de peixes brasileiros

O genoma é o conjunto de informações genéticas codificadas no DNA de um organismo, dentre as quais estão os genes que afetam características de interesse produtivo, como qualidade da carne e ganho de peso, por exemplo


A piscicultura brasileira está prestes a ganhar uma importante ferramenta para seu manejo e melhoramento genético. A pesquisa nacional está finalizando o sequenciamento do genoma de dois peixes nativos mais produzidos no País: o tambaqui (Colossoma macropomum) e a cachara da Amazônia (Pseudoplatystoma punctifer), conhecida também como surubim. O trabalho é realizado no âmbito da Rede Genômica Animal coordenada pela Embrapa e que reúne instituições de pesquisa de todo o Brasil. O genoma é o conjunto de informações genéticas codificadas no DNA de um organismo, dentre as quais estão os genes que afetam características de interesse produtivo, como qualidade da carne e ganho de peso, por exemplo.

Além da relevância para a cadeia produtiva, o sequenciamento do genoma do tambaqui e da cachara será bastante importante também para pesquisas cientificas em diversas áreas, uma vez que essas espécies são representativas de duas diferentes ordens: a dos Characiformes, que agrupa peixes de escama, entre eles o tambaqui, e a dos Siluriformes, que reúne os bagres, grupo de peixes de couro que inclui a cachara e o pintado. A abrangência dos resultados obtidos permitirá que os genomas sequenciados sirvam de referência para estudos de outras espécies semelhantes pertencentes às duas ordens.

“Precisamos dar saltos tecnológicos para aumentar a produtividade do tambaqui e da cachara em sistemas de produção em cativeiro e as ferramentas genômicas vão auxiliar no alcance desse objetivo”, acredita o biólogo Eduardo de Sousa Varela, da área de genética da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), que participa do trabalho de sequenciamento dos peixes.

Para os piscicultores, o conhecimento do genoma poderá trazer avanços importantes no manejo genético dos plantéis de matrizes das duas espécies. Devido à falta de boas ferramentas e processos adequados para controle genealógico de reprodutores, os produtores de alevinos podem frequentemente efetuar acasalamentos entre peixes aparentados, e consequentemente gerar animais com deformações e baixa performance produtiva, entre outros problemas genéticos. “As informações que estão sendo mineradas pela equipe serão inicialmente utilizadas para gerar ferramentas moleculares para aprimorar o manejo genético dos plantéis de reprodutores das propriedades que trabalham com essas espécies”, explica Alexandre Rodrigues Caetano, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e coordenador da Rede Genômica Animal.

Com uma futura análise genética subsidiada pelos genomas sequenciados, será possível detectar a relação parental entre os animais e recomendar ao produtor os melhores casais a serem formados, favorecendo o distanciamento genético entre as matrizes e as características dos animais que são almejadas. “Com as informações que estão sendo geradas, além de organizar cruzamentos, o melhoramento genético dos peixes poderá em um futuro breve utilizar de métodos avançados, como a seleção genômica, para gerar linhagens mais produtivas e adaptadas aos sistemas de produção em cativeiro”, informa Caetano.

Outro foco dos trabalhos em execução pela equipe é o desenvolvimento de ferramentas robustas para identificação de híbridos. Em condições de cativeiro, é comum o cruzamento de espécies diferentes gerando os chamados híbridos interespecíficos. Essa prática ocorre especialmente entre surubins: cacharas podem ser cruzadas com pintados, ou com jundiás-da-amazônia; e entre peixes redondos: cruzamentos entre tambaquis e caranhas ou tambaquis e pacus. Os resultados dessas uniões, pintacharas e tambacus, por exemplo, têm sido amplamente utilizados para engorda e abate no setor produtivo, e excepcionalmente podem ser usados como matrizes por alguns produtores, já que são férteis. A cada nova geração, fica mais difícil saber se o animal é puro ou híbrido e qual seria o grau dessa mistura e suas eventuais consequências, gerando uma grande dificuldade para o controle do perfil genético das matrizes.

Dados gerados com o sequenciamento do genoma referência foram minerados para identificar centenas de marcadores moleculares úteis para identificar peixes híbridos. Cálculos estatísticos mostram que os marcadores prospectados poderão detectar o grau de hibridação de cada animal, mesmo após várias gerações de cruzamentos absorventes com uma das espécies de interesse. Com as ferramentas geradas que se encontram em fase de validação, será simples identificar cruzamentos antigos que alteraram a pureza dos peixes.

Identificando fraudes

Entre as aplicações que esse conhecimento poderá ter está a de identificar fraudes no mercado varejista. “Caso um frigorífico troque um filé da espécie de peixe descrita na embalagem por outra, um teste genético a ser desenvolvido a partir desses marcadores identificará a fraude”, exemplifica o geneticista Anderson Luis Alves, que participou do trabalho de sequenciamento dos peixes brasileiros e que hoje atua na Embrapa Produtos e Mercado. O especialista acredita que os resultados dos sequenciamentos também subsidiarão a criação de ferramentas para o controle de escapes de animais para o ambiente natural.

Pesquisas para caracterizar o transcriptoma da cachara, a parte do genoma que o animal expressa em seu RNA, também já foram concluídas. “Trata-se de uma informação importante e complementar ao genoma, a qual também auxiliará na identificação de marcadores moleculares”, informa a pesquisadora Luciana Cristine Vasques Villela, da Embrapa Pesca e Aquicultura, a qual desenvolveu o trabalho durante seu doutoramento. A pesquisa resultou ainda no sequenciamento do genoma mitocondrial da cachara. O DNA encontrado na mitocôndria, organela responsável pelo metabolismo energético da célula, é formado somente por material genético herdado da mãe, o que o torna ideal para investigações de filogenia, ciência que estuda a história evolutiva das espécies. “O genoma mitocondrial permite observar a variabilidade genética entre populações, determinar a distância genética entre grupos e estimar o local de origem de uma espécie, por exemplo”, esclarece Villela ao frisar ser também essa outra fonte importante para identificação de marcadores.

Seleção genômica

O uso das ferramentas genômicas tem acelerado o melhoramento genético das espécies. Os métodos usados tradicionalmente para identificar animais de melhor desempenho para utilização como reprodutores depende da mensuração das características de interesse nos próprios animais, quando possível, assim como nos seus descendentes, o que geralmente é demorado e apresenta custos elevados. No processo chamado de seleção genômica dados de dezenas de milhares de marcadores genéticos podem ser utilizados para determinar o valor genético de um indivíduo, assim que possa ser coletada uma amostra de seu DNA. “Nós estamos desenvolvendo um trabalho amplo, essencial para gerar ferramentas com perspectivas de aplicação a curto, médio e longo prazo”, explica Alexandre Caetano.

Não por acaso, os peixes de grande importância econômica mundial já tiveram seus genomas sequenciados. É o caso do ornamental peixe-zebra (Danio rerio), do salmão (Salmo salar) e da tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida pela piscicultura nacional. Ferramentas e métodos para aplicação da seleção genômica no melhoramento do salmão já estão sendo amplamente utilizadas nos programas de melhoramento dos principais países produtores. Originária da África, a tilápia é a espécie mais cultivada do Brasil e movimenta uma cadeia produtiva de nível tecnológico bem desenvolvido apresentando um desempenho zootécnico ainda não igualado por espécies brasileiras. Para os pesquisadores, a elevação tecnológica da cadeia produtiva dos peixes nativos aos patamares conquistados na tilapicultura dependerá, necessariamente, do uso de ferramentas genômicas para solucionar questões básicas de manejo genético de reprodutores e posteriormente melhoramento genético.

“Dados genéticos são, atualmente, ativos valiosos no mercado agropecuário, pois geram resultados sensíveis ao produtor. Esse fato é bem conhecido na bovinocultura, por exemplo”, compara Alves. Como exemplo, ele conta que um kit identificador de marcadores moleculares específicos pode ser licenciado a laboratórios especializados e gerar royalties. “Além da importância do conhecimento gerado, os resultados que ele promove também serão positivos para toda a cadeia produtiva”, diz o especialista frisando que os dados genômicos agregarão qualidade e valor ao pescado nativo. “Os marcadores genéticos foram desenvolvidos para atender aos produtores de alevinos e resultarão em peixes de melhor desempenho produtivo e, consequentemente, maior rendimento no frigorífico e maior qualidade do pescado para o consumidor”, afirma o pesquisador.

Tamanho do mercado

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015 foram produzidas quase 136 mil toneladas de tambaquis, o que corresponde a mais de 28% do total do pescado produzido pelo setor aquícola naquele ano. A maior parte dessa produção ocorreu na região Norte, com expressivo destaque para Rondônia, responsável, no ano em questão, por quase 48% de todo o tambaqui do País. À frente do tambaqui, está apenas a tilápia que contabilizou mais de 219 mil toneladas produzidas em 2015 e cuja produção concentra-se nos estados de São Paulo e Paraná.

Embora a produção nacional de pescado tenha crescido 123% entre os anos de 2005 e 2015, o Brasil ainda importa mais do que produz. “Para que a balança comercial do pescado se inverta, é necessária a adoção de tecnologias que aumentem a produção nacional e as ferramentas genômicas são ativos importantes nesse processo”, analisa Alves.

Além das ações de pesquisa na área de genômica, a equipe de cientistas está envolvida na formação de um banco de germoplasma de espécies nativas com potencial aquícola, o qual servirá de base para estruturação de programas próprios de melhoramento genético no País. O principal foco desse banco será a conservação de recursos genéticos das espécies garantindo a manutenção das características genéticas e servindo de repositório futuro para a produção em grande escala.

O sequenciamento genético do tambaqui e da cachara representa um passo importante para a pesquisa brasileira, pois abre perspectivas de desenvolvimento de tecnologias aplicadas, que poderão, em um futuro próximo, colaborar para melhorias nas cadeiras produtivas das espécies. Ganharão as cadeias produtivas, que poderão contar com processos produtivos mais eficientes e tecnificados, com maior produtividade e lucratividade, e os consumidores, que encontrarão produtos de melhor qualidade, em abundância e com preços atrativos.


China, maior produtor da nossa pirapitinga?

Olá produtores, estudantes e profissionais da Aquicultura, trago essa curiosa reportagem realizada pela Aquaculture Brasil a respeito da pirapitinga, receio que ficarão surpreso ao saber que a China é o maior produtor de uma espécie originária da Amazônia.

China, maior produtor da nossa pirapitinga?



Como assim?

Pois então caro leitor, a pirapitinga (Piaractus brachypomus), popularmente conhecida como pacu negro ou caranha, espécie nativa da Bacia Amazônica e do Araguaia-Tocantins, é mais cultivada na China do que no Brasil! Bem mais…

Uma das curiosidades que vimos na Seafood Expo North America foi uma empresa chinesa que produz o red pomfret ou red pacu. Os chineses comercializam nossa pirapitinga como “pacu”.

Para compreender melhor tudo isto, nosso coeditor Artur Rombenso conversou com o representante comercial desta empresa, o qual passou algumas informações com exclusividade para a Aquaculture Brasil.



A pirapitinga é comercializada congelada, em tamanho pequeno (entre 600-800g) e exportada principalmente para Europa e África. A produção é considerável: somente esta empresa comercializa em torno de três containers por mês durante os meses de verão.

O mais incrível ainda você mesmo pode atestar. Faça uma busca no site www.alibaba.com colocando o termo “red pacu”. Aparecerão 141 empresas comercializando a nossa pirapitinga!!!

Tentamos levantar os dados oficiais de produção de pirapitinga na China, mas até o fechamento desta notícia não obtivemos nada concreto. Sabemos que se tratam de milhares de toneladas por ano. Muito mais do que a produção brasileira, que segundo o IBGE (2016), representa algo em torno de 3,5 mil toneladas.

Um artigo publicado na Revista Global Aquaculture Advocate (Liu, Li & Wang, 2007) a 10 anos atrás já elucidava esta questão. Segundo os autores: “Algumas espécies de peixes introduzidas têm um papel fundamental e estão contribuindo com um aumento significativo na aquicultura de água doce da China, particularmente tilápia, largemouth bass, catfish e red pacu”. Olha aí um peixe redondo brasileiro contribuindo com a produção asiática de pescado!