sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Agronegócio, esteio da economia do País

Por *José Osvaldo Bozzo

Artigo de opinião - Em meio a tantas más notícias vindas da economia, um dado trouxe um pequeno alento aos mercados no início deste ano. Superando as previsões mais otimistas, a balança comercial do País registrou em 2015 superávit de US$ 19,8 bilhões, o melhor desde 2011. Nem tudo foram flores: os números refletem o significativo recuo da atividade econômica, a alta da inflação - que superou os 10% em 2015 - e a disparada do dólar - com desvalorização de quase 50% do real. Com isso, as importações levaram tombo de 24,3% em 2015. As exportações caíram um pouco menos (14%), o que permitiu o saldo positivo da balança comercial.Mais uma vez os agronegócios tiveram participação de destaque. Mesmo a queda significativa nos preços internacionais das commodities agrícolas, o valor das exportações do segmento recuaram 9% entre 2014 e 2015, percentual menor que o tombo de 14% na média geral das vendas externas.
 
A participação do segmento na composição das exportações brasileiras avançou de 29,2% em 2014 para 31,2% no ano passado, uma diferença de um ponto percentual, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
 
A alta do dólar foi positivo para exportações, que compensou parte da queda dos preços globais de commodities. Mas nada disso adiantaria caso a produtividade nacional tivesse recuado. Um dado que tem influência significativa sobre os preços das commodities foi divulgado em janeiro de 2016: a economia chinesa cresceu só 6,9% em 2015, menor patamar desde 1990. A desaceleração gradativa da China preocupa, sem dúvida.
 
Mas os mais de 1,3 bilhão de chineses precisam continuar sendo alimentados. Pode até haver queda das commodities, mas o mercado seguirá sendo atendido, e oagronegócio do País está preparado para dar conta da demanda.
 
E boas perspectivas abrem-se em relação à vizinha e parceira Argentina. O governo Mauricio Macri tem dado sinais de que as políticas restritivas ao comércio internacional adotadas anteriormente devem ser abandonadas ou, ao menos, abrandadas, o que pode significar uma maior abertura aos produtos brasileiros.
 
E há ainda outros bons mercados que podem ser prospectados pelo agronegócio. A exigência por qualidade e disponibilidade cresce quando os negócios são fechados internacionalmente.
 
Quem atua no setor sabe que a atividade não é simples, e para lidar com as variáveis é preciso persistência e coragem. Depender das condições climáticas é um dos principais desafios. Podemos tomar como exemplo as chuvas, que faltaram no início de 2015 e agora castigam regiões. Mesmo que um segmento se beneficie do clima, há o desafio de escoar a produção, em estradas de terra que, ficam intransitáveis devido à lama.
 
Sabemos bem que não é fácil viver do agronegócio. É um exercício de fé e de perseverança. Mas saber que a economia de um grande país, como o Brasil, depende dos resultados obtidos pelo setor é incentivo para se apostar em seu potencial.
 
*José Osvaldo Bozz é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores

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