sábado, 26 de setembro de 2015

Como criar Piracanjuba

Piracanjuba tem lugar cativo no segmento de pesca esportiva (Foto: Rio Doce Piscicultura/Divulgação)

Se no entorno ou na propriedade rural houver água de boa procedência, já é mais do que meio caminho andado para o produtor transformar a criação de piracanjuba (Brycon orbignyanus) em uma atividade lucrativa. O peixe, que para viver bem e ter um bom desenvolvimento exige água de qualidade, é de manejo fácil e pode ser fonte de sustento para o criador que se dedicar ao seu manejo em cativeiro.

No segmento de pesca esportiva, a piracanjuba tem lugar cativo, por ter temperamento briguento, característica ideal de peixe para abastecer estabelecimentos de pesque e pague. Como no mercado o preço pago pelo quilo do adulto bate na casa dos R$ 10, trata-se de um ótimo comércio para o produtor da espécie, cuja unidade pode atingir até 2,5 quilos de peso em média – na natureza, há exemplares que chegam a 6 quilos.

De tom avermelhado parecido com o do salmão e tão saborosa quanto, a carne da piracanjuba é outro apelo comercial rentável da atividade. No varejo, peixarias, supermercados e feiras livres são alguns dos canais de venda da proteína animal, que faz parte do grupo de alimentos saudáveis – hoje cada vez mais difundidos entre os brasileiros.

Além de contribuir para a manutenção da vida da piracanjuba, o criador também pode lucrar com a venda de juvenis – filhotes com 10 centímetros são encontrados no mercado a R$ 1 a unidade – para uso no repovoamento de ambientes naturais. Devido aos impactos em seu hábitat, como destruição de matas ciliares, aumento de poluição nos leitos e pesca predatória, a piracanjuba está em risco de extinção em muitos rios brasileiros.

Criadores menos experientes, no entanto, devem se restringir às fases de crescimento da piracanjuba, pois o domínio de toda a cadeia de produção demanda mais habilidade do profissional. Peixe de piracema, que sobe os rios entre setembro e outubro para desovar entre novembro e janeiro, e de fecundação externa, a piracanjuba em cativeiro necessita que sua reprodução seja feita por indução hormonal, técnica que exige conhecimento.

Pouco explorado e com grande potencial, o peixe nativo da bacia do Rio Paraná ainda pode ser criado em lugares com pouco espaço, desde que a prática seja em tanques escavados. Testes realizados em tanques-redes indicaram que o cultivo em alta densidade é desaconselhado, dada a agressividade da espécie.

Contudo, vale ainda ressaltar que o retorno financeiro, no caso da piracanjuba, é proporcional ao tamanho do empreendimento realizado. Em geral, após um ano de cultivo, iniciam-se as vendas de peixes de 800 gramas a 1 quilo, mas os ganhos ocorrem a partir do quarto ano, se o produtor incluiu na implantação da atividade a construção de viveiros.

MÃO À OBRA

>>>Início Como em toda atividade econômica, uma recomendação importante para o sucesso da criação de piracanjuba é a definição do mercado local. Levante informações para avaliar se na região há boa demanda para a produção do peixe. Se considerado que vale o investimento, comece pela compra de alevinos com 2 centímetros. A aquisição deve ser realizada apenas de viveiristas idôneos e com referência. Para compensar financeiramente, inicie com o cultivo de cinco milheiros em 5.000 metros quadrados de lâmina d’água.

>>>Ambiente e temperatura são fatores determinantes para o desenvolvimento da piracanjuba e têm influência direta no prazo da despesca. A faixa de 25 ºC a 28 ºC é a indicada para se obter o melhor desempenho da criação. Por outro lado, deve-se evitar locais onde predominam temperaturas abaixo de 23 ºC.

>>> Tanques Em geral, a piracanjuba é criada em viveiros escavados de alvenaria, fibra ou chapa galvanizada e de tamanho variado, mas com densidade de, no máximo, 1 quilo de peixe por metro quadrado. Essa medida é possível quando o registro mínimo de renovação diária de água no tanque é de 10%. O abastecimento de água ocorre por meio de um canal e um tubo de PVC, ou uma vala simples, enquanto a vazão é regulada por um monge instalado dentro do tanque. Use rede protetora para impedir a invasão de predadores.

>>>Alimentação Na natureza, a piracanjuba come frutas, insetos e pequenos peixes. Em cativeiro, recomenda-se uma programação alimentar por peso. Até atingir 300 gramas, ao longo da fase de recria, indica-se oferecer uma ração extrusada de boa qualidade com 36% de proteína bruta. Acima de 300 gramas, quando a piracanjuba estiver no processo de engorda, troque para uma ração com 32% de proteína bruta. Forneça, pelo menos, duas refeições por dia.

>>>Cuidados Além de monitoramento constante da qualidade da água, os principais cuidados se concentram durante a larvicultura e a alevinagem, fases em que ocorre muito canibalismo entre os filhotes. É ainda necessária atenção redobrada quando a piracanjuba é alevino, período em que se torna alvo fácil de aves aquáticas.

>>>Reprodução É feita por indução hormonal em reprodutores mantidos em cativeiro. O macho está pronto a partir dos 2 anos de idade, quando atinge 20 centímetros de comprimento, enquanto a fêmea só no terceiro ano, com 25 centímetros. O tempo para ocorrer a despesca depende da temperatura local. Na Região Sudeste, por exemplo, se dá após um ano de cultivo, quando os peixes estão com aproximadamente 800 gramas de peso.

RAIO X
Criação mínima: 5 milheiros para 5.000 metros quadrados de lâmina d’água
Custo: R$ 450 é o preço de um milheiro
Retorno: em geral, 4 anos, vendendo peixes de cerca de 1 quilo após 12 meses de cultivo
Reprodução: por indução de hormônios (hipofisação).


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