quinta-feira, 3 de março de 2016

Piracema foi a melhor dos últimos 10 anos, diz instituto; pesca é liberada

Período de reprodução dos peixes começou oficialmente em 1º de novembro. 
Com o Rio Piracicaba cheio, espécies reapareceram, segundo pescadores. 

Aposentado já aproveitou o fim da piracema (Foto: Reprodução/EPTV).
São Paulo (SP) - A piracema, período de desova dos peixes, foi a melhor dos últimos dez anos, de acordo com o Instituto Beira Rio. Com o manancial cheio, os peixes não tiveram dificuldades para se reproduzir e espécies reapareceram. O processo terminou à meia-noite de domingo (28/02) em vários rios do país, incluindo o Piracicaba. A pesca, que é proibida nessa época, fica liberada para profissionais e amadores em Piracicaba (SP). 

A proteção dos peixes deu resultado, segundo o presidente do Instituto Beira Rio, Luís Fernando Magossi. Ele afirmou que, graças às chuvas dos últimos meses, a qualidade e a quantidade da água trouxeram algumas espécies de volta ao Rio Piracicaba. "O peixe vê uma situação favorável e começa a piracema", disse. "Em Piracicaba já tem peixe com ovos na barriga desde setembro", comemorou. 

A piracema começou oficialmente no dia 1º de novembro do ano passado, e consiste no período em que os peixes sobem o rio para se reproduzirem. Durante esse processo natural, a pesca de espécies nativas não é permitida, por uma resolução do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Pesca predatória 

Apesar da série de restrições previstas durante a piracema, a Polícia Ambiental informou que atendeu 23 denúncias de pesca predatória no período. 

Dessas, oito pessoas foram presas por pescar no Saltão, onde a atividade é proibida o ano todo, de acordo com o sargento Sílvio Baptistela. "É o local que a gente mais tem problemas com pescadores." 

Baptistela lembrou ainda que, apesar do fim do período de proteção, ainda há regras a serem seguidas. Entre elas, o sargento destacou que os pescadores só podem pescar em áreas que ficam pelo menos a 200 metros das corredeiras. O tamanho dos peixes também é levado em conta. "Por exemplo: o dourado tem de ter no mínimo 60 centímetros", explicou.

Espécies 

Quem conhece o Rio Piracicaba sabe o quanto a piracema é esperada, uma vez que a estiagem matou centenas de peixes. Apesar de não existir um método para medir a quantidade de peixes no rio, os pescadores já comemoram um aumento no número de espécies na região. 

"Estamos vendo muitos dourados, mandis, piavas. Vários tipos de peixes que não víamos mais", disse o churrasqueiro André Dias. 

Com tanta fartura, mal a pesca foi liberada e já tem pescador à beira do Piracicaba. "Faz quarenta minutos mais ou menos que estou aqui", contou o aposentado Marcelo Malagueta na manhã desta terça-feira. "Já peguei uns quatro ou cinco peixes", disse. 

Piracema 

As chuvas que atingiram a região em agosto e setembro de 2015 atreladas às temperaturas altas registradas no inverno anteciparam a migração dos peixes pelo Rio Piracicaba para desova, de acordo o pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Fábio Sussel. 

Em outubro, a reportagem da EPTV mostrou peixes subindo o Piracicaba para se reproduzirem fora do período previsto para a piracema. O pesquisador informou que a alta vazão dos rios e o "inverno quente" causaram o fenômeno antes da hora. 

Durante a piracema é proibido pescar peixes ornamentais e de aquários. Também fica vetada no período a pesca subaquática ou com uso de qualquer tipo de plataforma flutuante. 

O descumprimento das normas ambientais pode gerar multas e até detenção. As penalidades chegam a R$ 50 milhões e variam de acordo com a quantidade de peixes apreendidos e os métodos utilizados para a captura das espécies. 

Nos casos em que a pessoa é flagrada ao pescar com vara, a penalidade por infração administrativa é de R$ 700, mais R$ 20 por quilo de peixe apreendido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário