terça-feira, 17 de julho de 2018

Estudo avalia tempo necessário para a eliminação de antibiótico por tilápias

A tilápia é a espécie mais cultivada no País - Foto: Gabriel Pupo Nogueira.
São Paulo (SP) - Uma equipe de pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) determinou o tempo necessário para que o antibiótico sulfametazina (SMZ) seja eliminado do músculo (filé) da tilápia de cultivo (Oreochromis niloticus), principal espécie de peixe cultivada no Brasil. As análises determinaram que após o tratamento por 11 dias, o nível máximo de bioacumulação de SMZ em músculo de tilápia foi de 1,6 mg/kg. Em cerca de 15 dias o animal elimina praticamente a totalidade do medicamento do organismo e, em dez dias, já apresenta níveis aceitáveis pela Comunidade Europeia. Publicado em abril no periódico holandês Chemosphere, o trabalho recebeu destaque na imprensa especializada internacional (FeedNavigatorAquahoy).

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Sonia Queiroz, uma das autoras da pesquisa, a SMZ é um fármaco não autorizado para uso veterinário em peixes no Brasil, por isso, o estudo oferece subsídios para o estabelecimento de políticas públicas de controle de drogas veterinárias não permitidas no País.
O objetivo da pesquisa foi avaliar a depleção dos resíduos do antibiótico SMZ em tilápia tratada com ração medicada. Após 11 dias de administração da SMZ, seguidos de uma fase de eliminação do organismo, foi calculado o período para atingir o limite máximo de resíduos (LMR). Conforme explica o pesquisador da Embrapa Claudio Jonsson, que também participou do estudo, esse nível é a concentração máxima de resíduo legalmente tolerada no filé. O valor é estabelecido pela Comunidade Europeia para todas as substâncias do grupo das sulfonamidas (no qual se enquadra a SMZ) e é equivalente a 0,1 mg/kg.
“Portanto, deve-se respeitar a dose de tratamento, assim como o período de eliminação para que a concentração decresça até o limite máximo de resíduo de 0,1 mg/kg, ou menos", recomenda o pesquisador, na hipótese de o medicamento vir a ser registrado no Brasil para essa finalidade.
O pesquisador também chama a atenção para o fato de que os dados foram obtidos em temperatura experimental por volta de 26ºC e que em regiões mais frias pode ser necessário um tempo maior para a eliminação do medicamento. De acordo com o cientista, isso ocorre porque a temperatura da água influencia no metabolismo do peixe. “Também é importante dizer que a pesquisa somente oferece dados para tomadas de decisão e ela não muda a regulamentação vigente”, ressalta Jonsson, lembrando que a SMZ continua vetada para uso veterinário em tilápias no Brasil.

O método

Segundo Sonia Queiroz, os peixes foram expostos à SMZ por meio da ração medicada e os resíduos foram determinados por meio de método desenvolvido e validado no laboratório de resíduos da Embrapa Meio Ambiente. O método analítico criado deu origem a outro artigo científico publicado este ano na revista norte-americana Journal of Analytical Methods in Chemistry.
Caso o produto venha a ser autorizado para uso na piscicultura, a pesquisa demonstra a necessidade de o produtor conhecer o tempo necessário de dez dias para eliminação da substância até atingir o limite máximo de resíduo permitido pela Comunidade Europeia antes de abater as tilápias.
A piscicultura é um negócio que está em contínua expansão. Ela cresce mais rápido do que qualquer outra atividade de criação de animais para alimentação humana e a restrição de surtos de doenças é fator importante para o seu desenvolvimento.
Os sistemas de piscicultura se caracterizam por alta densidade populacional e usa ração formulada que pode conter antibióticos, antifúngicos e outros produtos quimioterapêuticos. Por isso, os dados sobre uso apropriado de medicamentos no tratamento de doenças são necessários para a atividade.
A utilização de substâncias antimicrobianas na piscicultura é um poderoso recurso que vem sendo aplicado em todo o mundo para garantir a saúde dos animais e uma maior rentabilidade da produção. Como consequência, a presença de resíduos de medicamentos em níveis acima do permitido em produtos animais pode oferecer risco à saúde humana.
Devido ao seu baixo custo e alta eficácia contra várias infeções bacterianas, as sulfonamidas pertencem a uma das classes de antibióticos amplamente usados para tratar doenças humanas, mas também na medicina veterinária, incluindo a piscicultura.
A administração oral dos medicamentos veterinários, por meio da ração medicada, faz com que o tratamento para peixes adultos seja relativamente fácil e barato. Por isso, esse método se tornou a principal maneira para medicá-los.

Fonte: www.embrapa.br.

Uso de minerais orgânicos favorece performance e sustentabilidade na aquicultura

Inserção de microminerais na dieta permite melhor absorção de nutrientes e qualidade do produto final

Tilapicultura. Foto: http://ruralpecuaria.com.br.
A aquicultura é um dos segmentos que mais cresce em produção no Brasil. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o crescimento na produção da pesca baterá 104% até 2025. Para manter o destaque na produção e para que os peixes alcancem seu potencial nutricional, a inserção de minerais orgânicos na dieta é uma das alternativas mais promissoras para os produtores.

De acordo com o gerente nacional de Aqua e PetFood da Alltech do Brasil, Maurício Rocha, animais aquáticos sofrem grande interferência do ambiente sobre seu desenvolvimento, necessitando de absorção e retenção de minerais para manutenção no controle osmótico. Em sua forma orgânica, os minerais têm maior biodisponibilidade, possibilitando melhor absorção no trato digestivo e maiores ganhos na produção.

“Além da melhor qualidade de pele e escamas, esses microminerais permitem a maior produção de muco, que proporciona melhor proteção ao peixe contra parasitas, melhor sistema imune e melhor performance zootécnica, como ganho de peso, conversão alimentar e menor mortalidade”.

Qualidade da água e sustentabilidade

Com a maior absorção, menos minerais são encontrados na água, havendo assim um menor índice de contaminação no ambiente. Testes feitos na dieta dos peixes com o uso do premix Aquate, da Alltech, que contém Bioplex – linha de minerais composta por selênio, cobre, zinco, ferro e peptídeo - mostraram que além da digestão, ao serem quelados à moléculas orgânicas, esses minerais se dissolvem menos, tornando mais fácil filtrá-los. Segundo o especialista, cada vez mais, a opção é vista como a mais sustentável.

“É uma questão de tempo para que o mercado visualize isso. Ainda, muitas das dietas voltadas aos seres aquáticos utilizam em grande quantidade os minerais inorgânicos, mas já temos empresas que estão iniciando o uso de orgânicos como suplementação, apontando uma tendência de substituir em até 100% o uso dos inorgânicos”, afirma.

Outro ponto favorável ao uso de minerais orgânicos é a menor interação destes com diversos componentes de uma ração, tais como antioxidantes, vitaminas, minerais e enzimas, devido à ausência de cargas e estabilidade de seus componentes, otimizando o potencial nutricional das rações.