sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Mercado interno em ascensão

O Sebrae divulgou com base nos dados estatísticos do IBGE como se encontra o mercado interno de consumo de peixes no Brasil. Essa é uma ótima dica de leitura para quem deseja empreende no seguimento aquícola e está estudando o mercado.

Projeto de longo prazo começará com produção de 25 mil toneladas de tilápia por ano (Foto: Divulgação).

O Sebrae divulgou este mês o Estudo Setorial da Aquicultura no Brasil, um documento inédito que mostra o panorama da atividade com os números de produção, os desafios para os produtores e as principais ações da instituição. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil ocupa a décima segunda posição na produção aquícola mundial. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção aquícola brasileira foi de 476,5 mil toneladas em 2013, uma taxa de crescimento de 56% nos últimos 12 anos. Já as exportações estão em queda desde 2003, quando as remessas ao exterior somaram 107,8 mil toneladas. “Isso se deve ao aumento no consumo interno de pescados pelos brasileiros, uma vez que a produção nacional cresce e as importações também”, explica Newman Costa, analista do Sebrae que está à frente dos projetos de Aquicultura e Pesca.

As importações nacionais saltaram de 144,4 mil toneladas em 2003 para 383,3 mil toneladas em 2013,  um incremento de 165% que evidencia a potencialidade do mercado interno. O consumo per capita de peixe pelo brasileiro é pequeno, hoje está na casa dos 14 quilos por habitante ano. O número ultrapassa os 12 quilos recomendados pela FAO, mas tem espaço para crescer. Segundo o estudo do Sebrae, em 1999 o brasileiro comia 6,25 quilos de peixe por ano; em 2011 passou para 11,17 quilos, um aumento de 81%.
Mundialmente, o consumo per capita de peixe é de 18 quilos por habitante ano.  Por aqui, as proteínas mais consumidas são: carnes bovina e de frango, ambas com 41,8 quilos por brasileiro por ano e carne suína, com 15 quilos. Mas o mundo está de olho na dobradinha: potencial do mercado doméstico e reservas de água doce. Prova disso é o projeto de US$ 51 milhões da Tilabras, uma parceria entre uma das maiores produtoras de tilápia do mundo, a americana Reagal Springs, e a brasileira Mar & Terra, uma das empresas do grupo Axial.
Trata-se de um projeto de longo prazo que começará com uma produção de 25 mil toneladas de tilápia por ano e prevê chegar a 100 mil toneladas até 2020. No momento atual, a empresa está pedindo à União concessão para explorar a superfície fluvial do rio Paraná, o lugar escolhido para abrigar o cultivo. Se tudo correr como o planejado, em breve 20 milhões de alevinos de 30 gramas cada serão transferidos para as gaiolas de aço no rio Paraná, de onde devem sair seis meses depois com quase um quilo.

Embrapa e Sebrae divulgam cartilha sobre como comprar, armazenar e preparar pirarucu, surubim e tambaqui

Livro pretende ampliar o acesso das pessoas a informações corretas sobre espécies como o pirarucu (Foto: Amelia Guo/Creative Commons).
Na primeira edição da Japan & Asian Food Show, feira e workshop de restaurantes e culinária asiática, que foi realizado no Expo Center Norte, na capital paulista, Embrapa e Sebrae lançaram o livro Peixes Nativos do Brasil – Pirarucu, Surubim e Tambaqui: Como comprar, armazenar e preparar. “A ideia é que as pessoas conheçam estas espécies nobres, que já são cultivadas em cativeiro”, diz Newman Costa, analista do Sebrae que está à frente dos projetos de Aquicultura e Pesca.
consumo de peixes no Brasil dobrou na última década. De 2012 para 2013, a demanda cresceu 25% e ultrapassou os 12 quilos de pescado por habitante por ano recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Hoje, o brasileiro come, em média, 14,5 quilos de pescados por ano. No entanto, a maior parte dos peixes vendidos no país é importada. Neste contexto, Embrapa e Sebrae lançaram a publicação para estimular o consumo das espécies nacionais e, consequentemente, a produção sustentável das mesmas.
Outro objetivo é ampliar o acesso das pessoas a informações corretas sobre pirarucu, tambaqui e surubim. O primeiro é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo alcançar 300 quilos na natureza. Os pirarucus  têm bexigas natatórias modificadas que funcionam como pulmões, então mesmo que a água não tenha muito oxigênio, eles vêm à superfície para respirar. Tal característica faz deles presas fáceis dos pescadores extrativistas ilegais e por isso a espécie está na lista da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Selvagens Ameaçadas de Fauna e Flora (Cites).
Mas o consumidor não precisa se preocupar. “O pirarucu tem um registro que permite saber de onde o produto vem. As matrizes são chipadas para garantir que não foram tiradas da natureza”, diz Newman. A tecnologia para o cultivo da espécie cativeiro foi desenvolvida – e continua a ser aprimorada – pela Embrapa Aquicultura e Pesca e parceiros. A carne da espécie é rosada, de sabor suave e desprovida de espinhas. Conhecido como Bacalhau Brasileiro ou Bacalhau da Amazônia, o peixe vem sendo comercializado em mantas salgadas de 4 centímetros de espessura.
Em formato de cartilha, o livro Peixes Nativos do Brasil ensina ao consumidor – seja ele a dona de casa, o dono do restaurante, o cozinheiro ou comerciante – como lidar com o produto. Ou seja, como comprar, como armazenar para ele não estragar e como preparar. No primeiro item, a dica é observar os selos que atestam a qualidade de higiene e segurança alimentar: Inspeção Municipal (SIM) ou Inspeção Estadual (SIE) ou Inspeção Federal (SIF).
O material ainda ensina como limpar e cortar um peixe, além de apresentar as principais características das três espécies. A costela de tambaqui, por exemplo, é muito consumida na região Norte do Brasil. Já o surubim é muito consumido em postas, por não ter espinhos intramusculares. Quem quiser saber detalhes, basta acessar a versão online do livro clicando aqui.

10 dicas para evitar erros na hora de criar um plano de negócios

Antes de iniciar qualquer tipo de empresa, é fundamental que o empreendedor elabore o seu plano de negócios, um documento que descreve quais são os objetivos e as etapas a serem cumpridas para alcançá-los, sendo útil também para diminuir os riscos que envolvem a atitude de empreender.

“Montar um plano de negócios não é uma tarefa fácil. O alto grau de ansiedade para abrir o primeiro negócio contribui para que o empresário acabe cometendo alguns erros”, explica Julio Tadeu Alencar, consultor do Sebrae-SP.
O Sebrae-SP elaborou uma lista com os principais erros cometidos pelos empreendedores iniciantes na hora de criar o plano de negócios da empresa:
1. Desconhecer o ramo de atuação – É preciso conhecer os detalhes do segmento em que pretende atuar para, assim, encontrar as oportunidades nele.
2. Não pesquisar o mercado consumidor – Consiste em não ter as informações sobre os prováveis compradores: o que produzir, de que forma vender, qual é o local adequado para a venda, e qual é a demanda potencial para o produto.
3. Desconhecer o mercado fornecedor – Esse conhecimento vai se refletir nos resultados pretendidos pelo empresário. Mercado fornecedor é aquele que fornece à empresa os equipamentos, as máquinas, a matéria-prima, as mercadorias e os demais materiais necessários ao seu funcionamento.
4. Desconhecer o mercado concorrente – Este mercado deve ser analisado criteriosamente, de maneira que sejam identificados os concorrentes, as mercadorias ou serviços que oferecem, as vendas efetuadas pelo concorrente, os pontos fortes e fracos da concorrência e se os clientes deles são fieis. 
5. Indefinição de produtos e serviços - É preciso conhecer detalhes do seu produto ou serviço e fazer com que eles atendam às necessidades do mercado. Defina qual a utilização do seu produto ou serviço, a embalagem a ser usada, os tamanhos oferecidos, as cores, os sabores, entre outros.
6. Não analisar a localização da empresa – Um bom ponto comercial é aquele que gera resultados e um volume razoável de vendas. A definição do local está diretamente relacionada com o ramo de atividade em que a empresa atua.
7. Desconhecer o processo operacional - Devem ser abordadas questões como que trabalho será feito; quais são as fases de fabricação, venda e prestação de serviços; quem fará; com que material; com que equipamento e quando fará. É preciso verificar quem tem conhecimento e experiência no ramo: você? um futuro sócio? ou um profissional contratado?
8. Desconhecer o volume de produção, de vendas ou de serviços - É prudente que o empreendedor ou empresário considere a necessidade e a procura do mercado consumidor; os tipos de mercadorias ou serviços a serem colocados no mercado; a disponibilidade de pessoal; a capacidade dos recursos materiais; a disponibilidade de recursos financeiros; a disponibilidade de matéria-prima, mercadorias, embalagens e outros materiais necessários.
9. Não dar atenção à necessidade de pessoal – Identifique o número necessário de colaboradores para o trabalho e que qualificação devem possui.
10. Não fazer a análise de viabilidade da empresa – É necessário fazer uma estimativa do resultado esperado e do capital necessário para começar o negócio, pois terá que fazer um investimento em local, equipamentos, materiais e despesas diversas para instalação e funcionamento inicial do negócio.
“Empreender é um risco, mas empreender sem planejamento é um risco que pode ser evitado. A simples consideração das dicas possibilita tomar decisões mais acertadas e evita o desvio dos objetivos”, finaliza Alencar.
O Sebrae Nacional disponibiliza gratuitamente uma cartilha para auxiliar a elaboração do plano de negócios. Link para download: Cartilha SEBRAE.

15 livros inspiradores para empreendedores de sucesso

O dia 29 de outubro é comemorado o Dia Nacional Do Livro. E é na literatura que muitos empreendedores encontram a inspiração que precisam para entrar no mundo dos negócios. Além disso, por meio dessas obras, eles também têm a chance de aprender conceitos teóricos básicos muitos importantes para empreender. 

Para dar um empurrãozinho naqueles que estão sonhando em abrir o seu negócio, empreendedores de sucesso contaram a Pequenas Empresas & Grandes Negócios quais livros marcaram suas histórias no mundo do empreendedorismo.

1. O Livro Negro do Empreendedor, de Fernando Trias de Bes.

Para Jhonata Emerick, CEO do 99Motos, o livro traz inúmeras lições que empreendedores não encontram nos manuais e livros de administração. “São estatísticas que mostram que o empreendedor que quer inovar, que quer fazer diferente, precisa ter o entendimento do que é fracassar.”

2. Sonho Grande - Como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira Revolucionaram o Capitalismo Brasileiro e Conquistaram o Mundo, de Cristiane Correa.

Alex Barbirato, CEO da incube, afirma que a obra ditou boa parte da sua visão de empreendedor. “O livro descreve a trajetória do Lemann, da adolescência como surfista no Rio até a aquisição de ícones americanos, como Budweiser e Heinz. A forma como valorizo gente e a cultura organizacional vêm daí.”

3. Execução - A Disciplina Para Atingir Resultados, de Larry Bossidy e Ram Charan.

Max Campos, CEO do HotelQuando, afirma que este livro ajuda os empreendedores na hora de comparar resultados prometidos e alcançados. “Esse livro me ajudou a compreender que muitas empresas quebram por falta de execução e não de planejamento.”

4. O Poder do Hábito, de Charles Duhigg.

Vitor Torres, CEO do Contabilizei, acredita que este livro aborda temas extremamente importantes para todos empreendedores.  “Ele fala de como criar uma cultura vencedora, enfrentar as dificuldades, como estimular a criatividade e também como utilizar o poder do hábito não só para a gestão da empresa, mas também para prever o comportamento de potenciais clientes.”

5. De Zero a Um: O que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício, de Peter Thiel.

Para Francisco Forbes, CEO da Seed, a obra instiga o empreendedor a inovar sempre. “Este livro não oferece uma fórmula para o sucesso. O autor revela como construir empresas que criem coisas novas, apresenta uma visão otimista do futuro do progresso e uma maneira original de pensar sobre inovação. Te ensina a fazer perguntas para encontrar valor em lugares inesperados.”

Lucas Melo, co-fundador do MeSeems, também destaca o livro. “Ele destaca a importância de uma startup fazer mais com menos, que traduzimos internamente para a empresa, em entregar o dobro de valor para o cliente e cobrar metade do preço."

6. A Hora da Verdade, de Jan Carlzon.

Cristiano Soares, CEO Brazil da Vaniday, afirma que a obra mostra a importância de dar poder aos funcionários e cita um trecho: “’não importa quem é o autor das boas ideias, o que interessa é que as ideias funcionem, e as organizações se fortaleçam, servindo bem aos seus usuários’ - esse trecho deixa claro que não importa hierarquia e, sim, insights relevantes que melhoram a vida dos clientes.”

7. Diferente - Quando a exceção dita a regra, de Youngme Moon.

Rony Meisler, fundador e CEO da Reserva, ressalta que apesar de não ser muito conhecido, o livro é um dos melhores que já leu.  “Empreendedorismo verdadeiramente disruptivo. Trata de um tema tão óbvio quanto complexo: não tem como ser diferente sendo igual.”

8. Por quê? Como grandes líderes inspiram ações, de Simon Sinek.

Deborah Folloni, que aos 22 anos fundou a produtora Chili Gum, afirma que descobriu a razão das empresas terem um propósito lendo esse livro. “Aprendi que todo líder de verdade precisa de uma visão, para guiar suas ações a curto e longo prazo, e que, na prática, ela funciona como um filtro na tomada de decisões.”

9. Rework, 'Jason Fried e David Heinemeier Hansson.

Para Rodrigo Dantas, CEO da Vindi, plataforma de gestão de pagamentos, a obra foi responsável por dar uma ótima visão de negócios. “Além de ser um belo guia de como a empresa precisa evoluir e não nascer pronta."

10.  O Lado Difícil Das Situações Difíceis: Como Construir Um Negócio Quando Não Existem Respostas Prontas, de Ben Horowitz.

Indicação de Adriana Barbosa, diretora-geral da payleven Brasil, e David de Lira, co-fundador do ProCompra. Para Lira, esse livro é útil para todos que empreendem ou têm esse desejo. “Para mim, um dos principais aprendizados foi perceber que a angústia de dividir o fardo da liderança de uma empresa não é exclusiva de empreendedores de primeira viagem, mas de executivos mais experientes também."

11.  Good to Great: Empresas Feitas Para Vencer, James C. Collins.

Essa dica é de Alex Tabor, CEO do Peixe Urbano. Para o empreendedor, o livro continua atual. “O autor se baseia em uma série de pesquisas para tentar descobrir o que fazem as empresas “boas” se tornarem “excepcionais”.”

12. Breaking Banks: The Innovators, Rogues, and Strategists Rebooting Banking,de Brett King.

Marcelo Ciampolini, CEO da Lendico Brasil, acredita que o livro serve para conhecer empresas que revolucionaram a relação das pessoas com o dinheiro. “Ele nos dá uma ideia de como as empresas estão se inovando para um futuro cada vez mais próximo."

13. Quem Disse Que Elefantes Não Dançam?de Louis V. e Jr. Gerstner.

Indicação de Rodolpho Gurgel, CEO da Bidu Corretora. "Fala sobre erros, medos e acertos na gestão de startups. Poucos livros falam abertamente sobre fracassos e sobre como virar o jogo quando as coisas não vão bem - esse é um dos raros exemplos."
14. Os Mandamentos da Lucratividade, Alberto Saraiva.
Para Paulo Maksoud, sócio da Hamburgueria Zacks, o livro é uma história de superação muito inspiradora “para qualquer pessoa que quer se jogar no mundo dos negócios”. “Sobre arregaçar as mangas, como ter foco, superar dificuldades e ter perseverança. Me ajudou muito na caminhada”, afirma.
15.  Segredos De Uma Mente Milionária, T. Harv Aker

Segundo Alexandre Martins, diretor executivo da Fábrica de Bolo Vó Alzira e filho de Dona Alzira, este livro pode ser lido em “várias fases da vida”. “Ele sempre tem algo para ensinar. Faz você enxergar o negócio de fora.”

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Livro novo na área! O Uso da Biodiversidade Aquática do Brasil: uma avaliação com foco na pesca

Olá a todos que acompanham esse recente blog sobre empreendedorismo na aquicultura, trago a vocês um livro bem interessante sobre o uso da biodiversidade aquática do Brasil, sei que foge um pouco do objetivo do blog, porém, pela minha formação e continuidade no meio acadêmico friso que é de inteira importância a vinculação de pesquisas científicas para embasamento de nossos empreendimentos, e como já disse antes aqui no blog e repito, o sucesso de seu empreendimento, seja qual for o ramo, depende do seu conhecimento sobre os diversos assuntos na sua área de atuação, continuar atualizado é a grande arma que o empreendedor de destaque tem sobre a concorrência.

Trago a vocês o resumo que esta no próprio livro

Para realizar download desse livro acesse AQUI.



Este estudo apresenta uma abordagem sobre a situação do uso da biodiversidade aquática, com foco nos recursos pesqueiros do mundo e com destaque para a situação do Brasil, cujas análises, discussões e conclusões sobre os vários aspectos tecnológicos e bioecológicos dos recursos e da pesca são abrangentes e exaustivas.

As informações apresentadas caracterizam que a pesca mundial continua a enfrentar uma crise e que a situação no Brasil não é diferente. O mais provável é que seja mais grave, já que 100% das 25 espécies ou grupos de espécies marinhas mais importantes para as principais pescarias brasileiras (que respondem por 60% da produção desse ambiente) encontram-se plenamente explotados ou sobrepescados. Todas as 16 espécies ou grupo de espécies do ambiente continental, que respondem por mais de 70% da produção, estão plenamente pescados ou sobre-explotados.

É considerado que não só o Brasil, mas a maioria dos países do mundo têm fracassado no processo de promover o uso sustentável dos recursos pesqueiros. Esse fracasso apresenta, entretanto, especificidades nos diferentes estados-nação, com melhores ou piores resultados, em cada caso. É apontado que alguns países vêm apresentando importantes avanços na recuperação dos estoques em situação de sobreuso, aspecto registrado ainda timidamente no Brasil.

Não é provável que ocorram incrementos significativos da produção total anual da pesca extrativa brasileira. O possível é que a incorporação ao uso de algumas poucas espécies inexplotadas e um êxito do processo de gestão favoreçam a consolidação e a recuperação de recursos sobrepescados, possibilitando pequeno, mas sustentável aumento anual na produção no prazo médio.

Existe a possibilidade de ocorrer incrementos na produção pesqueira nacional por meio da aquicultura, mesmo assim, é provável que esse aumento só tenha continuidade se alicerçado pela execução de uma Política de Estado responsável, que respeite os princípios da sustentabilidade.

A base institucional para a gestão do uso da biodiversidade aquática no Brasil passa por um período controverso e houve atualização de lei específica que norteia o desenvolvimento sustentável da pesca nacional. Já a legislação que define as competências e as estruturas do Estado para a gestão do uso dos recursos pesqueiros apresenta inadequações que podem comprometer essa sustentabilidade em médio e longo prazo.

A controvérsia é ainda maior quando é constatado que justamente no período em que a gestão pesqueira ocupa o mais elevado status na Administração Pública do País, com a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e com a aplicação de vultosos volumes de recursos, na contramão desse caminho, é registrada a maior desestruturação dos sistemas de geração de dados estatísticos e de informações continuadas de pesquisa. Esse quadro é agravado pelo amadorismo e, mesmo, desrespeito aos fundamentos legais e à desvalorização do conhecimento científico ainda existente em grande parte dos gestores públicos do MPA.

É urgente a necessidade de revisão da legislação que define as competências sobre os limites e possibilidades de uso dessa biodiversidade, de forma que a área ambiental venha a ser a única responsável pela execução dessa competência, como acontece com todos os outros recursos ambientais.

Caso essa definição recaia somente sobre o MPA, como vêm defendendo os representantes do setor pesqueiro e parte dos gestores daquele ministério, corre-se o risco do retrocesso ser ampliado. Em decorrência, o Estado pode comprometer o que ainda resta de positivo no processo de gestão.

Considerando que a governança é uma das ameaças (ou a principal delas) para a retomada e a manutenção da sustentabilidade no uso da biodiversidade aquática no Brasil, caso não ocorra uma adequada solução para o atual quadro, é provável que se enfrente uma situação mais aguda de sobreuso desse patrimônio, ampliando, portanto, a crise pela qual passa a pesca nacional.

Acesse nossa biblioteca para download de outros livros - AQUI

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Ostreicultores assistidos pela Emater em Salinópolis tem produção recorde

A oestreicultura é acompanhada e orientada em todas as etapas pelo escritório local da Emater junto a 12 famílias de Salinópolis. Foto: http://www.agenciapara.com.br
A Associação de Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (Asapaq), em Salinópolis, nordeste do Estado, comemora este ano  uma produção recorde de quase 70 mil ostras. O cultivo é acompanhado e orientado em todas as etapas pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). Ao todo, doze famílias desenvolvem a atividade. A produção será destinada quase que exclusivamente ao abastecimento do mercado local, considerando o perfil do município, cuja economia está alicerçada no turismo, movimentado pelos veranistas, rede hoteleira, restaurantes e similares.
Segundo Paulo Nunes, técnico em Aquicultura e chefe do escritório local da Emater em Salinópolis, “a atividade vem sendo acompanhada pela Emater desde as primeiras tentativas de engorda das ostras, em 2006”. Ele explica que as ostras são desenvolvidas a partir das sementes, que são adquiridas no município de Curuçá, já que não há ocorrência destas com frequência no rio da comunidade. “Elas são desenvolvidas em estruturas conhecidas como mesa fixa com travesseiros”, explica Nunes.
No início da criação da Asapaq, a ostreicultura era uma atividade secundária. Predominava entre as famílias o cultivo da mandioca e do feijão. “Hoje é o contrário. A ostreicultura mudou a vida das famílias que desenvolvem essa atividade”, referenda a presidente da Asapaq, Maria José Silva.

Ministra da Agricultura faz desmonte no antigo Ministério da Pesca

Foto: Incerto o destino das superintendências federais da Pesca, como a de Belém (PA), inaugurada em outubro

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Kátia Abreu começou uma operação desmonte no antigo Ministério da Pesca e Aquicultura, que foi absorvido por sua pasta.
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, a ministra determinou, nesta terça-feira 20, uma operação pente-fino na estrutura que recebeu. No dia 9, ela havia surpreendido o setor da pesca com a suspensão por 120 dias de 10 defesos nas regiões Norte e Nordeste. Além do impacto ambiental da medida (minimizado pelo Ministério do Meio Ambiente), a maior crítica foi pela suspensão do seguro-defeso para os pescadores artesanais.

O jornal “Estadão” também informa que Kátia Abreu cortou em 70% os cargos comissionados do antigo ministério. Ainda não foi divulgado o destino dos profissionais e da estrutura das superintendências federais da Pesca montadas nos estados.

A nova Secretaria da Pesca contará apenas com três diretorias. Os secretários do Ministério da Agricultura passaram a acumular funções:

  • André Nassar, secretário de Política Agrícola, foi nomeado nesta terça para a Secretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura.
  • Décio Coutinho, secretário de Defesa Agropecuária acumulará a Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura.
  • Tânia Mara Garib, da Integração e Mobilidade Social, também ocupará a secretaria de Planejamento e Ordenamento.
  • Caio Rocha, o secretário do Produtor Rural e Cooperativismo, será também secretário de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura.


Outras mudanças:
Marisa Matteo, substituta do chefe de Gabinete, do Gabinete do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Beatriz Nogueira de Abreu Schwarzstein, substituta do chefe de Assessoria, da Assessoria de Comunicação Social, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Ângela Pimenta Peres, substituta do chefe de Assessoria, da Assessoria de Acompanhamento das Superintendências, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Ricardo de Araújo Santa Ritta, substituta do chefe de Assessoria, da Assessoria Parlamentar e Federativa, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Efferson de Alcântara E Silva, substituto do coordenador-geral, da Coordenação-Geral de Prestação de Contas, da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração, da Secretaria Executiva, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Pedro Alves Correa Neto, substituto do assessor Especial do Gabinete do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Lizane Soares Ferreira, substituto do assessor, do Gabinete do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Dispensas:
Lucas Soares Maia, do encargo de substituto do chefe de Assessoria, da Assessoria de Acompanhamento das Superintendências, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

José Augusto Negreiros Aragão, do encargo de substituto do secretário, da Secretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Cleberson Carneiro Zavaski, do encargo de substituto do secretário, da Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Ana Silvia Costa Silvino, do encargo de substituto do secretário, da Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Pesca, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Sebastião Saldanha Neto, do encargo de substituto do secretário, da Secretaria de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Alexandra de Oliveira Pontes, do encargo de substituto do chefe de Gabinete do Gabinete do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Marcos Mesquita Mendes, do encargo de substituto do chefe de Assessoria, da Assessoria de Comunicação Social, do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Rótulos ecológicos no crescimento da aquicultura - o que eles significam?


Foto: thesitefish
Desde que o primeiro rótulo ecológico foi lançado na Alemanha, em 1978, chamado "The Blue Angel" (Der Blaue Engel), a utilização de certificação vem se tornando cada vez mais comum. Existem atualmente inúmeros rótulos destinados para a indústria da aquicultura, que incluem o "Aquaculture Sustainability Council (ASC)" - criado pela WWF e IDH (iniciativa Holandesa de Comércio Sustentável), com o objetivo de se tornar a "líder mundial de certificação em programa de rotulagem para pescado produzido em viveiro". Outros rótulos têm um enfoque mais específico, como é o caso do "Programa de Certificação de Qualidade do Salmão (CQS)", do Conselho da Pesca do Mar Irlandês ou a certificação orgânica da "Soil Association", sediada no Reino Unido. Alguns certificadores usam um regime de licenciamento de terceiros e outros são baseados em normas ISO. Independente da forma como é realizada a validação da certificação, os rótulos ecológicos tem o mesmo objetivo: impulsionar a venda de produtos aliada a ética ecológica e social.
A rotulagem ecológica da ASC só foi lançada em 2012, mas a pesquisa com 2.015 consumidores realizada na Alemanha, Holanda e Suíça, indicou que os entrevistados não estão apenas mais conscientes com a utilização de rótulos ecológicos, mas fazem associações positivas com a utilização deles. Compreender os programas de rotulagem ecológica pode ser um fator importante para influenciar as decisões de compra. 
Pesquisadores da "Universidade de Rhode Island" (EUA), por exemplo, demonstraram que quando compradores em um leilão japonês de salmão foram apresentados com informações sobre a certificação MSC e o estado das populações da espécie,  um prêmio de 20% foi pago ao Salmão MSC em relação ao Salmão não MSC. Em contrapartida, outros estudos têm levantado que, mesmo na presença de informações, os consumidores não necessariamente mudam seu comportamento. Conhecido como "value-action gap", uma série de estudos tem comprovado tal afirmação, mostrando que o conhecimento (e, na verdade a preocupação) não se traduz necessariamente em mudança de comportamento. 
Pesquisadores da Universidade de Idaho sugerem que fatores como preço e experiência pessoal podem influenciar nas decisões de compra, mesmo quando os consumidores são ambientalmente conscientes. Nos casos em que os consumidores se sentem enganados com um rótulo ecológico, eles tendem a estar menos dispostos a pagar mais por produtos ecologicamente sustentáveis. Um outro estudo da "Royal Agriculture University", realizou uma pesquisa com consumidores alemães em relação a rotulagem ecológica e descobriu que o envolvimento do governo durante a certificação, a reputação do rótulo ecológico e a clareza das informações apresentadas no rótulo são fatores fundamentais na construção da confiança na hora da compra. Outro ponto importante é a veracidade das informações nos rótulos ecológicos, ou seja, se realmente condiz com o que está sendo oferecido.

Tecnologia de indução na reprodução do lambari desenvolvida pela APTA pode aumentar a produção

Foto: Exemplar de Lambari. Fonte: www.cpt.com.br.

A tecnologia desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), pode aumentar em 80% a produção de lambari. A técnica de indução na reprodução da espécie permite a reprodução sincronizada dos peixes. 

A técnica da indução consiste na aplicação de hormônio da hipófise nos peixes para que se reproduzam de forma conjunta. De acordo com o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Fábio Sussel, a reprodução induzida já é utilizada desde a década de 1930, porém, para peixes maiores. “O que fizemos foi aperfeiçoá-la para os lambaris, que são bem menores. Este aperfeiçoamento deixou a técnica acessível aos pequenos produtores. Isso tem um forte impacto neste momento de grande aumento da demanda como isca-viva para a pesca esportiva”, afirmou. 

“Sem essa técnica, cada lambari vai atingir sua maturidade sexual em uma época e os alevinos vão nascer de forma desordenada. Com isso, os peixes maiores podem comer os menores”, explicou o pesquisador. 

Por meio do planejamento e sincronização do dia certo para a reprodução, é possível ter uma melhor organização da produção e, desta forma, atender melhor ao mercado. 

A indução realizada em outros peixes se difere do lambari na quantidade de hormônio aplicado. “Nas espécies de porte maior as quantidades aplicada varia de peixe para peixe, de acordo com o peso. No caso do lambari, como são menores e em maior quantidade, padronizamos uma quantidade igual para todos, facilitando a aplicação”, destacou Sussel. O estudo está sendo conduzido na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Apta em Pirassununga, interior paulista. 

A Agência também transfere a tecnologia para os produtores por meio de palestras, treinamentos e dias de campo. Nos últimos quatro anos foram oferecidos seis cursos sobre o cultivo do lambari em Pirassununga. “Diante da crescente demanda dos produtores, tomamos a iniciativa de manter um calendário fixo de cursos: em outubro o curso de “Indução Hormonal” e em maio o curso de “Técnicas de Cultivo”, explicou Sussel. 

De acordo com o pesquisador, a tecnologia é simples e barata e pode ser utilizada pelos pequenos piscicultores. “Para fazer a indução é necessário apenas uma incubadora, que custa em média R$ 1.400,00, e uma caixa de 500 litros de água. Além de barato, é algo fácil de ser feito. Dessa forma, os pequenos produtores – que são os produtores do lambari – conseguem utilizá-la”, disse. A tecnologia pode ser adaptada em todas as regiões do Brasil. 

“Pesquisas como essa são muito importantes, pois aumenta a produção dos produtores e pode ser utilizada em todo o País. O trabalho está alinhado ao que nos pede o governador Geraldo Alckmin, de diminuir a distância entre a pesquisa e o usuário”, afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim. 

Tecnologia para reprodução no inverno 

Outra tecnologia relevante para a otimização das técnicas de reprodução do lambari foi à preparação dos peixes para a reprodução fora do período natural da estação reprodutiva. Os pesquisadores sabiam que os dois principais fatores que estimulam a reprodução de peixes tropicais são o fotoperíodo (tamanho do dia) e a temperatura da água. “Submetemos um lote de peixes ao tratamento com 12 horas de luz e temperatura da água em 26º C no período do inverno, ou seja, fora do período reprodutivo. Com 20 dias nestas condições, já foi possível obter resposta extremamente satisfatória ao aplicarmos hormônio para a reprodução”, explica Sussel. |O trabalho foi realizado em parceria com o Instituto de Pesca (IP-Apta), e foi objeto de estudo na dissertação da bióloga Mariana Machado Evangelista, sob a orientação da pesquisadora Elizabeth Romagosa. 

Produção de lambari 

Estima-se que a produção nacional de lambari totalize 140 milhões de unidades, por ano. São Paulo é o maior produtor nacional, com 90 milhões por ano, seguido de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Paraná. Praticamente 100% da produção é destinada ao mercado de isca viva para pesca esportiva, atividade que vem crescendo nos últimos anos. “Apesar de historicamente os rios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terem fama de piscosos, o grande mercado de pesca esportiva hoje encontra-se em São Paulo, especialmente para pesca de corvina e tucunaré. Cerca de 70% da produção nacional de lambari é usada para abastecer o mercado paulista”, ponderou Sussel. 

De acordo com o pesquisador, o produtor de lambari recebe, na propriedade, cerca de R$ 170,00 por milheiro, sendo que o custo de produção é por volta de R$ 60,00. O intermediário revende para as pousadas por R$ 250,00 a R$ 300,00 e as pousadas revendem para o pescador esportivo por R$ 500,00 (R$ 0,50 a unidade). 

Segundo Sussel, é notável a profissionalização que houve na atividade nos transcorrer dos últimos cinco anos. No entanto, mesmo com o aumento expressivo da produção ano a ano, nunca foi possível atender à demanda, já que a pesca esportiva cresce em maior velocidade. “É comum faltar lambaris nas pousadas em feriados prolongados. Este ano, por conta da elevação do nível dos reservatórios, a piscosidade de espécies com o tucunaré e a corvina será maior e certamente faltará lambari para a pesca esportiva”, finalizou. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Gelo feito a partir de energia solar leva desenvolvimento a comunidade isolada

Comunidade ribeirinha recebeu três máquinas de gelo que funcionam com energia solar e estão produzindo 90 quilos por diaAline Fidelix/Instituto Mamirauá

Há dois meses, as oito famílias que vivem na Vila Nova do Amanã, pequena localidade do município de Maraã, na região do Médio Solimões, no Amazonas, passaram a ter acesso a um item básico para a maioria dos brasileiros, mas considerado um luxo no local. A comunidade ribeirinha recebeu três máquinas de gelo que funcionam com energia solar e estão produzindo 90 quilos por dia.

“Essas famílias têm como principais atividades a pesca e a agricultura. As máquinas vão atender à demanda de gelo, principalmente para conservar polpa de frutas e pescado”, diz Otacílio Soares Brito, do setor de tecnologias sociais do Instituto Mamirauá, responsável pela implantação do projeto Gelo Solar na região.

As fábricas de gelo são um pouco maiores que uma geladeira comum e funcionam com um painel de energia solar. Cada máquina custa cerca de R$ 25 mil e produz 30 quilos de gelo diariamente. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo em parceria com o Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O projeto foi premiado no fim do ano passado pelo Desafio de Impacto Social da empresa Google no Brasil. O prêmio, de R$ 500 mil, foi usado para implantar três máquinas na Vila Nova do Amanã e uma na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, instalada para que o Instituto monitore na prática a eficiência do equipamento, que pode ser levado a outras comunidades.

“O planejamento é acompanhar o funcionamento dessas quatro máquinas por um período, cerca de dois anos, ao mesmo tempo em que estamos buscando recursos para instalar máquinas em outras comunidades.”, afirma Brito.

Ele ressalta que a tecnologia é inovadora por não precisar de baterias, que poluem o meio ambiente e têm vida útil curta. "É a transformação de energia elétrica em gelo.” De acordo com Brito, a manutenção das máquinas é simples – uma vez por mês é preciso passar um pano para limpar os módulos e as máquinas de gelo –, e os aparelhos podem durar até 25 anos. “A população está sendo capacitada para a gestão comunitária da tecnologia. A ideia é que a gente acompanhe e ajude a pensar a melhor forma de gestão dessa tecnologia.”, acrescenta o técnico.

Um dos objetivos do projeto é que as fábricas de gelo ajudem a aumentar a renda das famílias. “Eles não vão consumir todo esse gelo, vai ter uma sobra. Estamos conversando com a comunidade para dar um destino adequado a esse gelo, enfim, encontrar uma forma estratégica para que seja uma fonte de renda”. Uma das ideias é vender o gelo extra para comunidades próximas.

Brito lembra que a dificuldade para chegar à vila, que está a 100 quilômetros de Tefé e só tem acesso fluvial, faz com que as famílias não tenham essas tecnologias comuns nas grandes cidades. “Assistem televisão esporadicamente, quando o motor de luz funciona. Mas internet, por exemplo, nem pensar.”.

Para o especialista, iniciativas como o Gelo Solar podem ser uma saída para a região amazônica, onde muitos ainda vivem na escuridão. “Acredito que em curto prazo não vai chegar energia a alguns lugares da Amazônia. A saída será a instalação de sistemas isolados, tanto para iluminação quanto para gelo, bombeamento de água, etc”.

Ele considera que as minitermelétricas, que vêm sendo implantadas na região há mais de meio século, não resolveram o problema. “Não resolve o problema da escuridão, porque o motor de luz, quando funciona, quando não está pifado e tem diesel, o que é muito raro, funciona das 6h às 22h, quando é desligado. Não dá para funcionar geladeira, freezer, não dá para conservar os alimentos”, afirma.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br