sábado, 26 de setembro de 2015

Tecnologia para a produção em cativeiro de espécies marinhas ameaçadas

Exemplar de Epinephelus marginatus (Lowe, 1834).

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo mantém em Ubatuba, litoral norte paulista, por meio do Instituto de Pesca, o Laboratório de Piscicultura Marinha, já conhecido pelo desenvolvimento de tecnologia para a produção, em cativeiro, de diversas espécies ameaçadas, como a garoupa-verdadeira, ‘Epinephelus marginatus’, e o mero, ‘E. itajara’. 

Em agosto de 2015, o Instituto de Pesca ofereceu, pela primeira vez, em seu Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca, uma disciplina denominada ‘Elasmobrânquios: Ecologia, Pesca e Manutenção em Cativeiro’, ministrada pelo pesquisador e doutor Venâncio Guedes de Azevedo e realizada no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte, em Ubatuba. A disciplina contou com a colaboração de outros professores, como Rafael Franco Valle, biólogo chefe do Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio), e Daniela Costa, que atuou por muitos anos como veterinária responsável pelo Aquário de Ubatuba. 

A temática multiárea da disciplina foi o elemento diferencial na grande procura por mestrandos e doutorandos de diferentes áreas, que reuniu 18 alunos. Buscando abordar temas não disponíveis em outros cursos de pós-graduação, a disciplina abordou a bioecologia de elasmobrânquios (tubarões e raias); elasmobrânquios de água doce; a pesca desse grupo de animais; procedimentos para a chegada, acondicionamento e manutenção de peixes; cuidados veterinários de elasmobrânquios em cativeiro; e sistemas de recirculação de água salgada dimensionados para o estudo de elasmobrânquios. 

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a atividade de ensino, formando profissionais de nível superior para a sociedade, é função da universidade e instituições de pesquisa científica públicas, cujo propósito fundamental é contribuir para o progresso nos diferentes campos sociais. “Esse trabalho é fundamental e o governador Geraldo Alckmin tem incentivado que os órgãos da Secretaria possam disseminar os conhecimentos desenvolvidos, como forma de promover melhores resultados no agronegócio paulista e brasileiro”, destacou. 

O pesquisador Eduardo Gomes Sanches, diretor do Núcleo de Pesquisa de Ubatuba, revela que a manutenção desses animais em cativeiro pode ser útil para o desenvolvimento de estudos científicos, em razão da dificuldade de realizá-los ‘in loco’, servindo inclusive como uma ferramenta educativa para mostrar a importância desse grupo de animais. Ele diz também que os alunos puderam conhecer e vivenciar a rotina do Laboratório de Piscicultura Marinha, seus sistemas de recirculação de água salgada e as diferentes espécies mantidas para estudos de reprodução. 

Outro ponto interessante, para Sanches, é que o resultado da experiência com os estudantes foi tão positivo, que originou um projeto de pesquisa para estudar aspectos da fisiologia de elasmobrânquios em sistema de recirculação. Foi selecionada a espécie cação-viola (‘Rhinobatos sp.’), ameaçada de extinção, e a pesquisa abordará aspectos da manutenção e manejo visando à reprodução da espécie. O objetivo do projeto, que conta com a autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do governo brasileiro, para a coleta e manutenção de exemplares em cativeiro, é contribuir para a preservação da espécie e servir de base para futuros estudos com outras espécies de elasmobrânquios em cativeiro. 


Por: Eduardo Gomes Sanches 

Mais informações: 

Assessoria de Imprensa 

Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo 

Instituto de Pesca - Fone: (13) 3238-0177 

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