terça-feira, 9 de janeiro de 2018

UFRA e FAPESPA assinam convênio para criação de banco genético gratuito de peixes



Pará (PA) - Com investimento de cerca de um milhão de reais, foi assinado no dia 28 de dezembro do ultimo ano o convênio para implantação do Sis-Regea – Sistema de Gestão dos Recursos Genéticos Aquícolas da Amazônia. O sistema é pioneiro na região e consiste na disponibilização gratuita e online, de um banco de perfil genético, inicialmente de matrizes de tambaqui e pirarucu, para a criação de alevinos. O objetivo é fazer o melhoramento genético de peixes de diferentes regiões da Amazônia, e contribuir ao mesmo tempo para sua prevenção e garantir a exportação certificada.

O convênio foi firmado entre a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), que destinou os recursos.

“Com o projeto será possível saber a rastreabilidade do produto, para que não se tenha dúvida de que aquele animal veio de um cultivo sustentável, e isso é inovador para a região. Sem ciência e tecnologia não se tem produção, desenvolvimento sustentável ou geração de renda. A universidade, com um projeto como esse é capaz de dar subsídios para que a cadeia produtiva se desenvolva na região, e fortalece também o ensino a pesquisa e extensão, porque são projeto integrados”, disse o reitor da UFRA, professor Marcel Botelho. 


Investimento

Para o presidente da Fapespa, Eduardo Costa, este tipo de investimento atrai uma série de incentivos ao estado. “Com o mapeamento genético do pescado há uma segurança na produção, controle da origem desse produto. O Pará tem um potencial enorme para se consolidar como principal estado brasileiro na produção de pesca e aquicultura no Brasil, que é uma cadeia produtiva extremamente importante, com potencialidade de crescimento muito grande. A UFRA tem conhecimento na área, e nossa intenção é o aumento da qualidade do pescado na região. A questão também se insere na discussão de sustentabilidade, amplia a produtividade, gera mais investimentos, geração de emprego e renda. A pesca e aquicultura é uma das 14 cadeias produtivas estratégicas do Pará 2030, ou seja, uma aposta muito forte do governo do estado”, disse.

Durante a assinatura do convênio, estiveram presentes pró-reitores, técnicos, alunos e o secretário de Ciência e Tecnologia, professor Alex Fiúza, que disse ser fundamental investir em projetos inovadores e que possam gerar emprego e renda para o Estado. “Temos que focar em projetos que deem resultados. Nós estamos na Amazônia, temos que dar atenção à todas as pesquisas que tenham como o objetivo desenvolver o que temos de melhor”, disse.

O projeto

Com duração inicial de 24 meses, o projeto é coordenado pelo professor e pesquisador Igor Hamoy (ISARH/UFRA), que já realiza pesquisas de análise de DNA no laboratório de genética aplicada da universidade. “No primeiro ano vamos investir na reforma do laboratório, compra de equipamentos e coleta dos animais das diferentes regiões aquícolas paraenses, como o baixo amazonas, sul e nordeste paraense. A segunda etapa é a análise e disponibilização online, através do banco genético, que será um site em que o produtor poderá acessar e ver esses resultados”, disse.

Os produtores que vendem alevinos serão os principais beneficiados. Mas segundo o pesquisador, o sistema também pode auxiliar na conservação dessas espécies, como o do pirarucu, que ainda tem uma sobrepesca muito elevada. “A perspectiva é a criação de um selo de rastreabilidade genética, que identifica a origem dos animais comercializados, que podem ser provenientes da piscicultura ou da pesca, possibilitando a criação de politicas publicas para regulamentar os setores aquícola e da pesca", finalizou.

Fonte: www.ufra.edu.br.

Pesquisa avalia biodiversidade de peixes do Pantanal na fabricação de alimentos

Projeto elabora formulações para processados de pescado pantaneiro


Mato Grosso do Sul (MS) - Um projeto realizado por meio de uma parceria entre Embrapa Pantanal, Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) avaliou durante quatro anos o uso de diferentes espécies de peixes do Pantanal na fabricação de alimentos processados de pescado como quibes, patês, hambúrgueres, nuggets, marinados e defumados. Com o encerramento do projeto, as instituições finalizam as formulações desenvolvidas especificamente para as espécies locais.

“Nosso objetivo era conhecer a realidade dos pescadores. Desenvolvemos trabalhos com o barbado, piavuçu, curimbatá e outros peixes de menor escala conforme a demanda”, explica o chefe-geral e pesquisador da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. Ele conta que os integrantes do projeto decidiram dar preferência ao uso de espécies menos procuradas pelos consumidores, mas que produzissem carnes de qualidade e pudessem ser pescadas em quantidade satisfatória durante o ano, com uma oferta de matéria-prima regular.

“Além desses peixes, outros com os quais nós também fizemos vários produtos são o palmito e o jaú. Essas cinco espécies são pescadas normalmente – mas os pescadores, às vezes, não têm interesse nesses peixes porque se paga menos por eles no mercado, que exige espécies como a piranha. O volume de demanda para pintado e pacu também é muito grande, por exemplo. Produtos de qualidade feitos com os peixes menos consumidos são uma forma de agregar valor à produção”.

Características da carne

De acordo com o chefe-geral, o barbado, piavuçu, curimbatá, palmito e jaú produzem carnes que podem ser enquadradas como carnes de qualidade, com características semelhantes às do pintado. “O que define a qualidade, no caso do nosso interesse, é o potencial que elas têm para serem processadas, a vida de prateleira dessas matérias-primas e os elevados valores nutricionais que possuem”, pontua.

O sabor possui algumas diferenças sutis em relação aos peixes mais comumente comercializados, destaca Jorge, mas que não costumam ser notadas por consumidores em geral. “É difícil distinguir qual é exatamente a matéria prima utilizada na fabricação dos derivados de pescado pantaneiro porque, durante o processamento, você consegue equilibrar o sabor – o que, inclusive, nos chamou a atenção em todos os produtos. Aquelas pessoas que não gostam de sabor de peixe (ou as crianças que não querem comer peixe em filé) comeram os processados tranquilamente”.

Jorge destaca também que a carne dos peixes do Pantanal pode sofrer algumas variações ao longo do ano. Em função das condições ambientais, da pressão biológica e ecológica sobre sua reprodução, peixes da mesma espécie podem produzir carnes diferentes entre si, com mais ou menos gordura. Para lidar com essas diferenças, o chefe-geral afirma que é possível alterar, dentro de um certo limite, a formulação usada para a produção dos alimentos processados, adicionando quantidades menores ou maiores de determinados ingredientes.

“Para fazer o patê, por exemplo, precisamos acrescentar um pouco de gordura vegetal quando o peixe é muito magro. Mas há circunstâncias em que a espécie já tem mais gordura no seu conteúdo e, por isso, a gordura vegetal não é adicionada porque a própria gordura do peixe já dá a formação da emulsão necessária para esse produto”, exemplifica. Porém, mesmo com a adição dos ingredientes necessários para se produzir os alimentos processados, Jorge ressalta que o sabor da matéria prima continua evidente. “Se você provasse o mesmo produto feito com carne de frango, seria possível notar a diferença em relação ao feito com pescado”.

De maneira geral, a diversidade de peixes do Pantanal e as particularidades do bioma pantaneiro confere aos quibes, patês, hambúrgueres, marinados, nuggets e defumados produzidos com espécies da região características únicas, capazes de agregar valor aos produtos. “A alimentação diferenciada dessas espécies certamente os leva a produzir uma carne diferenciada”, destaca o chefe-geral.

Fonte: www.embrapa.br.

Aplicativo mostra sistemas ILPF em realidade aumentada


Rede ILPF acaba de lançar o aplicativo “Maquete virtual de ILPF em realidade aumentada”. A ferramenta mostra todas as etapas de um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), as possíveis configurações que podem ser adotadas, as interações entre os componentes e os benefícios dessa estratégia produtiva.
Ao abrir o aplicativo, o usuário pode interagir escolhendo em um menu as diferentes fases de um sistema de integração. Iniciando em uma pastagem com baixa capacidade de lotação, a ferramenta mostra a evolução da área com o uso da agricultura e posteriormente retornando à pecuária. É possível também incluir árvores no sistema, e acompanhar o crescimento delas, bem como os primeiros desbastes.
Em outro menu, o usuário pode ver as transformações que ocorrem no perfil do solo, o comportamento das raízes de cada componente, a ciclagem de nutrientes e a dinâmica de água e de gases causadores do efeito estufa. Além dos gráficos, o aplicativo traz áudio explicativo em português e em inglês.
Inicialmente o aplicativo está disponível apenas para dispositivos que utilizam o sistema Android. Porém, a versão para IOS deverá estar na AppStore nos próximos dias.

Realidade aumentada
A realidade aumentada é uma tecnologia que permite a união do mundo virtual com o real. Por meio de um marcador, ou target, e um dispositivo móvel com um aplicativo específico, é possível gerar uma imagem virtual e interagir com ela no ambiente real.
Para utilizar é preciso baixar gratuitamente o aplicativo nas lojas virtuais e também baixar no site uma imagem, que funciona como target, ou marcador, e imprimi-la. É sobre ela que, ao apontar a câmera do celular ou tablet, o usuário vê a projeção em realidade aumentada da maquete.

Aplicação para educação e assistência técnica

A iniciativa da produção da maquete virtual de ILPF foi da equipe de comunicação da Embrapa, responsável pela divulgação da tecnologia ILPF. Após primeira experiência com a realidade aumentada abordando cenas isoladas de um sistema produtivo, pensou-se em utilizar a tecnologia para fazer algo mais completo e que representasse todo o sistema ILPF.
A ideia é que a nova ferramenta possa ser usada em diferentes contextos e por públicos diversos.
“Pensamos em um formato que pode ser útil tanto para a divulgação da tecnologia em feiras e exposições, quanto em salas de aula, palestras e até mesmo no contato de assistência técnica com o produtor rural”, explica o jornalista da Embrapa Agrossilvipastoril Gabriel Faria, um dos idealizadores do aplicativo.
Para o jornalista da Embrapa Milho e Sorgo e líder do projeto de comunicação para a transferência de tecnologia em ILPF, José Heitor Vasconcelos, o aplicativo será uma forma de facilitar o entendimento das pessoas sobre o que é o sistema ILPF, suas configurações e os benefícios que traz para quem adota.

Maquete virtual é mais prática e versátil

“O aplicativo nos permite visualizar os impactos do sistema ILPF, tanto por cima quanto por baixo da terra. Isso facilitou em muito o entendimento de todo o processo e também dos seus benefícios. Antes, usávamos três maquetes físicas para mostrar a evolução de uma propriedade que adotava o ILPF. Além de frágeis, essas maquetes eram limitadas e de transporte caro e difícil. Com o aplicativo, temos maquetes virtuais, interativas e prontas para utilização simultânea em qualquer lugar do País (e do planeta) a um custo muito baixo”, explica Vasconcelos que também participou da concepção do app.
A primeira apresentação do aplicativo foi feita em novembro, durante a Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP 23) realizada na Alemanha. Na ocasião a ferramenta foi demonstrada no Espaço Brasil e em reuniões com possíveis parceiros e financiadores dos trabalhos da Rede ILPF.
O pesquisador da Embrapa e presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF, Renato Rodrigues, considera o aplicativo uma inovação na forma de apresentar a ILPF, facilitando a compreensão do que é esse sistema produtivo.
“A vantagem desse aplicativo é o uso de uma tecnologia moderna e inovadora para mostrar a ILPF de um modo mais didático e até um pouco lúdico. É uma maneira rápida de mostrar todos os benefícios da tecnologia, de uma forma muito mais agradável do que um artigo científico ou uma apresentação convencional”, destaca Renato Rodrigues.
Para ele, a ferramenta será importante também na captação de recursos internacionais e na divulgação da ILPF junto a públicos que ainda não a conhecem a integração ou que têm pouco contato com o setor agropecuário.
O uso na transferência de tecnologia é outro ponto alto da ferramenta. “Ela pode ser algo de rápida visualização, que aguça a curiosidade das pessoas. Você pode usar isso com produtores, com técnicos, com estudantes de todos os níveis”, acredita Rodrigues.
Baixe aqui o aplicativo na plataforma Android. 
Fonte: www.embrapa.br.

Planta da Amazônia é usada para agregar ômega 3 ao tambaqui

Exemplar de juvenil de tambaqui e da planta amazônica Sacha Inchi (Plukenetia volubilis). Foto: Síglia Souza.

Amazonas (AM) - Pesquisa desenvolvida na Embrapa Amazônia Ocidental (AM) conseguiu resultados promissores ao buscar aumentar a quantidade de ácido graxo ômega 3 no tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo de grande importância nacional. Experimentos com rações enriquecidas com a planta amazônica Sacha Inchi (Plukenetia volubilis), rica em ácido linolênico (ômega 3), foram fornecidas aos animais na fase juvenil que absorveram o nutriente.

Trata-se de um importante passo para agregar valor nutricional ao peixe, uma vez que o ômega 3, relacionado ao combate de doenças cardíacas, está naturalmente presente em maiores quantidades em algumas espécies de peixes de águas frias, e o tambaqui, nativo da Bacia Amazônica, possui pouca quantidade desse nutriente. Os resultados foram obtidos por meio da pesquisa intitulada “Sacha Inchi na nutrição de juvenis de tambaqui”, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenada pelo pesquisador da Embrapa Jony Dairiki.

A Sacha Inchi é uma planta nativa da Amazônia, cultivada comercialmente na Amazônia Peruana com potencial de produção no Brasil. No Peru, agricultores têm se organizado em cooperativas com a finalidade de produzir a planta para atender a demanda de produção de óleo. O óleo de Sacha Inchi possui vitaminas A e E, além de ser rico em ácidos graxos poli-insaturados, como os ômegas 3, 6 e 9. Esses ácidos graxos são relacionados à prevenção de doenças cardiovasculares, entre outros benefícios para a saúde humana.

De acordo com Dariki, que atua na área de nutrição e alimentação de espécies aquícolas da Amazônia, houve um bom desempenho zootécnico dos juvenis de tambaqui alimentados com as rações experimentais elaboradas com os três ingredientes da Sacha Inchi (sementes, folhas e torta de extração do óleo) e também foram registradas uma alta taxa de sobrevivência e uma boa aceitação das rações experimentais. O melhor resultado foi obtido com a ração elaborada com a inclusão das sementes. No grupo alimentado com esta ração, além do crescimento houve um acréscimo de ácidos graxos poli-insaturados na carcaça dos animais, especialmente o ácido linolênico (ômega 3) e desta forma foi comprovada a agregação do valor nutricional no peixe.

Nos experimentos, foram avaliados peixes juvenis que ao término dos ensaios pesavam em torno de 30 gramas. A fase juvenil engloba o período em que o animal ainda não atingiu 100 gramas de massa, também chamada fase de recria. Esses primeiros resultados mostraram o potencial do peixe em assimilar e incorporar o ácido graxo ômega 3 na sua composição corporal. Ainda que as avaliações sejam feitas na fase inicial de criação do tambaqui, os resultados positivos abrem perspectivas para que sejam feitas mais investigações avaliando a inclusão da planta em rações para as outras fases de criação do tambaqui. O pesquisador pretende conduzir futuros experimentos com peixes maiores em fase de engorda ou terminação (próximo ao abate) para comparar os resultados.

Rações enriquecidas com ômega 3

Também chamado de óleo Inca, o óleo de Sacha Inchi é um produto nobre, valorizado no mercado por seu alto teor de ácido graxo ômega 3. A principal proposta da pesquisa foi aproveitar partes residuais da planta que pudessem ser incluídas na ração e agregar valor nutricional ao peixe.

Foram utilizadas três formas de inclusão da Sacha Inchi na nutrição de juvenis de tambaqui. Em uma delas, as sementes da planta foram trituradas e incorporadas aos demais ingredientes para fabricação das rações experimentais. Em outra, as folhas foram secadas em estufa e moídas para inclusão nas rações. E na terceira foi incluída a torta residual obtida após a extração experimental do óleo das sementes.

Os experimentos avaliaram seis níveis de inclusão das sementes, folhas e torta residual da extração do óleo de Sacha Inchi em 10 %, 20%, 30%, 40%, 50 % além do controle − ração sem a Sacha Inchi. Grupos de peixes foram alimentados por 60 dias contínuos com as rações experimentais em duas refeições diárias até a saciedade aparente. Os parâmetros de qualidade da água foram monitorados e se mantiveram adequados durante todo o período experimental.

Foram avaliados também os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal dos peixes, perfil de ácidos graxos e análises fisiológicas complementares. No desempenho zootécnico, foram avaliados o ganho de massa, o consumo de ração, a taxa de conversão alimentar, a taxa de crescimento específico e a sobrevivência dos animais.

Ao término dos experimentos, foram determinados os níveis ótimos de inclusão dos produtos avaliados. No experimento em que foram incluídas as folhas trituradas, foi determinada a inclusão ótima de 10% das folhas que promoveu o melhor desempenho zootécnico. Entretanto, ao se analisar as folhas da Sacha Inchi e as rações experimentais com a inclusão deste produto, não houve o acréscimo do ácido graxo ômega 3 nessas amostras, por este motivo não foi avaliado o perfil de ácidos graxos na carcaça dos peixes deste ensaio.

Já no experimento com a torta residual da extração do óleo, foi determinada a inclusão ótima de até 40% sem prejuízo ao desempenho zootécnico. Este é considerado outro ponto de destaque da pesquisa, pois utilizar até 40% de um resíduo (sem valor comercial) na nutrição do peixe, acrescenta uma finalidade útil para aproveitamento do resíduo, além de diminuir o custo da ração.

Das três formas de inclusão, a ração com sementes foi a que proporcionou o maior acréscimo de ácidos graxos poli-insaturados, especialmente com o ácido graxo ômega 3. O nível ótimo determinado ocorreu com a inclusão de 10% das sementes na ração. O grupo controle, sem inclusão da Sacha Inchi, apresentou uma porcentagem de ácido alfa-linolênico (ômega 3) de aproximadamente 0,2% na composição centesimal. Comparado ao grupo controle, houve um acréscimo significativo do ácido graxo ômega 3 na composição corporal dos animais que se alimentaram com a ração contendo 10% de sementes de Sacha Inchi, que apresentaram porcentagem aproximada de 0,6% de incorporação do ômega 3.

Alternativa para agregar valor nutricional

Existem  pesquisas desenvolvidas pela Embrapa com o propósito de encontrar  ingredientes não convencionais para inclusão nas rações de peixes, principalmente para o tambaqui, que é a principal espécie de peixe nativa criada em âmbito nacional. O tambaqui é um peixe onívoro, ou seja, se alimenta tanto de ingredientes de origem animal ou vegetal. Nas rações não convencionais, a meta é agregar valor nutricional e reduzir custos, mantendo condições de bom desempenho zootécnico e de boa qualidade do produto final.

A ração é o item mais oneroso no sistema de produção do tambaqui. “Para diminuir o custo, as fábricas de ração costumam utilizar fontes lipídicas de baixa qualidade e o peixe reflete essa condição em sua musculatura. Isso motivou a pesquisa a agregar valor nutricional à composição corporal do peixe com ingredientes ricos em ácidos graxos poli-insaturados”, explica o pesquisador Jony Dariki.


Diversidade de Sacha Inchi

A Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, possui um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Sacha Inchi com 37 acessos dessa planta. Alguns estudos sobre essa espécie vegetal a partir do BAG geraram teses em parceria com universidades brasileiras. Estudos sobre diversidade, caracterização botânica, genética e pesquisas agronômicas vêm sendo realizados sobre a planta amazônica.

Cultivos experimentais conduzidos em Manaus pela Embrapa mostram que a germinação ocorre em torno de 13 dias e que, após 40 dias de cultivo em bandejas, pode ser levada ao campo para plantio definitivo. “Embora as pesquisas estejam em andamento, já verificamos que as plantas permanecem em produção por até quatro anos, apresentando ao longo do ano alguns picos de produção”, informa o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Celio Maia Chaves, responsável por pesquisas sobre o cultivo da planta.

Chaves informa que no período de produção no Amazonas, são feitas duas colheitas semanais. Pelo fato de o fruto ser deiscente (que abre naturalmente quando fica maduro), um maior intervalo de tempo entre colheitas pode levar à perda da semente, que é lançada no ambiente. No cultivo no Amazonas, tem se adotado o espaçamento de dois metros entre plantas e de quatro metros entre fileiras, com plantas tutoradas. No período seco, tem se utilizado o uso de irrigação por gotejamento. A produção tem sido menor no período de chuva intensa, pois prejudica a polinização.

O ômega 3

A médica Evelyn de Paula, que possui pós-graduação em nutrologia, explica que o ômega 3 trabalha no organismo humano na prevenção das doenças do risco cardiovascular e na prevenção de algumas enfermidades neurodegenerativas como, por exemplo, a doença de Parkinson e o mal de Alzheimer e outras demências em geral. A nutróloga esclarece que o ômega 3 é um ácido graxo essencial e, assim como os aminoácidos essenciais, nosso corpo não produz essa substância, mas absorve de fontes externas por meio da alimentação ou da suplementação. O ômega 3 é mais encontrado em alguns peixes, principalmente os de águas geladas e profundas. Sardinha, salmão e arenque são exemplos que mais se destacam com a substância. Porém, pesquisas com peixes amazônicos têm indicado também a presença de ômega 3, em menor quantidade. Alguns vegetais contêm a substância, ainda em menor quantidade que nos peixes. A linhaça é uma das fontes vegetais de ômega 3, além da Sacha Inchi.

Fonte: www.embrapa.br.