sábado, 2 de abril de 2016

Praga faz preço do salmão disparar

Previsão para abril. Filé de salmão pode chegar a R$ 50 o quilo nos distribuidores brasileiros.

São Paulo (SP) - O preço do salmão no Brasil já é afetado por um surto de algas marinhas no Chile, que, influenciado pelo fenômeno climático El Niño, matou 25 milhões de peixes (o equivalente a 40 mil toneladas) entre fevereiro e março, segundo o Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura chileno.

Em março, um quilo de salmão na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) era vendido, em média, por R$ 28, um aumento de 32,6% em relação ao mesmo período de 2015, quando valia R$ 21,63. Na comparação com fevereiro, a alta foi de 7,2%.

Segundo o economista Flavio Goda, chefe da seção de economia e desenvolvimento da Ceagesp, não há perspectiva de redução de preços no curto prazo. O Chile é o segundo maior produtor mundial do peixe – atrás apenas da Noruega – e tem no Brasil o seu terceiro maior mercado.

Ivan Lasaro, presidente da Associação Nacional dos Distribuidores e Importadores de Pescados (Andip), que esteve no Chile para conversar com autoridades e produtores, classificou a situação como dramática e disse que o impacto nos preços deve ser ainda maior em abril. Ele prevê uma alta de até 40%, seguindo o aumento visto no mercado norte-americano nas duas últimas semanas.

Os Estados Unidos, maior comprador de salmão do Chile, mandam nos preços. “Os mercados são vasos comunicantes, os preços tendem a se equivaler, e, para as negociações de abril entre Brasil e Chile, fala-se em um reajuste igual. E esse é aumento muito forte para nós absorvermos”, diz.

A oferta também é afetada. Segundo Lasaro, o Brasil importa, em média, 1.600 toneladas por semana de salmão fresco do Chile. “Prevemos que esse volume caia até 30%”, afirma.

PREÇOS IMPRATICÁVEIS


Distribuidores não acreditam em desabastecimento, mas temem que os preços fiquem impraticáveis. “A nossa estimativa é que em 30 dias o salmão fresco inteiro chegue a R$ 40, e o filé, a R$ 50. Estou há mais de 25 anos no mercado de peixe e nunca vi uma situação tão grave”, conta Hélio Siniscalchi Júnior, da Orca Pescados. Os donos de restaurantes também estão preocupados, diz Percival Maricato, presidente da Abrasel em São Paulo. Essa situação pode se refletir no cardápio, com a troca do salmão por outro peixe, para os estabelecimentos que têm essa possibilidade. Quem não pode fazer isso vai ter que subir os preços.

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